Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
3Minha mente está para o nada como o nada está para as coisas]
Imagino mais quando estou só sem saber muito em muito pouco]
Vou me perder no lugar onde os homens enlouquecem ]
Cobrir o mundo de imagens vazias e dizer que amanhã falarei aos
mortos.
12
Não encontrei a morte que me fazia rir
Mas fantasmas que me seguiam como se eu ninguém fosse
Meu nome esquecido nos corredores do final dos tempos
Meu nome esquecido e no mais silêncio e sombra.
15
Há um nada que me dilacera
Diariamente como se não estivesse
Ao meu lado na esquina do além
A beber uma taça de vinho tinto
Neste jeito de dizer o que não vejo
Arrancando as coisas em sua inércia
Ao revolver o fundo de um poço vazio.
17 Eu morro no interior
De uma palavra perdida no escuro
Bem dentro da palavra túnel
Que se agiganta em meus tímpanos febris
Que se ausenta no interior da palavra frio
Mais fria em meus ossos que agora sucumbem
Atirados aos porcos que os devoram como se estes fossem
Os restos mortais de um almoço malfadado.
Não sei mastigar o alimento
No interior deste verbo mastigar
Eu quero intensificar esta minha angústia
Nas entranhas da palavra mais
Que rasga a premência destas horas
Como um cadáver que olha para o além
Que risca as águas inertes deste nada
No interior da palavra faminto
Que abre a boca para o lixo
Ingerindo comida vencida
No interior do interior do interior
De uma palavra perdida na sarjeta.
20 Perdi o jeito
De estar como possa estar
Agora o que tenho
São dores e facas que adentram esta minha cútis.
Nesta minha alma afogada
No interior da palavra oceano
Que arranca com suas mãos invisíveis
Minhas entranhas inertes no frio das geleiras
Eu posso agora escutar
O que não dizem as marés
Nestas ondas gigantescas
Que explodem contra a palavra rocha
De que matéria é feita
Este tanto de palavra que escorre
No interior da palavra água
No interior da palavra rocha
No interior de uma fossa qualquer
Indefinida como um rosto no escuro.