Você está na página 1de 6

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02616/06

Objeto: Pedidos Alternativos de Anulação de Acórdão ou de Devolução do Prazo para Recurso


Relator: Auditor Renato Sérgio Santiago Melo
Impetrante: José Edivan Félix
Advogados: Dr. Johnson Gonçalves de Abrantes e outros
Procuradora: Sra. Gisele Silva de Farias

EMENTA: PODER EXECUTIVO MUNICIPAL - ADMINISTRAÇÃO


DIRETA - PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAIS - PREFEITO - AGENTE
POLÍTICO - PARECER CONTRÁRIO - GESTOR FISCAL -
ATENDIMENTO PARCIAL - ORDENADOR DE DESPESAS -
IRREGULARIDADE - IMPUTAÇÃO DE DÉBITO E IMPOSIÇÃO DE
PENALIDADE - ASSINAÇÃO DE LAPSO TEMPORAL PARA
RECOLHIMENTOS - DETERMINAÇÃO - DESENTRANHAMENTO DE
DOCUMENTOS - FIXAÇÃO DE TERMO PARA COBRANÇA DE
TRIBUTOS - ENVIO DA DELIBERAÇÃO A SUBSCRITORES DE
DENÚNCIA - RECOMENDAÇÕES- REPRESENTAÇÕES- MANEJO DE
RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO - PROVIMENTO PARCIAL -
INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM FACE DA
DECISÃO INICIAL - NÃO CONHECIMENTO - APLICAÇÃO DE
MULTA - FIXAÇÃO DE PRAZO PARA PAGAMENTO - PEDIDOS
ALTERNATIVOS DE ANULAÇÃO DE ACÓRDÃO OU DE DEVOLUÇÃO
DO PRAZO PARA RECURSO- Alegação de falha formal na apreciação
dos embargos - Ausência de notificação para sessão - Remédio
jurídico inexistente, ex vi do disposto no art. 31, incisos I a IV, da Lei
Complementar Estadual n. o 18/93 - Impropriedades na petição
apresentada - Preclusão temporal e lógica para propositura dos
declaratórios - Recurso que não se sujeita a preparo, não comporta
sustentação oral e, em regra, não enseja o contraditório. Não
conhecimento dos pedidos. Remessa dos autos à Corregedoria da
Corte.

Vistos, relatados e discutidos os autos dos PEDIDOS AL TERNA TIVOS DE ANULAÇÃO DE


ACÓRDÃO OU DE DEVOLUÇÃO DO PRAZO PARA RECURSO interpostos pelo Prefeito
Municipal de Catingueira/PB, Sr. José Edivan Félix, em face da decisão desta Corte de
Contas, consubstanciada no ACÓRDÃO APL - TC - 474/08, de 02 de julho de 2008,
publicado no Diário Oficial do Estado datado de 03 de julho do mesmo ano, acordam os
Conselheiros integrantes do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA, por
unanimidade, na conformidade da proposta de decisão do relator a seguir, em:

1) NÃO TOMAR CONHECIMENTO dos pedidos.

2) REMETER os autos do presente processo à Corregedoria deste Tribunal para tmedí ta-\
execução da decisão, conforme determinação anterior. . \)-: .

J . '~
~

~ \~\
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N.O 02616/06

Presente ao julgamento o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas


Publique-se, registre-se e intime-se.
TCE - Plenário Mlnistro João Agripino

João Pessoa, (I{ de '~Jfh:!c' de 2008

Auditor Ren

Presente:
Representant~~o
/V~L Público Especial
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02616/06

Cuida-se de pedidos alternativos de anulação do ACÓRDÃO APL - TC - 474/08,


fls. 3.500/3.507, de 02 de julho de 2008, publicado no Diário Oficial do Estado de 03 de
julho do corrente, fI. 3.508, ou de devolução do prazo para interposição de recurso,
formulados pelo Prefeito Municipal de Catingueira/P8, Sr. José Edivan Félix.

In /imine, cabe destacar que esta Corte, através do ACÓRDÃO APL - Te - 444/07, de 04 de
julho de 2007, publicado no Diário Oficial do Estado datado de 19 de julho do mesmo ano,
decidiu: a) julgar irregulares as contas da supracitada autoridade; b) imputar-lhe o débito,
na soma de R$ 79.583,44, referente à realização de despesas irregulares; c) fixar prazo para
recolhimento da dívida; d) aplicar multa ao gestor municipal, na importância de R$ 2.805,10;
e) assinar lapso temporal para recolhimento da penalidade; f) determinar a verificação de
registro contábil no exame das contas do exercício de 2006; g) ordenar o desentranhamento
de documentos para apuração de irregularidades em processo apartado; h) estabelecer
termo para cobrança de tributos; i) enviar cópia da decisão a subscritores de denúncia;
j) fazer recomendações ao Alcaide; e k) efetivar as devidas representações.

Em seguida, é importante salientar que este Tribunal, em sessão plenária realizada no dia 28
de maio do presente ano, mediante o ACÓRDÃO APL - TC - 368/08, fls. 3.191/3.196,
publicado no Diário Oficial do Estado de 10 de junho do corrente, fI. 3.198, ao analisar
reconsideração formulada pelo Chefe do Poder Executivo de Catingueira decidiu tomar
conhecimento do recurso e, no mérito, dar-lhe provimento parcial, apenas para reduzir o
débito imputado de R$ 79.583,44 para R$ 45.964,49, sendo R$ 16.699,01, relativos à
distribuição não comprovada de gêneros alimentícios para merenda escolar, e R$ 29.265,48,
concernentes a excesso de gastos com combustíveis.

Por fim, importa realçar que este Pretório apreciou os embargos de declaração interpostos
pelo Prefeito Municipal de CatingueiralPB, em face da primeira decisão desta Corte,
consubstanciada no ACÓRDÃO APL - TC - 444/07, mencionado acima, emitindo, então, o
ACÓRDÃO APL - TC - 474/08, fls. 3.500/3.507, em 02 de julho do presente ano, publicado
no Diário Oficial do Estado em 03 de julho seguinte, fI. 3.508. Nesta assentada, o Tribunal
deliberou pelo (a): a) não conhecimento dos embargos; b) aplicação de nova multa ao
Alcaide, no valor de R$ 2.805,10, tendo em vista o seu caráter meramente protelatório;
c) concessão de prazo para seu recolhimento; e d) remessa dos autos à Corregedoria, com
vistas à imediata execução da decisão.

Não resignado, o Chefe do Poder Executivo da Comuna, Sr. José Edivan Félix, por intermédio
do seu advogado, Dr. Johnson Gonçalves de Abrantes, encaminhou, em 14 de julho de 2008,
petição, fls. 3.509/3.510, onde alega, em síntese, que: a) após a publicação da decisão
inicial, foram interpostos embargos de declaração no prazo legal, que não foram conhecidos
pelo Tribunal; e b) houve falha formal no julgamento dos embargos, pois nem o interessado
nem os seus advogados legalmente constituídos foram notificados da inclusão do process
na pauta de julgamento da sessão plenária do dia 02 de julho de 2008. Ao final, pugna p a
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N.O 02616/06

anulação do acórdão que julgou os declaratórios ou, em caso de não acolhimento do pedido,
requer que seja devolvido o prazo recursal competente.

Solicitação de pauta para a sessão do dia 30 de julho do corrente, conforme fls. 3.518/3.519,
e adiamento para a presente assentada, consoante ata.

É o relatório.

A petição encaminhada pelo Prefeito Municipal de CatingueirajPB, Sr. José Edivan Félix,
através de seu advogado, Or. Johnson Gonçalves de Abrantes, apresenta diversas e graves
impropriedades, comprometendo, portanto, a sua acolhida. Com efeito, a primeira refere-se
à ausência de previsão do pedido ora formulado na Lei Orgânica do TCEjPB (Lei
Complementar Estadual n. o 18/93), o que evidencia uma tentativa de inovar a
processualística do Tribunal, bem como de impedir, mais uma vez, o andamento processual
e a execução do julgado. Neste sentido, é importante destacar que os recursos admitidos
contra as decisões proferidas por esta Corte de Contas estão indicados, de forma taxativa,
no art. 31, incisos I a IV, da referida norma, in verbis:

Art. 31. Em todos os processos sujeitos a julgamento pelo Tribunal, será


assegurada ao responsável ou interessado ampla defesa e das decisões
neles proferidas cabem recursos de:

I - apelação;

II - reconsideração;

III - embargos de declaração;

IV - revisão.

A segunda incoerência observada na petição em comento está na menção de que os


embargos de declaração anteriormente apresentados, visando modificar os termos do
ACÓRDÃO APL - TC - 444/07, foram interpostos pelo interessado no prazo legal.
Na realidade, os embargos foram encaminhados ao Tribunal em 20 de junho de 2008,
fls. 3.200/3.210, enquanto a decisão que ele pretendia reformar havia sido publicada no
Diário Oficial do Estado datado de 19 de julho de 2007, fI. 2.874, ou seja, após o transcurso
de 11 (onze) meses.

Sendo assim, importa repisar a argumentação já exposta na última deliberação contida no


ACÓRDÃO APL - Te - 474/08, fls. 3.500/3.507, onde ficou constatado que os embar
formulados pelo Chefe do Poder Executivo da Comuna, Sr. José Edivan 'Iix,
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02616/06

apresentavam-se preclusos, notadamente em dois aspectos doutrinariamente estudados,


quais sejam, preclusão lógica e preclusão temporal.

A preclusão lógica para apresentação de embargos de declaração passou a existir a partir do


momento em que o Alcaide interpôs recurso de reconsideração em face das decisões do
Tribunal de Contas quando do julgamento inicial da prestação de contas, demonstrando,
portanto, que a parte não vislumbrou quaisquer motivos para o ingresso dos declaratórios.

Já a preclusão temporal está latente diante da perda do direito de praticar um ato processual
pelo decurso do prazo fixado para o seu exercício, pois o acórdão embargado foi
devidamente publicado no Diário Oficial do Estado da Paraíba - DOE de 19 de julho de 2007,
como já dito, e o recurso de reconsideração, que suspende a decisão, foi interposto no 15°
dia da publicação, ultrapassando, de pronto, o prazo de 10 dias para propositura dos
embargos.

A terceira e última incorreção verificada diz respeito à alegação de falha formal no


julgamento dos embargos em razão da falta de notificação do interessado e de seus
advogados acerca da inclusão do presente processo na pauta de julgamento da sessão
plenária do dia 02 de julho de 2008. No entanto, é cediço que os declaratórios são recursos
que não se preparam, não comportam sustentação oral e, em regra, não ensejam o
contraditório, haja vista que eles não se destinam a um novo julgamento da causa, mas
apenas ao aperfeiçoamento ou integração da decisão já proferida.

Ademais, o próprio Regimento Interno da Corte - RITCEjPB, com base no art. 537 do Código
de Processo Civil - CPC, já determina, em seu art. 182, que o relator colocará o processo em
mesa na sessão subseqüente ao seu recebimento, verbatim:

Art. 182. O Conselheiro julgará os embargos em dez dias; no Tribunal, o


relator apresentará os embargos em mesa na sessão subseqüente,
proferindo Voto. (grifo inexistente no original)

Por fim, impende realçar que, no que concerne às notificações e intimações, o § 6°, do
art. 95, do RITCE/PB, renumerado pela Resolução Administrativa Te n.O 04/2005, estabelece
que o relator pode incluir na pauta processo cuja apreciação, a seu juízo, independa de
notificação às partes interessadas, como é o caso dos embargos declaratórios,
verbo ad verbum:

Art. 95. Sem prejuízo do disciplina menta da matéria através de ato


normativo específico, observar-se-á o disposto nos parágrafos seguintes no
tocante às notificações e intimações. '\

§10( ...) Y"-


/ •.•.•~1·
~\Y\J
~
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02616/06

§ 6° É facultado ao Relator fazer incluir na pauta processo cuja apreciação,


a seu juízo, independa de notificação às partes interessadas.

Ante o exposto, proponho que o TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA:

1) NÃO TOME CONHECIMENTO dos pedidos.

2) REMETA o tos do presente processo à Corregedoria deste Tribunal para imediata


execução da ecisão, onforme determinação anterior.

É a pr

Você também pode gostar