Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ABANDONO MORAL
_____________________________
Sujeito ativo é o pai, mãe, tutor, curador e qualquer pessoa que tenha, sobre o
menor de 18 anos, o poder de autoridade, guarda ou vigilância.
Sujeito passivo é a pessoa menor de 18 anos que esteja sob a autoridade, guarda ou
vigilância do sujeito ativo.
26.2 TIPICIDADE
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles
O verbo empregado como núcleo do tipo é permitir, que significa deixar, autorizar,
concordar, consentir, tolerar, anuir, aceitar, deixar, enfim. Tem um significado claramente
indicativo de uma conduta omissiva. É que o agente tem o dever de zelar pela educação e
formação moral do menor e, por isso, está obrigado a impedir que ele sofra influências que
possam prejudicar seu desenvolvimento moral. A permissão pode ser expressa ou tácita. A
primeira quando o agente autoriza, verbalmente ou por escrito, o menor a realizar o
comportamento que a norma proíbe. Tácita quando não realiza nenhuma ação visando a
impedi-lo.
São várias as condutas do menor que a norma busca coibir, impondo ao agente
impedi-las, a saber.
A convivência com pessoa viciosa ou de má vida, igualmente, deve ser evitada pelo
responsável pelo menor de 18 anos. Conviver significa ter contato freqüente, reiterado,
com determinada pessoa. Quer dizer encontrar-se regularmente com ela. Pessoas viciosas
ou de má vida são aquelas que se dedicam a práticas de crimes ou contravenções penais, ao
consumo ou comércio de substâncias entorpecentes, enfim, as que se comportam, em seu
dia-a-dia, de modo afrontoso a valores importantes da sociedade.
Espetáculo capaz de perverter o menor ou de ofender seu pudor é aquele que pode
causar a deformação dos valores morais. A esse respeito, reitere-se aqui que não se deve ter
como tal qualquer manifestação da criação humana que contenha elementos sexuais ou
libidinosos, só podendo ser compreendidos como perversão ou ofensa ao pudor as
manifestações que, deliberadamente, tiverem como finalidade a agressão à sensibilidade
das pessoas. Assim, há espetáculos e representações artísticas com conteúdo sexual ou
Abandono Moral - 3
libidinoso despidos de qualquer sentido ofensivo que, por isso, não se incluem na
proibição.
Por último, há crime quando o agente permite que o menor mendigue ou sirva a
mendigo, com a finalidade de despertar, nos outros, a comiseração. Mendigar é pedir
esmolas. Servir a mendigo é auxiliar a quem pede esmolas. A norma exige que a
mendicância se dê para induzir as pessoas a sentirem pena, dó, piedade ou a se condoerem
com o estado do mendigo, concedendo a esmola.
O crime é doloso. A omissão do sujeito ativo deve ser consciente. Ele deve saber que
o menor freqüenta o local proibido, convive com a pessoa viciosa, participa da
representação, mora ou trabalha em casa de prostituição, mendiga ou serve a mendigo
para excitar a comiseração pública. Se não sabe, não há fato típico. Além de saber, deve
comportar-se com vontade livre de se omitir, isto é, deve permanecer inerte por decisão
própria e livre. Não haverá crime quando o menor já se libertou, na prática, da autoridade
paterna, dela desdenhando ou simplesmente desobedecendo à ordem. Aí não se
reconhecerá a omissão, que, aliás, não terá ocorrido, embora tenha sido ineficiente
eventual ordem dada pelo pai.
O responsável pelo menor não está obrigado a gestos heróicos, mormente nos dias
de hoje em que cada vez mais cedo os jovens tomam para si as rédeas de seu destino,
muitas vezes agredindo e ofendendo seus genitores. Não se irá, por isso, punir o pai que,
impotente, não consegue mais dirigir a formação moral de seu filho, quedando-se inerte
depois de muitas tentativas de orientá-lo para uma vida digna e de respeito para com seus
semelhantes.