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1.Introdução.....................................................................................................................................1

1.1.Objectivos..................................................................................................................................2

1.1.1.Geral.......................................................................................................................................2

1.1.2.Específicos..............................................................................................................................2

1.2.Metodologia de Pesquisa...........................................................................................................2

2. O Bilinguismo..............................................................................................................................3

2.1.Conceito do Bilinguismo...........................................................................................................3

2.2.Factores de que depende o bilinguismo.....................................................................................3

2.3. Princípios de bilinguismo cultural............................................................................................5

2.4.Vantagens do bilinguismo.........................................................................................................5

2.5.Programa de Educação Bilingue em Línguas Moçambicanas/L1 e Português/L2....................5

3.Conclusão.....................................................................................................................................7

Referências Bibliográficas...............................................................................................................8
1.Introdução
Um dos campos de estudo da Sociolinguística é o “bilinguismo” em que as pessoas usam as
duas línguas que adquiriram/aprenderam em situações do seu dia-a-dia, alternando-as conforme
suas necessidades e finalidades específicas: para conversar com os pais na língua materna deles,
ler, estudar, etc. A sua materialização foi graças ao uso de diversas metodologias de pesquisa.
1.1.Objectivos

1.1.1.Geral
 Fazer uma abordagem do bilinguismo.

1.1.2.Específicos
 Definir bilinguismo;
 Apresentar os factores de que depende o bilinguismo;
 Apresentar os princípios de bilinguismo cultural;
 Mostrar as vantagens do bilinguismo em contextos práticos;
 Falar do .Programa de Educação Bilingue em Línguas Moçambicanas/L1 e
Português/L2.

1.2.Metodologia de Pesquisa
Neste trabalho privilegiou-se o método bibliográfico, baseado na leitura de obras que versam
sobre a temática. E analítico, onde analisou-se os diversos pensamentos que abordam sobre os
conteúdos em estudo (Gil, 2003).
2. O Bilinguismo

2.1.Conceito do Bilinguismo
De acordo Bloomfield (1935, citado por Harmers e Blanc, 2000, p.6) define bilinguismo como
sendo “o controlo nativo de duas línguas”, o que sugere, portanto, o conhecimento perfeito de
uma segunda língua (L2).
Por sua vez, Weinreich (1953) considera serem bilingues os indivíduos que manifestam a
capacidade de usar alternadamente duas línguas, isto é, que não revelam dificuldade em centrar
espontaneamente a sua atenção nas línguas faladas.
Já Titone (1972) defende que o bilinguismo é a capacidade de falar uma L2 respeitando a sua
estrutura formal e não parafraseando a primeira língua (L1).
Em suma o bilinguismo (a capacidade de uma pessoa para utilizar duas línguas com destreza e
facilidade) pode ser nativo ou adquirido. Se uma criança for filho de Machuabo, mas que tenha
nascido e criado em Tete, é provável que seja um bilíngue nativo, uma vez que, em sua casa, se
fala Chuabo, ao passo que, na comunidade em geral, comunica em Nyungué.

2.2.Factores de que depende o bilinguismo


O bilinguismo deixa de ser considerado em termos absolutos, para passar a ser considerado de
forma relativa, dependente de factores como o tempo e a circunstância (e não apenas da
proficiência linguística). Prova disto são as variáveis propostas por Mackey (2000) no estudo do
bilinguismo: (1) o grau de proficiência – que não necessita de ser equivalente em todos os
domínios linguísticos, nem mesmo nas duas línguas –, (2) a função e o uso das línguas – isto é,
as situações em que as línguas são usadas –, (3) a alternância de código – a frequência com que
são usadas as duas línguas – e (4) a interferência – a forma como uma língua interfere na outra.

Blanc (2000) vão ainda mais longe, ao considerarem seis dimensões na definição de bilinguismo,
que a seguir apresentamos:
1) a competência relativa, que tem que ver com o nível de proficiência que o falante possui nas
línguas faladas. Assim, pode existir bilinguismo balanceado1, quando as competências reveladas
ao nível da L1 são equivalentes às da L2, e bilinguismo dominante, quando o indivíduo
manifesta maior competência numa das línguas, geralmente na nativa;
2) a organização cognitiva, que se prende com as representações cognitivas que o bilingue tem
das traduções (de determinado conceito). Os autores sugerem, portanto, os conceitos de
bilinguismo composto, onde o bilingue apresenta apenas uma representação cognitiva para duas
traduções equivalentes, e de bilinguismo coordenado, em casos onde o bilingue apresenta
distintas representações cognitivas para duas traduções equivalentes;

3) a idade de aquisição das línguas, que determina, em grande medida, o desenvolvimento de


aspectos linguísticos, neuro-psicológicos, cognitivos e socioculturais. Assim sendo, e de acordo
com as diferentes idades de aquisição das línguas, podemos deparar-nos com bilinguismo
infantil5, que se divide em bilinguismo simultâneo – quando o bilingue aprende as duas línguas
ao mesmo tempo, sendo exposto às mesmas desde o seu nascimento – e bilinguismo
consecutivo7 – quando o bilingue aprende uma segunda língua depois de ter adquirido as bases
da sua língua materna (LM), por volta dos cinco anos de idade (Wei, 2000).
Para além do bilinguismo infantil, os autores referem ainda o bilinguismo adolescente e o
bilinguismo adulto, quando a aquisição da L2 ocorre, respectivamente, durante a adolescência e
durante a idade adulta;

4) a presença ou não de indivíduos falantes da L2 no ambiente social do bilingue dá lugar aos


conceitos de bilinguismo endógeno8 – quando o sujeito usa as duas línguas como nativas na
comunidade onde se insere, com ou sem fins institucionais – e bilinguismo exógeno – quando as
línguas são oficiais, sem fins institucionais;

5) o status atribuído às línguas leva-nos ao bilinguismo aditivo10 – nos casos em que as duas
línguas são valorizadas pela comunidade e, portanto, a aquisição da L2 não acarreta perda da L1
– e ao bilinguismo subtrativo11 – nos casos em que a L2 é desvalorizada na comunidade onde o
bilingue se insere, sendo que a sua aquisição acarreta prejuízo da L1;

6) de acordo com a identidade cultural dos bilingues, podemos encontrar bilinguismo


bicultural12 – quando o indivíduo se identifica com as duas culturas adjacentes às línguas faladas
–, bilinguismo monocultural – quando o sujeito se identifica apenas com uma das culturas –
bilinguismo a cultural – quando o sujeito renuncia aos valores culturais relacionados com a sua
L1 e adopta os valores dos falantes da L2 – e bilinguismo descultural15 – quando o sujeito
renuncia à sua identidade cultural e não consegue adoptar os valores culturais relacionados com a
L2.

2.3. Princípios de bilinguismo cultural


Eles reger-se, na perspectiva de Leite (2004, p. 7), que se assume como uma educação onde
cada um adquire um conhecimento aprofundado da sua própria cultura mas em que também
adquire um conhecimento de outras culturas e que, por isso, tem condições para promover o
desenvolvimento de atitudes de alteridade e de respeito pelo ‘outro’ de mim distinto e diferente.
Assim, o objectivo é impedir que o aluno estagne (itálico nosso) no estudo da sua própria cultura,
isto é, que o aluno emirja da sua própria cultura (Calilieri, 1993), a fim de poder adquirir as
competências e os princípios necessários para a participação na cultura nacional – princípios
estes que se relacionam, entre outros, com a justiça e a igualdade social –, sem abandonar a sua
própria identidade (Banks, 2010).

2.4.Vantagens do bilinguismo
Antes de mais, queremos salientar que nos cingiremos, neste ponto, às vantagens do bilinguismo
individual, uma vez este é (quase), são vantagens do bilinguismo em três pontos: Vantagens
psicológicas ,Vantagens sociais e Vantagens educacionais. Do ponto de vista psicolinguístico, é
importante enfatizar o facto de que a língua materna é uma base muito importante para que a
aprendizagem de qualquer outra língua se realize com sucesso, quer para crianças, quer para
adultos. Ao adquirir a primeira língua, desenvolvem-se importantes competências cognitivas que
serão de grande utilidade na aprendizagem da segunda língua ( Leite, 2004).

2.5.Programa de Educação Bilingue em Línguas Moçambicanas/L1 e Português/L2

A Educação Bilingue é uma forma de ensino em que estão envolvidas duas línguas. Para o
contexto moçambicano, refere-se ao ensino em uma língua bantu moçambicana e o Português e
é, normalmente, implementado em áreas linguisticamente homogéneas. Para este tipo de ensino,
Moçambique optou pelo modelo de transição com características de manutenção de forma a
desenvolver-se um bilinguismo aditivo nos alunos (PCEB, 2003). Tendo em conta os ciclos de
aprendizagem em que o Ensino Primário se encontra estruturado, este modelo obedece aos
seguintes princípios:
No primeiro ciclo de aprendizagem (1ª e 2ª classes), as línguas moçambicanas são usadas como
língua de ensino e como disciplina, enquanto a língua portuguesa é simplesmente disciplina, para
desenvolver habilidades da oralidade como preparação para a leitura e escrita nesta língua no 2º
ciclo.
No segundo ciclo (3ª, 4ª, 5ª classes), ocorre o que se chama transição, que é a passagem da língua
de ensino, de uma língua moçambicana para o Português. Este processo é gradual, pois na 3ª
classe, a língua de ensino continua uma língua moçambicana, mas na 4ª classe já é o Português a
desempenhar essas funções. Todavia, tanto as línguas moçambicanas como a língua portuguesa
continuam a ser ensinadas como disciplina. Dado importante é que, nas disciplinas com
conceitos um pouco complexos como Ciências Naturais, Ciências Sociais e Matemática, as
línguas moçambicanas podem ser usadas como auxiliares para explicar/clarificar esses termos.
No terceiro ciclo (6ª e 7ª classes), as línguas moçambicanas são disciplinas, mas podem,
porventura, ser usadas como meios auxiliares para a clarificação de conceitos. Neste ciclo, a
língua de ensino é exclusivamente o Português, pois se acredita que os alunos tenham já atingido
um bom nível de desempenho nesta língua.
As línguas moçambicanas são usadas na educação tendo como base três tipos de fundamentos,
nomeadamente (i) respeito de direitos linguísticos; (ii) afirmação e preservação de identidades
culturais e (iii) facilitação do processo de ensino-aprendizagem. A principal forma de uso destas
línguas é o Ensino Bilingue, uma modalidade em que se usam duas línguas na sala de aula, uma
língua bantu moçambicana e o Português. Para a implementação desta modalidade, Moçambique
adoptou um modelo de transição com características de manutenção. Para além desta
modalidade, as línguas moçambicanas são usadas como meio auxiliar em contextos onde a
língua de ensino é o Português e são também usadas como disciplinas curriculares.
3.Conclusão
Com base deste trabalho pode-se concluir que o bilinguismo engloba diversos factores e, devido
à complexidade do processo, é difícil encontrar uma única definição que o descreva e que o
explique. No entanto, de uma forma geral, há consenso entre os linguistas e especialistas no
assunto que o bilíngue é capaz de se comunicar com clareza em duas línguas. A investigação
contemporânea parece encarar o bilinguismo como um fenómeno dinâmico, dependente de uma
série de factores que vão muito para além dos linguísticos Por outro lado, a caracterização do
tipo de bilinguismo do aluno permite 1) a conceição de estratégias de ensino plurilingue e
intercultural e 2) o desenvolvimento de medidas de integração social conducentes ao seu sucesso
escolar.
Por fim, o bilinguismo deve ser preservado, já que as suas vantagens, quer em termos
psicossociais, quer em termos cognitivos e educativos, são amplamente reconhecidas pela
literatura da especialidade .
Referências Bibliográficas
Banks, J. A. (2010). Educação multicultural: Características e saídas. In J. A. Banks & C. A. M.

Cavalli, M. & Coletta, D. (2002). Línguas, bilinguismo e representação social de valores : IRRE.

Gil, P. (2003).Pesquisa científica. 5ª ed. São Paulo.

Grosjean, F. (2017).Bilinguismo Individual. Trad. por Heloísa Augusta Brito de Mello e Dilys
Karen Rees. Revista UFG, v. 10, n. 5, p. 163-176.

Leite, C. (2002). O currículo e o multiculturalismo no sistema educativo português. Lisboa:


Gulbenkian/FCT.

PCEB, (2003). Programa Curricular do ensino bilingue. MINED

Titone, R. (1972). O Bilinguismo precoce. Bruxelles: Charles Dessart.

Wei, L. (2000). Dimensões do bilinguismo. (pp. 3-23). In L. Wei, A Leitura do bilinguismo, 12.
London: Routledge.

Weinreich, U. (1953). Linguagem de contacto: The Hague: Mouton.

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