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Crnica nibus Lotado

By Monikalves

nibus Lotado

Existem atividades que se tornaram inerentes ao cotidiano do trabalhador moderno, andar de nibus uma delas. Essa experincia, por mais trivial que parea, pode ser tanto engraada quanto incmoda. Meio-dia, sol escaldante, parada central. Depois de uma manh cheia, aguardo impacientemente a conduo. A expectativa por um assento vago grande, mas, uma hora depois, minhas esperanas so frustradas por um nibus lotado. No mesmo instante, lembro-me de uma manchete matinal sobre a insatisfao popular com a frota urbana e logo entendo o porqu de tantas reclamaes. Todos se aglomeram na porta do veculo. Nesse momento, o transporte coletivo se revela um desafiador das leis da fsica provando no s que dois corpos ocupam o mesmo espao, como tambm, que mais de quarenta pessoas podem caber no mesmo nibus. Trs paradas depois e ainda estou antes da catraca. As pessoas se organizam com dificuldade e cada banco disputado a tapas. Finalmente passo o carto no sensor e vou para o outro lado. Aperto a pasta contra o peito e me assusto em cada freada. Depois de muitos empurres e mos-bobas, encontro um local para sentar. A sorte sorriu para mim. Os prximos trinta minutos so torturantes. Fedor de desodorante vencido, Reginaldo Rossi no rdio e muita conversa (gritaria, na verdade) de mulheres ao fundo. Para piorar, o sol no perdoa e o jogo de ontem o tema da discusso no banco da frente. Talvez a sorte no tenha sorrido tanto assim. Aproximo-me do meu destino. Puxo a corda e me aventuro pelo corredor. Paro diante da porta. O motorista no desacelera e acabo passando da parada. Essa no! Ento, extravaso minha raiva num grito potente: Abre essa porta. O homem freia to rpido que sou atirada para trs. Levanto e deso logo. Apesar do suor pingando no rosto, da blusa amassada e do cabelo no estilo Maria Bethnia, tento me recompor. Tudo em vo porque no h mais tempo, o prximo nibus j vem a.

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