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A cabala de Eliphas Levi

PRIM EIRA LIÇÃ O

PRO LEGÔ M EN O S GERA IS

Senhor e irm ão: Posso conferir-vos este título posto que buscais a verdade na
sinceridade de vosso coração e que estais disposto a fazer os sacrifícios que se façam
necessários para alcançar o fim colim ado.Sendo a verdade a própria essência daquilo que não é
difícilencontrar,está em nós e nós estam os nela;é com o a luz que os cegos não vêem .O Ser é.
Isto é incontestável e absoluto. A idéia exata do Ser é a verdade, seu conhecim ento é a
ciência; sua expressão idealé a razão; sua atividade é a criação e a justiça.D izeis que desejais
crer. Para tanto basta conhecer e am ar a verdade. Porque a verdadeira fé é a adesão
inquebrantável às deduções necessárias da ciência no infinito conjetural. A s ciências ocultas
são as únicas que dão a certeza,porque tom am por base as realidades e não as ilusões.
Estas cartas foram facilitadas por um discípulo de Eliphas Levi: M . M ontaut. Perm item
discem ir em cada sím bolo religioso a verdade e a m entira. A verdade é a m esm a em qualquer
lugar e a m entira varia, segundo os lugares, os tem pos e as pessoas. Estas ciências são em
núm ero de três: a Cabala, a M agia e o H erm etism o. A Cabala, ou ciência tradicional dos
H ebreus, poderia ser cham ada de m atem ática do pensam ento hum ano. É a álgebra da fé.
Resolve, com suas equações todos os problem as da alm a, isolando as incógnitas. D á às idéias a
sensatez e a rigorosa exatidão dos núm eros; seus resultados são a infalibilidade da m ente
(sem pre relativa na esfera dos conhecim entos hum anos) e a paz profunda do coração.
A M agia, ou ciência dos m agos, teve com o representantes na antiguidade os discípulos e
talvez os m estres de Z oroastro.É o conhecim ento das leis secretas da natureza que produzem
as forças ocultas dos ím ãs naturais ou artificiais,e dos que podem existir ainda fora do m undo
dos m etais.N um a palavra e para em pregar um a expressão m oderna, é a ciência do m agnetism o
universal.
O H erm etism o é a ciência da natureza oculta dos hieróglifos e dos sím bolos do m undo
antigo.É a investigação do princípio de vida pelo sonho (para os que ainda não chegaram a ele),
a realização da grande obra, a reprodução pelo hom em do fogo natural e divino que cria e
regenera os seres. Eis aí, senhor, as coisas que desejais estudar: seu círculo é im enso, porém
seus princípios são m uito sim ples e estão contidos nos núm eros e nas letras do alfabeto."É um
trabalho de H ércules sem elhante a um jogo de crianças",dizem os m estres da santa ciência.
O s requisitos para se sair airosam ente deste estudo são um a grande retidão de juízo e
am plo ecletism o.N ão se pode ter preconceitos e razão por que Cristo dizia: "Se não tiverdes a
sim plicidade da criança, não entrareis em M aikubt", isto é, no reino da ciência. Com eçarem os
pela Cabala,cuja divisão é:Berechit,M ercava,Gem atria e Tem ura.

Vosso na sagrada ciência.


ELIPH A S LEVI
SEGU N D A LIÇÃ O

A CA BA LA .O BJETO E M ÉTO D O

A proposição que deveis fazer-vos ao estudar a Cabala é chegar à paz profunda, através
da tranqüilidade do espírito e paz do coração. A tranqüilidade do espírito é um efeito da
certeza; o sossego do coração deve-se à paciência e à fé.Sem a fé, a ciência conduz à dúvida;
sem a ciência, a fé conduz à superstição.A s duas unidas produzem a certeza e,para juntá-las,
não é preciso confundi-las.
O objeto da fé é a hipótese e chega a converter-se em certeza quando a hipótese exige
a evidência ou as dem onstrações da ciência. A ciência é com provada com fatos. A s leis são
inferidas da repetição dos fatos. A generalidade dos fatos em presença de tal ou qual força
dem onstra a existência das leis.A s leis inteligentes são necessariam ente desejadas e dirigidas
pela inteligência. A unidade das leis faz supor a unidade da inteligência legisladora. A esta
inteligência, que estam os obrigados a supor segundo as obras m anifestas, m as que não é
possíveldefinir,é que cham am os D eus.
A m inha carta chegou a vossas m ãos; eis aqui um fato evidente; a m inha escrita foi
reconhecida, bem com o m eu pensam ento, e deduzistes disso que fui eu quem vos escreveu. É
um a hipótese razoável, porém a hipótese necessária é a de que alguém escreveu a carta.
Poderia ser apócrifa, porém não tendes razão para supô-lo. Se pretendêsseis que a carta
tivesse caído do céu,estaríeis beirando o absurdo,estabelecendo um a hipótese absurda.
Eis aqui,segundo o m étodo cabalístico,com o se organiza a certeza:
Evidência ........................D em onstração científica ..........certeza H ipótese
necessária..............H ipótese razoável................Probabilidade
H ipótese duvidosa ................D úvida H ipótese absurda .................Erro

N ão saindo deste m étodo, o espírito adquire um a verdadeira infalibilidade, posto que


afirm a o que sabe, crê no que deve necessariam ente supor, adm ite as suposições razoáveis,
exam ina as suposições duvidosas e afasta as absurdas.
Toda a Cabala está contida no que os m estres cham aram as trinta e duas vias e as
cinqüenta portas.A s trinta e duas vias são trinta e duas idéias absolutas e reais unidas aos dez
núm eros da aritm ética e as vinte e duas letras do alfabeto hebraico.
Eis aquiestas idéias:
N úm eros
1 .- Suprem o poder
2 .- Sabedoria absoluta
3 .- Inteligência infinita
4 .– Bondade
5 .- Justiça ou rigor
6 .– Beleza
7 .– Vitória
8 .– Eternidade
9 .– Fecundidade
l0.- Realidade.

Letras
A leph – Pai
Beth – M ãe
Ghim el– N atureza
D aleth – A utoridade
H é – Religião
Vau – Propriedade
Z ain – Liberdade
Cheth – Repartição
Theth – Prudência
Iod – O rdem
Caph – Força
Lam ed – Sacrifício
M em – M orte
N un – Reversibilidade
Sam ech - Ser universal
Snain – Equillbrio
Phé – Im ortalidade
Tsade - Som bra e reflexo
Koph – Luz
Shin – Providência
Tau – Síntese

Vosso na sagrada ciência.


ELIPH A S LEVI

TERCEIRA LIÇÃ O

U SO D O M ÉTO D O

N a lição anterior falei tão-som ente das trinta e duas vias; falarei depois das cinqüenta
portas. A s idéias expressas pelos núm eros e pelas letras são realidades incontestáveis.Tais
idéias encadeiam -se e se com binam com o os núm eros. Procede-se logicam ente de um ao outro.
O hom em é o filho da m ulher,porém a m ulher procede do hom em com o o núm ero da unidade.A
m ulher explica a natureza; a natureza revela a autoridade, cria a religião que serve de base à
liberdade e que faz o hom em dono de si m esm o e do universo, etc. (Procurai um Tarô; creio,
porém que tendes um .) D isponde em duas séries de dez cartas alegóricas, num eradas de um a
vinte e um .Vereis então todas as figuras que explicam as letras.Q uanto aos núm eros,do um ao
dez, encontrareis neles a explicação repetida quatro vezes, com os sím bolos de paus ou cetro
do pai; copas ou delícias da m ãe, espadas ou com bate do am or e ouros ou fecundidade.O Tarô
se encontra no livro hieroglífico das trinta e duas vias e a explicação sum ária dele encontra-se
no livro atribuído ao patriarca A braão,que se cham a Sepher-Jezirah.O sábio Court de Gebelin
foi o prim eiro que adivinhou a im portância do Tarô, a grande chave dos hieróglifos hieráticos.
Encontraram -se os sím bolos e os núm eros nas profecias de Ezequiel e de São João.A Bíblia é
um livro inspirado, porém o Tarô é o livro inspirador, Tam bém foi cham ado de roda, rota, de
onde se deduziram as form as taro e tora. O s antigos rosa-cruz conheciam -no e o m arquês de
Suchet fala dele em seu livro acerca dos ilum inados.D este livro é que surgiram nossos jogos de
cartas. A s cartas espanholas ainda possuem os principais signos do Tarô prim itivo e são
utilizados para jogar o voltarete ou jogo do hom bre,rem iniscência vaga do uso prim itivo de um
livro m isterioso que contém as sentenças reguladoras de todas as divindades hum anas.O s três
Tarôs antigos eram feitos de m edalhas que depois seriam de talism ãs.A s chavetas ou pequenas
chaves de Salom ão eram com postas por trinta e seis talism ãs, tendo setenta e duas estam pas
sem elhantes às figuras hieroglíficas do Tarô. Estas figuras, alteradas pelos copistas,
encontram -se ainda nas várias chavetas m anuscritas que se encontram nas bibliotecas. Existe
um desses m anuscritos na Biblioteca N acional e outro na Biblioteca do A rsenal. O s únicos
m anuscritos autênticos delas são os que m ostram a série dos trinta e seis talism ãs com os
setenta e dois nom es m isteriosos; os dem ais, ainda que antigos, pertencem às quim eras da
m agia negra e não são m ais que m istificações.Vede,para a explicação do Tarô,o m eu D ogm a e
Ritualda A lta M agia (N .dos T.- Existe tradução brasileira da obra).

Vosso na sagrada ciência.


ELIPH A S LEVI

Q U A RTA LIÇÃ O

A CA BA LA

Senhor e irm ão: Bereschith quer dizer génese; M ercavah significa "carrinho" em alusão
às rodas e aos anim ais m isteriosos de Ezequiel. Bereschith e M ercavah resum em a ciência de
D eus e do m undo. D igo "ciência de D eus" e, portanto, D eus não é infinitam ente desconhecido.
Sua natureza escapa com pletam ente a nossas investigações. Princípio absoluto do ser e dos
seres, não pode ser confundido com os efeitos que produz e pode-se dizer, afirm ando
com pletam ente sua existência, que não é nem o não-ser, nem o ser.Fato que confunde a razão
sem extraviá-la e nos afasta definitivam ente da idolatria. D eus é o único postalatam absoluto
de toda ciência, a hipótese necessária que serve de base à certeza. Eis aqui com o nossos
antigos m estres estabeleceram cientificam ente esta hipótese correta da fé: o Ser é. N o Ser
está a vida. A vida m anifesta-se pelo m ovim ento. O m ovim ento perpetua-se pelo equilíbrio das
forças. A harm onia resulta da analogia dos contrários. Existe, na natureza, lei im utável e
progresso indefinido, m udança perpétua nas form as, indestrutibilidade da substância; e isto é
o que se encontra estudando o m undo físico. A m etafísica apresenta leis e fatos análogos, na
ordem intelectual ou na m oral, o verdadeiro, im utável, de um lado; do outro, a fantasia e a
ficção. D e um lado, o bem que é o verdadeiro; doutro, o m al que é falso, e destes conflitos
aparentes surgem o juízo e a virtude.A virtude com põe-se de bondade e justiça.Boa,exatidão
todas as deduções possíveis,de obter os conhecim entos novos e de desenvolver o espírito,sem
deixar nada ao capricho da im aginação. Isto é o que se obtém pela Gem atria e a Tem ura que
são as m atem áticas das idéias.A Cabala tem sua geom etria ideal, sua álgebra filosófica e sua
trigonom etria analógica. É desta form a que obriga a natureza, de certo m odo, a revelar seus
segredos. A dquiridos estes altos conhecim entos, passa-se às últim as revelações da Cabala
transcendental e estuda-se shem anphorash, a fonte e a razão de todos os dogm as. Eis aí,
senhor e am igo, o que se deve aprender. Vede se não vos assusta; m inhas cartas são curtas,
porém são resum os m uito concretos e que expressam m uito em poucas palavras. D ei espaço,
am plo o bastante, entre as m inhas cinco prim eiras lições, para vos dar tem po de refletir;
posso, portanto, escrever-vos m ais am iúde se o desejardes. A creditai-m e desejoso de vos ser
útil.

Vosso,de todo coração,na sagrada ciência.


ELIPH A S LEVI

Q U IN TA LIÇÃ O

A CA BA LA II

Senhor e Irm ão:


Este conhecim ento racional da divindade, escalonado nas dez cifras que com põem os
núm eros vos oferece o m étodo com pleto da filosofia cabalística. O m étodo com põe-se de
trinta e dois m eios ou instrum entos de conhecim ento que se denom inam as trinta e duas vias,e
de cinqüenta objetos,aos quais pode-se aplicar a ciência,e que se cham am as cinqüenta portas.
A ciência sintética universal considera-se com o um tem plo com trinta e duas vias de
acesso e cinqüenta portas.
Este sistem a num érico,que tam bém poderia ser cham ado decim al,porque sua base é dez,
estabelece, pelas analogias, um a classificação exata de todos os conhecim entos hum anos.N ada
é m ais engenhoso,lógico e exato.
O núm ero dez aplicado às noções absolutas do ser na ordem divina, m etafísica e natural,
repete-se três vezes, o que dá trinta para os m eios de análise; acrescentai a silepse e a
síntese, a unidade postulada pelo espírito. e a do resum o universal, e tereis as trinta e duas
vias.
A s cinqüenta portas constituem um a classificação dos seres em cinco séries de dez, que
abraça todos os conhecim entos possíveis.
Porém não basta ter encontrado um m étodo m atem ático exato, é preciso, para ser
perfeito, isto é, que nos dê o m eio de obter com exatidão, todas as deduções possíveis, de
obter os conhecim entos novos e de desenvolver o espírito, sem deixar nada ao capricho da
im aginação.
Isto é o que se obtém pela Gem atria e a Tem ura que são as m atem áticas das idéias. A
Cabala tem sua geom etria ideal, sua álgebra filosófica e sua trigonom etria analógica. É dessa
form a que obriga a natureza,de certo m odo,a revelar seus segredos.
A dquiridos estes altos conhecim entos, passa-se às últim as revelações da Cabala
transcendentale estuda-se shem ahphorach,a fonte da razão e de todo os dogm as.
Eis aí, senhor e am igo, o que se deve aprender. Vede se não vos assusta; m inhas cartas
são curtas, porém resum os m uito concretos e que expressam m uito em poucas palavras. D ei
espaço am plo o bastante, entre as m inhas cinco prim eiras lições, para vos dar tem po de
refletir;posso,portanto,escrever-vos,m ais am iúde se desejardes.
A creditai-m e desejoso de vos ser útil.

Vosso,de todo coração,na sagrada ciência.


ELIPH A S LEVI
SEX TA LIÇÃ O

A CA BA LA III

Senhor e irm ão: A Bíblia deu ao hom em dois nom es. O prim eiro é A dão, que significa
saído da terra ou hom em de terra; o segundo é Enos ou Enoch, que significa hom em divino ou
elevado até D eus. Segundo o Gênese, Enos foi o prim eiro que dedicou hom enagens públicas ao
princípio dos seres,o qual,segundo se diz,foielevado aos céus,depois de ter gravado nas duas
pedras que se denom inam as colunas de H enoch os elem entos prim itivos da religião e da ciência
universal.
Enoch não é um personagem , m as um a personificação da hum anidade, elevada ao
sentim ento da im ortalidade peh religião e ciência. N a época designada com o nom e de Enos ou
Enoch, apareceu o culto de D eus representado no sacerdote. N a m esm a época com eça a
civilização com a escritura e os m onum entos hieráticos.
O génio civilizador que os hebreus personificavam em Enoch foi cham ado Trism egistos
pelos Egípcios, Kadm os ou Cadm us pelos Gregos. Foi Kadm os que viu, aos acordes da lira de
A nfion,elevarem -se as pedras vivas de Tebas.
O prim itivo livro sagrado, o livro que Postel cham ou Gênese de Enoch,é a prim eira fonte
da Cabala, ou tradição divina, hum ana e religiosa. N ele, a tradição aparece em sua nobre
sim plicidade, cativando o coração do hom em , bem com o a lei eterna regulando a expensão
infinita, os núm eros na im ensidade e a im ensidade nos núm eros, a poesia nas m atem áticas e as
m atem áticas na poesia.
Q uem acreditaria que o livro inspirador de todas as teorias e sím bolos religiosos foi
conservado até nossos dias sob a form a de um jogo de cartas? N ão obstante, nada é m ais
evidente;e Court de Gebelin foio prim eiro a descobri-lo.
O alfabeto e os dez núm eros - isto é, certam ente, o m ais elem entar da ciência. Reuni a
isso os signos dos quatro pontos cardeais ou das quatro estações e tereis com pletado o livro de
Enoch.
Cada signo representa um a idéia absoluta ou, se preferis, essencial. A form a de cada
cifra e de cada letra tem sua razão m atem ática e significação hieroglífica. A s idéias,
inseparáveis dos núm eros, seguem , adicionando-se, dividindo-se ou m ultiplicando-se, etc., o
m ovim ento dos núm eros,e adquirem a exatidão.
O livro de H enoch é,enfim ,a aritm ética do pensam ento.

Vosso na santa ciência.


ELIPH A S LEVI

Vosso na sagrada ciência.


ELIPH A S LEVI
SÉTIM A LIÇÃ O

A CA BA LA IV

Senhor e irm ão: Court de Gebelin vislum brou, nas vinte e duas chaves do Tarô, a
representação dos m istérios egípcios, atribuindo sua invenção a H erm es ou M ercúrio
Trism egistos,que foicham ado tam bém Thaut ou Thoth.
É certo que os hieróglifos do Tarô se encontram nos antigos m onum entos do Egito; é
certo que os signos deste livro, traçados em quadros sinóticos ou em tabelas ou lâm inas
m etálicas, assem elham -se às inscrições isíacas de Bem bo (N . dos T. - Estas inscrições eram
feitas em lâm inas de cobre e representavam os m istérios de Ísis e da m aior parte das
divindades egípcias ), reproduzidas separadam ente em pedras gravadas ou em m edalhas,
convertidas posteriorm ente em am uletos e talism ãs.
A ssim se separavam as páginas do livro, infinito em suas com binações diversas para
reuni-las, transportá-las e dispô-las de m odo sem pre original, obtendo m últiplos oráculos da
verdade.Possuo um destes antigos talism ãs,trazido do Egito por um viajante am igo.
Representa o binário dos Ciclos ou, vulgarm ente, o "dois de ouros". É a expressão
figurada da grande lei da polarização e do equilíbrio, produzindo a harm onia pela analogia dos
contrários. A m edalha um pouco apagada é do tam anho de um a m oeda de prata de cinco
francos, porém m ais grossa. O s dois ciclos polares estão representados exatam ente com o no
nosso Tarô italiano,por um a flor de Loto,com um a auréola ou nim bo.
A corrente astral que separa e atrai ao m esm o tem po os dois focos polares está
representada em nosso talism ã egípcio pelo bode de M endés, colocado entre duas víboras,
análogas às serpentes do caduceu. N o reverso da m edalha, vê-se um adepto ou um sacerdote
egípcio que, substituindo M endés entre os dois ciclos do equilíbrio universal, conduz por um a
avenida ladeada por árvores o bode transform ado num anim aldócilpela ação da vara m ágica.
O s dez prim eiros núm eros, as vinte e duas letras do alfabeto e os quatro signos
astronôm icos das estações resum em toda a Cabala. Vinte e duas letras e dez núm eros som am
as trinta e duas vias do Sepher Jetzirah,quatro representam a m ercavah e o shem anphorah.
É sim ples com o um jogo de crianças e com plicado com o os m ais árduos problem as das
m atem áticas superiores.
É ingênuo e profundo com o a verdade e a natureza.
Esses quatro signos elem entares e astronôm icos são as quatro form as da esfinge e os
quatro anim ais de Ezequiele São João.

Vosso na sagrada ciência.


ELIPH A S LEVI
O ITA VA LIÇÃ O

A CA BA LA V

Senhor e irm ão: A ciência da Cabala im possibilita toda dúvida relativa à religião, por ser
ela a única que concilia a razão com a fé, m ostrando que o dogm a universal form ulado de
m aneiras diversas,porém no fundo sem pre o m esm o,é a expressão m ais pura das aspirações do
espírito hum ano ilum inado pela fé necessária.
Clarifica a utilidade das práticas religiosas que concentram a atenção e fortificam a
vontade.
Prova que o m ais eficaz dos cultos é aquele que aproxim a, de certo m odo, a divindade do
hom em ,perm itindo-lhe vê-lo,tocá-lo e,de certa form a,incorporá-lo.
É suficiente dizer que se trata da religião católica. Esta religião, tal com o se apresenta
ao vulgo, é a m ais absurda de todas, por ser a m ais bem revelada de todas; em prego esta
palavra em sua verdadeira acepção:revelar e;velar de novo.
Sabeis que no Evangelho se diz que na m orte de Cristo o véu do Tem plo se rasgou por
com pleto; bem ,todo trabalho dogm ático da Igreja,através das idades,foio de tecer e bordar
um novo véu. É verdade que os próprios chefes do santuário, por haverem desejado ser
príncipes,perderam há m uito tem po às chaves da elevada iniciação.Isto não im pede que a letra
do dogm a seja sagrada e os sacram entos eficazes.
D isse em m eus livros que o culto cristão católico é a alta m agia regulada e organizada
pelo sim bolism o e a hierarquia. É um a com binação de auxílios oferecidos à debilidade hum ana
para afirm ar sua vontade no bem .
N ada foi esquecido, nem o tem plo m isterioso e som brio nem o incenso que tranqüiliza e
exalta ao m esm o tem po, nem os cantos prolongados e m onótonos que colocam o cérebro em um
sem i-sonam bulism o.
O dogm a, cujas form as obscuras parecem o desespero da razão, serve de barreira às
petulâncias de um crítico inexperiente e indiscreto. Parecem insondáveis, a fim de m elhor
representarem o infinito.
O s próprios ofícios, celebrados num a língua que a m assa popular não entende,preenchem
o pensam ento daquele que ora e o deixam encontrar na oração tudo o que está em relação com
as necessidades do espírito e do coração.
Eis aí por que a religião católica se assem elha à ave fênix da fábula que renasce
continuam ente de suas cinzas. E esse grande m istério da fé é sim plesm ente um m istério da
natureza. Pode parecer um paradoxo dizer-se que a religião católica é a única que podei-ia
cham ar-se natural e, portanto, verdadeira; todavia é a única que satisfaz plenam ente essa
necessidade naturaldos hom ens.

Vosso na santa ciência.


ELIPH A S LEVI

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