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Escola Estadual Maria Luiza Miranda Bastos

Disciplina: Literatura Ensino Médio


Professor: Núbia Ramalho Série: 1 ano
A LINGUAGEM DA LITERATURA: A essência da arte literária está na palavra. Usada por escritores e
poetas em todo o seu potencial significativo e sonoro, a palavra estabelece uma interessante relação entre
um autor e seus leitores/ouvintes.
SENTIDO CONOTATIVO (ou figurado) – aquele que as palavras e expressões adquirem em um dado
contexto, quando o seu sentido literal é modificado. Nos textos literários, predomina o sentido conotativo.
A linguagem conotativa é característica de textos com função estética, ou seja, que exploram diferentes
recursos linguísticos e estilísticos para produzir um efeito artístico.
SENTIDO DENOTATIVO (ou literal) – predomina em textos que não são literários. Dizemos que uma
palavra foi utilizada em sentido literal quando é tomada em seu significado “básico”, que pode ser
apreendido sem ajuda do contexto. A linguagem denotativa é típica de textos com função utilitária, ou
seja, que têm como finalidade predominante satisfazer a alguma necessidade especifica, como informar,
argumentar, convencer, etc.
FUNÇÃO EMOTIVA: OUTROS EXEMPLOS
Conversa de MSN:
- E então? Deu certo? / - Super!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! / - Onde vamos comemorar?  / - Naquela
pizzaria perto da sua ksa... - Blz!!!!!!!!!!!!
Reticências
“Deixe-me sozinha... morreu o trema. Sou mais uma entre milhões de órfãos piegas que andam chorando
sua morte. Pobrezinho, tão protetor dos us desamparados dentro das toscas palavras sequela e
tranquilo. Até linguiça, com a presença do trema, era menos bizarra. Ao deparar com a palavra,
era regra que minha atenção se voltasse para os dois pinguinhos parecidos com dois olhinhos
meio desconfiados olhando de baixo para cima o altivo pingo do i. Pois o novo acordo da Língua
Portuguesa matou o trema, e ele nunca mais deverá ser visto cobrindo a concavidade dos us, que
vulneráveis às intempéries, se encherão de poeira e folhas secas e chuva. Estou triste, mas antes
o trema que as reticências...”
FUNÇÃO CONATIVA: OUTROS EXEMPLOS

FUNÇÃO REFERENCIAL: OUTROS EXEMPLOS


Promoção no trabalho aumenta estresse em
Comerciantes recorrem à Justiça contra
10%, diz estudo
projeto de revitalização de áreas degradadas
Um estudo feito por cientistas britânicos afirma que
em SP
pessoas que são promovidas no seu trabalho ficam
A associação de comerciantes do bairro de Santa mais estressadas e têm menos tempo para
Ifigênia, no centro de São Paulo, tentará barrar na consultar médicos.
Justiça o projeto do prefeito Gilberto Kassab (DEM) A pesquisa foi conduzida por economistas e

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psicólogos da universidade britânica de Warwick
que prevê a revitalização de áreas degradadas. Na
com dados de cerca de mil pessoas que foram
manhã desta terça-feira, cerca de 500 pessoas
promovidas entre 1991 e 2005 na Grã-Bretanha.
realizam uma passeata pelas ruas do centro até a
(...)
Câmara.

FUNÇÃO METALINGUÍSTICA: OUTROS EXEMPLOS

Catar Feijão – João Cabral de Melo Neto

Catar feijão se limita com escrever:


jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

M.C. Escher: Desenhando-se, 1948 (litografia)


Ora, nesse catar feijão entra um risco:
Poesia
o de que entre os grãos pesados entre
Gastei uma hora pensando um verso
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
que a pena não quer escrever.
um grão imastigável, de quebra dente.
No entanto ele está cá dentro
Certo não, quando ao catar palavras:
inquieto, vivo.
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
Ele está cá dentro
obstrui a leitura fluviante, flutual,
e não quer sair.
açula a atenção, isca-a com risco.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983)
Uma página em branco - Sergio Sant´anna

Uma página em branco a oferecer todas as possibilidades, o papel aceita tudo. A angústia por haver todas
essas possibilidades, não se toca ainda alguma. Então escolher uma entre as possibilidades, o que traça
um limite. Escolhe-se uma primeira letra, U; uma primeira frase, título: UMA PÁGINA EM BRANCO.
Como se escolhe uma camisa, um filme, um itinerário de viagem, um partido político, incorpora-se um
destino. Como se escolhe uma entre as mulheres possíveis e com ela se irá gastar os melhores anos da
vida.
Pronto, está escolhido, tipos negros mancham agora uma página branca, comprometida, é só seguir o fio.
Mas, que fio?
Está-se aqui, sozinho, sentado à mesa e colocou-se na máquina uma página em branco com todas as
possibilidades possíveis. Como, lá fora, um universo cheio de vidas escolhíveis. Então que se encarne
numa dessas vidas, vias. Fios. Que se ponha lá entre as vozes, os gritos, os rituais, os crimes. OU quem
sabe? – apenas permanecer numa casa, caixa, onde no quarto durmam crianças, no fogão haja um resto
de comida e, na cama, esperando, certa mulherzinha.
De qualquer modo é preciso e que entre os dedos, a mente, as teclas, não se interponham mais do que

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uma membrana, um cordão liquido, umbigo. E, escorregando, outras palavras negras avancem mais na
floresta do branco, terçam lá dentro o tal fio.
Um livro que, dentro de nós, já poderá estar escrito. Como se cada homem já nasceste com seu próprio
livro.
Deixar pois o itinerário a este acaso necessário, predestinado. Que a mulher, a viagem, a estória, e a
História de certo modo o escolham, ao invés de serem escolhidas. Livrem-se de escolher por si, mesmo
entre todas as hipóteses do possível. E libertem-no de qualquer possibilidade porventura escolhida.
(...) Mas será a vida um espaço articulado? E os atos, limitam-na ou ampliam-na? Talvez nada possa ser
melhorado, arte alguma criar melhor do que o mundo. E se há limites, são os nossos próprios limites.
Então escrever, talvez, a palavra mínima, que não encerra o vivido antes o abre para o infinito.
FUNÇÃO POÉTICA: OUTROS EXEMPLOS
Profundamente – Manuel Bandeira
(...) Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo


Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?

— Estão todos dormindo


Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.

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