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Ciências Sociais e Desenvolvimento

. Desenvolvimento: um mundo com novos sentidos


O conceito de desenvolvimento “as a long term” pode ser visto como um processo de
transformação a nível estrutural e social. Enquanto que este conceito “as a short to médium
term” pauta pelos resultados dos objetivos desejados. O conceito de desenvolvimento pode
também, ainda, ser perspetivado pela dominância do discurso da modernidade ocidental.
Com um mundo abalado após a Segunda Guerra Mundial, a humanidade pela primeira
vez na história, detinha “know-how” e capacidade para recuperar e estabilizar os países
destruídos. Também a descolonização e a polarização da Guerra Fria são contextos
importantes a ter em conta, onde o conceito de desenvolvimento se fortaleceu.
. Teorias “desenvolvimentistas” de desenvolvimento económico
Economistas que participaram no Plano Marshall e na reconstrução económica
da Europa passaram a focar-se nos problemas das regiões menos desenvolvidas e nas
razões pelas quais existe uma grande distância entre os países mais desenvolvidos e os
países em desenvolvimento.
Estas teorias dão ênfase na industrialização e na intervenção do Estado e
identificam as principais dificuldades que devem ser superadas. Alguns contributos
importantes: Paul Rosenstein-Rodan: the big push; Ragnar Nurkse: “balanced growth”;
Walt Rostow: th “stages of growth”, etc…
. Teorias ‘heterodoxas’ de desenvolvimento económico
Na década de 60 e 70, diversos autores afastam-se mais significativamente (do que os
“desenvolvimentistas”) da teoria económica ortodoxa. Focam-se na dependência e na
polarização. Muitos partem de uma estrutura de modernização e adotam uma visão do mundo
centro-periferia (estruturalistas, teoria da dependência, teoria dos sistemas mundiais). Muitos
defendem políticas económicas mais radicais e heterodoxas: industrialização por substituição
de importações desvinculação. Alguns autores importantes são: Immanuel Wallerstein, Andre
Gunder Frank, Samir Amin, etc.
. A viragem dos anos 1970
Existe uma desilusão com a falta de resultados do projeto de desenvolvimento;
preocupações e objetivos mais modestos: abordagem de necessidades básicas.
Ao mesmo tempo, surge uma contra-revolução conservadora: ascensão do neoliberalismo,
monetarismo, teoria da escolha pública.
Surgem uma crítica abrangente da intervenção governamental. Ênfase nas falhas do
governo.
E, por fim, realiza-se o Consenso de Washington. 1980s: Structural Adjustment Programs.
. Desenvolvimentos mais recentes
Na década de 1990 realiza-se o Consenso pós-Washington: onde existe um recuo dos
excessos anteriores; maior ênfase na correção de falhas de mercado, construção de
instituições, redes de segurança social, promoção de educação / inovação / tecnologia.
Há um novo paradigma do desenvolvimento humano: ênfase nas necessidades /
capacidades básicas (mas a partir de uma abordagem metodologicamente individualista).
Pós-desenvolvimento / anti-desenvolvimento: crítica radical de todo o projeto de
desenvolvimento, com suas raízes na pós-modernidade, teoria crítica e pós-colonialismo.
(isto é a primeira aula- não tive presente- apenas powerpoints)
. A Grande Transformação: Karl Polanyi
O trabalho de Karl Polanyi é importante uma vez que, se encontra relacionado com o
papel do Estado no desenvolvimento. Não é um economista nem politólogo.
A obra de Polanyi é uma das obras mais citadas por cientistas sociais, devido à
contribuição para o debate em torno da globalização e qual o papel que o mercado e o
Estado podem desempenhar à luz do que nos diz a história. Uma das críticas mais
poderosas do mercado livre sem regras é: a ideia de que quer as sociedades nacionais
como a economia global podem ser organizadas por meio de mercados autorregulados.
Karl defende que um mercado capaz de se auto ajustar é uma utopia. Assim, este tenta
explicar as consequências económicas, políticas e sociais e faz uma crítica ao mercado
livre e sem regras.
O seu livro está organizado em 3 partes: A primeira e a terceira Partes focam-se no
contexto que levou à Primeira Grande Guerra, a Grande Depressão, a ascensão do
fascismo na Europa Continental, o New Deal nos EUA e o primeiro plano quinquenal da
União Soviética – e aqui tenta dar resposta a um puzzle: Porque é que um período
prolongado de relativa paz e prosperidade na Europa que durou de 1815 a 1914 deu
bruscamente lugar a uma guerra mundial seguida por um colapso económico e novamente
por uma guerra mundial?
A Segunda Parte – a parte central do livro – oferece a resposta de Polanyi a este
puzzle: Na primeira metade da Segunda Parte do livro, Polanyi retorna à primeira
sociedade que se tornou numa sociedade claramente capitalista no século XIX e onde
começa a Revolução Industrial: a Inglaterra; Polanyi mostra como os pensadores ingleses
respondem às disrupções causadas pelo impacto dos novos tempos industriais
(mecanização, produção em escala, etc) desenhando a teoria do liberalismo do mercado;
Na base desta teoria está a crença de que para a sociedade humana se tornar mais
eficiente e beneficiar da industrialização tem que se subordinar aos mercados
autorregulados; Sendo a Inglaterra então a “oficina do mundo” e a potência dominante, esta
crença – eficiência/produtividade - tornou-se o princípio organizador da economia mundial,
diz Polanyi.
Na segunda metade desta Segunda Parte, Polanyi analisa como o liberalismo de
mercado transformou radicalmente os modos de vida e a organização social acabando por
gerar uma resposta inevitável: uma reação destinada a proteger a sociedade do impacto do
mercado livre; Estes esforços (reação) revelaram que o liberalismo de mercado da altura e
que progressivamente parecia caminhar para governar a economia global acabava por criar
fortes tensões sociais no seio das nações e entre elas, o que leva à guerra.
Para Polanyi esta tentativa de organizar a economia global segundo os princípios do
mercado livre está na origem do fracasso da paz após a Primeira Grande Guerra e que
conduziria à Grande Depressão. A esta tentativa, Polanyi chama a Primeira Grande
Transformação. A Segunda Grande Transformação, segundo Polanyi, é a ascensão do
totalitarismo como consequência da emergência da economia de mercado livre, ou seja, da
Primeira Grande Transformação.
Polanyi sublinha que a tradição do moderno pensamento económico reside na
conceção de uma economia como um sistema interligado de mercados que
automaticamente ajustam entre si a oferta e a procura através do mecanismo dos preços.
Polanyi procura contestar esta visão mostrando como difere claramente da realidade
histórica das sociedades humanas. Até ao século XIX, a economia humana (ou o mercado)
esteve sempre incrustada na sociedade.
. Grandes conceitos/ ideias de Polanyi
Conceitos que trabalham para exprimir que o mercado livre não é benéfico:
Incrustação: exprime a ideia de que a economia não é autónoma, como a teoria
económica dominante quer que ela seja, mas está subordinada à ação da política, da religião e
das relações sociais. Esta analisa as sociedades pré-capitalistas, onde não existia a separação
entre a sociedade e o mercado. Polanyi sustenta que uma economia de mercado inteiramente
autorregulada requer que os seres humanos e o meio circundante sejam convertidos em meras
mercadorias – o que só poderia garantir a destruição tanto da sociedade como do meio natural
ambiente.
Movimento duplo: exprime a ideia dos dois tipos de configurações que emergem no seio
da sociedade face às consequências das ações dos mercados livres sem restrições: Um
movimento do laisse-faire que pressiona pela expansão do mercado livre e um
contramovimento de proteção que emerge como resistência à desincrustação da economia. A
criação de barreiras de proteção contra os efeitos de funcionamento dos mercados globais foi
uma resposta espontânea e não planeada por parte dos grupos da sociedade perante as
exigências impossíveis do sistema de mercado autorregulado. O contramovimento é
destinado a reequilibrar ou a estabilizar a sociedade perante os efeitos de um mercado livre.
Uma reação, espécie de contramovimento contra a expansão da economia de mercado e
destinado a proteger pela lei o acesso à saúde, condições laborais nas fábricas, seguros,
direitos sindicais, serviços públicos e municipais.
Assim, o movimento duplo é considerado um movimento espontâneo e surge devido às
consequências do mercado livre. Já o contramovimento com quem simpatiza deve reequilibrar
a sociedade, embora, este também seja considerado dúbio. Polanyi reconhece que poderá,
nalguns casos, criar um impasse económico-político perigoso, como é o caso de regimes
fascistas, comunistas e ascensão da extrema direita. Quando deixou de haver um movimento
capaz de impor a sua solução para a crise, as tensões aumentaram, permitindo que o fascismo
adquirisse a força necessária à conquista do poder, rompendo em simultâneo com o laisse-
faire e com a democracia.
. E onde estamos hoje, 75 anos depois da grande transformação?
Atualmente, a obra de Polanyi é muito importante pois estamos a viver uma Revolução
Industrial. A sua obra permite entender a realidade. Hoje, existe um decréscimo da importância
do papel do Estado e há um aumento de uma perceção de que o Estado não está ao serviço
de todos. Adiciona-se, ainda, a ideia de o sistema de justiça não estar a funcionar.
As tensões começam a aparecer por volta de 2008. Surge o impacto da recessão
económica e austeridade em países industrializados, re-emergência de movimentos populistas
e de extremas (direita e esquerda), crescentes desigualdades domésticas, classes médias em
crise e empresas globais/multinacionais parecem ser quem define as regras do jogo da
economia mundial. Estas levam à ideia de repensar a economia e o seu modelo económico
(capitalismo).
Atualmente, estamos a viver uma nova Revolução Industrial. A base desta revolução é a
data/informação. A data pessoal é a data criada por e sobre pessoas. A data é
maioritariamente voluntária, observada e inferida.
Data voluntária  criada e voluntariamente partilhada pelas pessoas;
Data observada  capturada através do que fica gravada sobre os movimentos/ações das
pessoas;
Data inferida  análise de data voluntária+ Data observada.
O que se faz com esta data? Uma vez que os aspetos de vida são datados, esta data é
transformada em valor, ou seja, monitoriza-se a data.
(O fator trabalho está em queda)
Atualmente, assistimos a um contramovimento/movimento duplo, isto é, uns defendem uma
maior regulação por parte do Estado e outros não.
A desigualdade entre ricos e pobres aumenta, pode existir ou não empregos mais bem
pagos e pode existir uma economia mais eficiente. Tudo isto são consequências da
automação.
Segundo Karl, para lidar com os excessos dos mercados livres é necessário a intervenção
do Estado que por sua vez, irá regular o mercado. O Estado vai estimular este mercado livre.
O Estado não se encontra fora da liberalização do mercado, mas sim dentro dele (?). Assim, o
mercado é uma construção. Se o Estado criou esse sistema de mercado livre, então, também
pode domar e regular o mercado. Assim, deve fazer-se a expansão do Estado a nível interno e
internacional para reduzir os impactos do capitalismo com os governos a desempenhar um
papel de ator forte na mediação entre economias nacionais e internacionais (globalização).
. Karl Marx e Max Weber no contexto de desenvolvimento
Karl Marx e Max Weber são ambos autores do século XIX. Marx e Weber nada têm a
ver com o surgimento do conceito de desenvolvimento. Desenvolvimento é um conceito mais
novo que surge no pós 1945. Este conceito desenvolve-se com a ONU, Banco Mundial,
UNICEF,etc. Foi neste ano que se começou a definir a questões do desenvolvimento devido à
vaga de descolonização que se desenrola. Com este acontecimento, a longo prazo as
economias deviam desenvolver um catching up (conceito que se baseia no facto das
economias conseguirem chegar ao ponto das economias avançadas uma vez que, já sabem
“os passos necessários” para se desenvolverem mais rápido) após o processo descolonização
mas isto não ocorre.
Devido a tal, há um acumular de teorizações, onde algumas delas vêm fazer
referências em retrospetiva a estes dois autores. Da mesma forma que, as questões relativas
ao desenvolvimento vão buscar a estes autores diversas dimensões
 Karl Marx
Categoria central  capital
Marx tem a particularidade a dar origem ao marxismo, um sistema de correntes.
Karl Marx não “cunha” o conceito de “capitalismo”. Este conceito é produto da geração de
Max Weber. Marx por sua vez, estabelece uma crítica ao capital como elemento universal e à
atividade económica (sistema de trocas). Marx era, ainda, crítico da economia política.
Economia política é a economia do século XIX, onde além da produção do conhecimento
económico, havia a intervenção na maneira como o estado organiza a produção. O passado do
Estado Alemão influenciou muito a doutrina de Marx. Influenciou, da mesma forma, o terceiro
mundo e o desenvolvimento.
A sua teoria expressava as contradições da sociedade sua contemporânea. Marx teoriza
que a dinâmica social na sociedade sua contemporânea é ditada pela lógica do capital. O
capital é definido como o dinheiro que circula com o intuito de crescer cada vez mais, ou seja,
com o intuito de se multiplicar.
Marx, considera que há uma acumulação de capital primitiva. O capitalismo “normal” para o
Marx está assente em relações contratuais formalmente livres. A base da acumulação primitiva
está na expropriação do modo de vida dos camponeses: A posse e a propriedade: o regime de
terras na sociedade feudal estava separada em domínios e posses, onde o domínio é sobre
aquilo que pertence ao rei, e a posse é àqueles para quem o rei distribui (nobreza). A posse
exigia que a terra fosse trabalhada, ou a terra retomava ao domínio do rei. As terras comuns
eram submetidas ao domínio do rei, em terras nobres, mas de uso comum dos camponeses
para aquilo que não fosse passível de tributação, voltado à subsistência, dentre elas, o uso da
madeira para lenha. Os processos de cercamento ocorreram também nas terras comuns, pois
em função do aumento colonial é preciso aumentar a produção no campo, e estas passam a
ser propriedade privada. O sistema fundiário muda, e a posse agora não está mais vinculada
ao trabalho na terra, mas está baseada no título da terra. Esse processo de transformação do
regime fundiário das terras define a chamada propriedade privada. Expropriação por meio da
expansão de terras da nobreza e dos arrendatários – capitalista do campo que junta dinheiro e
aluga terras do nobre. Esse processo foi de expropriação violenta, em que aqueles que tinham
mais poder tomavam para si mais terras pela lei, e aquilo que era hábito do camponês tornou-
se furto.
. Mercadoria
Marx está preocupado em desvendar como por trás do capital existe trabalho –por trás
da mercadoria existe trabalho. A mercadoria é todo o objeto que passa pelo mercado. Toda a
mercadoria é qualitativamente diferente. Em relação ao valor de uso, as mercadorias são
qualitativamente diferentes, pois são frutos de trabalhos diferentes (especialização). Em
relação ao valor de troca, o trabalho abstrato é considerado o mesmo em todos os casos, pois
trabalho é trabalho, e estabelece-se um sistema de trocas. Assim, é preciso esquecer aquilo
que é fruto do trabalho concreto. O valor de troca é dado em horas de trabalho.
Valor de uso  é a utilidade da mercadoria; todas as mercadorias que passam pelo mercado
têm de ter valor de uso. O capitalismo cria necessidades para mercadorias serem compradas –
para ser mercadoria o objeto tem de mobilizar necessidade. Toda mercadoria é produzida por
um trabalho específico, chamado de trabalho concreto.
Valor de troca  Trabalho abstrato é o trabalho que não está definido na sua especificidade –
abstraídas as questões especificas. Quanto de x mercadoria eu posso trocar por y mercadoria:
a medida de equivalência é o tempo que cada qual gasta para produzir as mercadorias. Esse
tempo é o tempo socialmente necessário, ou seja, o tempo que a sociedade gasta para
produzir a mercadoria. Habilidade do trabalhador, acesso a matéria prima, tecnologia, entre
outros, são levados em consideração; quanto maiores, menor é o tempo socialmente gasto
para produzir e menor é o valor de troca.
Conforme o capitalismo avança as pessoas tendem a querer dinheiro, acumular ao
invés de apenas garantir as suas necessidades básicas (pressupondo que haja um mercado
organizado). A necessidade de trocar fez com que surgissem mercadorias que pudessem ser
trocadas por qualquer uma. A circulação de mercadorias é o ponto de partida do capital.
Dinheiro enquanto dinheiro e dinheiro enquanto capital distinguem-se, antes de mais, apenas
pela sua forma diversa de circulação.
Circulação mercantil simples  mercadoria- dinheiro-mercadoria. Isto é, transformação
da mercadoria em dinheiro e re-transformação de dinheiro em mercadoria, vender para
comprar. Não aponta para a transformação do dinheiro em capital e, o que é decisivamente
mais importante, para a produção do capital. Neste tipo de circulação, existe a circulação de
dinheiro apenas como dinheiro.
Este círculo é um círculo que se esgota em si mesmo, não circula indefinidamente.

M-D-M
Circulação capitalista  dinheiro- mercadoria- dinheiro. Isto é, transformação de dinheiro
em mercadoria e re-transformação de mercadoria em dinheiro, comprar para vender. O
dinheiro presente nesta última circulação transforma-se em capital, torna-se capital e, segundo
a sua determinação, é já capital. Considera-se que há uma mudança quantitativa.
Isto sugere uma continuação deste círculo. O capital cresce para se multiplicar e circula
para aumentar. Isto torna-se num sistema que circula indefinidamente.

D-M-D’
D’ = D + ΔD  a quantia inicialmente lançada na circulação mais um acréscimo (mais-
valia). Ou seja, o valor original não se limita, assim, a conservar-se na circulação, nela modifica
o seu valor, acrescenta um acréscimo/mais-valia. Este movimento complexo transforma o
dinheiro em capital. Esta é a fórmula universal do capital. Ambas as circulações podem
coexistir.
. O valor da Força de Trabalho
Exemplo de mercadoria peculiar é a força de trabalho. O conceito de força de trabalho
define-se como a condição de trabalhar—energia necessária para trabalhar.
Para a sociedade capitalista existir é preciso haver uma divisão da força de trabalho entre
os capitalistas (detentores dos meios de produção) e proletário (aqueles que precisam de
vender a sua força de trabalho). Assim, Marx, considerava tal como os clássicos, a força de
trabalhar como uma mercadoria. O trabalhador porque só possuía a sua força de trabalho
como única mercadoria era obrigado a vendê-la ao capitalista. O valor da força de trabalho era
determinado como o de qualquer outra mercadoria, ou seja, pelo tempo necessário para a sua
produção (e reprodução). O seu valor é, contudo, igual à subsistência do trabalhador (e sua
reprodução), subsistência definida como um mínimo cultural, evoluindo historicamente.
Capital divide-se em capital constante e capital variável.
Capital constante  Todos os gastos que o capitalista faz em investimento, menos em mão
de obra. Ou seja, A parte do capital que se transforma em meios de produção, isto é, em
matérias-primas, em matérias auxiliares e em meios de trabalho, não altera o seu valor no
processo de trabalho.
Capital variável  gastos que o capitalista faz em investimentos de mão de obra. Ou seja,
a parte do capital transformada em força de trabalho varia de valor no processo de produção.
Reproduz o seu equivalente e um excedente, uma mais-valia que pode variar e ser maior ou
menor.
Mais-Valia  é a produção excedente. É quando o produtor efetivamente vende a
mercadoria, transformando-a em dinheiro, e ganha lucro. Ou seja, é a diferença entre o valor
final da mercadoria produzida e a soma do valor dos meios de produção e do valor do
trabalho

Capital constante + Capital variável + Mais Valia

Sem capital constante a criação da mais-valia é impossível, porque a força de trabalho só


pode pôr- se em atividade conjuntamente com os meios de produção. Mas ainda que o capital
constante seja condição necessária para a criação de mais-valia, não pode criá-la por si só. Só
o trabalho pode criar mais-valia. Assim, o volume de capital constante, seja qual for, não pode
alterar em nada a soma da mais-valia, não pode nem aumentá-la nem diminui-la. De modo
que, se queremos determinar o grau de exploração do operário pelo capitalista, podemos
deixar de lado os gastos do capitalista na criação do capital constante, e precisamos apenas de
conhecer o valor da força de trabalho ou, o que é o mesmo, o valor do capital variável, e o valor
da mais-valia.
Taxa de mais-valia ≠ Taxa de lucro.
Taxa de lucro  aquilo que eu me apropriei ou aquilo que eu adiante.
𝑀
𝐶+𝑉
taxa de lucro

Taxa de mais-valia: O grau de exploração do operário pode expressar-se pela relação entre
estes dois números, mais- valia e capital variável
Segundo Marx, a mais valia é a função do capital variável. Isto é, a mais valia é formada a
partir do valor da força de trabalho.
O capitalista não liga à mais valia, ele apenas explora o trabalhador. O preço é um cálculo
que se faz sobre o valor; se não houver valor( o trabalho colocado sobre uma mercadoria), não
há preço. Este preço é estabelecido sobre o produto, e o capitalista coloca sobre estes
diferentes aspetos como sua taxa de lucro, seu investimento em propaganda, etc.
. Economias Clássicas –Teoria dos Salários de David Ricardo
Há uma tradição dentro da economia clássica em discutir estes conceitos. Os autores
clássicos desenvolveram uma corrente com base no David Ricardo. Estes estabeleceram uma
distinção entre valor incorporado e valor comandado.
Com base na teoria do valor, Ricardo desenvolve uma teoria dos salários. Da sua análise
resulta que devemos ter em consideração dois conceitos de salário:
Salário natural  corresponde ao valor dos bens necessários que permitem ao
trabalhador subsistir e perpetuar a sua descendência, se aumento nem diminuição.
Salário corrente/de mercado/global  valor efetivamente pago no mercado. Ricardo
considerava que este gravitava à volta do salário natural
Chegam à conclusão de que há uma mercadoria que fixa o nível dos salários, esta
mercadoria é os salários reais/cabaz de compras. Estes teorizavam que no longo prazo os
salários reais eram constantes e baixos e eram de subsistência. Isto surge uma vez que, visto
que os salários já eram baixos já não podiam diminuir mais, se descesse os operários iam
morrer –hipótese malthusiana. Se existirem salários de mercado mais altos do que os salários
naturais surge uma melhor qualidade vida o que por sua vez, vai aumentar o número de
nascimentos, assim, há mais população trabalhadora o que ,consequentemente, faz com que
os salários pagos no mercado baixem.
Ricardo considera, ao contrário de Smith, que o salário natural ou salário de subsistência,
evolui historicamente e depende da quantidade de alimentos e outros géneros de primeira
necessidade de que se tornaram indispensáveis para os trabalhadores. É uma tendência do
longo prazo.
Assim, O que determina o nível dos salários é a mercadoria. Na altura o que determinada
os salários era o preço do pão e dos cereais. David Ricardo era membro do movimento “Anti
Corn Law League” que tinha como objetivo impedir ou retirar os efeitos aduaneiros nos
produtos agrícolas vindos do Reino Unido. Isto iria liberalizar a entrada de cereal estrangeiro
fazendo com que, o preço dos cereais e dos salários descessem. Tal, aumentava a
competição.
Se pelo contrário o salário do mercado for inferior ao salário natural diminuirá a natalidade e
aumentará a mortalidade, o que leva, em consequência, a uma diminuição da oferta de
trabalho o que terá como efeito o aumento do salário de mercado.
A teoria dos salários faz depender a oferta de trabalho da diferença entre o salário de
mercado e o salário natural. A teoria introduz a teoria da população de Malthus com a teoria do
valor de Ricardo, considerando a força de trabalho como uma mercadoria, pelo que do mesmo
modo que o valor de troca de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho
necessária para a sua produção, assim, o salário natural corresponde ao valor da força de
trabalho, sendo constituído pelo valor dos bens necessários para manter o trabalhador e a sua
família.
Marx, entra na discussão e tenta explicar a discrepância sistemática apresentando a
teoria da força de trabalho e os conceitos de força de trabalho e mais valia.

Tríade de grupos sociais:


-Landlord/proprietário
-Rendeiro Capitalista
- Proletário
Tríade de Rendimentos:
-Rendas
- Lucros/Juros
- Salários
. A tendência evolutiva do capital. A composição orgânica é 100% taxa de
exploração .
. A tendência decrescente da taxa de juro
A acumulação do capital tem como efeito o crescimento económico que é inerente ao
capitalismo.
A taxa de lucro ( g ) para Marx é dada pela razão entre a mais valia e o capital total –(
C= c+v)

g= mv/ c+v

Devido à acumulação capitalista a taxa de lucro tem uma tendência a diminuir porque a
mais valia (mv) apenas pode ser derivada do capital variável (v). A proporção de c para v
aumenta, mesmo que, em termos absolutos v aumente.
Estado Estacionário – Dado que o aumento da população leva ao cultivo de terras
menos férteis, o que determina um aumento do valor dos bens agrícolas e, por conseguinte,
um aumento do salário natural, com consequente diminuição dos lucros, à medida que a
sociedade se expande a parte dos lucros no total do rendimento vai diminuindo. A taxa de
acumulação de capital tende a diminuir o que levará a sociedade para um estado estacionário,
onde a taxa de lucro de mercado será igual à taxa natural de lucro, suficiente apenas para
manter o capital existente. Neste estado o salário de mercado seria também igual ao salário
natural e, em consequência, a população estacionaria.
Para Marx, o mercado normal é de concorrência perfeita. Neste mercado, os capitalistas
competem entre si. Esta competição leva ao engenho humano. Era grande entusiasta de
Darwin e da tese da evolução e adaptação. Por isso, vai projetar esta luta pela sobrevivência
na realidade da Economia Capitalista. A competição entre os capitalistas leva ao aumento da
composição orgânica.
A composição orgânica do capital – O capital constante ( c ) e a tecnologia fazem
aumentar a produtividade do trabalho, tornando-se um poderoso meio de acumulação. A
acumulação de capital constante é uma necessidade do sistema capitalista, impulsionada pela
concorrência. À medida que a acumulação se vai alargando a proporção do capital constante
para o capital variável aumenta. A esta relação entre o capital constante e o capital variável
chama Marx a composição orgânica do capital (k):
K= c/v
A substituição de homem por capital leva a que a composição orgânica aumente o que,
segundo Marx, leva a uma tendência de sobreprodução relativa e consequente desemprego,
criando o que o Marx chamava “exército industrial de reserva”, que leva a que os salários
gravitem em torno do valor da força de trabalho.
É de notar como a explicação de Marx é diferente da explicação dada pelos clássicos
relativamente a este ponto. Marx retém a teoria do salário de subsistência sem aderir à teoria
da população de Malthus, aceite por Ricardo.
Existe uma intrínseca contradição não resolvida entre a Microeconomia e a
Macroeconomia do capitalista. A contradição é a do movimento “follow the leader”, imitação das
vantagens e perseguição de maiores taxas de lucro que, mais tarde, leva a taxas de lucro
menores devido à imitação praticada. Estas taxas de lucro aumentam na Microeconomia e
apenas como uma vantagem momentânea. Pressionados por isto, os capitalistas sentem um
sufoco cada vez maior pela competição que leva à diminuição da taxa de lucro (em condições
de concorrência e ceteris paribus).
Por um lado, isto possibilita um crescimento continuado das economias, no entanto,
permite um crescimento grande em ciclos que, mais tarde, colapsam e vão acontecendo de
forma cada vez mais regular e cada vez mais mortíferos.
. Teoria marxiana das crises
Economia capitalista e Crises de Superprodução  o regime capitalista cresce com base em
crises periódicas. Matriz de bens de consumo e de meios de produção. Há a possibilidade de
um crescimento saudável se todos os lucros de mais valia forem gastos em consumos
improdutivos/finais. Caso os lucros sejam gastos em investimentos adicionais a economia entra
num esquema de reprodução ampliada (típico de uma economia capitalista). No esquema de
reprodução ampliada, os meios de produção crescem mais rápido que os meios de consumo.
Tal, leva a um excesso dos meios de produção que não conseguem a sua respetiva produção
e vão à falência. Assim, dá-se uma crise induzida nos meios de consumo pelos meios de
produção (crise de superprodução).
Por outras palavras, a classe operária produz muito mais do que consome. O crédito
aumenta a possibilidade da produção; os Bancos põem à disposição dos comerciantes e
industriais todo o capital disponível da sociedade, forçando a produção a ultrapassar os seus
limites. As enormes quantidades de mercadorias produzi- das precisam ser vendidas. Mas a
possibilidade da venda é limitada pelo consumo, que, por sua vez, é limitado pela apropriação
capitalista. O grande problema é a desproporção entre os meios de produção e os meios de
consumo.
As crises de superprodução são inerentes à sociedade capitalista devido à
concorrência. No entanto, a competição também regenera a economia capitalista.
Crises de escassez  crises do antigo regime.
Lei de Say  A teoria clássica baseava-se na lei de Say para negar a possibilidade de crises
generalizadas de sobreprodução. A lei dos mercados ou lei de Say traduz a ideia de que o ato
de produzir bens gera um montante equivalente de rendimento ao valor dos bens produzidos.
Isto é, a produção de qualquer produto cria um mercado para esse mesmo produto. Não
significa isto que não pudessem existir excessos de produção, mas tal só se verificaria quando
a composição da produção não estava de acordo com a preferência dos consumidores.
. Distribuição de rendimentos segundo Karl Marx
Para Marx, a sociedade encontrava-se dividida em:
-Capitalista: contrata mão de obra assalariada/ lucros
-Pequena Burguesia- nem capitalistas, nem proletários. Trabalhadores por conta própria
-Proletariado- pensa no proletariado por analogia com a escravatura./ Salários
. Crítica à análise de Marx
Foi no pensamento económico clássico que Karl Marx baseou a construção da sua
teoria do valor trabalho com a consequente teoria da mais valia e teoria da exploração.
Atualmente, como se sabe o fator trabalho não é o único fator produtivo e a teoria do
valor trabalho foi substituído pela teoria do valor baseado na utilidade marginal, pelo que tais
explorações ficam sem fundamento.
As análises históricas mostram que as profecias de Marx não se realizaram,
nomeadamente quanto à tese da pauperização.
A demonstração de Marx de que o aumento da composição orgânica de capital leva a
uma baixa da taxa de lucro é questionável. O aumento da composição orgânica de capital
implica um aumento da produtividade do fator trabalho e traduz também alterações na
tecnologia , que atuam no sentido de aumentar a taxa de lucro.
Por outro lado, se é verdade que as economias de escala levam a um aumento do
tamanho das empresas tal não implica necessariamente um aumento da concentração
industrial. Também a parte dos salários no rendimento nacional não baixa com o
desenvolvimento económico e os salários reais têm subido com o crescimento económico.
Existe o ressurgimento de população independente e da dinâmica capitalista.
Rendas e juros: Reconhece que há rendas, residuais do antigo regime. Rendas, lucros
e juros são frações da mais valia total, ou seja, são e não são a mesma coisa.
Trabalhadores assalariados improdutivos: estes tendem a aumentar e não a diminuir.
funcionários públicos deviam ser considerados trabalhadores improdutivos. Consumidor final é
o próprio empregador sobre a forma de serviços. Se o trabalhador der lucro então é trabalhador
produtivo, ou seja, precisa-se de ser assalariado e de lucro. Outro exemplo de trabalhadores
improdutivos são os polícias.
. Max Weber
Weber, autor alemão que influenciou estudos e marcou os ambientes académicos. As
ideias teorizadas por Weber sugerem para questões de desenvolvimento. Não é socialista.
Deixou uma influência difusa. Sugere que não há capitalismo, mas sim diversos capitalismos.
Weber vai nos precisar que este capitalismo em que ele vive é um capitalismo racional. Utiliza
este conceito de capitalismo racional para o distinguir de outros capitalismos (pirata, etc).
Weber, estava assim convencido que o capitalismo levava à superação do capitalismo pirata.
Para Weber, o capitalismo racional está ligado com uma atividade continuada e
interminável. Existe, da mesma forma, uma ausência de violência como método de negócio e
um respeito pelos tratados. O capitalismo faz as contas o que implica contabilidade de partidas
dobradas, implica contabilidade e é quantificador. Esta quantificação permite a racionalidade.
Pelo menos na origem, deste capitalismo racional existe no contexto de um Estado Moderno
com o monopólio dos aparelhos repressivos.
O capitalismo, para ele, não esgota as outras existências, como o Estado, que não
funciona sobre as regras do capitalismo. A sociedade capitalista implica que para o capitalismo
funcionar tenham que existir dinâmicas não capitalistas que não se esgotem no capitalismo.
Para Weber, há um pluralismo causal assumido onde todas as estruturas podem ser variáveis.
Weber reconhece q as dinâmicas podem ser económicas e culturais e que todas estão
cruzadas.
Gheist explica a existência material (Hegel) mas Marx inverte esta lógica.
. Tese Central de Weber
Weber detém uma tese central. Essa defende que o capitalismo racional no nosso
tempo tem uma dinâmica que se alimenta a si própria. Considera-se que A reforma protestante
de Ethos teve na origem da mentalidade que induziu o começo da atividade capitalismo
racional. Porém Weber propõe que o capital se reproduz por si próprio e que a longo prazo não
é a favor de uma religião elevada, mas sim de uma religião diminuía.
Reforma protestante, a acendalha do capitalismo racional, por um lado legitima e
científica todo o trabalho. Na sociedade medieval vocações eram apenas comuns para o clero
e nobreza. A maior parte das profissões, não é na sociedade digna de vocação. Toda a
atividade pacífica, ordeira e continuada é digna de uma vocação e de ser considerada uma
profissão.
Protestantismo acaba com o clero regular e faz com q o secular perca a importância.
Assim, conclui-se que para Weber deve-se: Legitimar todo o trabalho profissional digna
e com vocação; Não exaltar os prazeres mundanos (propensão para o investimento) e destaca
ascetismo mundano, isto é, viver no mundo, mas não para ele; Predestinação. Tudo isto
compõe o capitalismo racional. O capital racional propaga-se mais facilmente onde existe uma
unidade estatal. Tem de existir sempre uma unidade estatal, mesmo que esta seja horrível. Um
fator propiciador do capital é a unidade estatal de forma burocrática, isto é, não venal. Existe
um predomínio da escrita e não da oralidade. Esta não é suprimida mas o material de escrita é
predominante. Tal, vem associado à Reforma Protestante que fez com que muita da população
aprendesse a ler, consequentemente aumentando as taxas de literacia. Assim, a Europa
protestante tornou-se mais globalizada mais rapidamente que a Europa católica.
Weber criou a mentalidade acabada do asceto mundano que vive para a vida
profissional. Evita, assim, as questões existenciais. A única linha de esperança existente entre
os eleitos é ter uma intensa atividade profissional. O protestar torna a sociedade na sociedade
do homem do trabalho.
Predestinação (protestantismo): propicia o capitalismo. Convence que apenas uma
minoria está destinada à salvação. Não está relacionada com as ações de cada um, por isso,
isso não o vai entregar à fé, não é isso que o vai salvar. Como a salvação está destinada, não
importa aquilo que se faça. Tal não vai influenciar o julgamento final. Executar boas ações é
sinal que se está nas minorias dos eleitos apesar de não ser indicador de sucesso. As boas
ações são a intensa atividade mundana, ser pessoas de profissão, onde a sua atividade
profissional os define como pessoas. Como não existe a certeza de salvação, existem sinais
exteriores de que se é eleito. Um sinal exterior é por exemplo, ter sucesso nos negócios. Esta
não é uma boa prática para ter salvação, mas sim um sinal exterior de estar na minoria dos
eleitos.
Os protestantes eram os principais crentes da predestinação e por isso foram os
primeiros a impulsionar o capitalismo. Viver sobre o sufoco da perdição e salvação como
maneira de ascender, dedicar-se à intensa atividade mundana (capitalista) no mundo dos
negócios levava-os à tendência evangélica. Isto torna o protestantismo numa ordem material
económica capitalista. Isto posto em trabalho, o capitalismo racional (melhor forma de
organização económica) vai tornar a sociedade focada na vocação.
Weber expõe que o Calvinismo tinha facilitado, funcionou como que uma acendalha
para o capitalismo racional que por sua vez, estava destinado à grandeza.
Por fim, considera-se que Weber era muito mais culturista e euro centrista do que Marx.
Observa a cultura tanto como efeito como causa.
. Lógica da Expansão do Capital (pior aula de todas, ver se encontro mais coisas)
. Independentismos rodesianos
A independência do Haiti foi proclamada pelos escravos em 1804. Esta teve um
desfecho vitorioso por parte dos escravos. Esta teve, ainda, como desfecho a expulsão do
governo colonial francês e o massacre dos franceses. Quanto às mudanças territoriais, estas
são marcadas pela independência do Haiti. No entanto, importa notar que o Haiti é um país
anómalo com uma história muito singular, assim como, a sua localização. É um território que
pode propiciar a escravatura uma vez que, este é cercado apenas por água (ilha) fazendo com
que, os escravos não tivessem por onde fugir.
Grande parte das experiências europeias de plantações acontecem no século XVIII e
XIX.
Colónia/plantação  aconteceram principalmente nas ilhas de São Tomé e Príncipe. É
muito mais fácil tornar este país como uma colónia/plantação do que países como Angola uma
vez que, este território não era bem administrado pelos Portugueses.
A análise de Marx é bastante simplificadora. Por outro lado, Weber é muito eurocentrista
e culturista. Na altura em que escreve, ocorre o primeiro caso de vitória militar de uma potência
não europeia (Japão). Weber continuava as discussões de Marx. Como mencionado
anteriormente, reconhece um pluralismo de dinâmicas do capitalismo. Isto é, existem dinâmicas
para além do capitalismo. Considera-se que isto é uma revolução valorativa que estaria no
desencadear do começo de um processo que uma vez posto em processo ia espalhar-se no
globo.
Dão-se diversas revoluções influenciadas por Marx. Uma delas é a Revolução Soviética.
No entanto, esta traz alguns problemas, tais como: o que é a Revolução Soviética? O que é a
União Soviética? É a expressão do proletariado global.
Marx assume que as nações vão acabar, mas isto não acontece. Existe uma fusão de
ideias marxistas com ideias nacionalistas. As ideias nacionalistas caracterizam-se por ideias de
se libertarem de várias formas, incluindo de forma económica.
. Importância dos Impérios Coloniais no poder europeu dos nossos dias
Em sentido estrito, os impérios desapareceram na segunda metade do século XX. No
entanto, há ainda, resquícios de impérios, como é o caso de Porto Rico (anomalia). Importa
mencionar que, os EUA eram também colonizadores. Estes regulavam a situação das ex-
colónias transformando-as em Estados. Exemplo: Alaska.
Weber afirma que chegamos à modernidade e que existe um capital racional que
triunfou globalmente. Weber estava convencido que este iniciou na Europa não por uma razão
racial, mas sim, devido à civilização protestante. O processo tende, mais tarde, a ser
autoalimentado.
As questões modernas associadas ao desenvolvimento têm problemáticas associadas.
Uma delas é o crescimento económico. O PIB não é medida perfeita mas é a principal medida.
Com as devidas ressalvas, o PIB é relevante se juntarmos outros indicadores (mortalidade,
esperança de vida, etc) Assim, continua a utilizar-se o PIB como medida.
A Europa torna-se numa sociedade com um PIB elevado na época de 1820. Esta data é
a data do início do começo da Revolução Industrial. Assim, a Europa só obtém vantagem
económica perante a China e a Índia em 1820.
Kenneth Pomeranz autor crucial nas discussões sobre o desenvolvimento, expõe que o
começo do século XIX acontece com base num processo de divergência. Até este século, a
China ainda se encontrava à frente da Europa.
A principal tese de Pomeranz baseia-se na resposta ao porquê de o arranque se ter
iniciado na Europa. Afirma que nem todos os países/continentes estavam ao mesmo nível de
desenvolvimento. A criação de uma unificação política pode ser uma vantagem ou
desvantagem. Se se pensar no sucesso europeu conclui-se que está ligado, principalmente,
ligado à vantagem militar que é crucial.

Função de Cobb Douglas Y= A 𝐿𝑥 𝐶 𝐵  o produto é o resultado da produtividade do


trabalho e da terra. Esta representa a relação entre fatores de produção e o produto.
. Teoria da Legitimidade de Propriedade de John Locke
É considerada como um fator principal explicativo do crescimento europeu foi o embate
com as Américas. John Locke justifica a expansão dos anglo-saxónicos para o Oeste.
A operação da legitimação da expansão pautava pelo argumento de que os ameríndios
não dão a devida utilização à sua terra. Devido a isto, decidiram invadir o continente
americano. Os europeus tentaram escravizar e exterminar os ameríndios. No entanto, a difícil
escravização dos ameríndios levou à chegada de escravos africanos ao continente. Isto dá
vantagem ao Europa em comparação a outros continentes.
Autores como Kenneth são importantes nesta abordagem. Este afirma que várias
sociedades pré-industriais têm um ciclo. Os europeus no século XVIII e XIX estão obcecados
com a escassez. Isto acontece devido ao excesso de população e escassez de terras para
produzir bens alimentares. Isto leva a que os europeus se expandam.
Na sociedade industrial, dá-se um aumento do trabalho e de crescimento económico.
No entanto, este acaba por cair devido à escassez. Existe agora um risco de escassez de
terras. Encontrar as Américas foi a solução mais positiva que apareceu aos europeus. As
Américas deram aos europeus imensos recursos que permitiu que os europeus conseguissem
passar a armadilha malthusiana. Países como a China não tiveram esta sorte.
Esta é a razão principal mas não a única do sucesso europeu. Também a economia das
plantações na África subsariana e o tráfico de escravos auxiliou os europeus. Outro exemplo da
dominação da Europa no mundo: a massa dos solados que faziam parte dos exércitos que
invadiram a África e lutaram contra a China era maioritariamente composta pela mão de obra
indiana. O facto de a Europa ter conquistado a Índia dá-lhes vantagem.
A expansão europeia foi pensada a graus diferentes. As ações ao serem realizadas iam
revelando dificuldades.
Alexander Gerschenkron escreveu a obra “Economics backwards in historical
perspective”. Este expunha em que medida as sociedades menos pobres veem o problema do
desenvolvimento. o que mais propicia o desenvolvimento é a ausência de desenvolvimento. No
caso da Europa, o país líder é o Reino Unido assente na escala menor e autofinanciamento. O
autofinanciamento é solucionado através do crédito mobilier.
Tudo isto é teorizado em 1962, época em que as questões de desenvolvimento são
discutidas uma vez que, o processo de descolonização se está a processar.
Desenvolvimento desigual e combinado  compreender que a lógica do
desenvolvimento de uns implica o pouco desenvolvimento de outros.
. Estado, capacidade e desenvolvimento
Política pública  politics (desenha as public policies)
Por de trás das políticas públicas existem diversos politics, interesses e atores.
. O papel do Estado
(Segundo o professor, sem Estado não há mudança estrutural nas condições da
sociedade. Institucionalismo  o Estado é importante.)
Para Polanyi foi o Estado que construiu o sistema de mercado livre. Assim, conclui-se
que o mercado é uma construção. Logo se é o Estado que constrói esse sistema de mercado
livre, também o pode e deve regular e “domar”. Polanyi propõe a expansão do Estado quer a
nível interno quer a nível internacional como solução para mitigar ou reduzir os impactos deste
liberalismo de mercado propondo um “liberalismo incrustado” (embedded liberalism) com os
governos e desempenhar um papel de ator forte na mediação entre economias nacionais e
internacionais (globalização). Polanyi no fundo, orienta-nos a olhar para o papel central que o
Estado desempenha. O Estado não é uma entidade monolítica. Dentro do Estado há diversos
atores e todos estes negociam entre si a primazia da definição de uma política pública.
O Estado sempre esteve no centro do estudo sobre desenvolvimento, por um lado
devido ao seu papel como motor/promotor ou bloqueador do desenvolvimento económico-
social e ao nível do seu papel e natureza no desenho e implementação de políticas públicas
para o desenvolvimento económico-social.
O Estado após a Segunda Guerra Mundial, emerge como sendo fundamental para o
desenvolvimento. Surgem duas visões dominantes sobre o caminho para o desenvolvimento-
altos níveis de crescimento económico, industrialização, construção de um Estado Social
moderno e infraestruturas sócio-económicas:
 Modernização, Keynesianismo e bem-estar, social-democracia: Estado benevolente,
pluralista, economia de mercado, promotor do capitalismo e combatendo ou melhorando
os seus excessos;
 Planeamento socialista e marxista- Estado como reflexo do conflito de classes, com
planeamento socialista como resolução desse conflito a favor das classes em oposição
às classes exploradoras quer proprietários imobiliários, comerciantes, financeiros ou
empreendedores capitalistas.
Ambas tinham o papel do Estado no centro da atenção
Mas a partir de 1980, com a emergência do Consenso de Washington, o Estado deixa
de ser visto de forma mais benevolente e passa a ser visto como estando ao serviço de
interesses individuais/grupos de interesse através das oportunidades que oferece, isto é,
rendas públicas (monopólios, subsídios estatais, benefícios fiscais, etc) ou corrupção. Conclui-
se que o Consenso dá importância ao mercado e questiona o papel do estado. Tal, leva à
redução do papel do Estado. O Estado passa ser visto de uma forma negativa e perde a
centralidade, o mercado emerge como o principal ator do desenvolvimento.
O impacto do Consenso de Washington origina uma quebra com o debate anterior entre
modernização/marxismo. A primeira olha para o Estado como complemento/promotor do
mercado e a segunda vê no Estado e mercado como refletores dos interesses de classe. O
desenvolvimento passa a ser interpretado em termos de Estado versus mercado.
Surge a questão de como reemerge o estado dentro deste cenário? Na Ásia o Estado
emerge ou passa a ser visto como fundamental no que toca ao crescimento económico na
região. Entre 1950 e 1997 há um crescimento económico. Este estudo tem duas conclusões: a
primeira é que há um reconhecimento do papel do Estado para o sucesso asiático mas que foi
feito de acordo com as regras do mercado, entendido como fazendo oq eu o mercado faria se
tivesse funcionado na perfeição, embora implicamente reconheça que o mercado não tinha
funcionado perfeitamente, o estudo manteve a postura de privilegiar as regras do mercado; o
segundo é que o papel do Estado não é replicável, isto é, pode não acontecer noutras regiões.
Nos anos de 1980 e 1990 as instituições multilaterais são consideradas pró-mercado.
Assim, o Banco Mundial, dificilmente, iria dizer que o Estado é o centro do desenvolvimento.
Isto gera um debate. Robert Wade (1996) contesta as conclusões apresentadas pelo Banco
Mundial. Expõe que, dificilmente, um estudo como este (financiado pelo Japão) iria ter essas
conclusões. Isto acontece uma vez que, o Japão na altura queria colocar força no papel do
Estado, tendo em conta a sua história de crescimento económico no pós-guerra. A partir daqui,
comparecem vários estudos que tentam apresentar com argumentos fortes que mostram que o
Estado tem sido importante no continente asiático.
O Japão é muito importante no contexto asiático devido ao modelo que constrói
(assente na relevância do papel do Estado) e do auxílio prestado por este na abertura da
China. O Japão auxiliou, ainda, o resto da Ásia a desenvolver através de capacitação e
investimento. Conclui-se que o Japão foi muito importante para toda esta transformação e que
foi grande crítico do Consenso Washington, apesar da sua crescente importância como doador,
que lhe daria supostamente mais influência nos relatórios, pensamento e nas políticas de
financiamento dos doadores multilaterais, mas isso não aconteceu. O Japão como um dos mais
importantes doadores e investidores na região asiática apostou na capacitação do Estado e no
apoio e coordenação de programas de investimento industrial. O japão teria muita dificuldade
em financiar um conjunto de políticas, e uma ideologia subjacente, que negava a sua própria
experiência e os seus interesses. De facto ,o Japão procurava que fosse o Estado a
promover a industrialização e crescimento noutros países onde estava a investir, em
parte num processo destinado a reestruturar a sua própria indústria (“high tech” de capital
intensivo em casa e e trabalho intensivo no exterior – flying geese)
Este Estado asiático passa a denominar-se de Estado Desenvolvimentista Asiático. Este
é caracterizado por um investimento industrial, controlo das finanças por parte do Estado, de
forma a que, o capital seja aplicado em setores estratégicos para que estes se tornem
competitivos a nível internacional via exportação. A literatura sobre o Estado
Desenvolvimentista Asiático está preocupada com duas questões e que por sua vez
correspondem a duas Escolas de pensamento: uma que analisa a economia e outra política.
Escola Económica  políticas económicas que devem ser adotadas para promoção do
desenvolvimento.
Escola Política  condições políticas e outras que permitam a adoção de políticas
apropriadas ao desenvolvimento, independentemente da sua natureza. Estado autónomo,
capaz, forte e incrustado.
 Escola Económica
Socialização do risco privado é o dinheiro público que garante o investimento privado
desde que este seja feito nas indústrias estratégicas no país (Exemplo: Taiwan, Malásia ,etc.).
Num sistema financeiro fortemente regulado e controlado pelo Estado, as empresas estavam
inclinadas a decidir, melhor, quais os investimentos a prosseguir porque tinham a oportunidade
para desenvolver estratégias de longo prazo. Este sistema financeiro permitia a alocação mais
rápida de capital a setores industriais estratégicos e permitia também ao Estado controlar os
fluxos financeiros.
Existem relações próximas entre bancos e empresas que permitem uma melhor
coordenação na recolha e processamento de informação, da monitorização da performance da
gestão e facilitava a reestruturação de empresas em dificuldades. O controlo do sistema
financeiro ofereceu ao Estado a arma política para construir as coligações necessárias para
implementar as estratégias de desenvolvimento industrial.
. Limitações da escola económica
A escola económica encontra-se demasiada concentrada em analisar as políticas
económicas que foram necessárias para a rápida industrialização da Ásia Oriental sem ter em
conta as condições políticas que permitiram a sua identificação e adoção, ou seja, como é que
se chegou a essas políticas económicas. Isto é, estão demasiado focados nas políticas
públicas e não na sua própria teoria.
Estes estão mais preocupados em utilizar a experiência de desenvolvimento asiático,
que sai fora do Consenso de Washington, como arma contra o neoliberalismo e contra a visão
de que o desenvolvimento é fruto do mercado.
O Estado é intervencionista na economia via política industrial com controlo das
políticas comerciais e financeiras.
 Na escola política
Estes olham para o Estado de forma monolítica.
A característica de “autonomia” do Estado está relacionado com a capacidade de o
Estado apoiar o mercado Isto depende da burocracia meritocrática, quem entra no estado são
os melhores e os melhores executores da política pública. Há uma agência piloto, uma agência
de planeamento económico (exceção do Japão). Tenta-se perceber como funciona esta
administração pública. Com a burocracia tenta perceber-se quem é que desenha as políticas
públicas. Muitas vezes, é considerada uma análise descritiva, não é uma análise crítica. Há a
procura de demonstrar que há um Estado capaz e que funcione.
No que toca à incrustação, o Estado por si só não realiza bem as políticas públicas. É
necessário cooperação com o setor privado.
 Os governos dependem do sector privado para produzir uma forte performance
económica da qual dependem para se manterem no poder;
 Os governos dependem do sector empresarial para apoio político e financeiro;
 Os governos dependem do sector empresarial para obter
informações/dados (que podem ser providenciadas pelas suas associações);
 As empresas têm recursos sociais que podem usar para influenciar decisões
políticas, como laços escolares, regionais ou sanguíneos;
 As empresas podem usar os seus recursos de acordo com as suas
preferências: lobbying, protestos, chantagens, redes ou até mesmo criando o
seu próprio apoio político (partidos políticos).
(Polanyi é importante nesta secção devido à relação entre o estado e empresas. O
Estado deve estar em cooperação com o setor privado para fazer boas políticas públicas.)
Quanto ao Estado ser forte e disciplinador, deve existir uma vontade do Estado em
atuar perante o setor privado com agentes disciplinadores impondo padrões de performance
económica.
A diferença entre a Ásia-Pacífico, e principalmente o Nordeste Asiático, e outros países
que se industrializaram tarde não residiu nas políticas industriais ou mecanismos de controlo
financeiro uma vez que “muitas outras nações tentaram uma e outra vez a maioria das políticas
usadas na Ásia-Pacífico
O que distingue o caso asiático? O Estado é disciplinador na relação que possui com o
mercado/empresas. Se estas não fizerem a sua performance perdem o acesso ao
financiamento, daí a ideia de disciplinador.
Se não há um Estado forte não iremos sair do ciclo vicioso da pobreza.
Há um Estado Desenvolvimentista que foi feito à custa da exploração do trabalhador. É
um modelo que inicialmente envolve um estado autoritário (caso da Coreia). Isto tem sido tema
de debate. Atualmente, é aceite que não foi possível sem a exploração. Há, ainda, outro
debate que expõe a questão de se as lideranças na Ásia são mais pragmáticas.
. Sucesso sul-coreano
 11ª Economia Mundial;
 Membro dos G-20;
 2º país Asiático na OCDE (1996);
 2º país asiático doador da OCDE-CAD (2010);
 17º índice de Desenvolvimento Humano do PNUD.
Dimensão económica:
 Níveis elevados de investimento industrial: canalização estratégica de
recursos financeiros para indústria chave, e exposição seletiva de indústrias
domésticas à competição internacional;
 Sistema de socialização do risco privado: Estado garante investimento
privado necessário para a política de industrialização nacional;
 Controlo Estatal do Sector Financeiro: poder sobre a seleção de indústrias
estratégicas e seleção de quem investe via controlo de licenças;
 Controlo Estatal de preços e salários (a repressão dos movimentos
laborais), concessão de benefícios fiscais, incentivos financeiros, informações
sobre as condições de mercado e à existência de um sistema fiscal eficiente;
Dimensão política:
 -A autonomia de ação por parte da burocracia para desenhar as políticas
industriais de que o país precisava;
 A cooperação entre o Estado e as empresas (grupos económicos conhecidos
em coreano como chaebol) era forte destinada a desenvolver objetivos
estratégicos nacionais e implementá-los de forma eficaz;
 Caminho da dependência (path dependence).
A crise Asiática em 1997 irá questionar o “milagre asiático”. Esta crise é caracterizada
por: uma queda drástica do PIB; aumento forte do desemprego e aumento dos níveis de
pobreza. Esta crise surge devido às seguintes razões: Liberalização do movimento de capitais
– vastos fluxos de capital estrangeiro; Fraca supervisão do sistema financeiro; Investimentos
Não-Produtivos; Moeda Indexada ao Dólar USD.
 Liberalização do movimento de capitais: Razões: crescimento dos fundos de
pensão das economias mais ricas - novas tecnologias financeiras, rigidez dos
mercados financeiros domésticos - crédito estrangeiro mais barato; Acesso aos
fundos facilitado: crescente internacionalização das empresas asiáticas; e
políticas domésticas parcialmente mais liberais à entrada de capital estrangeiro.
 Fraca Supervisão do Sistema Financeiro: Falta de conhecimento e
capacidade tecnocrática para lidar com um mercado de capitais mais liberal;
Predomínio dos empréstimos de curto prazo – taxas de juro mais baixas mas
risco maior; Licenciamento de banca de investimento.
 Investimentos Não-Produtivos: Demasiada capacidade sectorial não utilizada
(caso sul-coreano); Sector Imobiliário (tailandês e indonésio); Especulação/bolsa
de valores (por todo o globo).
 Indexação ao Dólar US: Valorização do dólar - Exportações mais caras e pouco
competitivas ( iene e yuan desvalorizam); “Risco Moral”: compromisso político
com indexação – baixos incentivos para cobrir empréstimos em moeda
estrangeira face a potenciais riscos cambiais – custo mais elevado mas risco
maior em caso de desvalorização da moeda nacional.

. Como é explicada a crise? Perspetiva da Escola Económica


Para a escola económica, a crise é um produto de um sistema financeiro frágil, criado e
desestabilizado por uma liberalização financeira desapropriada e políticas macroeconómicas
neoliberais. Liberalização financeira conjugada com desmantelamento de outras formas de
intervenção estatal como a política industrial. A Pressão Exógena explica a crise –pressão
internacional das organizações multilaterais e EUA para liberalização do mercado, fim da
política industrial e protecionismo comercial.
. Como é explicada a crise? Perspetiva da Escola Política
Para a Escola Política, o Estado desenvolvimentista tem duração limitada – um Estado
desenvolvimentista já não pode ser desenvolvimentista uma vez alcançado o desenvolvimento
– Estado desenvolvimentista é um fenómeno transitório – funciona bem nos primeiros estágios
de desenvolvimento económico e industrialização – o sucesso mina a sua própria condição de
existência – funciona bem só para os Estados que querem “apanhar” os Estados mais
desenvolvidos economicamente.
Onde é que as duas Escolas se encontram? Na justificação da crise com base na perda
do controlo do Estado sobre o sistema financeiro sem pôr rapidamente no seu lugar e de forma
consolidada regulações alternativas.
. O que nos diz a experiência desenvolvimentista asiática desde o final da II
Guerra Mundial?
Antes da crise financeira de 1997, o papel do Estado foi fundamental para a
transformação estrutural das economias na Ásia Oriental. A crise financeira de 1997,veio
desacreditar ideias associadas ao chamado Consenso de Washington, em particular à livre
circulação de capitais –ajudou a reafirmar a importância do Estado no funcionamento da
economia.
As lições da crise financeira de 1997 ajudam a explicar os efeitos relativamente ligeiros
na Ásia Oriental da crise em 2008 –não só reduziu a sua exposição aos mercados financeiros
internacionais através da acumulação de grandes reservas de moeda estrangeira e um
controlo apertado do seu sistema financeiro –uma proteção contra a volatilidade financeira
global e ajudou à rápida recuperação logo após 2008—como também reduziu a sua
dependência face aos mercados norte-americanos e europeu.
Se a transformação asiática está associada ao papel do Estado, nos próximos anos vai
haver um aumento do papel do Estado e irá ser contestado o papel do mercado livre. Os
países desenvolvidos podem parar de olhar para a Europa ou EUA como modelos de
desenvolvimento. Assim, observa-se cada vez mais os modelos da Ásia. Exemplo: Ruanda,
Quénia, etc. Estes olham cada vez mais para estes modelos de desenvolvimento, estes
querem ir beber da história asiática. Toda esta experiência levou a repensar a trazer de volta o
papel do Estado no desenvolvimento. Tal estimula como se devem construir Estados capazes.
Mais impressionante tem sido a capacidade dos seus Estados em responder aos novos
desafios globais. A verdade é que quando a transformação estrutural económica desta região é
comparada com o falhanço evidente das transições agrárias numa grande maioria de países
africanos e da América Latina, o que se destaca é a existência de um Estado completamente
comprometido com o desenvolvimento e a falta, em geral, do equivalente numa grande maioria
das regiões – logo o debate sobre como construir capacidade nos Estados está cada
vez mais na agenda do desenvolvimento.

. O que é a capacidade do Estado? (Fukuyama, 2013)?


Cada vez mais há mais interesse em tentar perceber como se constrói a capacidade.
Fukuyama tenta analisar a capacidade do estado. Para interpretar o Estado é preciso
ter em conta o contexto histórico. Em termos genéricos, a capacidade do Estado refere-se à
habilidade dos Estados em aplicar e implementar escolhas em termos de políticas públicas
dentro de um determinado e delimitado território que clamam governar (normalmente
reconhecido pela lei internacional. Esta habilidade implica a competência dos Estados para
controlar as suas fronteiras e impor a lei e ordem pública, o direito de taxar e providenciar bens
públicos dentro dos seus territórios.
Os Estados variam na sua capacidade de providenciar os incentivos económicos
“certos” para promover crescimento económico e estabelecer regimes de bem-estar
apropriados às necessidades de desenvolvimento inclusive. No seio do mesmo Estado podem
existir capacidades diferentes em termos de estímulo ao crescimento económico ou provisão
de serviços sociais, isto é, podem crescer fortemente em termos económicos mas
providenciarem pouco ou mal um conjunto de serviços sociais. Mesmo nas competências
organizacionais em diferentes domínios institucionais pode gerir muito bem programas de luta
contra a pobreza mas o sector da saúde funcionar muito mal.
A capacidade do Estado varia – de Estado para Estado, dentro do mesmo Estado
consoante as áreas de ação ou em termos temporais O estudo da capacidade do Estado tem
levado à emergência de uma tipologia de Estados baseados na sua capacidade:
Desenvolvimentistas, Falhados, em Crise, Frágeis ou Empreendedores
. Como analisar a capacidade do Estado?
Para perceber as variações em termos de capacidade do Estado torna necessário
analisar a capacidade segundo 3 dimensões distintas mas interrelacionadas:
1. A competência organizacional das agências/ ministérios/ entidades estatais;
(estabelece as regras do jogo, quem está dentro da administração pública é que
desenha as políticas públicas.). A organização do Estado estabelece os
parâmetros (regras do jogo) sobre o que é possível ou impossível (ou
desejável/indesejável) para os políticos ou funcionários públicos que trabalham
no seu seio. Uma burocracia eficaz e efetiva é crucial para a capacidade de os
Estados prosseguirem os seus projetos. Uma máquina estatal baseada no
recrutamento meritório, em estruturas hierárquicas de autoridade, procedimentos
estandardizados e previsibilidade nas carreiras permite uma ação coordenada
entre as diferentes agências estatais e fortalece as probabilidades de os
burocratas agirem como desejado.
2. A incrustação externa com atores não-estatais, isto é, a sociedade. (como é que
os atores estatais negociam implementações com atores não estatais). Sem
relações com atores não estatais, os Estados ficam limitados às suas
capacidades de conhecimento da realidade. Atores não estatais dão legitimidade
ao Estado. Estes laços (com empresas, capitalistas e outros atores sociais)
permitem o fluxo de conhecimento e recursos que potenciam as suas
capacidades. Em teoria, estes laços não podem significar a cooptação dos
burocratas pelos atores económicos e o esvaziamento das fronteiras entre
Estado e sociedade civil. De forma a poder agir de forma coerente, efetiva e
coordenar esforços, entre as várias agências estatais, as autoridades estatais
devem ser independentes dos interesses económicos dominantes.
Legitimidade e Dominação– Até que ponto as pessoas consentem ou mesmo apoiam o poder
do Estado. a capacidade de as organizações estatais transformarem relações sociais, extrair
recursos e implementar políticas de forma efetiva não está desligada das crenças e
sentimentos sobre o Estado que têm os atores sociais. A ideia de Estado- ou o consenso
ideológico sobre o que constitui a legitimidade da autoridade política num determinado território
molda como os cidadãos olham para a ação do Estado. A ideia de “comunidade imaginada” – o
acordo dominante sobre quem faz parte da coletividade encorpada pelo Estado – tem
implicações importantes sobre a probabilidade dos cidadãos reconhecerem (ou não) como
válida e agir com base nas decisões tomadas pelas autoridades estatais. O reconhecimento do
poder do Estado como legítimo pelos cidadãos é um produto direto das organizações do
Estado –se estas providenciam, como esperado, bens públicos – educação, saúde. O
reconhecimento do poder do Estado como legítimo pelos cidadãos passa pelo trabalho
ideológico do Estado da construção de uma identidade coletiva. Os indivíduos devem
concordar que pertencem a uma comunidade imaginada e preocupam-se com o bem-estar dos
seus membros mesmo que eles nunca se tenham encontrado sentimento de pertença e
socialização da cidadania. Estados com grande capacidade são aqueles que têm apoio com
base numa forte identidade coletiva e que goza de autoridade legítima aos olhos dos seus
cidadãos e cidadãs enquanto Estados com baixa capacidade são aqueles a quem falta coesão
e legitimidade e por isso governam através da força e coerção. A legitimidade do Estado não
resulta apenas da performance do Estado mas também é produzida pelo próprio Estado.
3. O alcance territorial das agências/ministérios/ instituições estatais. O poder
do Estado é fundamentalmente espacial. A ação moderna do Estado está
baseada na noção de território – os Estados exercem autoridade sobre uma
determinada e delimitada área e procura regular os processos económicos e as
relações sociais numa área territorial demarcada  “territorialização” da
capacidade do Estado. Existem estados que não conseguem exercer dentro das
suas próprias fronteiras (Moçambique). É importante pensar na capacidade de
projeção e controlo de território. o que se procura perceber aqui é até onde é
que as organizações/instituições estatais têm capacidade para penetrar na
sociedade e implementar os seus projetos no território que clamam governar –
ex: África, América Latina, Ásia.
Deve observar-se a dimensão do poder formal e informal (laços políticos). Esta é
normalmente mais presente em países de rendimento mais baixo.
Competência organizacional do estado? Compreender a caixa negra da administração
pública, perceber como funciona.
Como avaliar? Países que não tenham plataformas formais que não permita trazer
instituições para o centro de decisão de políticas públicas.
O Estado entra em processo de incrustação com atores não estatais. Estes devem dar
legitimação ao estado. Nem sempre estes irão obedecer ao Estado, pode existir dominação. A
política pública não vai ter grande eficiência. Devemos entender como a sociedade funciona a
nível político. Cada Estado é um caso.
. História e Contexto
Para compreender um Estado tem de se ter conhecimento sobre o contexto em que
emerge. O debate que se faz na Coreia do Sul e Taiwan está relacionado com o facto de
perceber se o colonialismo chinês foi importante. Assim, há cada vez mais trabalho sobre o
impacto do colonialismo nos estados.
. Construir/fortalecer a capacidade do estado
É preciso saber o que se pode fazer a partir do exterior para fortalecer os Estados mais
fracos. A questão é sempre “where is the money?”. Esta questão surge uma vez que, para
construir um Estado é primordial existir dinheiro proveniente do orçamento de Estado. Em
países de rendimento mais baixo o orçamento de Estado acontece graças à cooperação.
Onde é que os países doadores gastam o seu dinheiro?
 PED- 90% OE é APD.
 Países de baixo/médio rendimento- remessas de emigrantes.
 Países de médio rendimento- investimentos.
Os países doadores estão mais focados nos países de baixo rendimento. Os países de
rendimento mais baixo no contexto atual (Covid) preocupam-se quem lhes vai fornecer ajuda.
Sem dinheiro não há orçamento e sem orçamento não há capacitação
Porque é que a dimensão do orçamento é importante para o desenvolvimento do país?
Porque um dos grandes problemas, atualmente, passa pela forma como a cooperação é feita.
A cooperação durante muitos anos financiou projetos de cooperação mas não mudanças
estruturais no desenvolvimento do país. Houve um período entre 2005-2010 em que os
doadores mais ricos iniciaram a fazer uma nova política de cooperação—financiar o orçamento
de Estado. Tal, era uma maneira de capacitar em termos de finanças públicas esse país, um
processo de fortalecimento de elementos estatais no país. Isto torna-se importante porque se o
orçamento funcionar, os cidadãos desse país podem participar mais e na política do país.
(exemplo: Congo), assim, não há distanciamento com o Estado. Se houver um distanciamento
há dificuldade na capacitação do Estado.
Quando pensamos em capacidade do Estado pensamos no orçamento do Estado.
Atualmente, fala-se do Open Budget Survey , um report que observa os orçamentos. Expõe
até que ponto um orçamento é transparente para o cidadão. Se o cidadão não saber como é
gasto o dinheiro não há mais participação política e envolvimento da sociedade.
A boa ou má resposta ao COVID depende da capacidade do estado independente do
regime político.
. Governação, Corrupção e Pactos Políticos
A ausência de capacidade de Estado é uma das maiores causas da pobreza e
desigualdade no mundo. Sem Estados não há desenvolvimento e pouca oportunidade para o
desenvolvimento que é necessário para abolir a pobreza global. O desenvolvimento asiático
veio realçar o papel do Estado e estimular o repensamento no papel do Estado. Começou a
pensar-se no Estado.
O Banco Mundial reconhece a centralidade do Estado no desenvolvimento económico e
social. Estes WDR ou relatórios de desenvolvimento mundial são importantes porque moldam
as políticas para a cooperação para o desenvolvimento dos doadores bilaterais e multilaterais.
Assim, surge um novo pensamento baseado em 3 fatores:
1. O sucesso da Ásia Oriental serviu para salientar o facto de que até mesmo
economias orientadas para o mercado precisam de Estados capazes para que
funcionem e cresçam;
2. Nos anos de 1990, a comunidade internacional começou a preocupar-se de
forma crescente com Estados profundamente disfuncionais e frágeis (Haiti,
Sierra Leoa, Afeganistão);
3. A comunidade internacional voltou (mais uma vez) a esperar que os Estados
respondessem às necessidades básicas das suas populações e garantissem o
acesso a serviços sociais essenciais.
É nesta altura que emerge as Estratégias nacionais de Redução da Pobreza (Poverty
Reduction Strategy Papers) e dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio a partir de 2000.
Tais estratégias e objetivos vieram fortalecer ainda mais a expectativa de que cabe ao Estado
assegurar o acesso universal a serviços básicos de saúde e de educação, mesmo que não seja
considerado como o único fornecedor ou stakeholder no desenho de uma estratégia de
desenvolvimento nacional. As Estratégias Nacionais de Redução da Pobreza efetivamente
introduziram processos de planeamento coordenados pelo Estado.
O caso da União Europeia A boa governação a nível político, económico, social e
ambiental é essencial para assegurar um desenvolvimento sustentável e inclusivo. O apoio da
União Europeia à governação deve passar a ocupar um lugar mais importante em todas as
parcerias, que devem nomeadamente incentivar a realização de reformas orientadas para os
resultados e insistir em compromissos por parte dos países parceiros em matéria de direitos
humanos, democracia e Estado de Direito, bem como de resposta às aspirações e às
necessidades das suas populações. Este foco no Estado, parte do reconhecimento da
necessidade de capacidades administrativas para haver uma boa regulação que garanta um
desenvolvimento sustentável. A União Europeia fornece a ajuda condicionada a estes termos.
Só recebe a ajuda quem defende os Direitos Humanos, a democracia, Estado de Direito, etc.
Assim, dá-se uma evolução de getting the market right (Consenso de Washington) para
“getting the institutions right” (Pós- Consenso de Washington). Isto é, começa-se a passar o
interesse do desenvolvimento/ boa governação do mercado para o Estado uma vez que, este e
outras instituições são necessários para promover e garantir o desenvolvimento.
Mas a visão do Estado continua a ser tendencialmente negativa. Este está minado por
corrupção, etc.
Assim, emerge é a agenda da boa governação, uma agenda normativa e não pacífica.
Isto é, para haver desenvolvimento é preciso haver Direitos Humanos, democracia, etc. Isto
tem implicações quando se tenta impor uma agenda que traz consigo dinheiro e capacitação
para o desenvolvimento. É considerada uma Agenda multilateral que contém logo e a priori um
conjunto de normas/princípios padrões/ instituições que se consideram essenciais para o
Estado desempenhar bem as suas funções, isto é, Estado de Direito, democracia e Direitos
Humanos. Sem estes padrões mínimos, assume-se que os Estados não irão alcançar o
desenvolvimento desejado. O caminho é de mais transparência, mais prestação de contas,
resultados, etc. O Banco Mundial criou indicadores ao nível da governação.
. Abordagens das capacidades e do paradigma do desenvolvimento humano
Amartya Sen  abordagens de capacidades que está subjacente ao desenvolvimento
humano. Este argumento tem poucas décadas de existência mas tem tido muito sucesso. Este
tem uma perspetiva muito mais ortodoxa no que toca, por exemplo, à epistemologia.
Importa mencionar que Amartya Sem publicou em 1981 a obra “Poverty and famine: an
essay on entitlement and deprivation”. Isto é muito importante uma vez que, a abordagem à
fome e à subnutrição utilizada é a FAD—Food Availability Decline. Segundo esta abordagem,
a principal causa de fomes era um problema de oferta, uma queda de oferta de alimentos
devido a diferentes razões como por exemplo, as condições climatéricas, etc.
Amartya Sen defende que na maioria das vezes esta não é a principal razão que origina
as fomes. Isto pode acontecer mas não é regra geral. A principal razão para Sem são os
Direitos e como as pessoas acedem/adquirem os alimentos. Existem três formas de aceder a
alimentos:
1. Produtores
2. Mercados
3. Distribuição por parte do Estado/ ONG’s
A fome acontece quando todas estas formas de aceder a alimentos falham. Para estas
falharem é necessário que haja uma imperfeição/ falha a nível económico ( subida de preços e
não de rendimentos, etc) e a nível político.
Em 1981, Sem afirma que numa democracia funcional nunca existiu uma fome
generalizada. Pode existir fome e subnutrição mas a um nível localizado. Assim, conclui-se que
a problemática da fome/ subnutrição deve ser analisada através dos seus canais e de como se
acede/adquire os alimentos.
Amartya Sen em 1989 inicia o desenvolvimento teórico da abordagem das capacidades.
A abordagem nasce da insatisfação de como a economia trata o problema de avaliação do
Bem-Estar ( rendimento, produção mercantil, etc).
Tabela: países com o PNB mais baixo têm uma
expectativa de vida à nascença mais alta.
Surge a seguinte questão: até que ponto faz sentido olhar para estes métodos de
produção mercantil e de rendimento como medidores de Bem-Estar?
A resposta a esta questão é que se deve olhar para os fins em vez de se olhar para os
meios, isto é, deve olhar-se para a saúde, educação, etc e não para a riqueza, rendimento,
crescimento económico, etc. Garantir a saúde e a vida humana deve ser a grande
preocupação.
Para todos os indivíduos a vida e o Bem-Estar significam alcançar ou realizar diversos
funcionamentos. Os funcionamentos  cada vez que há possibilidade de fazer ou ser algo, são
coisas valiosas para os indivíduos. Existem alguns funcionamentos mais elementares como a
nutrição, fugir da mortalidade e obesidade, etc e existem outros mais secundários como por
exemplo, obter respeito próprio, fazer parte da comunidade, aparecer em público sem
vergonha, etc.
A capacidade de uma pessoa é uma noção derivada: esta reflete as várias combinações
de funções que pode realizar. Reflete a liberdade de uma pessoa de escolher entre diferentes
formas de vida.
Assim, conclui-se que o argumento base é: para avaliar o Bem-Estar deve-se
preocupar-se com todos estes funcionamentos.
Mas mais do que isso, deve-se concentrar na definição de capacidade. Capacidades
são funcionamentos potenciais à disposição do indivíduo, há uma liberdade de escolha.
No entanto, são preciso recursos de diferentes tipos para ter diversas capacidades.
Exemplo: ler um livro implica saber ler e ter acesso a esse livro. Existem diversas formas/
recursos para aceder a este funcionamento.

Fatores conversores Escolhas

Recursos  Capacidade  Funcionamentos


Capacidade é uma análise objetiva e um conjunto potencial de escolhas à disposição da
sociedade. O enfoque deve ser nas capacidades porque na passagem de recurso para
capacidade vão surgir diversos fatores de conversão. Exemplo: diferenças ao nível de recursos
que não leva a iguais capacidades. Podem ser necessários diversos recursos para iguais
capacidades. Na passagem de capacidade para funcionamento há liberdade de escolha. Poder
escolher  Desenvolvimento ; Expansão das escolhas à disposição da sociedade 
Desenvolvimento.
Assim, considera-se que isto é o contrário do commodity based metric, isto é excesso
de concentração nos meios em oposição aos fins, quando às vezes há uma correspondência
pobre entre eles. Negligência de direitos, liberdades e agência humana. Contrasta, ainda, com
a economia da felicidade e utilidade. A economia da felicidade não é considerada adequada
porque é muito subjetiva e é dotada de ajustamento hedónico. Ajustamento hedónico  as
pessoas tendem a ajustar-se quando encontram um choque/ mudança na vida. Estes ajustam-
se à sua perceção e voltam a caminhar para a felicidade mediana. O objetivo do
desenvolvimento deve ser expandir o universo de escolhas.
A abordagem da capacidade pode ser usada para substanciar as preocupações
avaliativas do desenvolvimento humano. Esta aponta para a necessidade de se ver o
desenvolvimento como uma combinação de processos distintos, invés de como a expansão de
alguma magnitude aparentemente homogênea, como renda real ou utilidade.
As coisas que as pessoas valorizam fazer ou ser podem ser bastante diversas. O
desafio do desenvolvimento humano exige atenção a uma variedade de questões setoriais e a
uma combinação de processos sociais e económicos.
Certas conquistas têm múltiplas influências no desenvolvimento humano. Exemplo:
saúde: valioso em si mesmo (ser saudável), mas também instrumental de diversas maneiras,
como aumentar a produtividade e, portanto, a renda; mas também na expansão da capacidade
de converter rendas e recursos em uma vida boa.
A abordagem pode ser utilizada com fins de desenvolvimento de políticas mas também
para avaliar os progressos de desenvolvimento da sociedade. No entanto, esta encontra
problemas, por exemplo: o que as pessoas querem fazer ou ser são múltiplas e infinitas; alguns
fatores/ capacidades são instrumentais para outros fins e são fins em si mesmos.
Tudo isto torna mais difícil a sua operacionalização. Embora seja uma teoria rica, é
muito difícil de operacionalizar.
As ideias de Sen foram influentes nos sistemas das Nações Unidas. O trabalho de Sen
em funcionamentos e capacidades forneceu a base para o novo paradigma. A sua abordagem
definiu o desenvolvimento humano como o processo de ampliar as "funções e capacidades de
uma pessoa para funcionar, a gama de coisas que uma pessoa pode fazer ou ser em suas
vidas".
Os Relatórios do Desenvolvimento Humano deslocaram o enfoque da economia de
desenvolvimento das questões relacionadas com o PIB para questões mais humanistas, houve
uma mudança de paradigma. Estes relatórios são anuais.
O estabelecimento de ferramentas de medição foi fundamental para a introdução do
desenvolvimento humano como um paradigma alternativo. Ul Haq estava convencido de que
uma medida simples e combinada de desenvolvimento humano era essencial para convencer o
público, os académicos e os formadores de políticas. Sen inicialmente opôs-se a essa ideia. Ul
Haq insistiu que apenas um único número poderia desviar a atenção  o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH). Se os relatórios procurassem aferir o quão amplas são as
escolhas, ou seja, qual seria a forma mais fidedigna de o fazer. Se se seguisse este caminho
não se iria conseguir influenciar o discurso político. A única forma de se conseguir influenciar
era, como mencionado anteriormente, através da criação do IDH.
O IDH pretende representar de forma possível a expansão do grau de escolhas e
capacidade. O IDH foca-se na capacidade de sobreviver, ser saudável e ter conhecimento e ter
uma vida decente por meio dos seguintes indicadores: taxas de alfabetização e escolaridade,
expectativa de vida e rendimento. Escolheram-se estes fatores devido à sua universalidade e
elementaridade. Estes são instrumentos e capacidades ao mesmo tempo.
O IDH é um indicador compósito
com 3 dimensões.
O índice constrói-se com um
valor entre 0 e 100. Este permite
assegurar o sucesso desta perspetiva
alternativa e capturar a atenção do
debate mediático e político. No entanto, existiram diversos outros fatores que foram
desenvolvidos, como é o caso das disparidades de género, etc.
O conceito de desenvolvimento humano é muito mais complexo e amplo do que a sua
medida. É sobre as pessoas serem capazes de viver em liberdade e dignidade, e serem
capazes de exercer escolhas para seguir uma vida plena e criativa. No entanto, o próprio
sucesso do IDH contribuiu para uma interpretação restrita da abordagem do desenvolvimento
humano.
No entanto, a introdução do IDH chamou a atenção dos formuladores de políticas e os
levou a perguntar o porquê de alguns países alcançaram níveis de IDH muito mais altos do que
seus níveis de rendimento per capita.
Consenso de Nova Iorque: evento derivada da abordagem das capacidades e do
desenvolvimento humano. A partir desta abordagem analítica, um conjunto de políticas
gradualmente fundiu-se ao longo dos anos. Principais pontos do Consenso de Nova Iorque: dá-
se prioridade ao desenvolvimento social, saúde, educação, importância da equidade;
Crescimento económico gera recursos para o desenvolvimento humano em suas diversas
dimensões; realização de reformas políticas e sociais para uma governança democrática que
assegure os direitos humanos para que as pessoas possam viver em liberdade e dignidade,
com maior agenciamento coletivo, participação e autonomia; Equidade nos três elementos
acima, com preocupação por todos os indivíduos, com atenção especial para os oprimidos e os
pobres, cujos interesses são frequentemente negligenciados nas políticas públicas, bem como
a eliminação da discriminação contra as mulheres; Reformas políticas e institucionais a nível
global que criam um ambiente económico mais propício para que os países pobres tenham
acesso aos mercados, tecnologia e informação globais.

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