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NICOLAU COPÉRNICO (1473 - 1.

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Astrônomo e matemático, defendeu a teoria heliocêntrica do Sis-
tema Solar, indo na contramão da crença hegemônica na sua
época. Foi no ano da sua morte que ele permitiu a publicação do
seu livro chamado “Da revolução de esferas celestes", tido até
hoje como um marco importante para o surgimento da astronomia
moderna.
LEIA E ESCREVA COM IMAGENS
Diretores de cinema contam Charles Chaplin. Tente respon- Agora, assista o trailer do momentos dramáticos, ficou
suas histórias escrevendo com der essas duas perguntas: filme “Zuzu Angel”: quais as- curioso, se surpreendeu...
a linguagem verbal e com lin- pectos chamaram sua atenção Essas suas reações se
guagens não-verbais de som e 1.Qual é o gênero de cada nesse trailer? Por quê? devem ao modo como o con-
imagem. E os espectadores, um dos filmes? Como você teúdo foi apresentado, usando
mesmo que não dominem os sabe? Perceba que, mesmo sem recursos básicos do cinema:
códigos dessa linguagen não- saber localizar os recursos planos e ângulos de câmera,
verbais (pelo menos do jeito 2.Quais aspectos do trailer muito bem, na maioria das montagem, diálogos e trilha so-
que o fazem com a linguagem chamaram mais sua aten- vezes, você é capaz de inter- nora.
verbal), sabem interpretar as in- ção? Por quê? pretar a linguagem de cada trai-
tenções do diretor, decodifi- ler, do modo que os diretores Agora, assista o vídeo
cando os elementos do texto Perceba que você sabe dis- queriam que você o fizesse. “Karen quer tomar café”, e
audiovisual. Faça um teste. Pri- correr sobre a mensagem, ana- Você ficou atento, reuniu um preste atenção nos diversos
meiro, assista o trailer do filme lisando a estética das cenas, o fragmento com outro para gerar modos possíveis de filmar uma
“Veludo Azul”, do diretor David modo como os pedaços foram sentido ao que estava aconte- cena banal, como uma pessoa
Lynch.Depois, assista o trailer juntados, o papel que a música cendo na tela, riu nos momen- produzindo uma xícara de
do filme “Monsieur Verdoux”, de tem no filme... tos engraçados, ficou triste nos café...

PLANIFICAÇÃO
Plano geral - é o mais aberto de todos e mostra paisagens inteiras
Plano aberto - mais fechado que o geral e mostra ambientes internos ou externos
Plano Americano - foca o personagem do joelho para cima
Plano médio - foca o personagem da cintura para cima
Close - foca o rosto ou objetos
Super close - foca um detalhe do personagem ou dos objetos

Os planos mais abertos são mais objetivos, e servem para localizar o local e a época onde se passa
a narrativa, mostrar um encadeamento de fatos etc. Os planos mais fechados são mais subjetivos;
os planos americano e médio são usados quando devemos presta atenção em gestos ou diálogos
dos personagens e os closes servem para evidenciar a emoção que o personagem está sentindo
naquele determinado momento.

ANGULAÇÃO
Panorâmica - a câmera desliza ao longo de um eixo horizontal ou vertical
Travelling - a câmera se desloca para dentro da imagem
Zoom in - a câmera se aproxima de um ponto
Zoom out - a câmera se afasta de um ponto
Chicote - a câmera se desloca rapidamente de um ponto a outro, deixano um rastro
Plongée - captação de cima para baixo
Contra-plongée - captação de baixo para cima

Panorâmicas, travellings e zooms são movimentos que exploram a cena: as panorâmicas são mais
descritivas, os travellings e zooms são mais introspectivos, porque reproduzem movimentos que dão
ao espectador a sensação momentânea de estar no lugar do personagem. Esses movimentos tam-
bém fazem o espectador ter a sensação de que está entrando na cena, e são responsáveis por
gerar a imersão típica da experiência de assistir um filme.

-O chicote é um recurso estético muito dinâmico que liga rapidamente pontos diferentes da cena, o
plongée dá mais poder ao espectador, que vê a cena de cima, e o contra-plongée dá mais poder ao
personagem, porque coloca o espectador num plano mais baixo.

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Identifique os planos em cada um dos 12 stills retirados do trailer do filme “Zuzu Angel”.
Qual parece ser a intenção do diretor ao escolher esses planos? Responda na próxima página.

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UM TEXTO COM COMEÇO, MEIO E FIM
A idéia de estrutura narrativa foi criada no campo teoria da de um conflito, que rompe com a normalidade; 3. a solução do
literatura (Todorov)e da semiologia (Barthes) e pode ser adap- conflito, criando uma nova situação de normalidade, modifi-
tada à produção de pequenos webvídeos na escola. Segundo cada pelo coflito surgido. Tal estrutura é tão universal, que
Todorov, a estrutura narrativa clássica pode ser dividida em pode ser encontrada nas mensagens mais suscintas, como
três partes: 1. uma situação de normalidade; 2. o surgimento nas tirinhas de jornal. Observe:

Nojinsky
Folha de S. Paulo, 15/12/2008

Níquel Náusea
Folha de S. Paulo, 12/05/2009

Chico Bacon
Folha de S. Paulo, 18/04/2009

Níquel Náusea
Folha de S. Paulo, 18/04/2009

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Um pouquinho de teoria literária... As macro-proposições no Plano
Segundo Tzvetan Todorov (2003) uma narrativa se opera como um sistema que tem Narrativo (Pn) definidas por
sua própria lógica interna ou “gramática”. Todorov, numa sequência narra-
tiva, são essas:
A maioria de narrativas (no mito, no conto, no romance) se organizam segundo este
(Pn1): corresponde à situação es-
esquema: uma força ou por um poder criam um problema ou um distúrbio. A situa-
tável inicial.
ção estável é influenciada por distúrbios, complicações e obstáculos. Então, é pre-
(Pn2): se refere à força que a vem
ciso que haja uma transição de um equilíbrio, através de um desequilíbrio, para um
perturbar, a trazer o conflito.
equilíbrio novo.
(Pn3): corresponde ao estado de
Nem sempre todos os momentos desta estrutura narrativa são apresentados pela
desequilíbrio resultante.
trama, mas, como leitores, nós os deduzimos.
(Pn4): refere-se à força em sentido
inverso que vem restabelecer o
A idéia básica de Todorov pode ser melhor descrita segundo essas categorias:
equilíbrio.
1. Exposição - o equilíbrio inicial, um estado da normalidade, estabilidade, ordem
(Pn5) corresponde ao novo equilí-
social.
brio estabelecido.
2. Rompimento - um evento causado por um agente da mudança cria um desequilí-
brio, criando um problema.
Assim, ele esquematiza a narração
3. Complicação - uma série dos obstáculos ocorre, que faz com que continue o es-
da seguinte forma:
tado do desequilíbrio.
4. Clímax – o ponto dramático do conflito, excitamento ou tensão. Pn1 = Estado inicial
5. Fechamentos - o protagonista principal resolve o problema, obtém o objetivo, (antes do processo)
cumpre o desejo, restaura a ordem e instiga um equilíbrio novo.
Pn2 = Função que abre um pro-
Na transição de um estágio ao seguinte, os personagens e as situações são trans- cesso
formados no processo do rompimento. O rompimento permite que alguns persona- (início do processo)
gens modifiquem seu comportamento "normal". No estágio final, os personagens, as
ações e o comportamento são "re-normalizados" e retornados a um estado de equilí- Pn3 = Processo propriamente dito
brio, porém diferente daquele inicial. O modelo pode se aplicar a quase toda narra- (processo)
tiva convencional, embora cada estágio do desenvolvimento narrativo possa ser
estudado mais detalhadamente. Pn4 = Função que fecha o pro-
cesso
Uma outra etapa importante na análise narrativa é a caracterização do ompimento (fim do processo)
inicial, ou a maneira em que a trama é provocada. A natureza do rompimento pode
ser genérica. Nos gênero de westerns, por exemplo, o rompimento é causado geral- Pn5 = Resultado - Estado final
mente por um intruso ou por uma invasão fora da comunidade. Em uma história de (após o processo)
horror o rompimento é causado por um monstro (BRANSTON, 2006).

Força
perturbatória ação

Estabilidade Desenvolvimento Estado


inicial da trama final

solução da trama
Força
restabelecedora
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ESCREVA O SEU TEXTO AUDIOVISUAL
Considere a aula sobre Gnomon da semana passada. Observa as imagens e os clips Storyline é um texto curto
de vídeo disponíveis no CD. Organize a experiência em uma estrutura narrativa com co-
que sintetiza a narrativa,
meço, meio e fim, escrevendo um storyline e uma sinopse. Depois, imagine a sinopse em
enfatizando a cadeia de
termos de imagens. Tente maginar o desenvolvimento, preenchendo o storyboard. Se
eventos da história. Os ro-
você não sabe desenhar, não tem problema! Faça com o tradicional “homem palito”. O
teiristas profissionais cos-
importante é expressar graficamente a composição das cenas e os planos de câmera.
tumam dizer que, se você
não consegue fazer uma
EXEMPLO DE SCRIPT storyline, muito provavel-
STORYLINE: Festança no Panteão é atrapalhada por uma estranha explosão e os deuses-planetas mente é orque você não
convocam cientistas e astrônomos de diversas épocas para ajudá-los a solucionar o problema tem uma boa história...
SINOPSE: A história começa com uma festa agradável e charmosa no Panteão romano. Estão todos
alegres, bebendo e comemorando o aniversário de Vênus, a deusa da beleza e do amor. De repente,
uma explosão misteriosa nos céus põe Roma e o Panteão em pânico. Atônitos, os deuses-planetas
enviam o mensageiro Mercúrio para falar com os astrônomos e cientistas de todas as épocas, que se
Sinopse é um texto um
reuniam em outra festa. Eles pensam coletivamente para solucionar o problema. Estão já avançados,
pouco mais longo que o
quando Einstein aparece e, fazendo as perguntas que lhe são típicas, deixa todos com os miolos fer-
vendo. storyline, em que o rotei-
rista sintetiza aspectos
PISTA DE IMAGENS PISTA DE SOM centrais da história, mas
Plano geral da festa Entra Background (BG) musical cuidando para criar uma
visão de conjunto. Nesse
Plano médio de Vênus flertando com Saturno Narrador (deixa inicial): “Aquela seria mais uma
texto podem ser indicadas
charmosa festa no Panteão Romano, daquelas
Close de Júpiter desaprovando o flerte
as funções dos protagonis-
que os deuses...
tas e antagonistas e a in-
Efeito gráfico “dissolver” Fim do BG tenção da narrativa.

Close numa explosão Efeito sonoro de explosão

Plano aberto dos deuses assustados, tentando Narrador (deixa final): É o final dos tempos! Script é o roteiro de ci-
se proteger da explosão nema ou TV. Estrutural-
mente, um script de vídeo
Plano médio de Júpiter Efeito sonoro de relógio (tic-tac)
é composto por quatro par-
tes:
E, ASSIM, O SCRIPT CONTINUA... 1. Título do filme
2. Storyline
3. Sinopse
BACKGROUND (ou BG) é o nome que DEIXA (inicial e final) são as primeiras e as 4. Pista de vídeo
se dá à música de fundo comumente últimas falas do narrador ou dos personagens. (onde são anotadas
usada em vídeo. Essa música deve com- Servem para que o editor saiba exatamente todas as informações para
binar com o “clima” das cenas: calma, en- onde cortar a gravação. a imagem: planos, ângu-
graçada, tensa etc. Quando a cena tem los, textos que possam
diálogos, é importante que a música não aparecer na tela)
STORYBOARD é o nome que cineastas
atrapalhe a compreensão do que está 5. Pista de áudio
e produtores de vídeo dão para uma
sendo dito. (que contém as anotações
série de desenhos que mostram o modo
como as principais cenas de um filme, sobre os sons que forem
uma novela, um comercial ou um docu- aparecer: diálogos, efeitos
mentário serão captados e ordenados. e trilha sonora).

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O COMEÇO Escolha imagens, planos e ângulos que tenham um clima de normalidade, rotina...

O MEIO Ao menos uma imagem precisa ter uma conotação de tensão, freio, susto, conflito...

O FIM Escolha imagens que tenam conotação de equilíbrio e normalidade novamente,


mas que sejam, de algum modo, diferentes das imagens iniciais

Agora, pense numa narração para o seu filme. Essa narração pode ser gravada em áudio ou apare-
cer me frames, como nos filmes mudos de Charlie Chaplin.

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