A escolha recaiu sobre Agrupamentos de Escolas em três anos
diferentes mas na mesma zona geográfica (Sintra). Pretendia verificar como a BE é entendida ao longo do tempo, numa área geográfica próxima e em estabelecimentos de ensino com a mesma tipologia (EB1 e EB2.3 e JI). Analisei os relatórios dos Agrupamentos: D. Carlos I (Lourel – Sintra) 2006/2007;
Maria Alberta Menéres (Algueirão – Mem Martins – Sintra) 2007/2008
D.Fernando II (Sintra) 2007/2008.
Agrupamento de Escolas D. Carlos I (Lourel – Sintra) 2006/2007;
É um Agrupamento com determinadas especificidades onde se
procurava envolver a comunidade educativa na construção do Projecto Educativo ““Educação para a Cidadania Responsável”, na tentativa de acabar com determinados comportamentos/atitudes dos alunos e de torná-los cidadãos responsáveis, críticos e participativos. A BE/CRE aparece referida no item dos “Resultados” – “1.2. Participação e Desenvolvimento Cívico), na tentativa de mostrar “a “utilização do Centro de Recursos” e salientando a importância que o “Centro de Recursos/Biblioteca (na Escola-Sede)” assume na concretização do Projecto Educativo “Educação para a Cidadania Responsável”. É ainda “Centro de Recursos/Biblioteca (na Escola-Sede)” que existe uma caixa de sugestões, para que os alunos possam aceder-lhes facilmente e assim participarem activamente na vida da Escola. O CRE é ainda referido no item da “Prestação do Serviço Educativo – 2.4. Abrangência do Currículo e valorização dos saberes e da aprendizagem”, especificando que o CRE “desenvolve actividades diversificadas no âmbito do Plano Nacional de Leitura.” Dentro de este quadro percebe-se que o CRE existe como estrutura mas não tanto como parceiro, ao serviço de todos e com possibilidades interventivas e como uma mais-valia no processo dinâmico de construção e estruturação de saberes, aprendizagens e competências para a vida futura.
Agrupamento de Escolas Maria Alberta Menéres (Algueirão –
Mem Martins – Sintra) 2007/2008
Este é um Agrupamento em que pelas suas características e
especificidades se desenvolve um trabalho constante e concertado. A BE/CRE aparece referida no item da “Caracterização do Agrupamento” porque quer a EB1 como a EB2.3 possuem salas específicas. No que respeita à “Prestação do Serviço Educativo – 2.4. Abrangência do Currículo e valorização dos saberes e da aprendizagem”, as duas BE/CRE desenvolvem actividades “no âmbito do Plano da Acção da Matemática”, no Plano Nacional de Leitura, de projectos desenvolvidos nas escolas e até das visitas realizadas”. Na “Organização e gestão escolar – 3.3. Gestão dos recursos materiais e financeiros” as BE/CRE são referidas para salientar que “estão apetrechadas e organizadas de forma a proporcionar uma utilização eficaz aos utentes”. Relativamente à “Liderança – 4.3. Abertura à inovação” estes espaços aparecem referidos como sendo “espaços dinâmicos, onde decorrem muitas actividades articuladas com o desenvolvimento dos currículos e com a comunidade educativa”; nas “4.4. Parcerias, protocolos e projectos” evidencia- se o facto de estarem integradas na RBE.
Neste caso, parece que a BE/CRE estão ao serviço da comunidade
ainda que não seja um pólo muito valorizado. Existe, sabe-se que existe, está apetrechado mas ainda não ganhou “estatuto de cidadania”. É um parceiro com quem se conta, um espaço de recurso, mas não um espaço aglutinador e gerador de potencialidades. Agrupamento de Escolas de D. Fernando II (Sintra) 2008/2009
Neste Agrupamento, cada Escola tem uma BE onde se dinamizam
actividades, ainda que nem sempre estejam em sintonia. A BE é referida no item da “Prestação do Serviço Educativo – 2.4. Abrangência do Currículo e valorização dos saberes e da aprendizagem” no que respeita à “dinamização das Bibliotecas Escolares de cada unidade educativa”. Em todo o relatório, a BE não volta a ser referida em nenhum dos restantes itens. Isto pode querer significar que ainda não é considerada como uma mais valia ao serviço do processo ensino-aprendizagem, que ainda não conseguiu mostrar o seu novo papel: protagonista activo na formação de competências.
Em conclusão pode dizer-se que a BE vai paulatinamente ganhando
importância mas ainda é necessário fazer um longo percurso. A BE não pode continuar a ser entendida como mais um espaço da Escola/Agrupamento, mas sim como um recurso/parceiro activo na formação de pessoas críticas, capazes de aprender fazendo, detentoras de competências que lhes permitam enfrentar a vida, construtoras dos seus próprios caminhos de aprendizagem.