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Associativismo/Mutualismo: espírito de formiga

Definição:

Mutualismo — Valor de solidariedade que se traduz na inter-ajuda entre as

pessoas.

Mutualismo é uma corrente ideológica cujos princípios assentam na


reciprocidade dos serviços e na entreajuda. Consubstancia-se na existência
de um fundo comum para o qual todos convergem através de contribuições
ou quotas, de modo a permitir, de forma previdente, acautelar o futuro
próprio ou dos seus familiares através de retribuições pecuniários ou de
assistência.

Os seus pontos ideológicos base, são:

Democraticidade - Um Homem, um voto


Liberdade - De adesão ou demissão
Independência - De todo o poder e de toda a obediência
Solidariedade - Entreajuda voluntária
Responsabilização - Ao nível da gestão democrática, sem proveito individual.

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Breve Historial

O auxílio mútuo é uma das mais vincadas características do género humano e


que, no decorrer dos tempos, lhe tem permitido lutar, com êxito, contra
forças adversas bem mais fortes.

A necessidade dos Homens se ajudarem entre si nasce com os primórdios do


sedentarismo, momento em que se começam a desenvolver os embriões das
verdadeiras práticas mutualistas, especialmente destinadas à defesa dos
ataques de outras tribos ou de animais fisicamente mais poderosos,
agrupando-se os Homens de forma espontânea e solidária para melhor se
protegerem.

Com o decorrer dos séculos, e adaptando-se às realidades de cada época,


essa entreajuda foi tomando outros aspectos culminando com
o Associativismo Organizado.

Desenvolvimento

Recordo-me de um livro de leitura da Escola Primária que contava a seguinte

história:

Um ancião, deitado no seu leito, ao sentir que estava a chegar a hora da sua

morte, mandou chamar os seus seis filhos e pediu que lhe trouxessem um molho de

vides. Com os seus filhos junto de si, disse ao mais velho:

- Toma lá este molho de vides e parte-o.

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O filho, com ambas as mãos, pegou-o pelas extremidades e, colocando-o junto ao

joelho tentou quebrá-lo. Porém, apesar de se ter utilizado toda a sua força, não

as conseguiu quebrar.

O Pai foi passando o molho das vides por todos os filhos com o mesmo objectivo,

contudo, o resultado inicial foi-se repetindo sucessivamente pelos outros cinco

filhos.

Aquele progenitor, novamente na posse do molho das vides desatou-o e, agora

separadas, uma a uma, foi-as partindo perante a incredulidade dos filhos.

Após ter quebrado a última, olhou na direcção dos seus filhos e disse:

-Como viram, não conseguiram partir o molho das vides, porque elas estavam

juntas, encontravam-se unidas entre si. Porém, ao serem separadas, desunidas,

fácil foi parti-las. Por isso – continuou o Pai – se continuarem unidos pela vida

fora, será muito mais fácil resistir às adversidades da vida; ao contrário, se vos

afastardes uns dos outros, acontecer-vos-á como às vides, facilmente irão ser

desbaratados.

Moral da história: a união faz a força.

É nesta vertente que assenta o associativismo/mutualismo. Visa juntar as pessoas

(vides) em torno de um interesse comum com o objectivo de melhor suportar as

dificuldades (força) relacionadas com a vida em geral ou um interesse específico.

Esta política de vida é baseada nas trocas de bens/serviços entre a

comunidade/associados. Dispensa o dinheiro e fomenta as trocas de bens e

serviços.

O associativismo assenta num conjunto de pessoas organizadas, segundo

determinadas regras, com um determinado objectivo. Apresenta quase sempre uma

cúpula (representantes/sindicalistas) que tem por função velar pelos interesses dos

associados. Isto confere-lhes legitimidade e autoridade na para prossecução de

acções com o objectivo de garantir a defesa do interesse desse grupo/associação.

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Como deve a classe operária lutar para vencer o capitalismo?

É esta a questão básica que se colocada diariamente a todos os


trabalhadores.

Quais os meios de acção eficazes e quais as tácticas que necessitarão de


empregar para conquistar o poder e vencer o adversário?

Não existe nenhum conhecimento ou teoria que lhes possa indicar com
precisão o caminho recomendado. É experimentando, deixando exprimir o
seu instinto e a espontaneidade que se encontrará o caminho.

As tácticas da luta de classes têm necessariamente de se adaptar à


evolução social. O sindicalismo surge como a forma primitiva do movimento
operário num sistema capitalista estável. O trabalhador independente não
tem defesa face ao patrão capitalista. Por isso os operários se organizaram
em sindicatos. Estes reúnem os operários na acção colectiva e utilizam a
greve como arma principal.

O equilíbrio do poder fica assim mais ou menos realizado; acontece mesmo


inclinar-se mais fortemente para o lado dos operários, de tal modo que os
pequenos patrões isolados se vêem impotentes perante os grandes
sindicatos. É por isso que, nos países em que o capitalismo está mais
desenvolvido, os sindicatos de operários e de patrões (sendo estes as
associações, os trusts, as sociedades etc.) estão constantemente em luta.

Foi na Inglaterra que nasceu o sindicalismo paralelamente aos primeiros


vagidos do capitalismo. Em seguida estender-se-ia aos outros países, como
fiel companheiro do sistema capitalista. Conheceu condições particulares
nos Estados Unidos, onde a quantidade de terras livres e desabitadas que se
oferecia aos pioneiros escoou a mão-de-obra para fora das cidades.

A Federação Americana do Trabalho constituía uma verdadeira força no


país e a maior parte das vezes, foi capaz de manter um nível de vida
suficientemente elevado entre os operários que nela estavam filiados.

O objectivo do sindicalismo não é substituir o sistema capitalista por um


outro modo de produção, mas melhorar as condições de vida no próprio

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interior do capitalismo. A essência do sindicalismo não é revolucionária mas
conservadora.

A acção sindicalista faz parte naturalmente da luta de classes. O


capitalismo assenta num antagonismo de classes, tendo os operários e os
capitalistas interesses opostos. Isto é verdade, não só no que diz respeito à
manutenção do regime capitalista, mas também no que se refere à
repartição do produto nacional bruto.

Os capitalistas tentam aumentar os seus lucros - a mais-valia - diminuindo


os salários e aumentando o número de horas ou a cadência do trabalho. Os
operários, por seu lado, procuram aumentar os seus salários e reduzir os
seus horários. O preço da sua força de trabalho não é uma quantidade
determinada, embora deva ser superior ao que é necessário para que um
indivíduo não morra de fome; e o capitalista não paga de boa vontade. Este
antagonismo é assim gerador de reivindicações e da verdadeira luta de
classes. A tarefa e o papel dos sindicatos consistem em continuar a luta.

O sindicalismo foi a primeira escola de aprendizagem do proletariado;


ensinou-lhes que a solidariedade estava no centro do combate organizado.
Encarnou a primeira forma de organização do poder dos trabalhadores.

Tal não aconteceu nos países onde os operários tiveram de se bater pela sua
sobrevivência, onde, apesar de todos os seus esforços, os sindicatos não
conseguiram obter uma melhoria do nível de vida e onde o sistema
capitalista em plena expansão empregava toda a sua energia a combater os
trabalhadores. Nesses países, os operários tiveram de apreender que só a
revolução os poderia salvar para sempre.

Existe sempre uma diferença entre a classe operária e os sindicatos. A


classe operária deve olhar para além do capitalismo, enquanto que o
sindicalismo está inteiramente confinado nos limites do sistema capitalista.
O sindicalismo só pode representar uma parte, necessária mas ínfima da
luta de classes. Ao desenvolver-se, deve necessariamente entrar em
conflito com a classe operária, a qual pretende ir mais longe.

Os sindicatos crescem à medida que se desenvolvem o capitalismo e a


grande indústria, até se tornarem gigantescas organizações que integram
milhares de adeptos, se estendem por todo um país e têm ramificações em
cada cidade e em cada fábrica.

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São nomeados funcionários: presidentes, secretários, tesoureiros, dirigem
os negócios, ocupam-se das finanças tanto à escala local como a nível
central. Estes funcionários são os dirigentes dos sindicatos. São eles que
conduzem as negociações com os capitalistas, tarefa em que se tornaram
mestres.

O presidente de um sindicato é uma personagem importante que trata de


igual para igual o patrão capitalista e com ele discute os interesses dos
trabalhadores. Os funcionários são os especialistas do trabalho sindical,
enquanto que os operários especializados, absorvidos pelo seu trabalho na
fábrica, não podem nem deliberar nem dirigir por si próprios.

Uma tal organização já não é unicamente uma assembleia de operários;


forma um corpo organizado, que possui uma política, um carácter, uma
mentalidade, tradições e funções que lhe são próprias. Os seus interesses
são diferentes dos da classe operária e não recuará perante nenhum
combate para os defender. Se algum dia os sindicatos perdessem a sua
utilidade, ainda assim não desapareceriam. Os seus fundos, os seus adeptos,
os seus funcionários, são outras tantas realidades que não estão a ponto de
se dissolverem de um momento para o outro.

Os funcionários sindicais, os dirigentes do movimento operário, são os


defensores dos interesses particulares dos sindicatos. Apesar das suas
origens operárias, adquiriram, após longos anos de experiência à cabeça da
organização, um novo carácter social.

O papel dos sindicalistas não é o mesmo que o dos operários. Eles não
trabalham na fábrica, não são explorados pelos capitalistas, não são
ameaçados pelo desemprego. Estão instalados em gabinetes, em lugares
relativamente estáveis. Discutem questões sindicais, têm a palavra nas
assembleias de operários e negoceiam com os patrões.

Decerto, devem estar do lado dos operários, cujos interesses e


reivindicações contra os capitalistas devem defender. Mas nisso, o seu papel
em nada difere do advogado de uma organização qualquer.

Existe contudo, uma diferença, porque a maior parte dos dirigentes


sindicais, saídos das fileiras da classe operária, sofreram eles próprios, a
experiência da exploração capitalista. Consideram-se como fazendo parte
da classe operária, cujo espírito de classe está longe de se extinguir. No

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entanto, o seu novo modo de vida tende a enfraquecer neles essa tradição
ancestral.

No plano económico, já não podem ser considerados como proletários. Eles


caminham ao lado dos capitalistas, negoceiam com eles os salários e as horas
de trabalho, cada parte fazendo valer os seus próprios interesses,
rivalizando do mesmo modo que duas empresas capitalistas.

Aprendem a conhecer o ponto de vista dos capitalistas tão bem como o dos
trabalhadores; preocupam-se com os "interesses da indústria"; procuram
agir como mediadores.

Pode haver excepções ao nível dos indivíduos, mas regra geral, não podem
ter esse sentimento de pertencerem a uma classe como têm os operários,
pois que estes não procuram compreender nem tomar em consideração os
interesses dos capitalistas, mas lutam pelos seus próprios interesses. Por
conseguinte os sindicalistas entram necessariamente em conflito com os
operários.

Nos países capitalistas avançados, os dirigentes sindicais são


suficientemente numerosos para constituir um grupo à parte, com um
carácter e interesses separados. Na qualidade de representantes e
dirigentes dos sindicatos, encarnam o carácter e interesses desses
sindicatos. Visto que os sindicatos estão intrinsecamente ligados ao
capitalismo, os seus dirigentes consideram-se elementos indispensáveis à
sociedade capitalista. As funções capitalistas dos sindicatos consistem em
regular os conflitos de classe e assegurar a paz nas fábricas. Por
conseguinte, os dirigentes sindicais consideram ser seu dever como
cidadãos trabalhar pela manutenção da paz nas fábricas e intrometer-se
nos conflitos. Nunca olham para além do sistema capitalista. Estão
inteiramente ao serviço dos sindicatos e a sua existência está
indissoluvelmente ligada à causa do sindicalismo.

Para eles, os sindicatos são os órgãos mais essenciais à sociedade, a única


fonte de segurança e de força; devem, por conseguinte, ser defendidos por
todos os meios possíveis.

Concentrando os capitais em poderosas empresas, os patrões encontram-se


numa posição de força em relação aos operários. Os grandes magnates da
indústria reinam como monarcas absolutos sobre as massas operárias que
mantêm sob a sua dependência e que impedem de aderir aos sindicatos. Por

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vezes acontece que estes “escravos” do capitalismo se insurgem contra os
seus senhores e fazem greve, reclamando melhores condições de trabalho,
horários menos carregados, o direito de se organizarem.

Quando todos os trabalhadores compreenderem esta lição, quando se


desencadearem greves simultaneamente em todos os ramos da indústria,
quando rebentar uma vaga de revolta pelo país, então talvez nasçam algumas
dúvidas nos corações arrogantes dos capitalistas; vendo o seu poder
ameaçado, consentirão em fazer algumas concessões.

Ninguém é responsável por estes conflitos: são a consequência inegável do


desenvolvimento do capitalismo. O capitalismo existe, mas encontra-se
também no caminho da sua ruína. Deve ser combatido simultaneamente como
uma entidade viva e como uma fase transitória. Os operários devem, ao
mesmo tempo, lutar incansavelmente para obter salários mais elevados e
melhores condições de trabalho, e tomar consciência dos ideais comunistas.

O sindicalismo está estreitamente ligado ao capitalismo; é nos períodos de


prosperidade que tem mais probabilidades de ver as suas reivindicações
salariais satisfeitas.

De tal modo que, em período de crise económica, tem de fazer votos para
que o capitalismo retome a sua expansão. Os trabalhadores, enquanto
classe, não se preocupam nada com o bom andamento dos negócios. Com
efeito, é quando o capitalismo está mais fraco que eles têm mais
probabilidades de o atacar, de reunir forças e dar o primeiro passo para a
liberdade e a revolução.

Embora tenha sido construído pelos e para os operários, o sindicalismo


domina os trabalhadores, do mesmo modo que o governo domina o povo.

O sindicalismo também não pode vencer a resistência do capitalismo. Esta a


lição se que deve depreender do que anteriormente se disse. As vitórias que
alcança trazem apenas soluções a curto prazo. Mas as lutas sindicais não são
menos essenciais e devem prosseguir até ao fim, até à vitória final.

A greve geral não pode ser decretada, segundo o humor dos dirigentes
sindicais, como uma simples táctica. Deve surgir das entranhas da classe
operária, como forma de expressão da sua espontaneidade; e não se deve
efectuar senão quando a essência do combate ultrapassa largamente as
simples reivindicações de um só grupo. Então, os trabalhadores colocarão

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verdadeiramente todas as suas forças, o seu entusiasmo, a sua
solidariedade e a sua capacidade de resistência na luta.

A situação é diferente quando os trabalhadores se sentem directamente


implicados na luta; quando compreendem que o seu futuro está em jogo. A
partir do momento em que a greve se generaliza ao conjunto da indústria, o
poder capitalista tem de enfrentar o poder colectivo da classe operária.

Contudo, cada pequena vitória é em si um progresso, porque arrasta consigo


uma vaga de solidariedade operária: as massas tomam consciência da força
da sua unidade. Através da acção os trabalhadores compreendem melhor o
que significa o capitalismo e qual é a sua posição em relação à classe
dirigente. Começam a vislumbrar o caminho da liberdade.

Fonte : Anton Pannekoek (I.C.C. vol. II, n.º 2 Janeiro de 1936)

Este conflito empregador/empregado é infinito. Esta relação


consubstancia-se num choque de interesses. Os primeiros perseguem o
lucro, por isso querem produzir sempre mais com cada vez menos
custos.

Os segundos pretendem auferir sempre um maior vencimento, usufruir


de melhores condições de trabalho com menor tempo de serviço.
Interesses quase incompatíveis.

Empreendedorismo

São empreendedores aqueles que criam algo novo, algo diferente; eles
mudam ou transformam valores. O espírito empreendedor é uma
característica distinta, seja de um indivíduo ou de uma instituição. Não é um
traço de personalidade, mas sim um comportamento e as suas bases são o
conceito e a teoria e não a intuição.

“As sementes das grandes descobertas flutuam constantemente à nossa


volta, mas só se detêm nas mentes bem preparadas para as receber.”
Walter B Cannon (1945)

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O empreendedorismo não visa apenas o bem-estar financeiro, visa sim, o
bem-estar geral.

A palavra empreendedorismo foi utilizada, pela primeira vez, pelo


economista Joseph Schumpeter em 1950 como sendo uma pessoa com
criatividade e capaz de fazer sucesso com inovações. Mais tarde, em 1967
com K. Knight e em 1970 com Peter Drucker foi introduzido o conceito de
risco, uma pessoa empreendedora precisa de arriscar em algum negócio. E
em 1985 com Pinchot foi introduzido o conceito de Intraempreendedor, uma
pessoa empreendedora mas dentro de uma organização.

O empreendedorismo começa no espírito empreendedor, para que tal


aconteça há que, desde cedo, estimular competências pessoais no sentido de
criar cidadãos activos na sociedade. A palavra empreendedora tem origem
francesa e quer dizer, aquele que assume riscos e começa algo de novo.

Tendo em vista uma perspectiva futura, podemos observar que o emprego


para toda a vida já não existe e, por isso, é fulcral começar-se a pensar na
hipótese de gerarmos o nosso próprio emprego. Daqui, nasce a necessidade
de sermos cada vez mais adaptáveis, flexíveis e empreendedores.

Observando estas evidências, denota-se uma absoluta necessidade de


mudança de atitude, que se traduza em comportamentos efectivos, de tal
forma que generalize a actividade empreendedora na sociedade. Tais
atitudes e comportamentos do empreendedor devem ser direccionados para
a identificação e capitalização das oportunidades, transformando-as em
maiores taxas de retorno para um dado investimento. Todos estes factores
“levam/empurram” o empreendedor para actos de empreendedorismo,
podendo este também ser “atraído/puxado” por uma promessa de sucesso.

O empreendedorismo é algo que pode estar inerente aos seres humanos,


uma vez que estes podem apresentar características empreendedoras na
sua própria personalidade, nomeadamente quando conseguem detectar
oportunidades onde outros nada vêem. Por outro lado, o empreendorismo é
algo que também pode ser atingido, através do estímulo da criatividade e da
eficiência alcançando a inovação, bastando para isso, que se procurem
oportunidades.

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Ao surgir a “ideia”, o empreendedor deve deparar-se com algumas questões
relevantes a fim de verificar se esta tem validade, perguntando-se: Quem
são os clientes? São em número suficiente para viabilizar a minha solução?
Estão suficientemente insatisfeitos com as soluções actuais? Quais os
custos? Existem canais de distribuição, restrições legais (agora ou em
breve)? Quem são os concorrentes? Como actuam? Como chegam ao
mercado? O produto ou serviço é fácil de entender ou de imitar? O mercado
tem condições financeiras para o comprar agora ou em breve? A que preço?
Durante quanto tempo? Qual o potencial de crescimento do mercado? etc.

Tendo em conta a complexidade do processo de empreender conseguimos


detectar várias etapas fundamentais. Assim sendo, temos como prioridade a
identificação de uma oportunidade para a criação de uma empresa ou para a
implementação de um projecto. Por isso, é importante estarmos atentos às
oportunidades adquirindo esse hábito. Para nos facilitar esta tarefa
podemos ter em mente algumas questões, como: E se isto se fizesse desta
maneira em vez daquela? O que é que falta aqui para que este serviço ou
produto dê mais satisfação a quem o utiliza? Porque é que isto ou aquilo não
existe? Quem vai necessitar do quê e quando?; etc.

Quando detectamos a tal oportunidade, devemos, então, criar um produto


ou serviço que melhor a capitalize, ou seja, criar um bom “conceito de
negócio”. Devemos de seguida, verificar se existe mercado para o “conceito
de negócio” criado, ou seja, antes de se criar juridicamente a empresa deve-
se certificar de que irá ter um volume de negócios suficiente para se
sustentar durante pelo menos um ano. Não pensando num único cliente, mas
em muitos mais, para o caso de alguns falharem. Igualmente importante
será a procura de provas e certezas concretas de que o mercado é portador
e, não apenas impressões de que ele está receptivo. Ao longo do processo,
podem ocorrer erros, por isso, é essencial que se façam ajustamentos e que
se certifique várias vezes se o mercado corresponde, para que se possam
efectuar correcções e ainda tirar o melhor partido destas.
Outro passo importante é a identificação dos recursos (materiais e
humanos) que se necessita para iniciar e desenvolver o projecto e ainda a
forma de os adquirir. Nesta fase torna-se importante a descoberta de
meios financeiros para viabilizar o projecto.

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Esta fase torna-se mais fácil de realizar, aquando da existência de uma
rede de relações (criar parcerias e protocolos com grandes, médias, ou
pequenas empresas) e da criação de uma equipa de trabalho.

Após a constituição da equipa de trabalho esta deve reunir-se com a


intenção de criar a sua marca e posteriormente registá-la. Esta deve ser
apelativa ao mercado, visto que todo o modelo de negócio se constrói em
torno desta.

Seguidamente, devemos elaborar as previsões financeiras para


assegurarmos a rentabilidade do nosso projecto. Portanto, devemos
preocuparmo-nos sobretudo com os fluxos: de tesouraria, de clientes e de
outros activos, e devemos, ainda, prever necessidades de auto
financiamento para os primeiros anos de vida que façam corresponder os
prazos de permanência dos capitais dentro da empresa a essas
necessidades.

O auto-financiamento é uma necessidade de longo prazo e deve ser


suportado por capitais de longo prazo.

Será também importante, que o plano de negócios seja redigido pelo próprio
empreendedor, visto que é a pessoa que melhor conhece o projecto. Esta
redacção é essencial para que se reflicta sobre as decisões tomadas e que
sirva para uma orientação futura. Portanto, por negócio entendemos que,
este deve ser único (novidade), abrangente (variáveis estratégicas),
consistente (coerente), exequível (realizável) e sustentável (com melhor
potencial).

O próximo passo a ser concretizado é a implementação do projecto, tendo


como base uma cultura organizacional, iniciando desta forma a actividade.
Para tal é necessário um estudo constante do mercado a fim de se verificar,
se estamos a trabalhar nas melhores condições. Por exemplo: quando se dão
mudanças na sociedade é imprescindível, através de uma visão crítica,
adequá-lo. A implementação do projecto implica a gestão da empresa. Para
levá-la a “bom porto” é fundamental manter-se a motivação, o esforço e o
entusiasmo a níveis elevados.

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Todas estas etapas mencionadas anteriormente não valem por si só,
necessitam de ser acompanhadas pelo denominado esprit d'entreprise
(“espírito de empreendedorismo”). Esta dinâmica só se realizará na
economia, se toda a sociedade no seu conjunto adquirir formas de raciocínio
e comportamentos que aceitem e promovam a actividade empreendedora.
Contudo, apesar de existir a ausência de uma cultura d'esprit d'entreprise,
o sistema educativo parece ser o veículo mais eficaz para a sua
implementação. O empreendedorismo pode ser ensinado; esse ensino deve
ser inserido desde cedo no sistema e geralmente disponibilizado; o seu
objectivo tem de ser muito mais vasto do que a criação imediata de
empresas e ambicionar o desenvolvimento de pessoas empreendedoras.

A sociedade precisa, então, de entrar num processo de desaprendizagem


(aculturação) com o intuito de mudar mentalidades e redireccionar energias.
Para que tal aconteça, é necessário criar uma “educação empreendedora”
que promova a criatividade, a abertura de espírito, a disposição para correr
riscos e a auto-confiança.

Ao perspectivarmos o conceito de empreendedorismo, este poderá tornar-


se num mecanismo automático de reafirmação permanente e o esprit
d'entreprise estará de tal modo enraizado que os professores da primária
ou do ensino superior, seja de matemática ou de literatura, mesmo
inconscientemente, utilizarão a educação formal para reforçar a crença do
empreendedorismo.

Para se disseminar a “educação empreendedora” no sistema educativo, o


conceito de empreendedorismo terá que ser previsto no Currículo Nacional,
válido desde o Básico até ao Superior.

No desenrolar da vida académica, muitos dos alunos de diversas


licenciaturas e dos diversos graus de ensino, sentem que os conhecimentos
adquiridos e os projectos realizados em muitas das cadeiras leccionadas não
têm qualquer aplicação futura, visto, por um lado, existirem poucos
mecanismos e recursos disponíveis de forma a aproveitar o esforço
despendido pelos alunos e, por outro lado, de não existir uma filosofia de
incentivo ao espírito empreendedor e ao desenvolvimento das ideias dos
alunos. Um bom exemplo, são os projectos de final de curso, que são
desenvolvidos em diversas licenciaturas e que, em muitos dos casos, têm por
base a criação de uma empresa, que por falta de apoio são “arrumados na
gaveta”, o que tem vindo a desmotivar os alunos na realização dos mesmos.

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Sabemos que em Portugal já existem inúmeras organizações que se dedicam
à promoção do empreendedorismo, que se esforçam para compensar as
falhas educativas do sistema. Como exemplo, conhecemos e acompanhamos o
trabalho desenvolvido pela Empresa Madan Parque de Ciência, que é uma
Associação de Direitos Privados, sem fins lucrativos, criada em 1995, e que
funciona desde 2005. Esta promove a transferência de conhecimento da
Universidade para o Mercado. As suas áreas prioritárias de intervenção são:
a incubação de empresas; o empreendedorismo/empreendedores (activos e
criativos); a propriedade industrial (GAPI - Gabinete de Apoio à
Propriedade Industrial, que pretende: sensibilizar e promover a Propriedade
Industrial; prestar informações sobre as modalidades de Propriedade
Industrial; elaborar material publicitário; pré-diagnósticar a Propriedade
Industrial em Empresas). A Madan Parque de Ciência tem por base uma
lógica de promoção de uma “cultura empreendedora” e de “empreender nas
escolas e na comunidade”, pensando o empreendedorismo como, acima de
tudo, uma atitude mental que engloba a motivação e a capacidade de um
indivíduo, isolado ou integrado numa organização, para inovar, inventar e
investigar, mas protegendo-se sempre. E visto que, a educação é
importantíssima para o desenvolvimento de atitudes e competências
empreendedoras, deve-se iniciar nos níveis mais baixos de ensino, como já
tínhamos referido.

Simplificando, para se ser um verdadeiro empreendedor há que reunir


algumas características, tais como: a motivação (o empreendedor auto-
motiva-se e age com liberdade); no que diz respeito à realização de
actividades, este não teme “arregaçar as mangas” e trabalhar em equipa; as
competências que possuem são a nível dos negócios, gerências e políticas;
tem como interesses as tecnologias e o mercado; aprende com os erros que
comete; tem a sua própria visão e decisão; caso não esteja satisfeito com o
sistema, constrói o seu próprio e, ainda, estabelece relações com fins de
negociação.

Resumindo, um empreendedor deve: auto conhecer-se, possuir um perfil


adequado, dominar os processos internos para gerar inovação e criatividade,
aprender a desenvolver a sua visão e a identificar oportunidades,
estabelecer relações que possam servir de suporte ao desenvolvimento da
ideia de negócio, reunir e avaliar todas as condições para elaborar um plano

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que seja exequível, flexível, alcançável e por fim deve ainda apresentar uma
boa capacidade para negociar e apresentar uma ideia.
fonte: • http://pt.wikipedia.org/wiki/Empreendedorismo

Coimbra, 13 de Março de 2009

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