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Aspectos a ter em conta aquando da compra de um

equipamento

Ao adquirir um equipamento, sob o meu ponto de vista, dever-se-ão


ter-se em conta, nomeadamente, os seguintes aspectos:

a) O que vou exigir do aparelho?


b) Quanto custa a sua manutenção e qual o seu nível de consumo?
c) A sua relação qualidade/preço.
Assim, ao adquirir um equipamento deve-se ter em conta a sua
capacidade de resposta ao grau de exigência necessário. Isto é, se
adquirimos um aparelho demasiado possante, o seu consumo é maior
do que o estritamente necessário para o efeito. Assim, não chegamos
a retirar dele o máximo rendimento, ficará subaproveitado. Neste
caso haverá duas situações de gastos supérfluos: no momento da
aquisição do aparelho (mais potente é igual a mais caro) e depois
durante a sua utilização, visto que o consumo é superior a outro de
potência menor e não é utilizado no máximo da sua capacidade
(energia desperdiçada).

Exemplo do descrito é a aquisição de um automóvel de alta cilindrada


para efectuar pequenas viagens e transportar apenas uma pessoa.
Será, neste exemplo, muito mais sensato adquirir um veículo
pequeno, menos potente e menos caro. Poupar-se-á no momento da
aquisição (automóvel mais barato) e gastar-se-á menos durante o
tempo que dele dispomos (manutenção e consumo mais baratos).

Por outro lado, se adquirirmos um aparelho menos possante do que o


recomendado para a função, leva a que o aparelho funcione sempre
em esforço redobrado, provocando por isso, nas mais das vezes, um
consumo mais elevado, um maior desgaste de material e
consequentemente uma menor duração do aparelho. Desta situação
resulta que a economia obtida na compra não compensou, dado que
não se economiza durante a sua utilização (sempre em esforço gasta
mais) nem a sua duração é satisfatória (o barato sai caro).

Assim, o aparelho a adquirir deve ser de potência suficiente, não


sendo demasiada para o desejado, evitando desperdícios e
permitindo a sua utilização de forma a dele retirar um esforço
racional.
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Também, ao avaliar os pressupostos para efectuar uma compra é
insuficiente avaliar apenas questão do preço; há que ter em linha de
conta também a sua manutenção. Por vezes esta, pelo facto do
aparelho possuir tecnologia avançada, ou pelo facto de a assistência
estar restringida a determinada oficina, torna-se demasiado
dispendiosa, quer no aspecto da mão-de-obra, quer na vertente das
peças de substituição. Nestes casos, surgem também situações de
impossibilidade de assistência, visto que o avanço da tecnologia no
fabrico, nem sempre é acompanhado por parte de quem presta a
assistência.

Aparelhos existem que, pela sua origem, são relativamente acessíveis


no preço, eficientes e duráveis, mas no aspecto de assistência técnica
deixam muito a desejar. Apesar disso, vão sendo raros.

Não deixa de ser relevante, por vezes, o local/empresa onde se


efectua a compra. Se a firma tem credenciais no ramo, que tipo de
disponibilidade possui para assistir o que vende e se por norma se
norteia por princípios justos no relacionamento com os clientes. Para
isto muita importância tem a(s) pessoa(s) destinadas ao atendimento
ao público.

Na vertente da assistência técnica poder-se-á colocar duas questões:


assistência na “marca” ou fora da “marca”. Também neste aspecto a
questão não se apresenta linear.

Se o aparelho se apresentar ainda novo, no meu ponto de vista,


dever-se-á recorrer aos serviços da marca para assegurar a
manutenção dos pressupostos da garantia pós venda, especialmente
também se o aparelho tiver um valor considerável. No entanto,
mesmo na marca é necessário alguma atenção aos serviços
prestados porque “marca de origem” pode não significar serviço
eficiente.

Consequentemente, solicitar uma assistência fora da “marca”, poderá


implicar o declínio de todas as garantias do aparelho por parte do
vendedor/fabricante, argumentando que sofreu de uma intervenção
por técnico “não especializado”, o quem nem sempre corresponde à
verdade. Logo, será de primordial importância efectuar todos os
serviços de arranjos e manutenção na marca propriamente dito,
especialmente durante o período de garantia. Durante este
relacionamento com a empresa (marca) efectuar a avaliação do
serviço prestado e disponibilidade para atender às reclamações.
Perante esta avaliação ponderar se compensará ali continuar a
efectuar a manutenção e/ou os arranjos do dito equipamento.
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Caso a opção seja direccionada para fora da “marca”, deverá ter-se
em conta a qualidade dos serviços prestados, as garantias pós serviço
e também a estabilidade da empresa. Neste caso a atenção aos
arranjos não devem ser apenas direccionados para a mão-de-obra
propriamente dito, mas também para o tipo de peças a colocar. Uma
peça inadequada poderá provocar um distúrbio no funcionamento
geral do aparelho.

Resumindo: cada situação é única, não sendo por isso razoável, de


um caso, extrapolar todos os outros. As situações devem ser
apreciadas, se necessário efectuar contra-propostas e até regatear.
Terminadas as negociações, se possível passar a escrito o contrato
com o máximo de pormenores, ficando com uma das cópias. Assim,
será mais fácil sustentar qualquer reclamação por um potencial
incumprimento do acordo.

Independentemente de tudo, é de primordial importância o aparelho


adquirido fazer-se acompanhar de um bom manual de instruções,
permitindo-nos a sua utilização de forma correcta. Muitas vezes as
avarias resultam de uma má utilização, as quais não são abrangidas
pelos riscos da garantia.

Falta acrescentar, se for o caso, que deve ter-se em atenção o local


de instalação. Por vezes, os locais têm que ser arejados (ex.
esquentador) ou outras especificadas que contribuem para o bom
funcionamento do aparelho em apreço.

Após a compra e/ou a entrega do aparelho, deve ter-se o cuidado de


verificar tratar-se do mesmo que adquirimos, experimentá-lo.
Devemos também certificarmo-nos que e quantos documentos
assinamos. Por um lado para evitar receber um aparelho diferente
daquele que escolhemos por outro para obstar a que assine dois
contratos de compra; um de pagamento imediato e outro para
efectuar o pagamento em prestações (prática muito utilizada).

Deve guardar todos os documentos que certifiquem a aquisição do


aparelho. Primeiro para atestar, a qualquer momento, que o pagou,
depois para servir de base a qualquer reclamação.

Se tiver necessidade de a efectuar deve imediatamente apresentá-los


e justificá-la. Se não for atendido, pode solicitar o livro de
reclamações, que deve ser cedido imediatamente mesmo sem motivo
justificado, visto que essa apreciação não cabe a qualquer das partes.
Se persistir em não facultar o livro deve chamar as autoridades para

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que registem a ocorrência, para posteriormente puder vir a ser
sancionado pela atitude.

Se não resolver a questão, pode recorrer aos julgados de paz, embora


aqui se apresentem alguns condicionalismos, nomeadamente em
termos de tempo, visto que assim pode deixar passar o prazo limite
para proceder judicialmente. Em recurso último, pode ainda recorrer
aos Tribunais.

Contudo, para prevenir estas situações, sempre desagradáveis, deve


ter sempre em conta onde compra e com quem contrata e ter sempre
presente a velha premissa: “mais vale um mau acordo que uma
boa demanda”.

Coimbra, 30 de Outubro de 2008.

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