Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Portanto, a mera rotura de uma coligação parlamentar por si só pode não ser
suficiente para justificar um decreto do PR de demissão do Governo. Em vez disso,
seria necessária uma moção de censura aprovada pelo Parlamento ou outra situação que
coloque em causa o funcionamento regular das instituições democráticas para justificar
a demissão do Governo pelo PR.
Quid Iuris?
De acordo com os direitos fundamentais da Constituição da República Portuguesa
(CRP), mais concretamente nos direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores, Artigo
57º, o trabalhador detém o direito à greve, definindo o âmbito de interesse a defender
através da mesma e não podendo ser limitada pela lei. Ademais, de acordo com o Artigo
195º, o Presidente da República só pode demitir o governo quando tal se torne
necessário para assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas, o que
não é o caso, uma vez que uma greve dos docentes não representa esse tipo de ameaça.
Algumas semanas depois, a referida proposta veio a ser aprovada por 120
votos a favor, 105 votos contra e 5 abstenções, tendo o Presidente da
República suscitado a fiscalização preventiva da lei de revisão, por entender
ser a mesma inconstitucional. Quid Iuris?
Antes de tudo é necessário ressaltar que para que as alterações da Constituição sejam
aprovadas é necessário maioria de dois terços dos Deputados em efetividade de funções
(Artigo 286º da CRP), em seguida, relativamente à atitude do Presidente da República,
o mesmo pode, de acordo com o Artigo 278º (1) da CRP requerer ao Tribunal
Constitucional a apreciação preventiva da constitucionalidade se a mesma lhe parecer
inconstitucional.
Assim sendo, à luz da CRP, este pacto não detém qualquer validade, sendo
inconstitucional por ação, uma vez que infringe o disposto na Constituição e detém
inconstitucionalidade formal. No entanto, tal não impede a aplicação das suas normas na
ordem jurídica portuguesa, desde que tais normas sejam aplicadas na ordem jurídica da
outra parte, e tendo a certeza que a mesma não resulta na violação de uma disposição
fundamental (Artigo 277º(1) e (2) da CRP).
Suponha um decreto de proibição do uso do ‘burkini’ nas praias francesas,
decretada pelo município francês de Villeneuve-Loubet, que deu origem a um
recurso para o Conseil D’État, pode ler-se na decisão deste órgão que, a referida
proibição, que havia sido adoptada com fundamento na necessidade de garantir a
ordem pública.
A proibição do uso dos “burkinis” nas praias trata-se de uma regra que claramente viola
os direitos fundamentais, a liberdade de expressão dos cidadãos, e vai contra os seus
direitos, liberdades e garantias pessoais, sendo um claro ataque à liberdade dos cidadãos
pela sua escolha religiosa, algo que vai contra o Artigo 41º da Constituição sobre a
liberdade de consciência, de religião e de culto, não tendo como tal um carácter geral e
abstrato permitido às leis restritivas de direitos (Artigo 18º(2) da CRP). Este diploma
não está, portanto, em conformidade com a Constituição da República Portuguesa.
Perante recentes desacatos em algumas escolas entre alunos de minorias religiosas,
o Governo, através de decreto-lei, estabeleceu a obrigatoriedade de frequência de
Religião Moral e Católica. Podia fazê-lo?
De acordo com a Constituição, ninguém pode ser forçado a adotar uma religião ou
crença específica, incluindo a frequência de uma disciplina religiosa contra a sua
vontade (Artigo 45º) e reforça-se o princípio da igualdade, proibindo a discriminação
com base na religião (Artigo 49º). Tornar obrigatória a frequência desta disciplina
específica pode ser vista como uma discriminação, uma vez que impõe uma religião em
detrimento de outras.
Com base nestes princípios, um decreto-lei que tornasse obrigatória a frequência de uma
disciplina religiosa específica, como a Religião Moral e Católica, poderia ser
questionado quanto à sua constitucionalidade.
No dia de eleições a população fecha o local em que as pessoas iam votar. Estão a
exercer o direito de manifestação, que só tem alguma utilidade se for acompanhado
pela prática de uma ilegalidade.
No entanto, é importante notar que a CRP também estabelece que esses direitos
fundamentais devem ser exercidos dentro dos limites da lei e da ordem pública. A
prática de uma ilegalidade, como fechar locais de votação no dia das eleições, violaria a
lei eleitoral e a ordem pública. Por exemplo, segundo o Artigo 18º, estabelece-se o
princípio da legalidade que afirma que ninguém pode ser condenado por ações que não
sejam proibidas por lei e que ninguém pode ser obrigado a fazer algo que não seja
exigido pela lei. Este princípio reforça a importância do respeito pelas leis existentes.
No contexto da pergunta, o encerramento dos locais de votação no dia das eleições é
uma ação que viola a lei eleitoral. Portanto, aqueles que participam nessa atividade
ilegal podem estar sujeitos a sanções legais, uma vez que estão a violar o princípio da
legalidade.
Ademais, fechar os locais de votação no dia das eleições impede diretamente o exercício
do direito de sufrágio dos cidadãos, algo que é incompatível com o Artigo 133º e para
com a CRP pois se trata de um dos princípios fundamentais da democracia e do sistema
eleitoral em Portugal. Embora a CRP proteja o direito à manifestação, esse direito não
justifica a prática de atividades ilegais, como impedir o processo eleitoral. A lei eleitoral
e a ordem pública são fundamentais para a realização de eleições democráticas e a
expressão do voto dos cidadãos.
Assim, a ação de fechar locais de votação no dia das eleições não pode ser considerada
uma manifestação legítima do direito de manifestação, uma vez que viola a lei eleitoral
e a ordem pública. Portanto, as pessoas envolvidas podem enfrentar as consequências
legais pelas suas ações, mesmo que estejam a exercer um direito fundamental.
Na sequência da legislação sobre o tabaco, que proíbe fumar nos restaurantes, e
recentemente, à porta dos hospitais, um cidadão requer ao Tribunal que determine
a proibição de fumar na praia, invocando diretamente normas constitucionais.
Terá razão?
A proibição de fumar nas praias teria implicações nos direitos dos cidadãos, e essa
proibição poderia vir a ser justificada pelo direito à saúde (Artigo 26º da CRP) e o
direito ao Ambiente (Artigo 66º da CRP), isto é, se se centrasse na forma como essa
proibição visa proteger a saúde dos cidadãos e a do meio ambiente e qualidade do ar.
O Artigo 19º estabelece o princípio da reserva da lei, que significa que apenas a lei pode
restringir direitos, liberdades e garantias nos termos da Constituição. Portanto, a
proibição de fumar nas praias precisaria ser estabelecida por lei e não poderia ser
imposta diretamente sem base legal.
Em resumo, a proibição de fumar nas praias pode ser justificada com base em
considerações de saúde pública e meio ambiente, desde que seja estabelecida por lei em
conformidade com a Constituição. No entanto, a questão de saber se o cidadão tem
razão dependeria da interpretação das normas constitucionais pelos tribunais.
Suponha que o PR nomeou para Primeiro Ministro o líder do partido político
menos votado, sendo pública a informação de que as audições partidárias
indicaram outro partido para o efeito.
Podia fazê-lo?
A nomeação do Primeiro-Ministro pelo Presidente da República em Portugal é um
processo que envolve considerações constitucionais. O Artigo 187º da Constituição da
República Portuguesa (CRP) estabelece os poderes do Presidente da República no que
diz respeito à nomeação do Primeiro-Ministro. O processo geralmente segue as eleições
legislativas e envolve o líder do partido político que tenha apoio parlamentar
maioritário.
No entanto, é importante notar que o Presidente da República pode ter alguma margem
discricionária na nomeação do Primeiro-Ministro, mas essa margem deve ser exercida
dentro dos limites da Constituição e em conformidade com os princípios democráticos e
parlamentares estabelecidos na CRP.