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Falta de sensibilidade
Opinião
Alberto Peixoto
09/03/2008 09:03:9

A intransigência tem custos. Seja qual for o desfecho desta crise criada
com o braço-de-ferro entre os professores e a Ministra da Educação, o
grande derrotado, por falta de sentido de oportunidade, já tem um
nome apesar de continuar a não a ver o que está à vista de todos.
Sem dúvida que, não sendo as sociedades consensuais, há consensos
alargados nas sociedades que se cristalizaram e os elementos
constituintes dessas mesmas comunidades estão cada vez menos
dispostos a abdicar deles. Na sociedade portuguesa, já poucos toleram a
arrogância por oposição à falta de humildade.
Em nosso entender, o não ver tal evidência foi o erro de José Sócrates e
de nada lhe valeram os sinais que a lucidez de Manuel Alegre foi
emitindo. Desde o início da legislatura, Sócrates assumiu uma postura
totalmente oposta à de António Guterres. Cedo se percebeu que
enquanto Guterres dialogava demais e decidia de menos, Sócrates, nos
antípodas, optou por dialogar de menos e decidir a toda a força. O lema
seguido foi fazer e apresentar dados estatísticos para demonstrar
resultados imediatos, confirmando que as decisões estavam no caminho
certo!
As negociações com os parceiros sociais transformaram-se em recitais de
informação das intenções de um Governo inflexível. E o resultado está à
vista! Nem lhe valeu o facto de o actual Governo, em termos políticos e
sociais, ter desfrutado da melhor conjuntura dos últimos trinta anos
para reformar o país, em sectores vitais como o Ensino, a Saúde e a
Justiça.
A reforma da Saúde agoniza! A nova Ministra parou o processo, dando
razão àqueles que denunciavam estarem a ser encerradas unidades de
saúde sem terem sido criadas alternativas. Hospitais sem problemas
viram os seus corredores transformados em enfermarias sem qualquer
dignidade para os pacientes…
Na Justiça, a reforma ficou-se pela alteração das leis penais, cujo
efeito, a avaliar pelo número de reclusos que saíram e os que deixaram
de entrar nas prisões desde 15 de Setembro de 2007, se transformou,
embora de forma encapotada, numa das maiores amnistias de sempre
que houve em Portugal. Foram três anos para se elaborar um novo mapa
judiciário que, deixando tudo na mesma, ainda ninguém percebeu para
que serve. A reestruturação das forças policiais, apesar do dinheiro
gasto em estudos, terminou em nada, ficando tudo no modelo que
perdura desde os anos 80 do século passado. Os 1.800 civis que iam ser
colocados nas Polícias, ninguém sabe deles. Os cursos de formação para
agentes e guardas, que não iam decorrer até 2010, afinal já vão
arrancar este ano com mais 2.000 para aumentar o efectivo.
Por fim, a reforma do Ensino, aquela que parecia ter arrancado da
forma mais consistente, resolvendo alguns problemas que se arrastavam
no tempo, padeceu de um mal capital que foi o não ter considerado os
professores como os primeiros aliados!
Talvez me engane muito e oxalá que assim seja para bem de todos, mas
tenho um pressentimento que este último ano de legislatura vai ser um
calvário para o Governo ao ponto de ele próprio invocar todos os Anjos e
Santos para que o tempo passe!

acrpeixoto@sapo.pt
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