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Tania Montandon
[Pensando
HumanaMente]
[Um convite à reflexão sobre e através da mente priorizando o que possui de mais humano
sobre o que concerne à existência do ser no mundo, seus conflitos, produções, sabotagens e
labirintos ignotos que o momento atual demanda. Somos convocados a ousar perscrutá-los e
possibilitar construções, desconstruções, reconstruções ou mesmo inovações na esperança de
uma mudança na consciência de cada um sobre si e sua relação com os demais e com a
natureza.]
I - O humano no ser existencial
O ser humano é aquele que pensa a Natureza. Através da fenomenologia, ele pode
ocupar um lugar de pensante de si e pode descrever essa consciência, que é o campo
onde todo fenômeno adquire sentido. É como uma ascese, o sujeito busca o
despojamento de si para estar purificado e propiciar a comunhão com a verdade.
A existência precede a essência. Esta é construída pelo conjunto dos atos, por
merecimento, conseqüências ... A liberdade do ser é proporcional à sua
responsabilidade. O único ser incondicionado é Deus, absoluto, sem relação de
determinação. O conceito de angústia caracteriza o efeito do conflito entre o fato do ser
humano ser livre e responsável concomitantemente, querendo ou não.
Nietzsche foi um filósofo ateu, não acreditava nas questões metafísicas e religiosas.
Trabalhou a vontade de realização dos instintos vitais do homem. Todos os obstáculos
precisam ser combatidos. O homem como um guerreiro da existência, devendo lutar
pela plenitude da alma. Visa à realização individual puramente. Inspira-se na seleção
natural de Darwin. Na Natureza inexistiria questão moral. Sobrevivem os mais aptos.
Hegel dizia que a realização do espírito absoluto faz com que as guerras sejam
necessárias.
É existindo que o ser humano vai dar forma à matéria-prima oferecida por Deus -
segundo Kierkergaard - e constituir sua essência através dos atos e omissões. A
qualidade da essência do indivíduo é de responsabilidade de cada um.
A liberdade humana é uma autonomia relativa, pois se manifesta como cunhas, brechas
no indeterminismo mundano. Somente o homem pode retroagir dentro do universo
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determinista, exercendo sua liberdade com suas escolhas. No entanto, nunca há garantia
de realização das possibilidades, o que também gera angústia.
A consciência dos limites é necessária para se ter uma existência autêntica. Deve-se
refletir sobre a morte, pois o homem é um ser para a morte. A lealdade para si é a
capacidade de compreender isso. O bem e o mal é circunstancial. Implícito a todo ser
vivo há o impulso à afirmação de ser, pois a vida quer continuar a ser sem limites,
contudo sempre deparando-se com o determinismo paradoxal que lhe é próprio: a vida
possui limites. Existe uma força que impulsiona o homem a viver apesar dos limites.
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II - O sem-sentido na Psicanálise
Lacan dizia, em 1949, que a loucura seria algo vivido inteiramente no registro do
sentido - definição feita a partir do delírio, que seria uma reconstituição do sentido
perdido pelo sujeito lá onde ocorreu uma dissolução imaginária do mundo. Para Freud,
isso ocorria quando o enfermo retira das pessoas e do mundo externo todo seu
investimento libidinal(de energia), fazendo com que tudo se torne indiferente e como se
não houvesse relação alguma com ele- o delirante, eis porque ele sente esta necessidade
urgente(tentativa de cura) de explicar para si o universo- aqui começa a elaboração do
delírio.
Esse trabalho de explicação do universo é o único meio pelo qual o sujeito pode voltar a
encontrar sentido pra sua vida. Sentido esse que está fora daquele entendido pela norma
simbólica do Complexo de Édipo, norma que rege a busca do sentido nos neuróticos,
ligada à sexualidade basicamente.
Já na psicose, esse processo falha e o sujeito não consegue articular essa simbolização.
Então encontramos na psicose as construções produzidas por essa falha, o inconsciente
fica como a céu aberto e há prevalência do significante. Entre essas construções estão a
alucinação verbal(há o modelo do significante desprovido de significado, de sentido
inteligível pela sociedade) como os pássaros miraculados de Schreber que não
conhecem o sentido das palavras que enunciam; também os fenômenos da alusão, da
perplexidade e da intuição - formas que o sujeito tenta trazer de volta ao Real os
significantes a que não conseguiu atribuir significado, sentido, não conseguiu
simbolizar. Seria o delírio, como formação imaginária, que traria sentido(ainda que não
entendido pela sociedade) aos significantes que forçam sua volta ao Real.
"O sentido de um sintoma na neurose como na psicose não é um sentido comum - não
há senso comum para o sintoma - ele é sempre singular. Por isso a psicanálise é o
avesso do discurso do mestre que produz o senso comum, o sentido partilhado. A
psicanálise deve levar o sujeito a produzir seu proprio sentido que não é comum. Se o
sentido é imaginário, o imaginário não é pura imaginação, o imaginário dá
consistência ao Real. O imaginário dá o efeito de sentido exigido pelo discurso
analítico: efeito real."(Quinet, in: Teoria e Clínica da Psicose)
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III - O poder como o mal da humanidade
Foucault mostra a necessidade de uma interpretação sobre o lugar das ciências humanas
na modernidad, assinalando as transformações sofridas pelas soceidades modernas em
relação às precedentes. Focaliza a genealogia do poder, buscando conhecer suas origens,
que são místicas e se desdobram até chegarem ao fato. O poder não está presente só no
presidente, no professor, no Papa... está também na capilaridade entre homens e
mulheres, adultos e crianças... O poder é um exercício de vida que ocorre nas relações,
uma via de mão dupla que caminha junto com o social. O que constitui os indivíduos,
gestos, desejos, maneira de ser é um efeito do poder e, ao mesmo tempo, seu centro de
transmissão.
A genealogia está atrás das fontes e dos conhecimentos. O enclausuramento dos loucos
permitiu aos psiquiatras entender algo da loucura, produziu saber. O poder produz o
saber. Produzir conhecimento é ir ao encontro do desconhecido, do inexplorado.
Foucault considera a genealogia uma anti-ciência por propor construir não uma teoria
sistemática do poder, mas uma análise que permita uma política de resistência e luta
contra as formas hegemônicas de dominação. Aposta numa relação inelutável entre
poder e saber. A genealogia não contraria a ciência em si, mas sim a função social de
exercício de poder. Denuncia os saberes como peça de ação política e também produz
saber, pois se torna efeito de seu exercício. Sim, uma contradição, não há saber neutro,
sempre é político, inclusive o produzido pelo exercício da genealogia.
Não se pretende uma hegemonia teórica, a aposta está na eficácia das ofensivas locais e
descontínuas, como a luta anti-manicomial. É o reconhecimento do caráter histórico e
mutante dos sujeitos e do saber sobre os mesmos.
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disciplinar. Isso é verificável constatando-se que os resultados alcançados fortalecem a
demanda pelos especialistas muito mais que o aumento dos níveis de saúde mental da
população.
Foucault ensina que o saber não deve ser dissociado da política, pois não se pode
desconciderar os determinantes sociais, políticos, econômicos e culturais que
atravessam os saberes e as práticas do campo psi, assim como toda reforma e mudança
pressupõe um embate de forças, com ações e resistências.
Ciência Sabedoria
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IV - Sobre as sociedades de controle
Esse modelo sucede as sociedades de soberania, cujos objetivos eram mais do que
organizar a produção, decidiam sobre a morte mais do que geravam a vida. Eram
extremamente repressores. Napoleão marcou a transição de um modelo ao outro.
Após a Segunda Guerra Mundial, a sociedade disciplinar encontrou uma forte crise
generalizada a todos os meios de confinamento, em que toda a agonia acarretou o
surgimento de um novo modelo de organização – as sociedades de controle, que
designa a sociedade atual.
A situação de empresa pode ser adequadamente expressa através dos jogos de televisão
idiotas. A fábrica constituía os indivíduos em um só corpo, sendo cada elemento
vigiado; e a massa coletiva formava sindicatos mobilizando a resistência. Já a empresa
introduz sempre uma rivalidade inexplicável como sã emulação, excelente motivação
que contrapõe os indivíduos entre si e atravessa cada um, dividindo-o em si mesmo.
Será que já se pode apreender esboços dessas formas por vir, capazes de combater as
alegrias do marketing? Os anéis de uma serpente são ainda mais complicados que os
buracos de uma toupeira. Cabe aos jovens se conscientizarem disso e escolherem a que
desejam servir e ao que desejam aspirar. É do que depende o futuro da sociedade.
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V - O caos do trabalho na sociedade do espetáculo
Toda mercadoria sustenta-se por dois valores: o de uso e o de troca. O capital sustenta-
se pelo valor de troca, status, fetiche da sociedade. Por isso gera tanto mal-estar,
insegurança. O valor de uso é praticamente inexistente no mundo do capital. A força de
trabalho é vendida por um salário, que deve ser sustentado por um valor de mercado. O
cálculo ocorre pelo valor de troca, o dominante. Como isso tudo funciona?
Primeiro não se deve descartar todas essas mudanças profundas que vêm ocorrendo ou
correndo no trabalho, nas relações, sexualidade, família, subjetividade e demais
instituições vigentes.
Subversão de valores:
. 1 - Auto-realização, imediatismo
↑5 - Necessidades fisiológicas
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- O novo comportamento no ambiente; o fim da profissão; novas qualificações;
exigência de ampliação do conhecimento e informação; a necessidade de atualização
permanente; baixa da qualidade de vida com vistas à quantidade; busca incessante e
exageradamente ansiosa de aperfeiçoamento pessoal e conseqüente aumento do
julgamento crítico e cobranças por vezes de fazer tombar de tanto rir ou chorar…
Muitas vezes o sujeito disciplina suas pulsões, energia, através da arte para se
contemplar o mundo naquilo que não há valor de capital, não se troca, porém o deixa
próxima à Natureza, a sua natureza humana de não ser perfeito, robô, da percepção de
que por mais que conquiste nunca atingirá o ideal imposto e introjetado pelas
informações em torrentes e falta de tempo pra parar, pensar, refletir, curtir a própria
companhia, conhecê-la… Pimp! Uau! Eu também sou gente, não trocaria este momento
de paz e completude por dinheiro ou emprego algum. O que fiz com minha vida? Deixei
que pensassem por mim, decidissem o que é o melhor porque a maioria o faz? Logo eu,
que tanto critico a sociedade, estou subsumido por ela e ensinando, cobrando assim dos
meus filhos. Não, não preciso de tanto, meus filhos nunca pediram brinquedos nas datas
de festa e nem assim… -Pai, o presente que eu escolhi foi ter você torcendo por mim no
campeonato de futebol da escolinha quinta depois da aula. Pode? Puxa, eu achava um
pouco estranho porque ele poderia pedir video-games ou o que quisesse, apenas disse
claro, é “só” isso? …
Hoje não se tem tempo para sentir de verdade a vida, a família, colocar de fato os
sentidos pra funcionar. Tudo gera em torno da mercadoria, insegurança, mal-estar. A
mídia põe medo nas pessoas o tempo todo. Não é mais sociedade industrial, agora é a
sociedade de serviços. Necessita-se trabalhar muito e ter boas férias. À medida em que
parte da sociedade enriquece, perde-se a habilidade social. A solidão domina. As faces
estão mais frágeis, desconfiadas até da própria sombra.
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“O perigo que o homem moderno sofre é pensar sobre a modernidade.” (Giddens)
Entendendo um pouco sobre o funcionamento da economia social que não se explica na
TV, porém se impõe sutilmente, podemos notar a importância e objetivo do que se
chama, atualmente, Desenvolvimento Organizacional(D.O.). No próximo!
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VI - Desenvolvimento Organizacional - (D.O.)
Com a mudança, torna-se possível a amplição do cargo, que muda conforme o projeto a
ser desenvolvido. O detalhamento dos cargos faz parte do perfil profissiográfico.
O D.O. possui como objetivos aumentar a confiança dos membros da equipe; confrontar
posição, pessoal, usar o conflito(como fonte de produção) para o desenvolvimento em
organização. Por exemplo: um bom gerente pode tornar um mau conflito em um bom
conflito(um conflito produtivo). A autoridade é sustentada pela sua habilidade, seu
conhecimento… Com a comunicação lateral(fofocas), a gerência tende a perder
controle. O sistema matricial propicia o clareamento da comunicação lateral(diminuindo
as fofocas, que são mecanismos neuróticos de angariar afeto, mostrar poder- que não
têm - para denegrir a imagem de alguém; aparecem como demonstração do sentimento
de inveja, projeção de inferioridade, baixa auto-estima e denuncia uma instituição
imatura, fogueira de vaidades).
Dicas de livros:
- “Entre o Cristal e a Fumaça”, Henry Atlan
- “Do caos à inteligência artificial”, epistemologia da ciência
- “Entre o buraco e o avestruz”, Luis Davi Castiel
- “Moléculas, moléstias e metáforas”, Luis Davi Castiel
- “A medida do possível - risco, saúde e tecnobiociência na pós-modernidade”, Luis
Davi Castiel
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VII - Psicanálise e Fracasso Escolar
A criança, antes de possuir uma mínima aptidão para a leitura e escrita, já possui uma
escritura em seu inconsciente. Esta referindo-se à inscrição de uma marca do impossível
de se saber, quando ocorre o recalque primário e é formado o Aparelho Psíquico. Essa
perda primordial, da possibilidade de se saber sobre tudo mostrará à criança o real da
falta, a castração, o Outro é castrado. O que importa na formação de sua personalidade é
o modo como ela vai encarar esse saber a menos, que, segundo Freud, gira em torno do
mistério da morte e do sexo.
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VIII - A constante mutação da civilização
A empresa moderna percebeu que o domínio era mais eficiente a partir do incentivo às
pessoas fazerem o que desejam e que também seria interessante para a empresa, pois os
indivíduos são naturalmente ambiciosos e desejam ser produtivos, eficientes e, assim,
aprovados pelos demais.
O corpo humano possui um valor como nunca teve antes. Contraditoriamente, também é
objeto de agressão como nunca. A forma de dominação deixa de ser repressora e
proibitiva e passa a ser incitadora dos instintos - da ética do dever para a ética do desejo,
a mentalidade torna-se libertária, narcisista, competitiva ao extremo.
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IX - Metáfora Paterna e Metonímia do Desejo
Segundo Lacan, o ser humano não nasce sujeito. Quando nasce, é como um corpo
espedaçado, correspondendo esse período ao que Freud chamou de auto-erotismo, um
corpo regido por pulsões parciais não unificadas. Até que ocorre uma “nova ação
psíquica” (Freud), possibilitando a constituição do eu corporal como unidade.
O período em que ocorre essa nova ação psíquica Lacan chamou de Estádio do Espelho,
constituído por três etapas. Na primeira etapa, a criança percebe a imagem real de um
outro (a mãe), mas esta não é interiorizada. Na segunda etapa, a criança percebe a
imagem da mãe apenas como imagem, a mãe é irrealizada. Já na terceira etapa, que
corresponde ao primeiro tempo do Complexo de Édipo, ocorre a identificação à sua
própria imagem, uma identificação à mãe como imagem. Essa é a identificação
primária. A mãe funciona como um espelho para a criança, refletindo o que esta virá a
ser. É uma relação extremamente próxima e necessária, que determinará toda
dependência moral e afetiva do ser humano ao semelhante. O eu é, assim, formado
como um precipitado de traços de identificação com o outro. A imagem da mãe chega
de forma invertida, como de um espelho.
Contudo, essa relação simbiótica e fusional entre a mãe e o bebê precisa passar por um
corte, o que acontece no segundo tempo do Édipo. No primeiro tempo, a mãe endereça
seu desejo à criança e a toma como aquilo que lhe falta (o falo). O segundo tempo
ocorre com a intervenção da função paterna fazendo um corte no desejo da mãe,
fazendo este se endereçar para outro lugar que não a criança como falo. É através dessa
operação que a criança poderá sair da posição de ser ou não ser o falo para a dimensão
do ter ou não ter o falo, passando a buscar a identificação com quem supostamente tem
o falo.
Todo desejo é suportado por uma falta, a qual é inserida no mundo da criança e
simbolizada a partir da intervenção da função paterna. Esta lança o sujeito na alienação
simbólica, porque fica ainda prisioneiro da palavra, da linguagem, que é comum a
todos. Enquanto o eu nasce no campo do outro semelhante, especular, imaginário, o
sujeito nasce no campo do Outro da linguagem, da função paterna, da Lei contra o
incesto, que ordena as relações sociais. O desejo é sempre desejo do Outro, pois o que o
sujeito deseja é determinado por sua relação com a função paterna. O sujeito é sempre
marcado pelo Outro. Surge aí um paradoxo: embora o sujeito seja determinado por algo
fora dele, ele precisa responsabilizar-se pelo seu desejo.
Lacan chama objeto a aquilo que causa o desejo. Esse objeto a é o que não está inscrito,
aquilo que fura, falta e não pode ser representado. É um resto pulsional e tem a ver com
a pulsão de morte. A falta jamais é toda preenchida, ficando o desejo para sempre
insatisfeito. O sujeito busca realizar esse desejo através do deslocamento metonímico na
demanda, na tentativa de satisfazê-lo. É a partir da falta que o sujeito faz sintoma.
Chama-se deslocamento metonímico porque o sujeito toma o objeto substitutivo como
se fosse o objeto original perdido, o qual jamais é encontrado todo. Uma parte do objeto
de desejo é tomado como se fosse o desejo todo.
Essa renúncia pulsional é fundamental para sua inserção na cultura social. A criança
precisa suportar o fato de que ela não é o falo da mãe, ou seja, não é o único e exclusivo
objeto do desejo da mãe. Poderia perguntar-se: por que a criança parece ter mais
satisfação do que angústia com a brincadeira? Afinal, a mãe está ausente. Porque a
criança sai da posição passiva para a posição de sujeito, ela passa a ter controle da
situação, podendo, assim, fazer a renúncia pulsional. A criança constrói um controle
simbólico do objeto.
Toda operação de linguagem é não toda, sempre falta algo. Como diz Guimarães Rosa,
muita coisa importante falta nome. E é essa falta primordial que vai estruturar o sujeito.
Os registros imaginário e simbólico são recursos para se lidar com a energia pulsional.
O que não é coberto nem pelo imaginário nem pelo simbólico é o real.
As demandas tentam nomear, à revelia do sujeito, o desejo original. Numa análise, não
se deve responder à demanda do sujeito, ou se estaria tamponando a falta.
Assim, é a metáfora paterna que constitui a estrutura do sujeito: na neurose por sua
incisão através do recalcamento; na psicose por sua forclusão; e na perversão por um
desmentido. O sujeito é, então, um “parlêtre”, como diz Lacan, um ser de linguagem.
Referência bibliográfica:
Allport dizia que “aquilo que dirige o comportamento, dirige agora”, não sendo
necessário conhecer a história do impulso para podermos compreender sua operação.
Em grande parte, o funcionamento desses traços é consciente e racional. O indivíduo
normal sabe por que faz e por que não faz as coisas. Seu comportamento ajusta-se a um
padrão congruente. Não é possível compreender o indivíduo sem uma visão de seus
objetivos e de suas aspirações. Seus motivos mais importantes não são ecos do passado,
mas desafios do futuro. Em muitos casos, sabe-se o que a pessoa fará se se conhecer
seus planos conscientes, mais do que suas memórias reprimidas.
Allport admite que esse quadro é idealizado. Nem todos os adultos alcançam a plena
maturidade. Há adultos cujas motivações conservam traços infantis. Nem todos os
adultos parecem guiar seu comportamento em termos de princípios claros e racionais.
Contudo, se sabemos até onde eles evitam a motivação inconsciente e até que ponto
seus traços são independentes das origens infantis, temos a medida de sua normalidade
e de sua maturidade. Somente em indivíduos seriamente perturbados encontraremos
adultos agindo sem saber por que, cujo comportamento está mais intimamente ligado a
ocorrência da infância do que a acontecimentos do presente ou do futuro.
A maturidade implica a posse de uma filosofia de vida. Embora o indivíduo deva ser
capaz de objetividade e ainda capaz de tirar proveito das ocorrências de sua vida, ele
deverá manter uma linha de completa seriedade, que dê propósito e significado a tudo
quanto faça. A religião representa uma das fontes mais importantes de filosofias
unificadoras, mas não a única.
Análise crítica:
Allport representa um dos poucos teóricos que provê uma ligação efetiva entre
psicologia acadêmica e suas tradições e o campo da psicologia clínica e da
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personalidade. Essa continuidade enriquece as subdisciplinas e ajuda a manter a
continuidade intelectual no desenvolvimento da psicologia. Allport adverte que o
passado não explica tudo a respeito do indivíduo, pois a psicanálise ou o clínico muitas
vezes esquecem a importância dos determinantes do momento e dos que hão de vir, em
favor da determinação histórica. Por outro lado, a teoria de Allport não é
adequadamente formal para permitir a comprovoção empírica de proposições. A teoria
presta-se mais à tentativa de explicar as relações conhecidas do que a predizer
ocorrências não observadas. É falha como recurso formal para produzir pesquisas.
Allport volta-se inteiramente para o lado psicológico, para o inter-relacionamento de
todo o comportamento, porém não reconhece o inter-relacionamento do comportamento
e da situação ambiental na qual opera o comportamento. Allport atribui muita
importância ao que ocorre dentro do organismo e dispensa pouca atenção ao impacto
sedutor e coercitivo das forças externas. Faltou-lhe uma visão mais ampla no sentido
antropológico e sociológico para melhor situar sua teoria na realidade.
Bibliografia:
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XI – Gestalt
O Modelo Gestáltico surgiu a partir do trabalho do casal Perls, de início com uma
finalidade terapêutica prática focada na cultura dos EUA. Depois perceberam que
precisavam apoiar essa prática sobre uma base filosófica e observaram que as reflexões
e modo de pensar que moviam tal prática sintonizavam bem com o modelo
fenomenológico.
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XII – Breves palavras sobre a teoria da motivação de Maslow
O ser humano é um ser de necessidade. Nesta direção o comportamento humano é
pautado pela satisfação dessas necessidades durante as fases do seu desenvolvimento.
As necessidades humanas não são naturais, precisam ser criadas, inventadas pelo
homem.
Opinião:
Mas o que queria ressaltar com o texto e é a parte que mais me marcou da teoria de
Maslow é a questão de que ,pra ter a motivação, as necessidades básicas precisam estar
ao menos perto do nível satisfatório. Até pra que uma pulsão de morte motive o sujeito,
que acho ser melhor que nenhumma motivação, pois a pusão de morte pode ser muito
útil pra sobrevivência e principalmente pela luta por viver, além do sobreviver. É
preciso a agressividade(como Lacan gostava mais dessa palavra q eu entendo como bem
parecida com pulsão de morte) pra se livrar do que faz mal ao sujeito, nesse sentido é
uma pulsão de morte direcionada pro que mata a vida(viajando).
Considerando não a minha condição privilegiada de sempre ter pelo menos comida,
bebida, casa, cama, estudo(um mínimo) mas a condição da população tanto do país
quanto do mundo, creio que bilhões não têm condições de pensar no que motiva ou não
nem de viver de fato, ficando na triste luta do instinto natural de sobrevivência,
respondendo com violencia de reflexo por não ter condição de pensar antes de agir, não
ter estudo nutrição e uma história marcada de cenas violentas somente. Penso que mais
ainda importante que saber o que motiva é ter condições humanas no sentido real desta
palavra de ter motivação que não seja quase selvagem.
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