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Paisagens de outros mundos

O Sistema Solar é a região do espaço sob influência direta da força


gravitacional da estrela que chamamos Sol. Nessa região, encontram-
se nove planetas e seus satélites. Também se encontram asteróides,
cometas e meteoritos, além de gás e poeira espacial.
Os palnetas do Sistema Solar podem ser divididos em dois grupos,
segundo a distância do Sol --- os interiores ( Mercúrio, Vênus, Terra e
Marte) e os exteriores (Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão). Os
primeiros também são chamados de “planetas terrestres”, pois neles
predomina material rochoso, como acontece na Terra. Os segundos
são formafos principalmente de gases.

Esse desenho é imperfeito, pois não mostra corretamente os


tamanhos dos planetas e as distâncias que os separam. No espaço
dessa página não seria possível. O astrônomo Carlos Alberto Gebara
explicou muito bem por quê:
“Para termos uma idéia de como o Sistema Solar é vazio, espaçoso, imagine
que o Sol seja uma esfera de um metro de diâmetro e 100 quilos. Os nove
planetas que giram ao seu redor, presos pela ação da gravidade, teriam juntos,
a massa de 130 gramas. A Terra seria do tamanho de uma bolinha de gude e
estaria a 107 metros de distância do Sol. Também estaria a 40 metros do
planeta mais próximo, Vênus, que seria pouco maior que uma ervilha. Plutão, o
planeta mais distante, estaria a 3 quilômetros de nós, com o tamanho da
metade de um grão de arroz.” (Ulysses, maio 1998, p.7)
Conhecemos muito pouco sobre os planetas exteriores. Estão
distantes e envoltos em nuvens espessas de gases. Os planetas
interiores são mais conhecidos. Da Terra, foram fotografados por
telescópios. O Hubble, um telescópio em órbita terrestre, envia
imagens de alta qualidade. Sondas espaciais não-tripuladas pousaram
em Marte e em Vênus e passaram perto de Mercúrio.
Dos três, sabemos mais sobre Marte. Mercúrio está longe de nós e
perto demais do Sol. Vênus está escondido por uma atmosfera muito
densa. Mas nada se compara ao que sabemos da Lua. Ela está tão “
pertinho” que a visitamos, diretamente, várias vezes.

Pegadas de Armstrong
“ Homens caminham na Lua” foi a manchete principal do jornal The New York
Times, no dia 21 de julho de 1969.

Uma regra dos meios de comunicação consiste na objetividade. Os fatos


devem ser noticiados de maneira neutra, os jornalistas não devem revelar
envolvimento com a notícia. Mas como anunciar de forma objetiva um
acontecimento tão envolvente como o desembarque lunar dos astronautas
da Apolo- 11? Como ser neutro diante de algo tão especial para toda a
humanidade?

O The New York Times achou a resposta. Colocou-se num ponto de vista
exterior, como se o jornal estivesse em outro planeta, em uma civilização
extraterrena, comentando friamente um acontecimento que “só” envolvia
os seres humanos.

Neil Armstrong, o norte – americano que caminhou na Lua pela primeira vez,
viu de perto uma paisagem conhecida havia tempo, através de fotografias
tomados por telescópios. Ele viu planaltos pontilhados de crateras de
impacto e mares lunarescom crateras mais espaçadas. Depois, cinco outras
naves tripuladas pousaram na Lua. Todas retornaram com rochas do nosso
satélite.

Armstrong e os outros astronautas imprimiram a marca das suas botas na


superfície lunar. Hoje, quando você lê estas linhas , as pegadas que esses
terráqueos deixaram continuam lá.
(A LUA É O CORPO
CELESTE QUE MELHOR CONHECEMOS. OS MAPAS LUNARES, PRODUZIDOS
COM O USO DE TELESCÓPIOS E DE IMAGENS DE NAVES ESPACIAIS,
REPRESENTAM DE MODO DETALHADO A MAIOR PARTE DA SUPERFÍCIE DO
SATÉLITE NATURAL DA TERRA. AS CRATERAS DE IMPACTO SÃO AS
FORMAÇÕES MAIS MARCANTES DO RELEVO LUNAR.

Os pequenos buracos que escavaram para retirar rochas também estão lá.
Provalvelmente, essas marcas das nossas visitas permanecerão intactas por
centenas, talvez milhares de anos.

A Lua é um mundo imóvel, silencioso. Ela não tem atmosfera ou água em


estado líquido. Nela, não há ventos ou chuvas para apagar os vestígios da
nossa curiosidade. Na Lua, não há atividade vulcânica ou terremotos
superficiais. Apenas o bombardeio de meteoritos vindos do espaço modifica
a sua superfície.

Num passado distante, a Lua foi um mundo agitado. Ela surgiu como um
corpo quente mas, por ser pequena, deixou escapar o calor para o espaço.
Esse rápido resfriamento, acompanhado de terremotos e atividade
vulcânica, deformou a superfície, produzindo os planaltos e os “mares”. Se
a Lua tinha atmosfera, também perdeu a depressa, devido à fraca atração
gravitacional. Na juventude da Lua, o Sistema Solar continha muito mais
asteróides, cometas e aglomerados de poeira que hoje. Há uns 4 bilhões de
anos, o bombardeio incessante de meteoritos formou a maior parte das
crateras lunares.
Então, veio a tranquilidade. O resfriamento criou uma crosta espessa, que
esconde o núcleo liquefeito. O calor desse núcleo provoca tremores a 900
quilômetros de profundidade, que não abalam a superfície. Os impactos de
meteoritos reduziram-se bastante, mas não cessaram. Na ausência de
atmosfera, mesmo os pequenos meteoritos alcançam a superfície lunar.

A paisagem da Lua, tal como vemos em fotografias Armstrong viu de perto,


revela um passado distante, congelado. Com exceção de algumas crateras
mais recentes e claro, das pegadas recentíssimas dos astronautas, as
formas das superfície do nosso satélite natural têm uns três bilhões de
anos.

O planeta vermelho
Marte é o “planeta vermelho”. Talvez por isso, foi batizado pelos antigos
romanos com o nome de deus da guerra. Em tempos mais recentes,
acreditou-se em vida inteligente em Marte e os marcianos, geralmente
verdes, tornaram-se personagens comuns da ficção científica. As
observações de sondas espaciais não-tripuladas jogaram água fria nessa
fantasia.

Várias sondas passaram perto do planeta vizinho. Em 1971, a Mariner-9


entrou na sua órbita. Em 1976, duas naves Viking pousaram delicadamente
no solo marciano e enviaram informações sobre a atmosfera e a superfície.
Em 1997, a Mars Pathfinder levou o robô Sojourner até Marte, conduzindo
experiências inéditas e obtendo fotografias espetaculares.

Marte é menor que a Terra, mas bem maior que a Lua. A sua força
gravitacional foi capaz de conservar uma atmosfera, composta
principalmente por dióxido de carbono (CO 2) . Por ser muito tênue, essa
atmosfera retém pouco calor --- em geral, as temperaturam ficam muito
abaixo de zero, embora possam atingir 27°C durante o dia, no verão.

Esse mundo gelado é periodicamente agitado por tempestades de vento,


que erguem e transportam a fina poeira avermelhada do solo, cobrindo por
meses vastas áreas da superfície. Fotografias mostram campos de dunas
que se deslocam quando sopram ventanias. Quando o primeiro astronauta
imprimir as suas pegadas no solo marciano, elas serão logo apagadas.

Marte tem muito mais calor interno que a Lua, pois corpos maiores
demoram mais para se resfriar. A sua crosta sólida talvez tenha espessura
de uns 200 quilômetros, quatro ou cinco vezes menos que a Lua. Entre a
crosta e o núcleo, provalvenmente existe uma larga camada de material
quente e pastoso.
( O PEQUENO ROBÔ
SOJOURNER --- COM SEUS 63 CENTÍMETROS DE COMPRIMENTO
POR 48 DE LARGURA E PESO DE 9 QUILOGRAMAS --- ESTUDANDO
A GRANDE ROCHA YOGI, EM MARTE. O SOJOURNER UTILIZOU UM
SOFISTICADO APARELHO DE RAIO X PARA COLHER INFORMAÇÕES
SOBRE A ROCHA.)
Os vulcões marcianos, hoje inativos, parecem ter vomitado lava num
passado não tão remoto, comparando-se com a atividade vulcânica da Lua
em sua juventude. Um desses vulcões , o Monte Olympus, tem 8 quilômetros
de altura, uma cratera de 70 quilômetros de diâmetro e base de 500
quilômetros de largura.

A superfície de Marte conta uma história complicada. Mais ou menos a


metade da sua área é coberta pelas monótonas crateras típicas da Lua.
Algumas dessas crateras, porém, exibem lóbulos nas suas bordas, que
devem ter sido formadas pelo escorimento de lama.

Isso pode indicar a existência de uma camada de água congelada, a


pequena profundidade, que é liquefeita pelo impacto de meteoritos. No
passado, Marte foi mais quente e teve água em estado líquido. Hoje, o
planeta vermelho tem calotas polares formadas, principalmente, por gelo.

O fluxo de calor interior de Marte, projetando-se para fora, criou paisagens


impressionantes. O Vallis Marineris, perto do Monte Olympus, é um cânion
com 6 quilômetros de profundidade, 120 quilômetros de largura e 5 mil
quilômetros de comprimento. Não conhecemos coisa alguma com tais
dimensões na Terra.

A superfície lunar pode ser compara à face de um ancião, pois foi formada
há bilhões de anos. A superfície marciana é estranha. Parte dela é muito
velha. Outra. Vulcânica e montanhosa, assemelha-se ao rosto de um homem
na meia idade. E há também uma área jovem, que está se formando agora
mesmo, pelos ventos que transportam poeira.

(A SUPERFÍCIE MARCIANA É
MUITO MAIS COMPLEXA QUE A LUNAR. OS VULCÕES MARCIANOS
TORNARAM-SE INATIVOS MUITO DEPOIS DO FIM DAS ATIVIDADES
VULCÂNICAS DA LUA. EM MARTE, HÁ FORMAÇÕES DE RELEVO QUE
SUGEREM A PRESENÇA DE ÁGUA CONGELADA E PEQUENA
PROFUNDIDADE.)

Paisagens do nosso mundo


No estado norte-americano do Arizona existe uma cratera de impacto com
180 metros de profundidade e 1.1220 metros de diâmetro. Essa paisagem,
tão comum na Lua e em Marte, é muito rara na superfície terrestre.

No passado distante, a Terra foi tão bombardiada por meteoritos quanto os


demais corpos do Sistema Solar. Mas as crateras geradas pelo seu impacto
foram destruídas pelas águas correntes, pelos ventos, por terremotos e lava
vulcânica, pelo movimento incessante da crosta terrestre. Daqui a muitos
milhões de anos, um tempo curto para a idade da Terra e do Sistema Solar, a
cratera do Arizona também desaparecerá.

Atualmente, o bombardeio espacial de meteoritos é bem menor que no


passado distante. Os grandes meteoritos são raros. Os pequenos, mais
comuns, que continuam a bombardiar a Lua, não costumam atingir a
superfície terrestre. Antes disso, eles se desintegram pelo atrito com a
nossa densa atmosfera.
( AS CHAMADAS “ESTRELAS
CADENTES”, QUE PODEM SER VISTAS NAS NOITES LIMPAS, SÃO METEORITOS
EM DESINTEGRAÇÃO NA ATMOSFERA TERRESTRE. O ATRITO COM A
ATMOSFERA AQUECE E ILUMINA ESSES PEQUENOS CORPOS. ANTES DE SE
DESINTEGRAR, UM METEORITO COMUM TEM CERCA DE 1 CENTÍMETRO DE
COMPRIMENTO.)

Quase todas as paisagens lunares foram esculpidas por forças espaciais, ou


seja, pelo impacto de corpos externos. Metade das paisagens marcianas,
também. Na Terra, quase tudo foi criado por forças terrenas, ou seja,
geradas no próprio planeta.

A face sempre rejuvenecida da Terra


A Terra é tão velha quanto Marte e um pouca mais antiga que a Lua. Mas a
sua superfície é bem mais jovem, pois as suas formas estão em permanente
mudança. É como se ela sofresse operações plásticas periódicas, que
apagam as rugas do passado, enquanto surgem novas rugas.

A Terra conserva mais calor interno que Marte, pois é maior que ele.
Comparada á do planeta vermelho, a crosta terrestre é delgada. Abaixo
dela, ruge um motor interno --- o fluxo de energia e calor que pressiona e
deforma a crosta, otigina montanhas, causa os terremotos e faz os vulcões
cuspirem lava.

Os vulcões adormecem na Lua desde a juventude do nosso satélite. Em


Marte, eles adormeceram mais tarde. Na Terra, continuam vivos para nos
aterrorizar e encantar. Para nos lembrar da força do motor interno do
planeta.
Mas a Terra é uma máquina com dois meteoros. Há também o motor
externo, que é a atmosfera. O seu combustível é a energia solar, que origina
os ventos e as chuvas.

A Lua não tem atmosfera. Marte tem uma, mas nela não acontecem chuvas.
Lá, continuam a existir crateras de impacto muito antigas. Aqui, tudo que é
velho demais foi varrido e moldado novamente pelo motor externo. Por isso,
perdemos as cicatrizes da nossa juventude. Em compensação, ganhamos
uma variedade de paisagens maravilhosas que não se encontram em
nenhum outro lugar do Sistema Solar.

Esclarecendo os significados
Força Gravitacional: Atração exercida por corpos quem têm massa.
Quanto maior a massa de um corpo, maior a sua atração gravitacional. A
força gravitacional do Sol é muito maior que a da Terra, que é muito maior
que a da Lua.

Estrela: Corpo gasoso que possui luz própria e emite calor.

Planetas: astro que gira em volta de uma estrela ou do Sol e que dele
recebe luz.

Satélites: planeta secundário que gira em volta de um planeta principal,


acompanhando-o no seu movimento de translação em torno do Sol.

Asteróides: pequeno planeta pequeno corpo que gira no espaço, como as estrelas cadentes e os
aerólitos.

Cometas: astro que, tal como os planetas, gira à volta do Sol e que é
constituído por núcleo ou cabeça, cabeleira e cauda, sendo visível apenas a
grandes intervalos de tempo.

Meteoritos: fragmento mineral caído dos espaços siderais.

Crateras de impacto: depressões fechadas, de forma circular, formada


pelo choque de meteoritos.

Mares Lunares: vastas planícies ou depressões na superfície lunar.


Observadas da Terra, parecem mais escuras que os brilhantes planaltos. Os
astrônomos antigos acreditavam que as áreas escuras eram oceanos. Até
hoje usamos os nomes que eles deram a essas áreas lunares.

Vida inteligente em Marte: em 1877, o astrônomo italiano Giovanni


Schiaparelli pensou ter enxergado canais cruzando a superfície marciana. O
seu colega norte-americano Percival Lowell fez alarde em torno dos canais,
explicando-os como meios de irrigação do árido planeta. Por quase cem
anos, a miragem de uma civilização em Marte encantou e aterrorizou os
terráqueos.
Dióxido de carbono: gás incolor expirado pelos mamíferos e absorvido
pelas plantas na fotossíntese. A queima de matéria orgânica e carbono gera
esse gás. Na atmosfera, ele permite a passagem da energia solar, mas
absorve a energia irradiada pela superfície, retendo calor.

Vulcões: montanha ou abertura (cratera) na montanha, de onde saem, com maiores ou menores
intervalos, gases, turbilhões de fogo, rochas no estado sólido e substâncias em fusão (lavas);

Calotas polares: em torno dos dois pólos da Terra, há massas imensas de


águas congelada, chamadas calotas polares. A Lua não tem calotas polares
pois não possui água (ou possui uma quantidades insignificantes.)

Cânion: vale profundo, em forma de “V”, limitado por escarpas íngrimes.

Atividades
1. Netuno foi descoberto em 1846, através de telescópio. Mas, um pouco antes,
a sua existência foi prevista por meio de observações da órbita de Urano, que
é alterada pela força gravitacional do planeta vizinho. Plutão foi descoberto
bem mais tarde, apenas em 1930, e de maneira parecida com o que ocorreu
com Netuno --- foi previsto antes de ser visto.

a) Por que você acha que a descoberta de Plutão ocorreu tão tarde?
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b) Como você imagina que foi prevista a existência desse nono planeta?
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2. “ A Terra é azul” foi a frase de um astronauta ao ver pela primeira vez o


nosso planeta a partir do espaço. Explique as razões de a Terra ser vista com
essa cor.
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3. Quais são os tipos de corpos celestes que orbitam em torno do Sol?
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4. Os planetas que orbitam em torno do Sol podem ser divididos em dois
grupos. Quais são eles e o que os diferencia?
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5. Qual é a razão de os cientistas terem muito mais sobre a Lua que sobre os
planetas interiores do Sistema Solar?
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6. Quais os principais problemas que os seres humanos enfrentariam caso
quisessem se instalar:
a) Em Marte?
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b) Na
Lua?______________________________________________________________________________
7. A Lua tem uma porção maior as sua superfície coberta por crateras de
impacto que Marte. E Marte tem muito mais crateras de impacto que a Terra.
Por quê?
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8. “ A variedade de paisagens existentes na Terra resulta, exclusivamente, das
forças do interior do planeta.” Você concorda com essa afirmação? Justifique.
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