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Origem, Evolução e Crise do Sindicalismo

Ao longo da história, existiram várias formas de associação. As primeiras


tiveram sua origem no Egito, outras associações foram surgindo no decorrer do
tempo, bem como os colégios romanos que eram associações multifacetárias, de
composição e objetivos variados.

As guildas que possuíram relevante expressividade entre os germânicos e


saxônicos, eram associações que tinham como objetivo defender os interesses
de seus membros baseados em um sentimento de companheirismo, lealdade e
justiça.

Haviam também as corporações de ofício que eram as associações


agrupadas em função da arte ou oficio laicas.

Quando a instituição teve seu início, tinham aprendizes que quando


concluíam o período de aprendizado faziam uma prova de qualificação que
atestaria se o que eles haviam aprendido tudo o que praticaram durante o
período em que estiveram na posição de aprendizes.

Como tudo no mundo é uma eterna disputa de sobrevivência, para que


pudessem tem uma maior graduação nesta categoria, criaram estatutos com
regras para a aprovação desses aprendizes.

A partir desses acontecimentos, surge então uma nova classe


trabalhadora, os companheiros, cuja finalidade era diminuir a concorrência entre
eles. Os aprendizes que conseguissem concluir seu aprendizado, mas não
desfrutassem da posição de mestres de obra continuavam trabalhando na área,
porem como assalariados.

Os aprendizes eram sujeitados as duras disciplinas, aprendiam o oficio


mas na maioria das vezes não chegavam ao post de mestres e assim acabavam
se tornando “companheiros”. Os mestres, eram os únicos favorecidos e
desfrutavam de todos os privilégios que o cargo oferecia.

Diversos fatores contribuíram para que as corporações fossem extintas,


politicamente representavam o antigo regime opressivo. Com a decisão de não
fazer parte na nova ordem liberal reinante que despontava no ano de 1789, a
chamada Revolução Francesa.

Economicamente, as corporações acabaram não conseguindo competir


com o surgimento das fábricas, devido as revoluções Burguesas e pela
Revolução industrial, o que causou a mudança da economia artesanal para
industrial.

Sepultado o regime corporativo, na França pela Lei Chapelier


(14/06/1791), valorizando a liberdade de produção, a livre concorrência e
recusando a existência de corpos intermediarias entre o indivíduo e o Estado.
Abolição de monopólios e garantias de liberdade geral, inclusive de produção.

Com estas transformações ao longo do tempo surgem os então chamados


sindicatos, consequência e fruto da revolução industrial, que leva o proletariado a
uma situação de penúria absoluta. Pois causa severas transformações nos
trabalhadores operários, tanto psicológicas quanto biológicas. Péssimos hábitos
alimentares no campo de trabalho, modificados com a vida urbana, tornando
alimentação insuficiente e pobre. Vícios como álcool se torna comum e constante
na vida dos operários, juntamente com falta de higiene adequada e
promiscuidade surgem nessa classe social em alarmantes proporções.

Tais situações conduzem a formação de uma consciência de classe,


permitindo o surgimento do sindicalismo moderno. Levados pelo individualismo
liberal, os trabalhadores ficam em posição inercia com o Estado, unem-se para
defenderem seus direitos e reivindicações, nascendo assim o sindicato.

A partir deste momento na História que nasce o sindicato como forma de


contrabalancear a desigualdade econômica entre os pactuantes do contrato
individual de trabalho.

Conceito de Sindicato

Segundo Delgado, Sindicatos são entidades associativas permanentes,


que representam trabalhadores vinculados por laços profissionais e laborativos
comuns, visando tratar de problemas coletivos das respectivas bases
representadas, defendendo seus interesses trabalhistas, e conexos, com o
objetivos de lhes alcançar melhores condições de labor e vida (2013,.1349).

Pode-se ainda definir sindicato como “associação que tem por objetivo a
representação e defesa dos interesses gerais da correspondente categoria
profissional, bem como da categoria empresarial, e supletivamente dos
interesses individuais dos seus membros”. (PRADO, 1991,p.42)

Critérios de agregação dos membros nos sindicatos variam de acordo com


cada ordenamento jurídico. Não existe previsão normativa em alguns sistemas;
em outros, os critérios são fixados pela legislação. Nestes, os critérios são
estabelecidos pela similitude da atividade ou profissão desenvolvida, por oficio ou
profissão, por empresa, em função do ramos ou segmento empresarial de
atividades.

Esboço histórico do sindicalismo no mundo ocidental

A partir da Revolução Industrial, surge a figura do sindicato, as máquinas


modificam os processos produtivos, e a produção que era individual passa a ser
coletiva. Em substituição aos pequenos grupos de artesãos, surgem as grandes
conglomerações de trabalhadores reunidos sob o teto da fábrica.

Jornadas de trabalho extensas, mulheres e crianças incorporadas no


mercado de trabalho, condições de trabalho deploráveis. Com essas
consequências surge a necessidade dos trabalhadores unirem-se para reivindicar
a melhoria das condições de trabalho e vida, nascendo o Sindicato.

O sindicalismo mais antigo do mundo, segundo Nascimento (1984) surgiu


na Inglaterra, denominado tradeunionismo , Surgiu em 1720, quando os mestres-
alfaiates formaram uma associação com mais de sete mil membros, reivindicando
maiores salários e redução da jornada de trabalho.

O processo de formação e reconhecimento dos sindicatos passou pelas


seguintes fases: a primeira foi a fase da proibição. As primeiras associações de
trabalhadores eram clandestinas e com objetivo preponderantemente social, é
nesta fase que surgem as sociedades secretas, de socorro mútuo, de resistência
e perseguidas pelo Estado.
Como forma de compensar e diminuir os conflitos sociais, o estado passa
a intervir na ordem privada, estavelecendo alguns direitos mínimos aos
trabalhadores.

Os sindicatos começam a sair da ilegalidade e da clandestinidade, devido


ao aumento da tensão social e a constante exploração do proletariado. Esta é a
segunda fase, a fase da tolerância jurídica, em que ocorre ainda a
descriminalização do associativismo.

E finalmente , após a metade do século XIX, o direito de associação passa


a ser reconhecido nos diversos países europeus. A terceira fase do sindicato se
inicia, a fase do reconhecimento do associativismo como um direito, iniciado na
Inglaterra, em 1871, com o Trade Union Act.

Neste período de liberdade sindical, possui os seguintes princípios: o


reconhecimento do poder de organização dos grupos profissionais; a
independência da profissão em face do Estado e a inspiração democrática de
todo o sistema.

Com a “explosão” da Primeira Guerra Mundial, o Estado passa a exercer


controle sobre os sindicatos em alguns países, devido aos efeitos da guerra nas
sociedades, que até então, todos os sindicatos eram livres e democráticos.

Surgem ai dois tipos de sindicalismo, o tipo soviético e o tipo corporativo.

Após a Revolução de Bolchevista em 1917, surge o sindicalismo soviético,


na URSS, domina a ditadura do proletariado, este sindicalismo é marcadamente
público, sem liberdade, desempenhando papel educativo e político de defesa dos
princípios em que se baseia o Estado, sobre observância das diretrizes do partido
Comunista, com o fim da URSS, este modelo desestruturou-se, assim como
diversas instituições naquele país

O sindicalismo do tipo corporativo, prevalece a intervenção e a


interferência do Estado no movimento sindical. Supressão da luta de classes e
pela integração das forças produtivas na nação ocorrem. Sendo de
responsabilidade do Estado resolver os conflitos sociais, com uma estreita
ligação entre o Estado e o sindicato.
Pilares do corporativismo foram, primeiro o nacionalismo, sentimento
solidariedade nacional contra a exploração estrangeira, principalmente nos
países derrotados na Primeira Guerra Mundial.

Segundo foi a necessidade de organização como forma de crescimento do


Estado e superação da circunstancia de submissão e exploração em que se
encontravam e terceiro foi a pacificação social. Trazendo harmonia entre o capital
e o trabalho, conquistando solução dos conflitos para o Estado e focando-se nos
esforços contra o comunismo.

Modelo este que teve ascensão na Itália e na Alemanha, que depois partiu
para vários países que tinham como inimigo o socialismo, Brasil estava dentre
eles.

O sindicalismo contemporâneo internacional dos pós guerra veio como


reflexo da guerra fria, travada pelas novas potencias do mundiais EUA e URSS.

Surge a FSM- Federação Sindical Mundial, englobava maioria dos


sindicatos do mundo, foi fragmentada em face da ingerência da URSS em seu
posicionamento ante o plano Marshall.

É criada a Confederação Internacional dos Sindicatos Livres –CIOSL-


agrega a maioria dos sindicatos dos países em desenvolvimento. Decorridas
transformações no mundo socialista a partir de 1989, o sindicalismo
revolucionário da FSM vê-se extinto.

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