Assunto: Fistulas digestivas- Revisão de literatura
As fístulas digestivas são canais de comunicação anormais, estabelecidos
entre o tubo digestivo e qualquer outra víscera oca intra-abdominal ou em cavidade livre (fistula interna), ou ainda com a superfície cutânea (fistula externa), e por meio destes, ocorre drenagem de secreção digestiva. Estas fístulas do trato intestinal podem ser sérias ameaças ao estado nutricional, porque grandes quantidades de líquido e eletrólitos são perdidas, podendo ocorrer má absorção e infecção. Constituem-se em complicações de alta gravidade, podendo ser de forma espontânea como evolução de doenças inflamatórias intestinais, traumas abdominais fechados, tuberculose intestinal, blastomicose, doenças pancreáticas que evoluem com calcificação e obstrução ductal entre outros. Entretanto, na maioria das vezes são resultantes de intervenções cirúrgicas prévias, sejam por fatores locais, como má técnica e presença de drenos, fatores sistêmicos, como desnutrição e uso de corticoides, ou ainda de aparecimento sem relação com um fator diretamente implicável. O estado de repouso do trato gastrintestinal, ao contrário do que se pensava anos atrás, não tem relação com a menor incidência de fístulas. Portanto, não há justificativa para proceder com jejum prolongado, ao contrario, a dieta parece ter um efeito protetor, pois na medida que estimula a função fisiológica normal do intestino, promove maior fluxo sanguíneo para o local, mantendo o “tônus” intestinal e impedindo atrofia e translocação bacteriana . As fistulas digestivas acarretam um série de transtornos, como: distúrbios hidroeletrolíticos, infecção (intra-abdominal, peritonite, abscessos intra- abdominais, outros locais, infecção da ferida cirúrgica, infecção pulmonar, sepse), desnutrição, lesões cutâneas, complicações tromboembólicas (pulmonares, cerebrais), hemorragia digestiva, icterícia, escalas de decúbito e obstrução intestinal. Vale ressaltar a importância de se restaurar o balanço de liquido e eletrólito, a infecção deve ser trazida sob controle, e o suporte nutricional é mandatório para permitir o fechamento espontâneo da fistula e da ferida, sendo que a taxa de êxito de cada método depende da localização da fistula e da condição geral do paciente.