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AUTO Biografia
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A maior parte do tempo estava com a minha mãe e os meus irmãos, o meu
pai estava a maior parte do tempo a trabalhar em Lisboa. Sentia-me feliz
por viver num sítio lindo e com muito espaço para brincar.
Aos 10 anos, eu, a minha mãe e os meus 5 irmãos viemos ter com o meu
pai a Lisboa, foi um momento muito triste, pois não gostei do sítio onde
fomos morar, porque não tínhamos a mesma liberdade para brincar.
Passado algum tempo conheci outras pessoas, fiz novas amizades, algumas
ainda mantenho até hoje. Ainda me lembro da minha professora do 4º ano
que sempre tive um carinho muito grande por ela, os passeios que fizemos
organizados pela escola, ainda hoje recordo, e gosto de ver as fotografias
Éramos uma família feliz, muitas pessoas lá em casa, muita gente a falar ao
mesmo tempo, e ainda veio um tio mais novo, irmão da minha mãe viver
connosco quando o meu avô faleceu, que eu e os meus irmãos ainda hoje o
consideramos com irmão e os filhos chamam-nos de tios.
No período em que estiva em casa sem estudar como filha mais velha,
ajudava a minha mãe a cuidar dos meus irmãos e da casa enquanto ela ia
trabalhar, esta experiência permitiu que eu muito cedo criasse em mim um
sentido de preocupação e responsabilidade muito grande, penso nos outros
muitas vezes antes de mim.
Aos 14 anos, então já com 8 irmãos, comecei a trabalhar num infantário que
tinha aberto no bairro onde vivia como auxiliar de educação. A Directora do
infantário ao fim de algum tempo incentivou-me a ir estudar à noite, falou
com os meus pais e com alguma dificuldade lá conseguiu que me
deixassem ir. Esta mulher sempre esteve presente na minha vida a
incentivar-me a continuar a estudar, e quando me casei foi ela que fez o
meu vestido de casamento e me ofereceu.
Durante vários anos trabalhei e estudei à noite, casei aos 25 anos e tive o
meu único filho aos 27 anos, não conclui o ensino secundário pois a
gravidez não correu muito bem e vi-me obrigada a desistir.
Considero que sou uma pessoa feliz, tenho alguns amigos que mantenho
desde a infância, a minha família sempre me apoiou nas decisões que tomei
Hoje com 46 anos decidi que ainda me faltava concluir os meus estudos,
aprender novas coisas, e com o meu filho já crescido, decidi que estava na
altura de poder continuar e até quem sabe ir para a faculdade.
C.M.
Janeiro de 2009