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OCUPAÇÃO DE ALCÂNTARA

Tradução do texto em inglês que pode ser acessado no site:


“www.stratfor.com/home/giu/archive/030201.

“Estados Unidos Reforça Influência no Programa de Mísseis Brasileiros


01 March 2001 (divulgado 03 Março 2001)

Sumário

Brasil e Estados Unidos assinaram um acordo que permite a firmas americanas


usar as instalações da Base de Lançamentos de Alcântara (de foguetes) para
atividades comerciais. Embora o acordo entre os Estados Unidos e o Brasil ajude a
economia brasileira no setor aeroespacial, ele também possibilitará aos Estados
Unidos reforçar (aumentar) a sua influência no programa de desenvolvimento de
mísseis brasileiro.

Análise

O Brasil planeja investir mais de U$ 13 milhões, para construir e expandir as


instalações do Centro de Lançamentos de Alcântara em 2001. O investimento que
permitirá aos aviões cargueiros pesados pousarem diretamente no Centro, é parte de
uma ampla melhoria da infra-estrutura, para antecipar a chegada de empresas
americanas e outras, para lançamento de satélites no Brasil.
No ano passado (2000), Washington e Brasília assinaram um Tratado de
Salvaguardas Técnicas (Technical Safeguards Agreement), permitindo que empresas
americanas lancem satélites da Base de Lançamentos de Alcântara - potencialmente
uma das mais flexíveis e de melhor relação custo/benefício do mundo. O acordo,
entretanto, proíbe a transferência de tecnologia de foguetes ao Brasil. Apesar de o
acordo ajudar o setor aeroespacial brasileiro, permitirá aos Estados Unidos manter
um olho vigilante e ter influência sobre o desenvolvimento de mísseis brasileiros.
Em meados dos anos 80, o Brasil iniciou o desenvolvimento de mísseis
balísticos, baseados no seu programa de foguetes Sonda. Empresas brasileiras
também trabalharam com o Iraque e a Líbia, vendendo e comercializando tecnologia
de mísseis, conforme estudo do Center for Nonproliferation Studies. Desde a crise
dos mísseis em Cuba, Washington decidiu que o hemisfério seria uma zona livre de
mísseis, à exceção dos seus próprios. O programa de mísseis brasileiro ameaçou a
proliferação no próprio “quintal” de Washington. Agora os Estados Unidos têm a
oportunidade de possuir uma posição importante de onde podem observar (monitorar)
e influenciar o desenvolvimento da indústria aeroespacial brasileira.
O programa brasileiro de mísseis servia a dois propósitos: defesa nacional e
ganho econômico. No seu início, foi concebido para conter ameaça da Argentina; a
venda de tecnologia de mísseis, porém, provou ser lucrativa.
No início de 1994, o Brasil mudou sua posição quanto à venda de mísseis ao
exterior, devido às pressões dos Estados Unidos e outros países signatários do
Missiles Technology Control Regime (MTCR). A associação ao MTCR, uma
organização voluntária entre várias nações dirigindo a exportação de tecnologia de
mísseis balísticos, permite o acesso à tecnologia espacial banida aos não membros.
O Brasil teve permissão de participar do MTCR em 1995, após mudança do
controle de seu programa espacial para civis e a assinatura de acordos concordando
em encerrar (renunciar) o desenvolvimento de armas de destruição em massa
(nucleares, bacteriológicas e químicas). Abandonar o seu avançado programa de
mísseis balísticos foi outro ponto chave para a participação brasileira no MTCR.
Ao abandonar seu programa de mísseis balísticos, o Brasil procurou uma nova
fonte de receitas para sua indústria aeroespacial. O nosso país está vendendo o
serviço de lançamentos de seu Centro de Lançamento de Alcântara com sua
excepcional localização (uma das bases de lançamento mais versáteis e de melhor
relação custo-benefício do mundo). O Centro está localizado no norte do Brasil,
somente 2º 3’, ao sul do Equador, o que permite cargas maiores usando menos
combustível, do que aqueles lançados em latitudes maiores. Em comparação ao custo
de um lançamento em Cape Canaveral, Florida, ou do Cosmódromo de Baikonur,
Kazaquistão, será reduzido de 20 a 30% em Alcântara. O porto e aeroporto permitirão
acesso de navios e aviões de grande porte diretamente ao Centro.
Embora os Estados Unidos tenham assinado um acordo com o Brasil, os
brasileiros não estão limitando o emprego somente às companhias americanas. A
indústria de lançamentos de satélites não tem locais suficientes de lançamentos
disponíveis no mundo para atender à demanda dos seus clientes, um fator por trás da
competição internacional pelos direitos de uso do CLA. A indústria de lançamentos
tem uma carteira de encomendas de vários bilhões de dólares de satélites para serem
postos em órbita.
O acordo que permite a Washington, lançar seus foguetes de Alcântara, também
atende aos interesses econômicos e ao desejo de ter uma cerrada vigilância sobre os
mísseis brasileiros. O acordo oferece ao Brasil acesso a tecnologias em diversos
setores da indústria aeroespacial, incluindo desenho de aviões e partes, tecnologias
para exploração comercial do espaço, operações de aeroportos. Ao mesmo tempo
proíbe a transferência de tecnologia de foguetes para o Brasil.
Estas tecnologias relacionadas aos aeroportos e desenvolvimento de aviões são
muito importantes para o Brasil devido ao meio aéreo ser o único que consegue
cobrir o grande e inacessível interior do Brasil. O país também está privatizando os
seus aeroportos, o que pode ser um incentivo maior para aceitar um maior nível de
colaboração com empresas americanas.
Muitas companhias e nações de todo o mundo lutarão pelos direitos de uso do
Centro de Lançamentos de Alcântara e muitos poderão estar desejando aumentar as
trocas para ter os direitos de lançamento. O governo da Ucrânia assinou um acordo
que permite o lançamento do foguete Tsyklon do CLA e demonstrou o interesse de
ceder tecnologia para o Veículo Lançador de Satélites (VLS). A China também tem
considerado lançar seus foguetes Longa Marcha de Alcântara. Também a Rússia
mostrou desejo de negociar tecnologia de mísseis com o Brasil, após o país ter tido
acesso em 1995 ao MTCR, conforme o Wisconsin Project on Nuclear Arms Control.
O plano dos Estados Unidos para controlar o desenvolvimento hemisférico de
mísseis daria ao Brasil uma alternativa econômica lucrativa e compensatória ao
desenvolvimento de mísseis balísticos. Washington manterá seus olhos no
desenvolvimento do programa de mísseis brasileiro, se tiver uma presença no Centro
de Alcântara. O envolvimento econômico americano pode ser secundário, mas não é,
pois os Estados Unidos desejam ter acesso às instalações de Alcântara.
O relacionamento entre os Estrados Unidos e o Brasil ajudará a ambos países
economicamente. Washington também pensa em usar a sua presença em Alcântara
como um meio de limitar as tentativas brasileiras de desenvolver tecnologia de
mísseis balísticos. Para ser eficaz, os Estados Unidos terão de oferecer maiores
benefícios ao Brasil que outras companhias e nações. Isto poderá ser bastante difícil,
pois diversas companhias e nações de todas as partes do globo negociarão as
tecnologias de mísseis balísticos, em troca de direitos de uso das facilidades do
Centro de Lançamento de Alcântara”.

“Notas da Defesa @Net.

1. Países signatários do MTCR: praticamente todos os países desenvolvidos -


Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Rússia, etc.

2. O CLA será a única base de lançamento fora dos Estados Unidos autorizada a
lançar foguetes e satélites de construção americana.

3. Mísseis Balísticos, pela definição do MTCR.


Alcance: mais de 300 Km
Capacidade: mais de 500 Kg”

Pode-se, pois, deduzir, da existência de grande interesse norte-americano pelo


CLA, tanto que no acordo, o Congresso dos EEUU nem apreciará o mesmo, como
fará o Congresso Nacional do Brasil.
O uso de “áreas restritas” pelos americanos, no interior do CLA (!), é claro, se
ampliarão, futuramente, até à constituição de uma nova base americana na América
do Sul (seria a 21ª “forward base” – ver “Zero hora”, Porto Alegre-RS, de 25/3/01,
acerca dessas ameaçadoras bases, ao longo do “arco amazônico”) da qual não mais se
retirarão, constituindo-se, esse enclave, em um escárnio à soberania nacional. De lá,
poderão, facilmente, monitorar o Brasil quanto ao cumprimento das cláusulas ditadas
pelo MTCR (adesão brasileira, em 1995, e aquelas relativas à homologação (junho e
julho de 1998, pela Câmara Federal e Senado, respectivamente) do TNP (Tratado de
Não Proliferação Nuclear), ao qual resistimos, bravamente, por mais de trinta anos,
de 1968 a 1998). E o Brasil, em 8 anos (proeza não alcançada por nenhum outro país)
enriqueceu o urânio, em 1987, pela ultra-centrifugação, sem ajuda externa, por meio
do Programa Autônomo ou Paralelo (PATN – Programa Autônomo de Tecnologia
Nuclear).
A segunda razão da necessidade de uso estrangeiro, de Alcântara, é a inclusão
do Atlântico Sul no “escudo protetor anti-míssil”, de Bush II, que, para se precaver,
de mísseis iraquianos, os quais, em linha reta, daqui a mais ou menos dez anos,
poderão atingir a costa L dos EEUU, precisam, eles, os norte-americanos, para a
interceptação daqueles engenhos, das bases de Aruba - Curaçao, Ascensão e
Alcântara (já dispõem das três primeiras...). Seremos vítimas desses foguetes e de
grupos terroristas organizados, de países inimigos dos EUA...
Valerá a pena lançarmos um Veículo Lançador de Satélites (VLS) a tal preço?
Sejamos patriotas e não ingênuos. Sensibilizemos o Congresso para rejeitar tão
nefasto Acordo!
Para tal, repassemos, pela Internet, esta e outras mensagens alusivas a tão grave
problema.

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