O documento descreve a história do sistema de saúde brasileiro, desde as primeiras conferências nacionais de saúde na década de 1980 até a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) na década seguinte. Destaca os principais problemas que levaram à reforma do setor e os princípios constitucionais que orientaram a criação do SUS, como a universalização do acesso e a descentralização dos serviços.
O documento descreve a história do sistema de saúde brasileiro, desde as primeiras conferências nacionais de saúde na década de 1980 até a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) na década seguinte. Destaca os principais problemas que levaram à reforma do setor e os princípios constitucionais que orientaram a criação do SUS, como a universalização do acesso e a descentralização dos serviços.
O documento descreve a história do sistema de saúde brasileiro, desde as primeiras conferências nacionais de saúde na década de 1980 até a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) na década seguinte. Destaca os principais problemas que levaram à reforma do setor e os princípios constitucionais que orientaram a criação do SUS, como a universalização do acesso e a descentralização dos serviços.
e direito sade 1 Histrico do sistema de sade brasileiro Vamos aprofundar um pouco mais sobre a histria das polticas de sade no Brasil, considerando os perodos histricos mais marcantes, as instituies envolvidas, as condies de acesso ao sistema, os aspectos relativos ao fnanciamento e aos contextos poltico-econmicos caractersticos dos perodos! Voc" pode observar #ue na#uela con$untura foram muitos os problemas #ue deram ori%em & reformula'o do sistema de sade brasileiro! (entre eles destacamos) (esi%ualdade no acesso aos servios de sade* +ultiplicidade e descoordena'o entre as instituies atuantes no setor* (esor%ani,a'o dos recursos empre%ados nas aes de sade, curativas e preventivas* Baixa resolutividade e produtividade dos recursos existentes* -alta de inte%ralidade da aten'o* .scasse, de recursos fnanceiros* /est'o centrali,ada e pouco participativa! -oi diante desses problemas e de um cen0rio marcado pela abertura poltica, aps o re%ime ditatorial, #ue os atores polticos da reforma sanit0ria tiveram acesso ao aparelho do .stado 1+inist2rio da 3ade e 4revid"ncia 3ocial5! .sse cen0rio propiciou toda a reestrutura'o poltico-institucional #ue culminou com a consolida'o do 3istema 6nico de 3ade 13735! 8 marco da reforma do sistema de sade brasileiro foi a 9: ;onfer"ncia <acional de 3ade, cu$o lema era =3ade, (ireito de >odos, (ever do .stado?! @s confer"ncias de sade foram institudas pela Aei n! BC9, de 1B de $aneiro de 1DBC, e tinham como principal ob$etivo propiciar a articula'o do %overno federal com os %overnos estaduais, dotando-o de informaes para a formula'o de polticas, para a concess'o de subvenes e auxlios fnanceiros 1<8E8<F@, AG+@* +@;F@(8, HII95! @ 9: ;onfer"ncia ocorreu em maro de 1D9J, promovida pelo +inist2rio da 3ade 1+35, e contou com a participa'o de diferentes setores or%ani,ados da sociedade 1@<(E@(., HII15! @ %rande novidade dessa confer"ncia, se%undo o #ue ressaltam <oronha, Aima e +achado 1HII95, foi a participa'o, pela primeira ve,, das entidades da sociedade civil or%ani,ada de todo pas como dele%ados eleitos, incluindo as representaes sindicais, das associaes de profssionais de sade, de movimentos populares em sade, do ;entro Brasileiro de .studos de 3ade 1;.B.35, da @ssocia'o Brasileira de 4s-/radua'o em 3ade ;oletiva 1@BE@3;85! 8s principais temas debatidos na confer"ncia foram) a5 3ade como direito de cidadania* 1 Texto de Marly Marques da Cruz, extrado do Caderno de Textos do Curso de Qualificao de Gestores do SUS da Escola Nacional de Sade !"lica, #undao $s%aldo Cruz & #iocruz' 1 b5 Eeformula'o do 3istema <acional de 3ade* c5 -inanciamento do setor! 8 relatrio da 9: ;onfer"ncia de 3ade orientou os constituintes dedicados & elabora'o da ;arta +a%na de 1D99 e os militantes do movimento sanit0rio! 8s eixos do relatrio foram os se%uintes) a5 Gnstitui'o da sade como direito de cidadania e dever do .stado* b5 ;ompreens'o da determina'o social do processo sade-doena* c5 Eeor%ani,a'o do sistema de aten'o, com a cria'o do 373! <a#uele momento havia clare,a, entre os participantes desse processo, de #ue para o setor sade n'o era sufciente uma mera reforma administrativa e fnanceira! .ra necess0ria uma mudana em todo o arcabouo $urdico-institucional vi%ente! Sistema de proteo e direito sade 8 3istema 6nico de 3ade 13735 conforma o modelo pblico de aes e servios de sade no Brasil! Eepresentou um importante ponto de inKex'o na evolu'o institucional do pas e determinou um novo arcabouo $urdico-institucional no campo das polticas pblicas em sade! 8rientado por um con$unto de princpios e diretri,es v0lidos para todo o territrio nacional, o 373 parte de uma concep'o ampla do direito & sade e do papel do .stado na %arantia desse direito, incorporando, em sua estrutura institucional e decisria, espaos e instrumentos para democrati,a'o e compartilhamento da %est'o do sistema de sade 1<8E8<F@, AG+@* +@;F@(8, HII95! 8s principais marcos le%ais e normativos para a conforma'o do 373, ressaltando a abran%"ncia e a profundidade das mudanas propostas, foram a ;onstitui'o -ederal de 1D99 e as Aeis 8r%Lnicas da 3ade, de 1DDI! M no texto da ;arta +a%na #ue est0 explicitado =a sade direito de todos e dever do Estado, garantido mediante polticas sociais e econmicas que visem reduo do risco da doena e de outros agravos e ao acesso universal e igualitrio s aes e aos servios para a sua promoo, proteo e recuperao? 1BE@3GA, 1D99, @rt!1DJ5! 8 contedo ideol%ico do captulo referente & se%uridade social na ;onstitui'o de 1D99, na vis'o de <oronha, Aima e +achado 1HII95, di,ia respeito & preocupa'o com o bem-estar, a i%ualdade e a $ustia social, reali,ados pelo exerccio dos direitos sociais! (everia competir ao poder pblico or%ani,0-la em uma l%ica universalista e e#uitativa, fnanciada por fontes diversifcadas de receitas de impostos e contribuies sociais dos oramentos da 7ni'o, de estados e municpios! 8s princpios e diretri,es do 373 foram estabelecidos na Aei 8r%Lnica da 3ade n! 9!I9I de 1DDI) @! Universalizao do direito sade N M a %arantia de #ue todos os cidad'os, sem privil2%ios ou barreiras, devem ter acesso aos servios de sade pblicos e privados conveniados, em todos os nveis do sistema, %arantido por uma rede de servios hierar#ui,ada e com tecnolo%ia apropriada para cada nvel! >odo cidad'o 2 i%ual perante o 373 e ser0 1 atendido conforme suas necessidades, at2 o limite #ue o 3istema pode oferecer para todos! B! Descentralizao com direo nica para o sistema N M a redistribui'o das responsabilidades #uanto &s aes e servios de sade entre os v0rios nveis de %overno 17ni'o, estados, municpios e (istrito -ederal5, partindo do pressuposto de #ue #uanto mais perto o %estor estiver dos problemas de uma comunidade, mais chance ter0 de acertar na resolu'o dos mesmos! @ descentrali,a'o tem como diretri,es) 1 @ re%ionali,a'o e a hierar#ui,a'o dos servios N rumo & municipali,a'o* @ or%ani,a'o de um sistema de refer"ncia e contra referencia* @ maior resolutividade, atendendo melhor aos problemas de sua 0rea* @ maior transpar"ncia na %est'o do sistema* @ entrada da participa'o popular e o controle social! ;! Integralidade da ateno sade N M o reconhecimento, na pr0tica, de #ue) 8 usu0rio do sistema 2 um ser inte%ral, participativo no processo sade-doena e capa, de promover sade* @s aes de promo'o, prote'o e recupera'o da sade formam tamb2m um sistema nico e inte%ral e por isso devem atender em todos os nveis de complexidade, referenciando o paciente aos servios na medida em #ue for necess0rio o atendimento* ;ada comunidade deve ser reconhecida dentro da realidade de sade #ue apresenta, entendida em sua inte%ralidade* 4romover sade si%nifca dar "nfase & aten'o b0sica, mas n'o prescindem de aten'o aos demais nveis de assist"ncia! (! Participao popular visando ao controle social N M a %arantia constitucional de #ue a popula'o, por meio de suas entidades representativas, pode participar do processo de formula'o das polticas e de controle de sua execu'o! @ssim) /arante o controle social sobre o sistema e a melhor ade#ua'o da execu'o & realidade referida* 4ermite uma compreens'o mais abran%ente do prprio usu0rio na concep'o de sade-doena* -ortalece a democrati,a'o do poder local, com o aumento da inKu"ncia da popula'o na defni'o de polticas sociais! 4erceba #ue os princpios e diretri,es abordam $ustamente os caminhos para o enfrentamento dos problemas do sistema de sade apresentados como crticos! .sses princpios, na realidade, referiam-se a valores #ue estavam na base da constru'o de um novo sistema! @ implanta'o do 373 tem incio nos primeiros anos da d2cada de 1DDI, aps a promul%a'o da Aei 8r%Lnica da 3ade 1A835 n! 9!I9IODI, de 1D de setembro de 1DDI, complementada pela Aei 8r%Lnica da 3ade n! 9!1PH, de H9 de de,embro de 1DDI! .stas foram leis fundamentais #ue orientaram a operacionali,a'o do sistema de sade, visto #ue a primeira defniu os ob$etivos e atribuies do 373, en#uanto a se%unda defniu as re%ras %erais para a participa'o popular e fnanciamento, conforme apresentado a se%uir! ;omo ob$etivos do 373, a Aei n! 9!I9I defne) 1 @ identifca'o e a divul%a'o dos fatores condicionantes e determinantes da sade* @ formula'o de polticas de sade* @ assist"ncia &s pessoas por interm2dio de aes de promo'o, prote'o e recupera'o da sade, com reali,a'o inte%rada das aes assistenciais e das atividades preventivas! ;omo atribuies do 373, a Aei n! 9!I9I defne) @tuar na promo'o de sade com aes de) Vi%ilLncia epidemiol%ica Vi%ilLncia sanit0ria 3ade do trabalhador 3ade ambiental Vi%ilLncia nutricional -iscali,a'o de produtos @ten'o prim0ria @tuar na assist"ncia m2dica propriamente dita e ainda) ;om o uso de recursos tecnol%icos mais apropriados <a poltica de sade e hemoderivados <a poltica de medicamentos @ Aei ;omplementar & Aei 8r%Lnica da 3ade 1n! 9!1PHO1DDI5 defne) a5 8 estabelecimento das re%ras para a reali,a'o das confer"ncias de sade, bem como sua fun'o! @s confer"ncias t"m por fun'o defnir as diretri,es %erais para a poltica de sade* b5 @ re%ulamenta'o dos conselhos de sade nacional, estaduais e municipais, defnido o car0ter permanente e deliberativo desses fruns, a representa'o parit0ria e o papel de formulador e controlador da execu'o da poltica de sade* c5 @ defni'o das re%ras de repasse dos recursos fnanceiros da 7ni'o para os estados e municpios, #ue deveriam ter fundo de sade, conselho de sade, plano de sade, relatrio de %est'o e contrapartida de recursos do respectivo oramento! @s compet"ncias das tr"s instLncias do 373 foram defnidas como) Q unic!pio 4rover os servios* 1 .xecutar servios de vi%ilLncia epidemiol%ica e vi%ilLncia sanit0ria, de alimenta'o e nutri'o, de saneamento b0sico e sade ocupacional* ;ontrolar e fscali,ar os procedimentos dos servios privados de sade! Q "stado 3er respons0vel pelas aes de sade do estado* 4lane$ar e controlar o 373 na sua esfera de atua'o! Q Unio <ormati,ar o con$unto de aes de promo'o, prote'o e recupera'o da sade, identifcando riscos e necessidades nas diferentes re%ies! 8 exerccio e a participa'o da iniciativa privada na sade s'o previstos por lei, de forma complementar, re%ulamentados por disposies e princpios %erais da aten'o & sade! 8 373, portanto, n'o 2 composto somente por servios pblicos* 2 inte%rado tamb2m por uma ampla rede de servios privados, principalmente hospitais e unidades de dia%nose e terapia, #ue s'o remunerados por meio dos recursos pblicos destinados & sade 1<8E8<F@, AG+@* +@;F@(8, HII95! @s aes e servios de sade s'o considerados de relevLncia pblica, se%undo @ndrade 1HII15, cabendo ao poder pblico sua re%ulamenta'o, fscali,a'o e controle, nos termos da lei, a serem executados diretamente ou por terceiros, inclusive pessoa fsica ou $urdica de direito privado! Sistema #nico de Sade$ normatizao em %uesto& <o #ue se refere & capacidade de efetiva'o da poltica nacional de sade, deve- se sempre considerar #ue estados e municpios se encontravam em diferentes est0%ios em rela'o &s novas funes %estoras previstas no novo arcabouo le%al! 8 processo de descentrali,a'o do sistema de sade levou os municpios, com base na redefni'o de funes e atribuies das diferentes instLncias %estoras do 373, a assumirem papel de atores estrat2%icos, em virtude da sua compet"ncia constitucional, para prestar, com a coopera'o t2cnica fnanceira da 7ni'o e dos estados, servios e atendimento & sade da popula'o! ;omo bem alertam <oronha, Aima e +achado 1HII95, =A base da regulao ederal sobre a descentrali!ao a normati!ao!? ;omo uma das principais estrat2%ias para esse fm, 2 constitudo um arcabouo normativo #ue, nos anos 1DDI, 2 representado por #uatro <ormas 8peracionais B0sicas 1<8B5, de 1DD1, 1DDH 1similar & anterior5, 1DDB e 1DDJ! <a d2cada de HIII, foi publicada a <orma 8peracional da @ssist"ncia & 3ade 1<8@35, nas verses HII1 e HIIH, e, em HIIJ, as portarias relativas ao 4acto pela 3ade! @s normas operacionais s'o fruto de um processo poltico de pactua'o inter%estores #ue, aps a Aei 8r%Lnica 1 da 3ade, vem criando condies privile%iadas de ne%ocia'o poltica no processo de descentrali,a'o e de constru'o do 3istema 6nico de 3ade! 1 Eefer"ncias @ndrade, A! 8! +! (o nascimento da sade publica ao movimento pr2-373! Gn) "#" passo a passo$ normas, %est'o e fnanciamento! 3'o 4aulo) Fucitec* 3obral) .dies 7V@, HII1! p! 1D- H9! @ndrade, A! 8! +! @ re%ulamenta'o do 373! Gn) "#" passo a passo$ normas, %est'o e fnanciamento! 3'o 4aulo) Fucitec* 3obral) .dies 7V@, HII1! p! HD-B1! Baptista, >! R! -! 8 direito & sade no Brasil) sobre como che%amos ao 3istema 6nico de 3ade e o #ue esperamos dele! Gn) .scola 4olit2cnica de 3ade Soa#uim VenLncio! %e&tos de apoio em polticas de sade' HI! ed! Eio de Saneiro, HIIT! v! 1, p! 11-PH! Baptista, >! R! -! Fistria das polticas de sade no Brasil) a tra$etria do direito & sade! Gn) +atta, /ustavo ;orrea* 4ontes, @na Aucia de +oura 18r%!5! (olticas de sade$ a or%ani,a'o e a operacionali,a'o do 3istema 6nico de 3ade! Eio de Saneiro) .scola 4olit2cnica de 3ade Soa#uim VenLncio, HIIC! v! B! Brasil! ;onstitui'o 11D995! )onstituio da *epblica +ederativa do ,rasil$ promul%ada em T de outubro de 1D99! Braslia) 3enado -ederal, 1D99! Brasil! Aei n! 9!I9I, de 1D de setembro de 1DDI) UAei 8r%Lnica da 3adeV! (ispe sobre as condies para a promo'o, prote'o e recupera'o da sade, a or%ani,a'o e o funcionamento dos servios correspondentes e d0 outras provid"ncias! -irio ./cial 0da1 *epblica +ederativa do ,rasil1, Braslia, (-, p! 19!ITT, HI set! 1DDI! (isponvel em) Whttp)OOXXXJ!senado!%ov!brOsiconO .xecuta4es#uisaAe%islacao!actionY! @cesso em) H fev! HIIT! Brasil! Aei n! 9!1PH, de H9 de de,embro de 1DDI! (ispe sobre a participa'o da comunidade na %est'o do 3istema 6nico de 3ade N 373 e sobre as transfer"ncias inter%overnamentais de recursos fnanceiros na 0rea da sade e d0 outras provid"ncias! -irio ./cial 0da1 *epblica +ederativa do ,rasil1, Braslia, (-, p! HTJDP, B1 de,! 1DDI! (isponvel em) Whttp)OOXXXJ!senado!%ov!brOsiconO .xecuta4es#uisaAe%islacao!actionY! @cesso em) H fev! HIIT! +achado, ;! V! -ireito universal, poltica nacional$ o papel do +inist2rio da 3ade na poltica de sade brasileira de 1DDI a HIIH! Eio de Saneiro) .d! do +useu da Eepblica, HIIC! +atta, /! ;! 4rincpios e diretri,es do 3istema 6nico de 3ade Gn) +atta, /! ;!* 4ontes, @! A! de +! 18r%!5! (olticas de sade$ a or%ani,a'o e a operacionali,a'o do 3istema 6nico de 3ade! Eio de Saneiro) .scola 4olit2cnica de 3ade Soa#uim VenLncio, HIIC! v! B! p! J1-9I! <o%ueira , V! +! E!* 4ires, (! .! 4! de! (ireito & sade) um convite & reKex'o! )adernos de "ade (blica, Eio de Saneiro, v! HI, n! B, HIIP! <oronha, S! ;!* Aima, A! (!* +ac hado, ;! V! 8 3istema 6nico de 3ade N 373! Gn) /iovanella, A%ia et al! 18r%!5! (olticas e sistema de sade no ,rasil' Eio de Saneiro) -iocru,, HII9! p! PBT- PCH!