Você está na página 1de 10

Instituto Superior Mutasa

Orgânica de Chimoio

Curso de Licenciatura em ensino de Geografia com habilidade a Turismo

Tema: A inclusão da pessoa portadora de deficiência (Albinismo) e suas diferenças em


termos sociais e médios

Estudante: Raxídio dos Santos Melo

Docente: PHd Derreck Mafilanjala

Chimoio

Abril, 2023
ÍNDICE
1.Introdução 1

1.1.Objectivos 2

1.1.2.Especificos 2

1.2.Metodologias 2

2. Inclusão da pessoa portadora de deficiência "o albinismo", análise social e médio 3

2.1.Albinismo: de deficiência a objecto de representações sociais 3

2.2.Origens e usos dos termos: “albinos” ou pessoas com albinismo? 3

2.3.Os albinismos do albinismo: a genética da questão 4

2.3.1.A ocorrência do albinismo e as estatísticas de Moçambique 4

2.4.O albinismo é deficiência? Uma questão banal na base da exclusão dos afectados 5

2.5.O albinismo no modelo social 5

2.6. A inclusão da pessoa albina com deficiência no modelo médio (mercado de trabalho) 6

3.Conclusão 7

Referências Bibliográficas 8

2
1.Introdução
O presente trabalho aborda a inclusão da pessoa portadora de deficiência (Albinismo) e suas
diferenças em termos sociais e médios. O processo de exclusão social de pessoas com deficiência
ou alguma necessidade especial é tão antigo quanto a socialização do homem. A estrutura das
sociedades, desde os seus primórdios sempre inabilitou os portadores de deficiência,
marginalizando-os e privando-os de liberdade. Entretanto, a inclusão da pessoa com
deficiência na sociedade e mas particularmente no mercado de trabalho formal vem sendo
estudada e discutida considerando-se questões como o preconceito e a alta expectativa
de produtividade.  A realização deste trabalho baseou-se na pesquisa bibliográficas de diversas
obras que versam sobre a temática.

1
1.1.Objectivos
1.1.1.Geral

 Abordar sobre a Inclusão da pessoa portadora de deficiência "o albinismo", na


perspectiva social e médio no contexto de PEA.

1.1.2.Especificos
 Falar das percepções sobre a pessoa albina;

 Explicar a inclusão da pessoa albina no âmbito social e médio;

 Mostrar as estratégias viáveis de inclusão da pessoa albino no contexto de ensino-


aprendizagem.

1.2.Metodologias
Para a materialização do trabalho, baseou-se no método bibliográfico, em que segundo, Gil
(2008), considera que ela alicerça-se nas obras ou artigos publicados. Também usou-se o método
analítico (Idem), baseou-se na análise de diversas abordagens dos conteúdos na óptica de
diversos autores.

2
2. Inclusão da pessoa portadora de deficiência "o albinismo", análise social e médio

2.1.Albinismo: de deficiência a objecto de representações sociais


Existem quatro vias pelas quais o albinismo afecta as pessoas: (1) brancura da pele e do cabelo,
(2) problemas dermatológicos, (3) baixa visão e (4) estigma social (Little, 2014, p.9).
A caracterização do albinismo acima seria perfeita se incluísse o assassinato dos afectados. De
facto, o albinismo se traduz em brancura da pele e do cabelo, vulnerabilidade ao Sol, baixa
acuidade visual e estigma social, mas também suscita perseguição.

2.2.Origens e usos dos termos: “albinos” ou pessoas com albinismo?


O termo “albino” – em uso em quase todo o mundo hoje – é português e, segundo Froggatt
(1960: 228), foi adoptado como tal pelos franceses, ingleses e alemães no século XVII. Não
existe uma explicação precisa sobre a origem do termo, mas algumas fontes referem que vem de
Albânia – um pequeno país situado nos Balcãs, Sudeste da Europa. Nas escassas explicações
desta teoria, “albino” (para homens) ou “albina” (para mulheres) seria a pessoa nativa da
Albânia, cujas características essenciais são: olhos de coruja, pardacentos ou avermelhados como
o fogo e que, desde a infância, podem ver melhor de noite que de dia (Ibidem: 229).
Na caracterização acima, fala-se de olhos vermelhos e de baixa visão diurna como qualidades
normais, e não como deficiências. Aqui não se faz menção à brancura da pele nem dos efeitos
nocivos do Sol sobre a sensível pele das pessoas com albinismo. A que se devem estas omissões?
A explicação pode estar no facto de a Albânia (suposto “berço dos albinos”) estar no “mundo
branco”, o que torna difícil distinguir os “albinos” dos “não-albinos”, e sobretudo numa região
com incidência solar relativamente baixa (em relação à África).
Há teses segundo as quais o albinismo sempre esteve ligado à noção de raça e à ideia de pertença
a uma localidade concreta. Pela ortografia e semântica, acredita-se que o termo “albino” deriva
do Latim albus – adjectivo usado pelos escritores greco-romanos (Homero, Ptolomeu, Plínio,
Aulus Gellius etc.) para muitos destes escritores, a Etiópia5 (que, certamente, não conheciam em
detalhes) era todo o vasto território do interior africano, habitado por “negros” (Idem).designar
os “etíopes-brancos”, ou seja, white natives of Ethiopia.
O termo “albino” (ou “albina”, para mulher) é bastante popular em Moçambique e no mundo
inteiro, entretanto não há consensos sobre a conveniência do seu uso. Enquanto alguns acham
que o termo é bastante ofensivo e, por isso, inconveniente, outros consideram-no neutro.

3
Na verdade, é uma expressão aplicável a todas criaturas vivas com albinismo, mas que passou a
ser considerada inapropriada para humanos. Em vez de “albino(a)”, recomenda-se o uso de
pessoa com albinismo, para enfatizar que, apesar de ter albinismo, aquela continua uma pessoa
como qualquer outra (Tas, 2009, p.8).
Em outras palavras, diante de qualquer diagnóstico, o protocolo ético recomenda que se diga o
que a “pessoa tem” (doença ou deficiência) e nunca o que a “pessoa é”. Deve-se evitar rotular as
pessoas com nomes de doenças e deficiências, porque é estigmatização.
Portanto, o problema do termo “albino” (e suas variações em género e em número) está no facto
de realçar a deficiência mais do que a própria pessoa. A palavra deficiência já carrega consigo
conotações negativas, pois induz à ideia de ‘falta’, ‘insuficiência’ ou ‘incompletude’. Dizer
“pessoa deficiente” é o mesmo que dizer “pessoa incompleta”. Na mesma lógica, também já soa
bastante mal e arcaico dizer, por exemplo, “pessoas especiais” ou, mais popularmente ainda,
“pessoas com necessidades especiais”. Estas expressões passaram a inconvenientes pelo facto de
(con)fundirem deficiência com incapacidade.
A outra expressão que – apesar de estar muito presente na literatura e na linguagem corrente dos
moçambicanos – já é considerada inconveniente é “portador do albinismo”. O argumento mais
forte dos contestatários deste conceito é de que a condição do albinismo, tal como qualquer outra
deficiência, não é algo que se possa portar, ela é parte ontologicamente constituinte da pessoa.
Dizer “portador de albinismo” não denota, à partida, nenhuma intenção ofensiva ou pejorativa, o
problema é meramente semântico, ou, como Carvalho (2013, p.21) explica, “aquelas pessoas não
portam uma deficiência, elas têm uma deficiência”.

2.3.Os albinismos do albinismo: a genética da questão


Na origem das espécies Charles Darwin explicou que o “albinismo é a condição de ser albino, e
albino é o animal em cuja pele e apêndices não se produziram as matérias corantes,
habitualmente características da espécie”. Apesar de, nesta explicação, Darwin excluir as plantas
(que também sofrem do albinismo), ele realça duas características básicas da condição:
despigmentação e consequente diferenciação dos afectados.

2.3.1.A ocorrência do albinismo e as estatísticas de Moçambique


A ocorrência do albinismo no mundo varia de continente para continente, de região para região,
de país para país, de província para província, de distrito para distrito, de localidade para

4
localidade e, porquê não, de aldeia para aldeia e de família para família. Nas estatísticas e
relatórios sobre o albinismo no mundo há um aspecto que chama atenção: os dados nunca são
uniformes.
Os últimos relatórios da ONU (2014, 2017 e 2020) referem que a taxa de incidência do
albinismo em África. Estima-se que 1 em 5 000 habitantes tenham albinismo na África, contra 1
em 15 000 na Ásia ou 1 por 17 000 na Europa e América do Norte.

2.4.O albinismo é deficiência? Uma questão banal na base da exclusão dos afectados
Se o albinismo é ou não uma deficiência, é uma questão que ainda divide opiniões. De um lado
estão os que defendem que a simples falta de coloração adequada da pele, do cabelo e dos olhos
não significa necessariamente que o indivíduo tenha deficiência. Albinismo não é, à partida, uma
deficiência. Quer dizer, para o albinismo ser deficiência, é necessário apurar os reais níveis de
danos causados à pessoa. Do outro lado e contra a primeira opinião, estão os que defendem que o
albinismo é, para todos efeitos, uma deficiência.
Na fundamentação, dizem que deficiência significa ausência, insuficiência ou défice,
exactamente aquilo que as pessoas com albinismo sofrem – défice de melanina no organismo.
Portanto, negar que o albinismo seja deficiência é, antes de mais, uma banalidade de tentar negar
o óbvio.
Na Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência, as Nações Unidas (ONU, 2006)
referem, no artigo 1, que deficiência são incapacidades físicas, mentais, intelectuais ou sensoriais
duradouras, que constituem barreiras para a plena e efectiva participação social do indivíduo em
igualdade de circunstâncias com os demais. E sob ponto de vista médico, deficiência é um
problema originado por doença, trauma ou complicações de saúde, e que exige tratamentos para
a cura ou para a melhor adaptação da pessoa. Será que estas concepções de deficiência (não) se
ajustam à condição do albinismo? Em Moçambique, o Instituto Nacional de Estatística (INE)
define pessoas com deficiência como “aquelas que têm impedimentos de natureza física,
intelectual ou sensorial, os quais, em interacção com diversas barreiras, podem obstruir sua
capacidade plena e efectiva na sociedade como as demais pessoas” (INE, 2019: 11). Entretanto,
desde o início dos censos, em 1980, o INE nunca incluiu o albinismo na lista das deficiências.

2.5.O albinismo no modelo social


Já houve algum esclarecimento a respeito do albinismo enquanto condição biológica, o que falta

5
é olhá-lo como objecto de representações sociais. Há alguma bibliografia considerável sobre
usos e sentidos da noção de representações sociais, mas nada melhor que recorrer aos
considerados “donos” do conceito. Trata-se do sociólogo E. Durkheim (1858 - 1917) e do
psicólogo S. Moscovici (1925 - 2014).
Durkheim usou o conceito representações colectivas na sua tentativa de superar a epistemologia
filosófica pela sociologia do conhecimento. Contra a perspectiva filosófica, ele apareceu a
defender que a fonte última do conhecimento não eram as categorias racionais, como dizia o
filósofo E. Kant, mas as experiências sociais.

2.6. A inclusão da pessoa albina com deficiência no modelo médio (mercado de trabalho)
O direito à educação tem sido sistematicamente negado às pessoas com albinismo.
“Discriminação, estigma social, superstições e mitos, violência, pobreza, ausência de
infraestrutura apropriada, falta de segurança e ausência de adequação razoável, material de
aprendizagem e métodos, bem como falta de pessoal suficientemente treinado,” contribuem
significativamente para a baixa frequência escolar e altas taxas de abandono escolar entre
pessoas com albinismo. (Ero et al., 2021, p. 54).

Dessa forma, muitas pesquisas junto às pessoas albinas com deficiência visual, conclui-
se que a barreira crucial para sua real inclusão diz respeito à acessibilidade, sobretudo em
relação às dimensões instrumental e atitudinal, problemática que impede o pleno exercício do
direito fundamental social ao trabalho por parte dessa parcela da população.
Nesse diapasão, à medida que se consegue adequar o ambiente laboral às
peculiaridades dessa minoria, assegurando a acessibilidade em todas as suas dimensões, o
processo de inclusão social no mercado de trabalho será mais efectivo. Por fim, ressalta-se que
a possibilidade de inclusão da pessoa albina com deficiência visual no mercado formal de
trabalho (pelas acções afirmativas de reserva legal ou pela lei de cotas) está ligada,
notoriamente, aos avanços na qualidade de acesso e permanência desse segmento da sociedade
em instituições educacionais, bem como ao exercício da empatia, alteridade, aceitação e
respeito à diversidade humana.

6
3.Conclusão
Com base deste trabalho pode-se concluir que Moçambique apesar de reafirmar o seu
compromisso para com a inclusão através de compromissos que têm prazos e, em alguns
aspectos, orçamentos. Mas, apesar destas políticas e compromissos, os principais obstáculos à
inclusão efectiva giram em torno de uma série de questões como a falta de implementação
efectiva de tais políticas, constrangimentos de recursos financeiros e humanos, capacidades,
atitudes culturais enraizadas, bem como a falta de bases estáveis e sólidas para as pessoas com
deficiência. Igualmente vitais, as questões da deficiência são complexas e multifacetadas – de
mudança de atitude, económicas, ambientais, culturais, políticas e físicas – o que exige liderança.
Em questões que abordaram as dificuldades e oportunidades à pessoa albina com dificuldade
visual, comentários que envolviam os desafios relacionados ao mercado de trabalho foram
uníssonos entre os entrevistados, sendo que a maior dificuldade esteve localizada no
tema acessibilidade, mormente a instrumental e atitudinal. Nesse diapasão, à medida que o poder
público (e o privado também) realize a adequação do ambiente às reais necessidades das pessoas
com deficiência visual, será possível garantir a acessibilidade em todas as suas dimensões, o que
possibilitará um processo de inclusão efectivo.
No que tange às possibilidades, o direito ao trabalho interage com o direito à educação.
Nesse sentido, à proporção que se possibilita à pessoa albina com deficiência visual acesso e
permanência em instituições educacionais, com profissionais capacitados e recursos adequados
ao seu pleno desenvolvimento intelectual e profissional, oportuniza-se sua qualificação e
habilitação ao trabalho formal, quer seja pela reserva legal, em certames públicos, quer seja
pela cota na iniciativa privada.

7
Referências Bibliográficas
Duarte, C. (2019). Moçambique, Aquartelamento AK-47: uma história singular. 2ª Ed. Oeiras,
Âncora Editora.
Ero, I. et al. (2021).Pessoas com albinismo no mundo: uma perspectiva de direitos humanos. 2021.
Disponível em: Albinism_Worldwide_Report2021_PT.pdf (ohchr.org). Acesso em: 19  Abr. 2023. Versão
ampliada do relatório: Albinism Worldwide (número: A/74/190), enviado à Assembleia Geral das Nações
Unidas em 2019.
Durkheim, É. (1970). Sociologia e Filosofia. São Paulo, Ed. Forense.
Little, R. 1995, Nègres Blancs: representations de l’autre autre: essai. Paris: L’Harmattan.
Little, A. (2014). “Albinism in Africa: the albino’s struggle against sunburn, poverty
andmisconceptions”. African Studies Journal, 6(6): 109-123. Lourenço, V. (2009).
Moçambique: memórias sociais de ontem, dilemas políticos de hoje. Lisboa, CEA.
Carvalho, C. & J. P. (2004). A persistência da história: passado e contemporaneidade em África.
Lisboa, Imprensa Ciências Sociais.
Gil, A. C. (2003). Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo, Atlas Editora.
INE (2019). IV Recenseamento geral da população e habitação 2017: resultados definitivos.
Maputo, Instituto Nacional de Estatística.
ONU, (2006). Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência. Genebra, Organização
Mundial da Saúde.

Você também pode gostar