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R esumo
1. I ntrodução
2. O bjectivos
Este trabalho teve por objectivo principal averiguar e analisar quais os processos de
comunicação inerentes à utilização da SL e qual o seu potencial pedagógico. Para
podermos avançar com algumas concertações é necessário: i) Aferir sobre os
conhecimentos e utilização prévia da Second Life; ii) Compreender as principais
dificuldades sentidas no primeiro contacto com as técnicas básicas necessárias:
movimentação, orientação e comunicação do ambiente virtual 3D Second Life; iii)
Compreender a relação que se estabelece entre o “utilizador” e o seu “avatar”; iv)
Compreender a natureza dos processos de comunicação presentes na Second Life; v)
Estudar o possível impacto do ambiente virtual 3D Second Life na capacidade do
utilizador se relacionar com o(s) outro(s); vi) Compreender a influência do ambiente
virtual 3D Second Life, em contexto educativo, na natureza das relações entre:
aluno/aluno; professor/aluno; aluno/conteúdo; vii) Aferir da eficácia real da Second Life
3. M etodologia e P rocedimento
Após a tradução e resumo da obra de Walter Ong, Orality and Literacy, que se
realizou em grupo, em ambiente Moodle e recorrendo à utilização de wikkis ou
googledocs, a actividade prossegui em SL, onde se procedeu à preparação de uma
apresentação dos trabalhos elaborados em congresso virtual.
Figura 2 – Aula na Academia Figura 3 – Aula no exterior da Figura 4 – Preparação para o congresso
Academia, em ambiente sub-aquático Virtual, Grupo Laranja
Caracterização da SL, três dos entrevistados referem ter atribuído ao avatar criado
características pessoais e um considerou importante ter bom aspecto físico, sendo a
imagem projectada diferente da RL. Quando indagados se se preocupavam com a
imagem do seu avatar, um mencionou que não tinha preocupações, embora tenha
atribuído características e um estilo de roupa pessoais à sua representação neste
ambiente virtual. Os outros três inquiridos mencionaram ter alguma preocupação uma
vez que, referiu ainda um destes três, havia a “necessidade de se sentir bem com o
avatar para que os outros também se sentissem bem com ele”. Assim, quanto a
semelhanças à imagem da RL três respondem afirmativamente e um, atribuiu ao seu
avatar um “Bom aspecto físico”, sendo diferente da RL. Para conseguirem o aspecto
referido houve necessidade de se proceder a alterações, de acordo com as respostas
dadas por três dos entrevistados, sendo que um não respondeu. Quando se quis
averiguar a razão destas alterações, tivemos três respostas diferentes, na primeira é
referido, pelo entrevistado, “não ter apetência para se mostrar diferente do que é na
RL”, o segundo refere “sentir que o avatar e ele não são a mesma coisa, excepto na
mente”, e o terceiro “quer parecer e sentir-se identificado” através do seu avatar.
Relativamente à identificação dos colegas através dos avatares, dois dos indagados
indicam ter conseguido identificar, um através do nome criado e o outro colega refere
que depois das alterações físicas ainda ficou mais facilitada essa identificação. Para
os outros dois colegas não foi assim tão fácil, tendo um referido não ter conseguido
identificar os colegas, uma vez que “os colegas já eram virtuais” e o outro necessitou
de se socorrer de uma lista de correspondência entre avatar e colega, para conseguir
identificar os colegas. Quanto à forma de tratamento na SL, um dos entrevistados
referiu que tanto tratava os colegas pelo nome próprio, como pelo nome atribuído ao
avatar, enquanto os outros três utilizam o nome do avatar (à excepção de algumas
situações momentâneas, referidas por um destes três entrevistados). Esta forma de
tratamento é justificada de formas diferentes: por “falta de hábito”, por “estar noutro
mundo”, por ter considerado uma “convenção” e pelo facto de “ser uma outra vida
onde podemos ser e ousar”.
No que concerne a interacção quer em trabalho de grupo, quer em apresentações,
as respostas dividem-se entre voz e texto. Os que indicam a voz, referem-no porque
“permite mais liberdade e é mais próximo do mundo real”; e é mais imediato, uma vez
que o entrevistado “fala pelos cotovelos”. Os que indicam o texto, justificam o seu uso
“porque sendo um espaço virtual não faz sentido parecer-se com a RL, deve constituir-
se como uma alternativa” e “prefere os fóruns para debate de ideias”.
5. C onclusões
Depois de descritas e analisadas as quatro entrevistas, parece evidente que, apesar
de haver mais ou menos afinidade na utilização, movimentação e navegação em
ambientes virtuais, os entrevistados foram unânimes em considerar a SL uma
ferramenta com imenso potencial educativo. Não só consideram a SL como uma
ferramenta que estimula a criatividade, como também estimulante e inovadora, na
difícil moveres-te e navegares no Second Life? Aprende-se facilmente? Foi muito difícil
no princípio e fácil no fim? Ou diria antes que é sempre difícil?” No entanto, em alguns
casos o entrevistador reformulou questões, de forma a evitar momentos de silêncio.
Como referido, tratando-se de uma experiência recente em Comunicação Educacional,
considera-se esta entrevista como uma primeira abordagem à utilização, navegação,
movimentação, interacção, à situação vivida em contexto educativo, no ambiente
virtual SL. Nessa perspectiva, cobriu os objectivos a que se propôs.
A título pessoal, a passagem do Moodle para a SL exigiu uma nova adaptação, desta
vez mais rígida em termos de horários, não só pela sincronia, mas também pela
necessária aprendizagem das técnicas base de funcionamento deste ambiente,
totalmente novo.
Foi uma descoberta a vários níveis: emocional, tecnológico e educacional. Do ponto
de vista emocional permitiu vivenciar novas sensações e explorar uma identidade
virtual e a descoberta de uma nova forma de comunicar, estabelecer e estreitar
relações entre colegas e entre professores e alunos. Do ponto de vista tecnológico, o
contacto e exploração de um ambiente virtual 3D, o recurso à imagem e ao som e a
algumas das técnicas a eles associados, possibilitou um maior desenvolvimento das
competências e conhecimentos suscitado pela SL, bastando observar a enorme
quantidade de álbuns de fotos criados e de filmes realizados, no âmbito do congresso
e fora deste (http://picasaweb.google.pt/filomena.grazina/ViagemAoInteriorDeUmaCelula#;
http://picasaweb.google.pt/margarida.rosario.sousa). Do ponto de vista educativo, as aulas,
as viagens exploratórias, o desenvolvimento do trabalho de grupo e a apresentação do
congresso mostraram bem as enormes potencialidades da SL, como ferramenta
eminentemente colaborativa na aprendizagem, onde não há condicionalismos de
espaço, uma vez que cada participante se encontrava em lugares distintos; com uma
elevada interactividade entre os conteúdos e entre os participantes onde o saber, o
conhecimento se vai construindo individualmente ou colaborativamente; e (bem como)
o seu enorme potencial socializante, nomeadamente em contexto EaD.
A este percurso não foi alheio o profissionalismo e a disponibilidade da Profª. Mysa,
de quem nos orgulhamos de hoje poder chamar não só professora, mas também
amiga.
Para nós foi, é e será uma experiência a repetir e a explorar.
B ibliografia
KELTON, AJ (2008) - Virtual Worlds? "Outlook Good". EDUCAUSE Review, vol. 43,
no. 5
MOREIRA, António e al. (2009) – SECOND LIFE Criar, Produzir, Importar. Lisboa:
Fundação para a Divulgação das Tecnologias de Informação
ONG, W. J. (1982). Orality and Literacy – The technologizing of the Word. London:
Methuen,
MCEM – CE – 2009
“Uma Segunda Vida?” Análise de processos de Comunicação e potencial
pedagógico no Ambiente Virtual Second Life
G relha de Análise
avatar e q os outros
também se sentissem
da mesma forma ao pé
dele.
Avatar: particular e pessoal? Estilo de roupa. Semelhante à RL Diferente da RL Semelhante à RL
Alteração do avatar - Pequenas coisas , Na “skin”,nas roupas, Várias
roupa, aumento do …
nariz, corpo
ligeiramente diferente
Porquê? - Não tem apetência Sente o que o avatar e Quer parecer e sentir-
para se mostrar ele não são a mesma se identificada.
diferente do q é na RL coisa excepto na
mente
Identificação dos colegas nos avatares? Não Sim Sim, pelo nome avatar Depende, alguns
mas não pelo aspecto facilmente outros não.
gráfico do avatar.
Ou isso foi um problema? Os colegas já eram virtuais Antes das alterações - Ajudou a existência da
daí a dificuldade dos colegas nos lista pessoa-avatar
acrescida. avatares (inicialmente
eram todos iguais)
Forma de tratamento no Second Life: pelo nome Das duas maneiras. Avatar Avatar Avatar (com algumas
próprio ou pelo nome do avatar? excepções
momentâneas)
Porquê? Falta de hábito Estávamos noutro Achou que era Pelo facto de ser uma
mundo convenção outra vida onde
podemos ser e ousar
Trabalhos de grupo e apresentações: interacção Voz Escrita Texto Voz
por texto ou voz?
Porquê? Permite mais liberdade e é Porque sendo um Prefere os fóruns para Fala pelos cotovelos
mais próximo do mundo espaço virtual não faz debate de ideias.
intimidado(a)?
Ou não há diferença? - Sim Igualmente bem- -
humorado
O que sentiste quando o trabalho voltou a Maior facilidade e Mais sereno, Alívio Pena
centrar-se outra vez no Moodle? produtividade descansado.
Sensação de pena ou sensação de alívio? Não Mais individualidade no Alívio por questões de Pena, considerou uma
Moodle tempo, que resultaram mais valia para a UC,
em prejuízo nas outras face ao empenho e
UC, tempo que aqui as dedicação de todos e
vezes era gasto em da profª Mysa
divertimento e em
confraternizar com
colegas
Preferias continuar a unidade curricular no Moodle Onde tivesse que ser - -
Second Life ou no Moodle? (indiferente)
online, como por exemplo o Moodle? sl: ambiente de por uma progressiva objectivos: relativamente ao
consumidores e não de convergência e SL-interacção, Moodle por exigências
produtores; partilha de interdependência contacto rápido, técnicas do wardware
documentos é impossível sem entre estas duas diálogo e por
pagamento ou utilização de plataformas desconhecimento por
Moodle- mais ideias,
outra plataforma, o moodle. parte do utilizador das
menos reacção, mais
Excelente ambiente técnicas necessárias.
reflexão, produto mais
síncrono. elaborado.
As potencialidades do sl são
fantásticas, mas tem de ser
mais desenvolvido
nomeadamente na
apresentação de conteúdo:
visibilidade, velocidade,
custo.
Diferenças quanto à profundidade das Não Moodle, mais
aprendizagens e ao desenvolvimento do Moodle está mais reflexivo, maior Sim; SL mais criativo
espírito crítico e criatividade num ambiente desenvolvido, permite mais qualidade na no Moodle o sentido
como o Moodle e num ambiente como o Second reflexão e profundidade discussão; SL mais crítico é mais apurado
Life? criativo
Se há, porque achas que há? - - Assincronia/Sincronia -
O trabalho de grupo é facilitado ou dificultado Sendo mais uma ferramenta Facilitado, há discurso Apenas facilitado pela Depende da sintonia
com o recurso ao Second Life? pode ser um elemento directo não havendo a possibilidade de visitar dos elementos do
facilitador, pelas suas espera da assincronia. os recursos porque a grupo.
características, ou aumentar sincronia pode ser
o nível de dificuldade, facilmente substituída
quando o seu manuseamento por um chat como o
é incipiente. MSN, que por vezes
prefere.
Aspectos mais interessantes do Second Life? A semelhança com o mundo A partilha, a Possibilidade de A existência dos
real, a possibilidade de possibilidade de visualização 3D de mundos virtuais para
utilização de simulações e retratar situações objectos educacionais explorar, físicos e
modelos, a capacidade de reais em acção de (ciência e cultura). A
Comunicação Educacional MCEM 2009 21
Ana Margarida Sousa & Maria Filomena Grazina
“Uma Segunda Vida?” Análise de processos de Comunicação e potencial
pedagógico no Ambiente Virtual Second Life