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Resumo: Este estudo se empenha em fazer uma breve análise dos movimentos sociais que
emergiram durante a crise do regime de acumulação intensivo-extensivo, principalmente a
insurreição de Maio de 68 em Paris, contribuindo assim com uma compreensão da concretude
deste movimento como a síntese de múltiplas determinações e, portanto, relacioná-los à
determinação fundamental da sociedade, ou seja, o modo de produção. E assim contrapor ao
paradigma dos Novos Movimentos Sociais e principalmente aos ideólogos intitulados pós-
modernos, reafirmando a luta contra a degradação da vida na sociedade burguesa.
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Este estudo tem como objetivo fazer uma breve análise dos movimentos sociais que
emergiram durante a crise do regime de acumulação intensivo-extensivo, principalmente a
insurreição de Maio de 68 em Paris, contribuindo assim com uma compreensão mais
aprofundada da análise de movimentos sociais em contraposição ao paradigma dos Novos
Movimentos Sociais e principalmente aos ideólogos intitulados pós-modernos.
Partindo entao da definiçao de Nildo Viana (2009) podemos definir regime de acumulaçao como:
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3 Assembleias Gerais.
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[...] uma campanha pelo constante controle da luta de baixo para cima, pela
autodefesa, pela gestão operária da produção, pela popularização da concepção de
conselhos operários, e que explicava a todos a enorme importância, em uma situação
revolucionária, das exigências revolucionárias, da atividade auto-organizada, da
autoconfiança coletiva. (Solidarity, 2003, p. 72).
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E isso quer dizer que as mudanças culturais influenciam na forma como interpretamos
as ideias e também na forma como as ideias influenciam as ações. Por isso concluímos que o
surgimento do paradigma dos novos movimentos sociais é uma ideologia que se constrói a
partir da crítica de interpretações do pensamento de Marx e da atribuição de ideias ao
marxismo. Nestes termos, indo adiante na crítica, podemos considerar que o paradigma dos
novos movimentos sociais é uma nova linguagem que amortece o impacto da realidade
ocultando o aumento da exploração e da miséria que ocorre a partir do final da década de
1960 durante a crise do regime de acumulação intensivo-extensivo.
Karl Jensen (1996) se propõe a desenvolver uma definição precisa de movimentos
sociais considerando que a questão da definição era até então o grande problema teórico da
análise dos movimentos sociais. Segundo Jensen o que se movimenta na sociedade são grupos
sociais e a alteração que sofrem é histórica. Para este autor é preciso entender a constituição
dos grupos sociais para compreender a causa dos respectivos movimentos sociais. Estes
surgem, segundo o autor, no interior de determinadas relações sociais onde se origina a
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necessidade de uma ação coletiva por parte de um conjunto de pessoas que possuem aspectos
em comum. Estes aspectos podem ser biológicos, culturais / ideológicos, condição social, etc.
Um movimento social causa mudanças tanto no grupo social que lhe dá origem
(consciência, experiência) como no conjunto da sociedade (mudança social), assim como no
próprio desenvolvimento do movimento. Jensen diz ainda que para haver movimentos sociais
é preciso haver uma complexa divisão social do trabalho a ponto de criar grupos sociais
diversos com interesses diversos e elevada consciência social. E que para haver movimento
social é preciso ter uma consciência coletiva e ações coletivas regulares. O autor conclui então
que as condições para a existência de movimentos sociais se situam na sociedade capitalista e
que eles não existem antes dela. (Jensen, 1996).
De acordo com Jensen a pesquisa sociológica sobre os movimentos sociais é ideológica,
nela os movimentos sociais são definidos pelos seus objetivos. Os grupos sociais de origem
são esquecidos, obscurecendo as especificidades dos movimentos. Por fim ele afirma que os
movimentos sociais surgem graças à alienação generalizada do ser humano no modo de
produção capitalista e as respectivas questões só poderão ser resolvidas efetivamente –
excetuando os movimentos sociais burgueses – na luta aliada ao proletariado contra o
capitalismo, essencial para a vitória do processo revolucionário.
Assim como Karl Jensen, consideramos que todo movimento social é derivado da luta
de classes e por isso o paradigma dos novos movimentos sociais tem o objetivo de deslocar a
visão da luta de classes para situar-se em torno de uma pluralidade de agentes com
características diversas e ideias autônomas, ocultando assim o acirramento da luta de classes
no período observado.
É possível até mesmo relacionar a reação do Partido Comunista Francês no Maio de 68
com a reação dos ideólogos ditos pós-modernos (grandes influenciadores do paradigma dos
Novos Movimentos Sociais). O discurso – devido a falta de uma análise que compreenda as
múltiplas determinações dos movimentos sociais, de maneira a abranger a totalidade da
sociedade – defende a reforma em detrimento da revolução, defende a impossibilidade de se
fazer revolução, nestes discursos a revolução não existe, a baderna é condenável, o trauma da
revolução implica que não se deve fazer revolução, não desta forma, a revolução é algo que
deve vir passivamente, um processo longo.
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Por isso, para concluir, reafirmamos os avanços que ocorreram em Paris no Maio de
1968, avanços estes que foram esquecidos após a derrota da insurreição, apontando para um
longo período de refluxo. É preciso, pois, superar as concepções ideológicas que obscurecem a
realidade opressora da nova forma de acumulação capitalista e trazer de volta os avanços
daquele movimento, que compreendem uma forma de reafirmar a vida em detrimento da
degradação da vida na sociedade burguesa.
Referências
GOHN, Maria da Glória. O paradigma dos novos movimentos sociais In: ______. Teoria dos
movimentos sociais: Paradigmas clássicos e contemporâneos. São Paulo: Loyola, 1997.
JENSEN, Karl. Teses Sobre os Movimentos Sociais. Revista Ruptura, Goiânia v. 3, n. 4, jan.
1996.
VIANA, Nildo. O capitalismo na era da acumulação integral. Aparecida, SP: Idéias & Letras,
2009.
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