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Copacabana

Novela de Kedney Graico


Escrita por Evana Ribeiro

CAPÍTULO 07
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CENA 01 – BORDEL COPACABANA/ESCOMBROS – INT – DIA


Continuação da cena final do capítulo anterior. Pérola olha para Malu,
admirada com sua determinação.

PÉROLA – Acho que é a primeira vez que te vejo assim.


MALU – É que você nunca me viu vazia...
PÉROLA – E o que vai fazer, pra começar?
MALU – Só posso dizer que não é o tipo de coisa que eu gostaria de fazer um
dia, mas é necessária.
PÉROLA – Assim você me deixa preocupada.
MALU – Não se preocupe com isso. Aliás, não quero ninguém se
preocupando com mais nada aqui. Vamos embora.

Malu e Pérola saem juntas dos escombros.

CORTA PARA

CENA 02 – DELEGACIA – INT – DIA


Movimento típico de delegacia, com muitas pessoas entrando para
prestar queixas ou detidas. Moacir entra na sala, que até então era de Gilberto,
e senta-se à mesa. Logo depois, um escrivão entra.

ESCRIVÃO – Bom dia.


MOACIR – Bom dia...
ESCRIVÃO – E isso aí? (indica os papéis)
MOACIR – Solicitação pra perícia dar uma checada lá no que sobrou do
bordel.
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ESCRIVÃO – Foi aquele da confusão, né... Passei na frente dele quando tava
vindo pra cá. Todo chamuscado... Pra mim tem cara de incêndio criminoso.
MOACIR – Minha suspeita é essa. Por isso vou mandar agora mesmo essa
solicitação em caráter emergencial. E umas intimações. Precisamos ouvir todo
mundo que tava lá na hora do incidente, talvez saia algo muito interessante
daí.
ESCRIVÃO – Quer que eu vá entregar as intimações?
MOACIR – Não precisa, já tenho quem faça isso pra mim. (t) Quero que me
ajude em outra coisa...

Moacir se aproxima mais da mesa de Gilberto e se senta. Quando


Gilberto vai começar a falar, Luana entra com um celular na mão.

LUANA - Desculpe entrar sem bater, mas você esqueceu isso, Moacir.
(entrega o aparelho a ele)
MOACIR – Obrigado. Alguém telefonou?
LUANA – Não, só chegou uma mensagem de texto. Vou indo, não quero
atrapalhar mais seu trabalho.

Luana sai. Moacir começa a conferir silenciosamente a mensagem de


texto.

MOACIR – Ainda bem que ela não leu...


ESCRIVÃO – O quê?
MOACIR – Nada.
ESCRIVÃO – Já sei, anda escondendo segredinhos da sua mulher. (risinho
zombeteiro)
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MOACIR – Vê lá o respeito, rapaz! Por enquanto eu sou o delegado nessa


birosca.
ESCRIVÃO – E vai ficar muito tempo?
MOACIR – Não pretendo. Já tão providenciando a vinda de um substituto pro
Gilberto. (t) Uma pena ele ter saído daquele jeito, uma pena.
ESCRIVÃO – Enfim... E quem vai vir pra cá?
MOACIR – Ainda não sei. Mas acho que daqui pra esse fim de semana todo
mundo fica sabendo quem é o novo delegado.

CORTA PARA

CENA 03 – AP. DE ADALGISA/SALA – INT – DIA


Adalgisa está em pé, perto do bar, bebendo uma dose de uísque. Deixa o
copo ali mesmo e começa a caminhar pela sala, meio sem rumo definido.

ADALGISA – Aquela Ana Luísa é uma tola! Não consegue ver a verdade a
meio palmo de seu nariz. Mas eu vou dar um jeito de mostrar a verdade a ela.
De um jeito ou de outro...

A fala de Adalgisa é interrompida pelo telefone, que começa a tocar.

ADALGISA (muito fria) – Alô. (sua expressão séria se transmuta


imediatamente para um largo sorriso) Minha filha!

Adalgisa continua falando ao telefone.

CORTA PARA
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CENA 04
Tomada de Copacabana.

CORTA PARA

CENA 05 – HOTEL/QUARTO – INT – DIA


Trata-se de uma pousada bastante modesta. Malu, Pérola, Catherine,
Madá e Thyna entram, com suas poucas coisas que sobraram do incêndio.Vão
dividir o mesmo aposento.

MALU – Por enquanto vamos ter que nos contentar com este quartinho
mesmo.
THYNA – Pelo menos é um teto!
MADÁ – É... Só que agora eu tô pensando...
CATHERINE – Se Layla tivesse aqui ia dizer ‘que milagre!’
MADÁ – Ainda bem que não tá! Mas eu tava pensando no meu colar que
sumiu...
PÉROLA – Ele pode ter se perdido no incêndio.
MADÁ – Não diz isso não, Pérola!
THYNA – Talvez, no meio da confusão, alguém tenha encontrado seu colar. A
Layla pode ter achado.
MADÁ – Achado, ou roubado, né? Porque vindo daquela ali, meu colarzinho
deve ter sido afanado. Foi presente, sabe?
CATHERINE – Daquele cliente que vive vindo atrás de você?
MADÁ – É. Alberto, o nome dele. (t) E se a Layla tiver pego o meu colar, ela
vai se ver assim que cruzar na minha frente. Ah, vai se ver!
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MALU – Vamos parar com isso? Dona Madalena, não fique fazendo juízo
precipitado de ninguém. E vocês três, não fiquem atiçando briga. Não demoro.

Malu sai.

CATHERINE – Onde será que ela tá indo?


PÉROLA – Acho que vai começar a resolver os nossos problemas.
CATHERINE – Ela te disse onde ia?
PÉROLA – Não, isso ela não falou.

CORTA PARA

CENA 06 – CASA DE LAYLA/SALA – INT – DIA


Duda está fazendo a lição de casa. Layla passa sem olhar pra ele. Ele
percebe a presença da irmã.

DUDA – Já vai sair de novo?


LAYLA – Tá espantando por quê? Estranho ia ser eu ficar aqui dentro.
DUDA – A mãe tá chateada contigo.
LAYLA – Não posso fazer nada. Agora vou ganhar a vida, fica aí estudando
que você ganha mais.

Layla sai. Duda continua estudando.

CORTA PARA
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CENA 07
Tomada de Copacabana.

CORTA PARA

CENA 08 – COPACABANA/RUAS – EXT – DIA


Malu caminha pelas ruas, resoluta. Pára em um ponto de ônibus e fica
esperando.
De um lado oposto, vem Layla. Ela vê Malu e se aproxima.

LAYLA – E aí, tudo bem?


MALU – Depende do que você chama de bem.
LAYLA – A boate ficou muito estragada?
MALU – Perca total. Mas vamos nos reerguer.
LAYLA – Sabe como eu faço pra chegar na Fábrica Pérola?

Malu fica um pouco desconcertada ao ouvir o nome da fábrica.

LAYLA – Oi?
MALU – Desculpa. Mas pra que você quer saber disso?
LAYLA – Nada. Só queria fazer uma visita.
MALU – Sei os tipos de visitas que você quer fazer.
LAYLA (levemente impaciente) – Sabe como eu chego lá ou não sabe?
MALU – Não sei.
LAYLA – Tudo bem, me viro sozinha. A gente se vê por aí.

Layla acena para Malu, se despedindo, e segue andando.


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CORTA PARA

CENA 09
Tomada externa da Fábrica Pérola.

CORTA PARA

CENA 10 – FÁBRICA PÉROLA/RECEPÇÃO – INT – TARDE


Layla entra e se dirige diretamente à recepcionista.

LAYLA – Boa tarde... Gostaria de falar com o doutor Josuel Monterrey, ele se
encontra?
RECEPCIONISTA – A senhorita marcou hora?
LAYLA (baixinho) – Pronto... Essa aí tá pensando que tá no dentista!
RECEPCIONISTA – O que disse?
LAYLA – Nada.
RECEPCIONISTA – Marcou hora com o doutor Monterrey?
LAYLA – Não. Mas ele está?
RECEPCIONISTA – Ele saiu para almoçar e volta às duas. Mas só vai atender
quem tiver hora marcada.
LAYLA – Não tem um espaço na agenda dele?
RECEPCIONISTA – Todos os horários estão preenchidos.
LAYLA – Então... Acho que vou ter que ir lá na casa dele.

Layla dá meia volta e sai. A recepcionista continua seu trabalho.


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CORTA PARA

CENA 11 – HOTEL/QUARTO – INT – TARDE


As garotas fazem um lanche.

CATHERINE – Tô a fim de sair pra procurar um emprego.


PÉROLA – Onde?
CATHERINE – Esse é o problema, eu não sei... Tenho medo de ser recusada
porque muita gente deve me conhecer lá do bordel.
MADÁ – Medo bobo. Tu és tão linda, tão inteligente, que daria uma ótima
secretária, recepcionista...
CATHERINE – Queria muito ter continuado os estudos pra ter uma coisa
melhor me esperando.
PÉROLA – E por que não continua agora?
CATHERINE – Deixa essa turbulência passar. Enquanto isso vou procurar
trabalho. Hoje à tarde saio pra bater perna.

CORTA PARA

CENA 12 – CASA DE JOSUEL/SALA – INT – TARDE


Ouve-se a campainha tocando. Josuel vem descendo as escadas, pronto
para sair, e atende a porta, dando de cara com Layla.

LAYLA – Oi, meu amor!


JOSUEL – O que você tá fazendo aqui?
LAYLA – Vim te ver. Fui lá na fábrica, mas me disseram que você tinha vindo
almoçar, aí pra descobrir o endereço do empresário do ano foi um pulo...
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JOSUEL – Louca.
LAYLA – Sua mulher tá aí?
JOSUEL – Dormindo.
LAYLA – Que pena... Queria dar um oizinho pra ela.
JOSUEL (rude) – Pra quê? Armar outro escândalo?
LAYLA – Ai, Josuel! Não fala assim comigo.
JOSUEL – E como você quer que eu fale? O que você veio fazer aqui?
LAYLA – Só vim te ver.
JOSUEL – Pronto, já viu. Pode ir embora.
LAYLA – Dá uma carona pelo menos.
JOSUEL – Tá certo. Vamos.

Layla e Josuel saem juntos.

CORTA PARA

CENA 13
Tomada aérea da Vila Ipiranga.

CORTA PARA

CENA 14 – CONVENIÊNCIA DA MARTA – INT – TARDE


Totia está fazendo compras. Marta se aproxima sem ser notada.
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MARTA – Boa tarde!


TOTIA (espantada) – Dona Marta! Isso é jeito de chegar, dando susto?
MARTA – Tudo bem contigo?
TOTIA – Tudo... Mas que preocupação repentina é essa comigo?
MARTA (fazendo-se de ofendida) – Ora essa... Já não se pode mais
demonstrar preocupação com o próximo?
TOTIA – Claro que pode, né, dona Marta?
MARTA – Já fez as pazes com seu irmão?
TOTIA – Como sabe que eu briguei com o Tuco?
MARTA – Ele deixou escapar.
TOTIA – Aquele língua de trapo. Só faltou falar o motivo da briga...
MARTA – Falou isso também.
TOTIA – Não sei porque ainda moro com ele. Ai, que sujeitinho metido esse
meu irmão!
MARTA – Escute aqui um conselho: não se deixe levar pelas censuras do seu
irmão. Invista bem investido nesse moço rico!

Totia olha para Marta com ar interrogatório.

MARTA – Não é todo dia que surge uma oportunidade dessas pra uma mulher.
E sabe de uma? Acho que Tuco está é com inveja, inveja de você. Afinal, não
apareceu nenhuma mulherzinha rica dando bola pra ele, não é?

TOTIA – Bom... Já chega de papo. Vou continuar comprando.

Totia segue empurrando seu carrinho de compras.


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CORTA PARA

CENA 15 – COPACABANA/RUA – EXT – TARDE


O carro de Josuel estaciona em local proibido. Layla desce ligeira e o
carro sai cantando pneu. Layla vai andando em direção a uma parada de
ônibus.
Madá, Pérola e Thyna saem do hotel onde estão hospedadas e avistam
Layla.

THYNA – Olha só quem tá ali.


MADÁ (com raiva) – É agora que eu acerto minhas contas com ela. Agora!
PÉROLA (conciliadora) – Ô Madá...

Madá faz que não ouviu e segue andando na direção de Layla, que ainda
não a viu. Só quando as duas estão a pouco menos de cinco metros uma da
outra Layla vê Madá.

LAYLA – Mas que alegre surpresa! Achei que depois do incêndio não íamos
mais nos ver.
MADÁ – Mas não me livro de ti nem tão cedo. Não antes de pegar meu colar
de volta.
LAYLA (fingindo-se de desentendida) – Colar?
MADÁ – O colar que eu ganhei e você me roubou!
LAYLA – Ah, minha filha, você acha que eu ia...
MADÁ (corta, furiosa) – Esse colar que tá aí no seu pescoço!
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Mal termina de falar, Madá avança para o pescoço de Layla. As duas


começam a se engalfinhar no meio da rua. Thyna e Pérola correm para tentar
apartar.

CORTA PARA

CENA 16 – FÁBRICA PÉROLA/SALA DE ELINA – INT – TARDE


Elina está sozinha, lendo e-mails. Gordon entra.

GORDON – Pronto.
ELINA – Por favor, Gordon, sente-se.

Gordon senta à frente de Elina.

ELINA – Vou ser bem direta. Quero que você vigie o Alberto, siga todos os
passos dele.
GORDON – Mas... Por quê?
ELINA – Estou desconfiada de que ele é o responsável pela cópia do meu
modelo. Aquele ali nunca me enganou... Me odeia!
GORDON – Tem certeza de que eu sou o mais indicado para ser seu detetive?
ELINA (sorrindo cinicamente) – Claro, meu querido! E se você descobrir
algum podre do Alberto, qualquer coisinha que seja, será muito bem
recompensado. (t) Ele cai e você sobe.

Gordon sorri ao ouvir menção à promoção.

ELINA – E então, topa?


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GORDON – Vou fazer o melhor que puder.

Elina e Gordon trocam um aperto de mão, cúmplices.

CORTA PARA

CENA 17
Tomada externa da casa de Josuel.

CORTA PARA

CENA 18 – CASA DE JOSUEL/SALA – INT – TARDE


Cauê fala ao telefone com Matheus. A campainha toca.

CAUÊ – Matheus, segura só um minutinho aí, não demoro.

Cauê larga o telefone e vai abrir a porta. Da de cara com Malu e


estranha.

CAUÊ – Boa tarde...


MALU – Boa tarde. Casa de Josuel e Ana Luísa Monterrey, certo?
CAUÊ (um pouco desconfiado) – É... É sim.
MALU – Ana está?
CAUÊ – A senhora é?
MALU – Uma antiga amiga dela. Ela pode falar?
CAUÊ – Pode. Vou chamá-la. Por favor, entre.
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Malu entra e Cauê fecha a porta, subindo as escadas rapidamente logo


depois. Malu fica em pé, olhando em volta. Instantes depois, Cauê e Ana
descem. Ana não esconde a surpresa e o estranhamento ao ver Malu.

ANA – Vai me desculpar, mas... Acho que não a conheço.


MALU – Você não lembra de mim, mas nos conhecemos. Podemos
conversar?

Ana olha para Cauê, como se esperasse um conselho dele. Depois, olha
para Malu, sem saber o que responder.

********** FIM DO CAPÍTULO 07 **********

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