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"Dêem-me uma dúzia de crianças sadias, bem constituídas e a espécie de mundo que preciso para

as educar, e eu garanto que, tomando qualquer uma delas, ao acaso, prepará-la-eí para se tornar
um especialista que eu seleccione: um médico, um comerciante, um advogado e, sim, até um pedinte
ou ladrão, independentemente dos seus talentos, inclinações, tendências, aptidões, assim como da
profissão e da raça dos seus antepassados."
(WATSON - Behaviorism)Pretendeu tornar a psicologia uma ciência aplicável aos animais
e seres humanos. Para tal a psicologia tinha de limitar-se ao estudo dos comportamentos
observáveis (behavior em inglês), directa ou indirectamente. A psicologia podia então
medir as respostas, utilizar o método experimental conseguindo um grau de
objectividade superior ao método introspectivo.
Estes comportamentos constituem a resposta (R - reacções físicas) de um indivíduo a
um determinado estímulo (E - objectos exteriores). A base do Behaviorismo é de que
um estímulo provoca sempre a mesma resposta pelo que não só seria possível prever os
comportamentos mas igualmente controlar a produção desses comportamentos. E --> R
A hereditariedade é ignorada e apenas se valoriza a influência social e ao estudar apenas
o observável fica limitada no estudo dos processos cognitivos. Estes aspectos levaram a
críticas por parte de Piaget no sentido de alterarem a fórmula de Watson, valorizando a
personalidade.
Fundamentais:
• o comportamento compõe-se inteiramente de secreções glandulares e
movimentos musculares, sendo, portanto, redutível a processos físico-químicos;
• existe sempre uma resposta a todo e qualquer estímulo; toda a resposta tem
alguma espécie de estímulo;
• os comportamentos mais complexos podem ser entendidos como cadeias (redes)
de reflexos mais simples;

A actividade de Watson não se limitou aos meios académicos, tendo deixado a


Universidade em 1921 dedicando-se à publicidade até 1946 em agências de nomeada
(como vice Presidente na W.J. Thompson ) onde aplicou os seus conhecimentos sobre o
comportamento.
Para além de Watson outros autores se destacaram nesta corrente que dominou as
primeiras décadas do século XX: Skinner (que voltaremos a encontrar), Tolman e Hull.

. O trabalho de Piaget (1896- 1980) centrou-se no desenvolvimento da inteligência


infantil, procurando perceber o modo de construção do conhecimento humano dando
origem à Epistemologia genética um dos ramos da psicologia actual.
Analisando os erros cometidos pelos alunos do ensino primário na realização de testes
verificou que estes eram semelhantes, obrigando-o a explicar o pensamento das crianças
com qualidades diferentes do pensamento do adulto.
A sua questão: Como é que o conhecimento humano é ampliado?
A sua resposta: O conhecimento é uma construção progressiva de estruturas lógicas que
vão sendo suplantadas por outras estruturas lógicas mais complexas e mais poderosas
até à idade adulta.
Assim a lógica infantil e os seus modos de pensar são inteiramente diferentes dos
adultos.
Identifica quatro estádios de desenvolvimento intelectual com características
qualitativas diferentes
• sensório-motor
• pré-operatório
• operações concretas
• operações formais
O ser humano deixa de ser considerado como um ser passivo passando a moldar o
mundo em que vive. O conhecimento não é inato mas resulta da interacção do
organismo com o meio.
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Pavlov, ao estudar as secreções gástricas, descobre que sempre que era apresentado um
estímulo eram produzidas secreções, facto que acontecia de um modo semelhante em
todos os elementos de uma espécie animal: são chamados reflexos inatos [reacções
automáticas naturais]:
(ex. num cão verifica-se a produção de saliva quando é apresentado um alimento, facto
que serve para ajudar a ingestão do alimento.)
Para além destes reflexos descobre que se podem desenvolver reflexos aprendidos
podendo assim proceder-se a uma alteração dos comportamentos. Os reflexos
aprendidos ou condicionados eram produzidos pela associação de um estímulo novo
(estímulo que não produzia inicialmente nenhuma resposta específica) ao estímulo
antigo ( que já desencadeava o reflexo inato).
Para Pavlov, aquilo que se denominava por espírito mais não era do que a actividade do
cérebro. Dedica-se, por isso, a estudar profundamente a actividade nervosa superior,
estabelecendo um conjunto de leis fisiológicas que acabaram por lhe merecer o Prémio
Nobel da Medicina em 1904. É no córtex cerebral que se vão formar, modificar e
desaparecer os reflexos condicionados.
A psicologia, que deveria tomar a designação de Reflexologia, estaria limitada ao
estudo dos reflexos: Os reflexos - inatos e condicionados - seriam o fundamento das
respostas dos indivíduos aos estímulos provenientes do meio. E é a partir das suas
pesquisas sobre o condicionamento que Pavlov vai explicar os processos de
aprendizagem, destacando-se o estudo sobre a aquisição da linguagem.
uO Condicionamento: Apresentando repetidamente o estímulo novo e de seguida o
estímulo antigo (do qual resultava a resposta inata) ao estímulo 2 passava a ser
semelhante ao estímulo 1. Após um determinado número de repetições bastava
apresentar o estímulo 2 para obter a resposta inicialmente provocada pelo estímulo 1.
(ex. tocando uma campainha antes de se apresentar a comida ao cão este começava a
salivar não só quando via o alimento - reflexo inato - mas também ao ouvir a campainha
- reflexo condicionado).
Para estabelecer esta experiência foi necessário isolar o cão do meio externo,
controlando todos os estímulos que este recebia (sons, imagens) pelo que até o som do
tratador a aproximar-se passou a significar a possibilidade de comida.
Contudo este condicionamento não era definitivo já que após algumas situações sem
apresentação da comida, o cão deixava de responder à campainha.
As formulações de Pavlov e de seu colaborador Bechterev influenciaram a psicologia
norte-americana através da escola behaviorista. Skinner, posteriormente, vai caracterizar
as formas de condicionamento pavlovianos- watsonianos como "respondentes" em
contraposição aos condicionamentos operantes. O comportamento respondente
corresponderia às acções vinculadas ao sistema nervoso autónomo, enquanto que o
comportamento operante está ancorado no sistema nervoso central.
Actualmente este tipo de condicionamento é identificado como condicionamento
clássico sendo depois desenvolvido por Skinner num condicionamento operante.
Fundador de uma nova corrente em Psicologia, a Psicanálise, Sigmund Freud (1856-
1939), apresenta-nos uma nova perspectiva sobre o ser humano e suas motivações.
Freud encontra na mente uma divisão entre três elementos:
• Consciente (EGO) - Raciocínio, operações lógicas
• Pré-consciente (SUPEREGO) - Memórias, interiorização de proibições sociais,
produz angústias, ansiedades e castiga o EGO quando este aceita impulsos
vindos do ID
• Inconsciente (ID) - pulsões, desejos e medos recalcados. Não obedece à lógica
nem à moral
A personalidade é determinada fundamentalmente por processos e forças inconscientes
moldadas nos primeiros anos de vida (até aos 6-8 anos). Daí resultam comportamentos
incompreensíveis (fobias, auto-agressão) o que permite pensar em soluções para a cura.

Para termos acesso ao inconsciente ficamos limitados a processos indirectos como:


• Hipnose - Induzir o paciente, através de uma sugestão intensa, num estado
semelhante ao sono mas no qual é possível estabelecer a comunicação com o
hipnotizador e ser sugestionado, podendo assim revelar memórias ocultas ou ser
condicionado para determinada acção ou comportamento.
• Método psicanalítico recorrendo às técnicas
○ Interpretação dos sonhos
○ Actos falhados
○ Transfert
O método psicanalítico vai ser o preferido por Freud pois o Hipnotismo não alterava
definitivamente os comportamentos, para além de que o paciente podia resistir às
sugestões hipnóticas.
A vida humana é estudada a partir da motivação básica, o impulso sexual ou princípio
de prazer. Este impulso existe na criança na qual a satisfação de zonas erógenas surge
ligada à satisfação da fome. Estas considerações implicaram um conjunto de críticas da
sociedade de então mas constituiriam a base da sua aceitação posterior, sendo hoje um
dos autores mais referenciados sobre o comportamento humano (embora, pela sua
popularização, com muitos exageros e erros de interpretação )
Freud tornou-se um autor polémico mas determinou alguns dos caminhos da psicologia,
pelo que os seus estudos ficaram ligados à Psicologia do Desenvolvimento, da
Motivação, e da Personalidade que estudaremos em capítulos posteriores

The Interpretation of Dreams remained Freud's most original work. Despite the initial
cold reception, Freud himself knew it was a breakthrough. "Insight such as this falls to
one's lot but once in a lifetime," he wrote.
A escola da Gestalt (Forma, todo, configuração) contesta a explicação das percepções
como sendo um conjunto de sensações elementares. Max Wertheimer ( 1834-1943 -
fundador da escola), Kurt Koffka e Wolfgang Kohler (1887-1967), defendem que o
todo é diferente da soma das partes.
O objectivo desta escola foi determinar os princípios que determinam e organizam a
nossa percepção, ou seja o modo como estruturamos a realidade:
1. Um conjunto é mais que a soma das partes que o constituem
2. A forma é a melhor possível nas condições presentes (princípio da boa forma ou
pregnância)
São estes princípios que permitem afirmar que, em condições iguais, os estímulos que
formam uma boa figura terão tendência a serem agrupados (Exemplos)
O cinema é exemplo de um movimento aparente: a sucessão de fotografias que parecem
apresentar movimento deve-se a ao modo como nós organizamos a informação, o que é
feito a nível cerebral de um modo inato e automático.
Kohler, estudou o modo como os chimpanzés lidavam com situações problemáticas,
tendo chegado à conclusão que possuíam a capacidade de organizar os diversos
elementos de uma situação num todo coerente permitindo assim encontrar a solução
para o problema.
Os estudos desta corrente foram utilizados por diversos autores, sendo a sua importância
realçada nos estudos sobre aprendizagem.
Com o objectivo de demonstrar a
importância da organização da informação
num todo foram produzidas imagens que
podem ser interpretadas de diferentes
modos.
A imagem de fundo apresentada mostra
duas figuras que podem ser percepcionadas
caso sejam realçados os tons escuros de uma
imagem ou os tons claros.

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Wilhem Wundt (1832-1920), juntamente com o seu discípulo Tichener, inicia o
caminho que irá levar a Psicologia a atingir o estatuto de ciência.
Começa por definir como objecto da psicologia o estudo da mente: O estudo da mente
(ou consciência), faz-se ao nível do consciente do Homem pela análise dos elementos
simples da mente, à semelhança da divisão em átomos da realidade.
Para ele e seus seguidores (nomeadamente Edward Tichener, 1867-1927), as operações
mentais não eram mais do que a organização de sensações elementares, procurando
relacioná-las com a estrutura do sistema nervoso.
No seu laboratório, em Leipzig, vai procurar conhecer a forma como se relacionam e
associam os elementos da consciência: é a concepção Associacionista dos
comportamentos.
Para atingir este objectivo, vai utilizar como método a introspecção [observação
interna] mas de um modo controlado:
Observadores treinados deveriam, no laboratório, descrever as suas próprias
experiências, resultantes de uma situação experimental definida. Os dados eram depois
relacionados e interpretados por uma equipa de psicólogos;
ex. após a apresentação de um estímulo visual ou som teriam de descrever as
sensações recorrendo a um conjunto definido de termos para maior objectividade.
Unidade 1.2.3 - Método Experimental
O Método Experimental baseia-se no método científico comum à maioria das ciências.
É defendido pelo Behaviorismo mas utilizado por outras correntes de psicologia. O seu
objectivo é permitir conhecimentos sobre comportamentos comuns a um grupo de
pessoas.
Fases do método
1. Hipótese Prévia - Estabelecimento de uma relação causa-efeito
explicativa de uma situação. Pretende relacionar a presença de um
facto (situação) com a modificação de outro (comportamento).
2. Experimentação - Fase de verificação da hipótese. Nesta fase é
determinante o rigor das observações e controlo da situação
experimental:
A. Controlo de variáveis - Elementos que constituem a situação
de estudo relativamente à alteração ou manifestação de um
comportamento cuja natureza se desconhece. O objectivo
desta fase é comprovar se o efeito que a variáveis
independentes provocam na variável dependente é aquele que
se supusera na hipótese.
 Dependente - Elemento que constitui a modificação do
comportamento a explicar surgindo como a variável de
resposta, consequência da variável independente.
 Independente - São os factores supostamente
responsáveis pela situação e que vamos manipular e
controlar para verificar a variável dependente.
Aparecem ligadas à situação ou à personalidade.
 Externas - Elementos de uma experiência que não são
controláveis ou sucedem inesperadamente mas que
podem influenciar uma experiência, podendo-se estudar
essas condicionantes relativamente a:
1. Ao sujeito - Atitudes e expectativas do sujeito
observado ( Efeito de Hawthorne = A atenção
prestada ao trabalho de um sujeito aumenta o seu
desempenho mesmo sob condições adversas)
2. Ao observador - Atitudes, expectativas, estatuto,
credibilidade e personalidade do observador (o
psicólogo pode colocar o indivíduo à vontade ou
provocar um grau de tensão)
3. Às condições - As condições ambientais devem ser
iguais relativamente aos sujeitos observados:
local, hora do dia ...
B. Registo de observações - Para garantir o rigor das
observações e permitir a análise dos dados por investigadores
independentes
 Registos de ocorrências e duração de comportamentos
 Escalas de classificação - Níveis de frequência de um
facto
C. Controlo de condições - Validação da informação
 Grupo Experimental - Grupo de sujeitos onde é testada
uma variável independente sendo que as restantes
condições e constituição devem ser iguais ao grupo de
controlo para permitirem a comparação de resultados.
 Grupo de controlo ou testemunha - Grupo de sujeitos em
que as condições da experiência são mantidas
inalteráveis, garantindo assim os dados resultantes da
observação do grupo experimental
 Amostra - Conjunto de indivíduos onde decorre a
experimentação, sendo constituído a partir da
segmentação do universo a estudar. A amostra deve ser
significativa e representativa da população a estudar.
a. Amostragem simples (aleatória) - Quando a
população a estudar é homogénea todos os seus
membros possuem condições iguais para o estudo
pelo que são escolhidos ao acaso.
b. Amostragem estratificada - Quando a população a
estudar é heterogénea os diversos grupos devem
estar representados pelo que é necessário
seleccionar a amostra, recorrendo-se aqui a
técnicas da estatística.
 Trabalho de Campo - Verificação da hipótese em
situação real
2. Generalização - Estabelecimento das conclusões pela generalização
dos dados da amostra para o universo a estudar.

Apesar de toda a preocupação no controlo da experiência determinados erros podem


surgir nas diversas fases:
• Planificação - Possibilidade de erros na elaboração da amostra, na
selecção das variáveis e no controle experimental.
• Isolamento de variáveis - Determinadas elementos terão uma reacção
diferente a um conjunto de variáveis presentes ao mesmo tempo e
não a cada uma individualmente
• Generalização - A amostra pode ser insuficiente ou demasiado
selectiva.
A estes há ainda a acrescentar os problemas éticos na produção de condições
experimentais (lesões físicas ou mentais por exemplo) o que leva ao recurso à
experiência em animais (hoje igualmente alvo de contestação social) e à experiência
invocada:
A Experiência Invocada é realizada aproveitando as circunstâncias acidentais de um
fenómeno, constituindo um estudo paralelo de factos que só costumam serem
observados em laboratório pelo seu caracter excepcional. É assim que a existência de
catástrofes ou guerras permitem o estudo real de situações daí resultantes. por outro lado
questões éticas impedem a produção de determinadas experiências (separar gémeos para
analisar o seu desenvolvimento, provocar lesões cerebrais, etc.), restando por isso o
aproveitamento de acontecimentos fortuitos. Esta foi a técnica mais utilizada para o
estudo do cérebro mesmo ainda antes da existência de aparelhos modernos.
Unidade 1.2.1 - Método Introspectivo
A Introspecção no sentido restrito da palavra propõe o conhecimento das emoções
através da observação interna e reflexão por parte do próprio sujeito. O indivíduo é ao
mesmo tempo sujeito do conhecimento e objecto de estudo num processo de auto-
observação.
A Introspecção controlada implica a presença de observadores externos e estruturação
da descrição das emoções.
É defendido pela corrente associacionista de modo a permitir o estudo das emoções e
estados da consciência de uma forma sistemática: orienta-se para o estudo do
consciente.
Etapas da introspecção controlada:
1. Apresentação de pequenos estímulos visuais ou auditivos a um
conjunto de observadores treinados.
2. Os sujeitos descrevem as suas emoções recorrendo a termos
predefinidos.
3. Os dados eram depois relacionados e interpretados por uma equipa
de psicólogos

Este método foi desvalorizado por não conseguir evitar o subjectivismo:


• Observação é retrospecção - O conhecimento das emoções é feito
depois de elas terem acontecido. A observação de um facto é distinto
da sua vivência o que levaria a uma separação do ser humano em
dois: o que sente e o que pensa.
• Objectividade nas emoções - ao relatarmos as nossas emoções temos
a tendência de eliminar as emoções não aceites socialmente
acabando por as modificar
• Controlo exterior - Não existe garantia de que as emoções expressas
sejam reais pelo que a investigação ficaria limitada.
• Racionalização - O sujeito tende a explicar as suas emoções mais
fortes e desconexas, apresentando as suas emoções de uma forma
controlada e dentro de um sistema lógico.
• Linguagem e expressão de emoções - Expressar as emoções
verbalmente representa inúmeras dificuldades, o que não está ao
alcance de crianças, deficientes mentais, limitando assim a sua
utilização.
• Limites de aplicação - Não se aplica a fenómenos inconscientes, aos
factos de natureza fisiológica
Apesar destas limitações este método permite o estudo dos pensamentos e uma tomada
de consciência dos actos pelo que se continua a utilizar, embora em contextos diferentes
dos propostos por Wundt.00
Unidade 1.2.2 - Método da Observação
Na afirmação da nova ciência, a Psicologia define o seu objecto, e estabelece o seu
método de trabalho. Os diferentes ramos da psicologia resultam de diferentes modos de
abordagem do comportamento humano.
Desde a Introspecção ao método clínico, o estudo da psicologia passa pela
observação dos fenómenos psíquicos. A realização da observação isolada do
método experimental sucede por, em determinadas ocasiões e por motivos
práticos ou deontológicos, não ser possível o recurso ao método experimental.
Contudo é sempre possível estabelecer hipóteses e recorrer a técnicas de observação que
permitam a verificação das hipóteses sem passar pela experimentação.
As condições em que essa observação é produzida levam a identificar
diferentes formas:
• Laboratorial - Produzida em condições controladas
• Naturalista - Elaborada no meio natural em que se desenrola a
situação
• Invocada - Realizada a partir de situações ocasionais e em que as
condições não são controladas nem previstas
A Observação Laboratorial é utilizada ao nível do método
experimental. A realização da experiência em condições controladas,
num laboratório, leva a que a situação observada seja uma situação
artificial.
Esta observação implica uma sistematização prévia em que se define o
que se pretende observar, com a construção de grelhas de registo. Para alem da
observação directa temos ainda outros instrumentos de observação como as entrevistas,
questionários e testes.
Em todo o caso o sujeito observado tem consciência dessa observação o que pode
condicionar o seu comportamento. Numa tentativa de eliminar esse condicionamento o
observador recorre a meios técnicos (espelhos de uma via, câmaras de vídeo) para poder
observar sem ser notado.
A vantagem deste tipo de observação é o seu rigor pois permite a presença de
observadores independentes que anotam todo o tipo de comportamento de uma forma
descritiva para posterior análise. Contudo ao ser produzida em condições experimentais
fica limitada.
A Observação Naturalista (ou ecológica) é defendida pelo método clínico,
fundamentando-se na necessidade de observar as condições reais de uma situação. Ao
observador eram colocadas duas alternativas:
• Dissimulado, de modo a não ser notada a sua presença, permanecia
exterior à situação. Para tal era necessária a colocação de meios
técnicos no local da observação, facto que não sendo de realização
imediata poderia igualmente alterar a situação.
• Participava na situação sem o estatuto de observador, sendo este o
único modo em que não necessitamos de controlar as condições da
experiência. É a estratégia utilizada por Piaget no estudo de crianças,
mas em que a observação por estar ligada à interpretação.
Esta técnica de observação tem um grau de objectividade menor, especialmente a última
estratégia, permite pelo contrário o estudo nas condições reais de uma situação sendo
ainda extremamente prática.
Unidade 1.2.4 - Método Clínico
Não é um método de pesquisa nem pretende descobrir leis do comportamento mas
constitui-se como uma série de procedimentos de diagnóstico e tratamento de pessoas
com problemas de comportamento e /ou emocionais.
Deste modo o estudo desenvolve-se sobre um único indivíduo ao longo de determinadas
fases:
• Anamnese - Levantamento da história individual do paciente,
recorrendo a fontes externas e trazendo à memória informações
perdidas. Esta fase permite elaborar algumas hipóteses de trabalho
que vão condicionar a fase seguinte
• Entrevista - Colocação de questões ao paciente na tentativa de
seleccionar hipóteses a partir das suas respostas verbais e não-
verbais (gestos, reacções, etc.)
• Observação - Estudo dos comportamentos do paciente no seu
ambiente natural de modo a confirmar a hipótese seleccionada
• Testes - Realização de testes de personalidade (do tipo projectivo)
de modo a certificar as conclusões. Note-se que estes testes podem
ser igualmente utilizados no início do processo de modo a fornecer
informações.
A partir da confirmação da hipótese deduz-se qual o tratamento a desenvolver.
Encontramos a aplicação deste método em Piaget e em Kholer
Unidade 1.2.5 - Método Psicanalítico
Com o objectivo de conhecer o inconsciente Freud Estabelece um conjunto de
procedimentos que nos podem fornecer informações sobre o inconsciente do paciente,
responsável pelos seus distúrbios.

• Hipnose - Induzir o paciente, através de uma sugestão intensa, num


estado semelhante ao sono mas no qual é possível estabelecer a
comunicação com o hipnotizador e ser sugestionado, podendo assim
revelar memórias ocultas ou ser condicionado para determinada
acção ou comportamento.
• Interpretação dos sonhos - Os sonhos apresentam imagens
figurativas de recalcamentos, ansiedades e medos, que depois de
interpretados vão permitir ao psicanalista confirmar os resultados das
suas investigações sobre problemas de comportamento apresentados
pelo paciente. É o meio de exploração mais seguro dos processos
psíquicos pelo que acaba por abandonar a técnica da hipnose.
• Actos falhados - fenómenos ligados a lapsos de linguagem, de
escrita, esquecimentos momentâneos de palavras. São acidentes de
carácter insignificante e de curta duração.
• Transfert - Transferência inconsciente para a figura do psicanalista
de sentimentos de ternura ou de hostilidade (transfert positivo ou
negativo) actualizando situações reprimidas e esquecidas de forma a
que o psicanalista possa detectar as razões do conflito inconsciente.
É um processo de catarse, descarga psíquica, restabelecendo a
relação entre a emoção e o objecto que inicialmente a despertou.
Estas técnicas, indirectas, permitem que o próprio paciente tome consciência dos seus
problemas, só assim sendo possível a sua cura.
Por seu lado a Hipnose, que não permitia a tomada de consciência do problema pelo
paciente, vem a ser abandonada. [consultar - Freud]
Unidade 1.2 - Inquéritos e entrevistas

Inquéritos e entrevistas
• Não-directivos - não controlados
• Semi-directivos - com algum controlo
• Directivos - controlados ao nível das questões e respostas

Unidade 1.2 - Testes Psicológicos


A realização de testes escritos e/ou visuais permitem ao mesmo tempo a obtenção de
informações sobre o paciente e a sua certificação. Constituem a forma mais objectiva de
trabalho.
1. Aptidão - Permitem detectar capacidades para determinadas áreas
do saber (ex. testes psicotécnicos): pode ver exemplos e fazer teste
on-line
2. Personalidade - Analisam características de personalidade.
○ Questionários - testes fechados, com recurso a questões de
opção perante uma situação
○ Projectivos - Testes figurativos no qual o sujeito se coloca na
situação apresentada, revelando a sua personalidade.
Exemplos: Testes TAT de Morgan e Murray, Teste da Família de
Corman, Teste da árvore de Koch, Manchas de Rorschach .
As técnicas projectivas levantam dificuldades ao nível da
objectividade da sua interpretação. (ex: teste automático de
Rorschach)
3. Inteligência - Testes de avaliação das capacidades intelectuais
traduzidos num quociente intelectual ou Q.I.
Como exemplos: Escala de Inteligência para Crianças de Wechsler
(WISC) e Escala de Inteligência para Adultos (WAIS). ver mais
informações

Os testes devem ser produzidos em condições rigorosas de modo a controlar as interferências das
variáveis externas.

• Padronização - Standardização das condições de realização dos


testes
• Fidelidade - Grau de consistência ou garantia de igualdade de
resultados na repetição do mesmo teste em condições semelhantes e
com um pequeno intervalo de tempo. A objectividade de um teste
aumenta a sua fidelidade, bem como o tipo de informação recolhida.
• Validade - Grau de exactidão da medição resultante da aplicação do
teste
○ Validade de Conteúdo - Se os conteúdos avaliados estão de
acordo com os objectivos que se pretende medir.
○ Validade Preditiva - Quando os resultados do teste são
semelhantes aos obtidos pelos sujeitos na vida real.
• Sensibilidade - Grau de eficiência de um teste na selecção e
colocação em categorias dos sujeitos avaliados relativamente a uma
característica.
Por outro lado o utilizador fica ainda sujeito a um código de ética, procurando-se assim
que a sua influência na situação a avaliar seja mínima: Código de utilização dos testes
em educação

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