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Como já tivemos oportunidade de referir num outro trabalho desta

acção de formação o tema avaliação é muito sensível no seio da


classe docente por algum número de razões das quais nós
destacamos três por me pareceram as mais relevantes para a tarefa
que agora estamos a realizar.

Em primeiro lugar pelos recentes acontecimentos que se prenderam


com o estatuto da carreira docente e pelo clima de instabilidade que
se criou nas escolas, pela falta de tempo resultante do trabalho de ser
professor adicionado à extrema dureza com que alguns se
confrontam no que respeita ao comportamento dos alunos e por outro
lado pela falta de cultura de avaliação que a nossa sociedade possui.

De facto, se no que diz respeito à primeira e segunda razões nada


mais temos a acrescentar, no que diz respeito à última somos de
opinião que ela se deve ao facto de, em Portugal, só muito
tardiamente se começou a considerar sérias hipóteses de se criarem
mecanismos credíveis e necessários à sua implementação no seio das
organizações educativas.

Contudo, não é mais é mais possível negar sua centralidade,


sobretudo nas instituições públicas educativas onde se coloca de
modo incisivo a necessidade de criação de fóruns específicos que,
além do debate, promovam sua prática como mecanismo institucional
de ressignificação das atividades desenvolvidas.

McNicol ( 2004:1) refere mesmo que: “ It is an intrinsic feature of


effective schools and professional practice…an intrinsic and
necessary component of school improvement.”

Com a crescente necessidade de justificação dos orçamentos


investidos em Programas Educativos, de que as BE/CRE são um
exemplo, impõe-se reconhecer também para além desta justificação
economicista que o cuidado com a avaliação da ação educativa, de
seus efeitos e de seus determinantes, é condição natural e
indispensável para a organização e o alcance dos objetivos do
trabalho pedagógico . É necessário, assim, ir além das avaliações
clássicas da aprendizagem ou do rendimento escolar, implementando
uma prática de avaliação que possibilite monitorar e aprimorar as
condições estruturais e de funcionamento das iniciativas
organizacionais.

Para isso será necessário: “ (...) to identify what you are going to
measure.” (Scott, 2002:3) e posteriormente desenvolver formas de
acompanhamento do impacto das iniciativas levadas a efeito no
quadro do Plano de Actividades da BE/CRE.

Não sendo avaliadas, tais iniciativas perdem a oportunidade de


registrar avanços e recuos, aspectos promissores e fragilidades. Por
outro lado, a inexistência de informação sobre a efetividade de um
programa impossibilita que seus responsáveis aprimorem sua
estrutura de forma mais precisa e confiável. É neste ponto que se
insere esta proposta de avaliação, enquanto processo facilitador da
melhoria dos programas durante sua implementação, assim como
para subsidiar a proposição de novas iniciativas.

Contudo, criar uma cultura de avaliação não é algo que se improvise


ou possa ser feito apenas com vontades individuais. Implica
compromissos coletivos, condições operacionais, vontade política e
técnica. A nossa experiência de caminhar junto no Agrupamento onde
exercemos funções, não é um processo simples ou linear. A
instituição possui ritmos próprios e os recursos disponibilizados às
equipes internas variam em função de suas próprias especificidades.
Também é preciso considerar que, não raro, em trabalhos desta
natureza podem ocorrer flutuações e descontinuidades, contribuindo
para a fragmentação do trabalho e um eterno recomeçar. Há
dificuldades próprias à construção de um processo avaliativo, assim
como algumas perspectivas que revelam novas e animadoras
possibilidades.

Assim, tendo em conta estas fragilidades delinear um plano de acção


que as ultrapasse não é fácil nem encorajador. Contudo sem
pretendermos construir um “proven programs” de que fala Johnson
(2005:1) ensaiaremos alguns passos e metodologias que tenham em
conta a neccessidade de motivar e motivar-nos para esta tarefa
imensa de:

• Improve reading scores


• Teach higher-level thinking skills
• Provide access to information resources in a variety of formats
• Improve every area of the curriculum
• Make students and staff more knowledgeable and comfortable
with technology
• Develop motivated and self-directed life-long learners

Johnson (2005:1)

Plano de Acção para a consolidação de uma cultura de


avaliação da BE/CRE
Acções Destinatários Calendarização

1. Assumpção da Direcção,Conselho 1º Período


BE/CRE como central Geral e Conselho
na aprendizagem dos Pedagógico
alunos

2. Fomentar um clima Direcção,Conselho 1ºPeríodo


de comprometimento Geral, Conselho
com os processos de Pedagógico
avaliação da BE/CRE

3. 1. Difundir teorias e Direcção,Conselho 1º Período


métodos de avaliação Geral, Conselho
e de mudança de Pedagógico e
paradigmas avaliativos Directores de Turma e
da BE/CRE Representantes dos
Encarregados de
Educação

4. Elaboração de Equipa da BE/CRE 2º Período


instrumentos
facilitadores da recolha
de evidências

5. Reunioes sectoriais Professores 2º Período


com os Departamentos
Curiculares para
identificação de áreas
e estratégias de apoio
ao curriculo

6. Reunião com DT DT 2º Período


para identificação de
áreas de Apoio (Área
de Projecto, Formação
de Utilizadores para a
BE/CRE e literacia
tecnológica, ...)

7. Estabelecer maior Comunidade Educativa Ao longo do ano


interacção entre
BE/CRE e todos os
sectores da Escola

Bibliografia

Scott, Elspeth (2002) “How good is your school library resource centre? An
introduction to performance measurement”.

McNicol, Sarah (2004) Incorporating library provision in school self-evaluation.

Johnson, Doug (2005) “Getting the Most from Your School Library Media Program”.
Responder
Re: 3ª sessão -2ª tarefa -1ª parte
por Isabel Ramos - Segunda, 16 Novembro 2009, 22:13

Olá Virgínia!

Gostei do seu contributo nesta discussão.


A visão que apresenta é mais ampla que a minha. Preocupei-me
estritamente com a aplicação "imediata" do modelo. A Virginia aborda
questões preocupantes, pressupostos que ainda poucos pressupõem ,
preocupações que só os mais "proactivos" vislumbram. De facto, o
"imediatismo" nem sempre tem os melhores resultados...perspectivo no
seu plano de acção uma intenção "educativa" para a vigência de uma
cultura de avaliação no corpo docente e na escola enquanto organização
e, também por isso, apreciei o seu trabalho.

Uma cultura de escola baseada na reflexão sistemática e redefinição de


acções e procedimentos, uma BE como eixo central de aprendizagens,
curriculares e outras, é o que todos ambicionamos. É para isso que temos
vindo a trabalhar. É para esse novo paradigma que o presente modelo de
auto-avaliação nos encaminha. Não há mudanças forçadas?! Talvez não.
Mas é necessária a nossa FORÇA.

O seu trabalho lembrou-me a "sustainable leadership" de que fala Ross


Todd. Com a sua implementação construirá uma mudança sustentada, de
fortes alicerces.

Continuação de bom trabalho,

isabel Ramos

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