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da vida social e relacional bem como para a tomada de l) «Incapacidade psicossocial», a situação objectiva
decisões independentes ao longo do percurso da vida; de redução total ou parcial da capacidade da pessoa com
b) «Cuidador», a pessoa adulta, membro ou não da doença mental grave para desempenhar as actividades da
família, que cuida da pessoa com incapacidade psicos- vida diária, no contexto social, familiar e profissional;
social, com ou sem remuneração, no sentido de realizar m) «Reabilitação psicossocial», o processo de desen-
e proporcionar as actividades da vida diária com vista a volvimento das capacidades psíquicas remanescentes e
minorar ou até mesmo suprir o deficit de autocuidado da de aquisição de novas competências para o autocuidado,
pessoa que cuida; actividades de vida diária, relacionamento interpessoal,
c) «Cuidados continuados integrados de saúde mental», integração social e profissional e participação na comu-
o conjunto de intervenções sequenciais de saúde mental nidade;
e ou de apoio social, decorrente de avaliação conjunta, n) «Recuperação», o processo que visa alcançar a auto-
centrado na reabilitação e recuperação das pessoas com determinação e a procura de um caminho pessoal por parte
incapacidade psicossocial, entendida como o processo de das pessoas com problemas de saúde mental;
reabilitação e de apoio social, activo e contínuo, que visa o) «Treino da autonomia», o conjunto de intervenções
a promoção da autonomia e a melhoria da funcionalidade psicossociais destinado a promover a aquisição e ou a
da pessoa em situação de dependência com vista à sua manutenção de competências para o desempenho, o mais
integração familiar e social; independente possível, das actividades da vida diária e
d) «Dependência», a situação em que se encontra a pes- social.
soa com incapacidade psicossocial, que, por falta ou perda
de autonomia psíquica, ou intelectual ou física, resultante Artigo 3.º
de doença mental grave, não consegue, por si só, realizar
Princípios orientadores
as actividades da vida diária;
e) «Doença mental grave», doença psiquiátrica, que, Os cuidados continuados integrados de saúde mental são
pelas características e evolução do seu quadro clínico, desenvolvidos de acordo com os seguintes princípios:
afecta de forma prolongada ou contínua a funcionalidade
a) Consideração das necessidades globais, que permita o
da pessoa;
desenvolvimento das capacidades pessoais e a promoção da
f) «Estrutura modular», a autonomização de um espaço
vida independente e de um papel activo na comunidade;
físico dentro de uma estrutura física comum, de forma a
b) Respeito pela privacidade, confidencialidade e au-
recriar um ambiente próprio, tipo domicílio, o mais pró-
todeterminação através do reconhecimento das decisões
ximo do ambiente familiar;
informadas acerca da própria vida;
g) «Funcionalidade», a capacidade da pessoa com do-
c) Respeito pelos direitos civis, políticos, económicos,
ença mental grave, em cada momento, para realizar tarefas
sociais e culturais, para o efectivo exercício da cidadania
de subsistência, se relacionar com o meio envolvente e
plena;
participar na vida social;
d) Respeito pela igualdade e proibição de discrimina-
h) «Grau elevado de incapacidade psicossocial», a situa-
ção com base no género, origem étnica ou social, idade,
ção objectiva da pessoa com incapacidade psicossocial que
religião, ideologia ou outro qualquer estatuto;
apresente graves limitações funcionais ou cognitivas, com
e) Promoção de relações interpessoais significativas e
necessidade de apoio na higiene, alimentação e cuidados
das redes de suporte social informal;
pessoais, na gestão do dinheiro e da medicação, reduzida
f) Envolvimento e participação dos familiares e de e
mobilidade na comunidade, dificuldades relacionais acen-
outros cuidadores;
tuadas, incapacidade para reconhecer situações de perigo
g) Integração das unidades em contextos comunitários
e desencadear procedimentos preventivos de segurança do
inclusivos e não estigmatizantes;
próprio e de terceiros;
h) Localização preferencial das unidades no âmbito
i) «Grau moderado de incapacidade psicossocial», a
territorial dos SLSM, de forma a facilitar a articulação e
situação objectiva da pessoa com incapacidade psicossocial
a continuidade de cuidados;
que apresente limitações cognitivas ou funcionais media-
i) Equidade no acesso e mobilidade entre os diferentes
nas, com necessidade de supervisão regular na higiene,
tipos de unidades e equipas;
alimentação e cuidados pessoais, nas actividades de vida
j) Eficiência e qualidade na prestação dos serviços.
diária e doméstica, na gestão do dinheiro e da medica-
ção, com dificuldades relacionais significativas, mas não
Artigo 4.º
apresentando disfuncionalidades a nível da mobilidade na
comunidade e da capacidade para reconhecer situações Objectivos das unidades e equipas
de perigo e desencadear procedimentos preventivos de
Constituem objectivos das unidades e equipas de cui-
segurança do próprio e de terceiros;
dados continuados integrados de saúde mental:
j) «Grau reduzido de incapacidade psicossocial», a si-
tuação objectiva da pessoa com incapacidade psicossocial a) A reabilitação e autonomia das pessoas com incapa-
que apresente limitações cognitivas ligeiras, com neces- cidade psicossocial;
sidade de supervisão periódica na gestão do dinheiro e da b) A manutenção ou reforço das competências e capa-
medicação e da organização da vida social e relacional, cidades das pessoas com incapacidade psicossocial, com
não apresentando disfuncionalidades a nível da mobilidade vista ao desenvolvimento do seu processo de recupera-
na comunidade, da autonomia funcional, da autonomia na ção;
higiene, alimentação e cuidados pessoais, nas actividades c) A integração familiar e social das pessoas com inca-
de vida diária e doméstica e da capacidade para reconhecer pacidade psicossocial;
situações de perigo e desencadear procedimentos preven- d) A promoção de vida na comunidade tão independente
tivos de segurança do próprio e de terceiros; quanto possível das pessoas com incapacidade psicosso-
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d) Apoio aos familiares e outros cuidadores com vista social e necessidade de cuidados continuados integrados
à reintegração familiar; de saúde mental que:
e) Apoio de grupos de auto-ajuda;
a) Se encontrem a viver na comunidade;
f) Apoio e encaminhamento para serviços de formação
b) Tenham alta das unidades de agudos dos hospitais
e de integração profissional;
psiquiátricos, das instituições psiquiátricas do sector social
g) Promoção de actividades sócio-culturais e desportivas ou dos departamentos e serviços de psiquiatria e pedopsi-
em articulação com as autarquias, associações culturais, quiatria dos hospitais;
desportivas e recreativas ou outras estruturas da comu- c) Tenham alta das unidades de internamento de longa
nidade. duração, públicas ou privadas;
d) Sejam referenciadas pelos SLSM.
SECÇÃO III
Artigo 19.º
Equipas de apoio domiciliário
Ingresso
Artigo 16.º 1 — A admissão nas unidades e equipas é determi-
Caracterização nada pela respectiva equipa coordenadora, sob proposta
dos SLSM ou das instituições psiquiátricas do sector
1 — A equipa de apoio domiciliário em cuidados con- social.
tinuados integrados de saúde mental desenvolve as acti- 2 — Para efeitos da proposta de ingresso nas unidades e
vidades necessárias de forma a: equipas, o grau de incapacidade psicossocial é determinado
a) Maximizar a autonomia da pessoa com incapacidade através de um instrumento único de avaliação, definido na
psicossocial; portaria prevista no artigo 6.º
b) Reforçar a sua rede de suporte social através da pro-
moção de relações interpessoais significativas; Artigo 20.º
c) Melhorar a sua integração social e o acesso aos re- Mobilidade
cursos comunitários;
d) Prevenir internamentos hospitalares e admissões em 1 — Esgotado o prazo de internamento fixado e não
unidades residenciais; sendo atingidos os objectivos terapêuticos, deve o respon-
e) Sinalizar e encaminhar situações de descompensação sável da unidade ou equipa preparar a saída, em articulação
para os SLSM; com a respectiva equipa coordenadora e o SLSM, tendo
f) Apoiar a participação das famílias e outros cuidadores em vista o ingresso da pessoa na unidade ou equipa mais
na prestação de cuidados no domicílio. adequada, procurando atingir a melhoria ou a recuperação,
ganhos visíveis na autonomia ou bem-estar e na qualidade
2 — As equipas de apoio domiciliário podem estar vin- da vida.
culadas e ser coordenadas tecnicamente por uma unidade 2 — A preparação da saída, a que se refere o número
residencial, uma unidade sócio-ocupacional, um agrupa- anterior, deve ser iniciada com uma antecedência sufi-
mento de centros de saúde (ACES) ou um SLSM. ciente que permita a elaboração de informação clínica
e social, que habilite a elaboração do plano individual
Artigo 17.º de cuidados, bem como a sequencialidade da prestação
de cuidados, aquando do ingresso noutra unidade ou
Serviços equipa.
A equipa de apoio domiciliário assegura, designada- 3 — Sempre que necessário, considerando a natureza
mente, os seguintes serviços: do caso e a condição da pessoa, deve ser dado aos familia-
res e outros cuidadores conhecimento dos procedimentos
a) Acesso a apoio multiprofissional de saúde mental; previstos no número anterior.
b) Envolvimento dos familiares e outros cuidadores,
quando necessário;
c) Promoção da autonomia, através do apoio regular nos CAPÍTULO IV
cuidados pessoais e nas actividades da vida diária, gestão Organização
doméstica e financeira, compras, confecção de alimentos,
tratamento de roupas, manutenção da habitação, utilização Artigo 21.º
dos transportes públicos e outros recursos comunitários;
d) Supervisão na gestão da medicação; Unidades de cuidados continuados integrados de saúde mental
e) Promoção do acesso a actividades ocupacionais, de 1 — As unidades de cuidados continuados inte-
convívio ou de lazer. grados de saúde mental (UCCISM) são criadas por
despacho dos membros do Governo responsáveis pelas
CAPÍTULO III áreas do trabalho, da solidariedade social e da saúde,
a partir da adaptação ou reconversão de estruturas já
Acesso, ingresso e mobilidade existentes, ou a criar, vocacionadas para dar resposta
exclusiva a situações específicas de incapacidade psi-
Artigo 18.º cossocial.
Acesso
2 — Em função das necessidades e com vista à ra-
cionalização e coordenação dos recursos locais, as UC-
São destinatários das unidades e equipas previstas no CISM podem integrar mais que uma tipologia, desde
presente decreto-lei as pessoas com incapacidade psicos- que assegurem os espaços, equipamentos e outros re-
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cursos específicos de cada resposta, sem prejuízo da privadas, mediante contrato de gestão ou em regime de
eficaz e eficiente prestação continuada e integrada de convenção por grupos de profissionais, nos termos do
cuidados. Estatuto do Serviço Nacional de Saúde, aprovado pelo
3 — As UCCISM, segundo as características e o volume Decreto-Lei n.º 11/93, de 15 de Janeiro, e de acordo
de necessidades, podem diferenciar-se de acordo com di- com o disposto no Decreto-Lei n.º 185/2002, de 20 de
ferentes patologias e organizar-se internamente atendendo Agosto.
aos graus de dependência das pessoas.
Artigo 24.º
Artigo 22.º
Obrigações das entidades promotoras e gestoras
Instrumentos de utilização comum
Constituem obrigações das entidades previstas no arti-
1 — A gestão das unidades e equipas assenta num sis- go anterior, perante as administrações regionais de saúde e
tema de informação. os centros distritais do Instituto da Segurança Social, I. P.,
2 — Cada unidade ou serviço deve dispor de um pro- as constantes do modelo de contratualização a aprovar e,
cesso individual de cuidados continuados integrados da ainda, designadamente:
pessoa em situação de incapacidade psicossocial, do qual
deve constar: a) Prestar os cuidados e serviços definidos nos contra-
tos para implementação e funcionamento das unidades e
a) O registo de admissão; equipas;
b) As informações de alta; b) Facultar à equipa coordenadora o acesso a todas
c) O diagnóstico de necessidades; as instalações das unidades e equipas, bem como às in-
d) O plano individual de intervenção; formações indispensáveis à avaliação e auditoria do seu
e) O registo de avaliação semanal e eventual aferição funcionamento;
do plano individual de intervenção. c) Remeter à equipa coordenadora o quadro de recursos
humanos existentes nas unidades e equipas e o respectivo
3 — O diagnóstico da situação de incapacidade psi- regulamento interno, para aprovação, até 30 dias antes da
cossocial constitui o suporte da definição dos planos in- sua entrada em vigor;
dividuais de intervenção, obedecendo a um instrumento d) Comunicar à equipa coordenadora, com uma ante-
único de avaliação da dependência, definido na portaria
cedência mínima de 90 dias, a cessação de actividade das
prevista no artigo 6.º
unidades e equipas, sem prejuízo do tempo necessário ao
4 — Os instrumentos de utilização comum devem per-
mitir a gestão uniforme dos diferentes níveis de coordena- encaminhamento e colocação das pessoas nelas residen-
ção das unidades e equipas. tes.
5 — Os dados pessoais, incluindo clínicos, referidos no
n.º 2 são introduzidos em suporte informático, só podendo CAPÍTULO V
ser tratados por profissionais de saúde ou outros técnicos
também sujeitos a sigilo profissional. Qualidade e avaliação
6 — As bases de dados a constituir para a finali-
dade prevista no n.º 2 são criadas, desenvolvidas e Artigo 25.º
mantidas, incluindo o seu necessário interface com Promoção e garantia da qualidade
as bases de dados da segurança social, nos termos
da Lei n.º 67/98, de 26 de Outubro, sendo o meio e o Os modelos de promoção e gestão da qualidade para
modo de acesso aos respectivos dados definidos por aplicação obrigatória em cada uma das unidades e equipas
portaria do membro do Governo responsável pela área são fixados na portaria prevista no artigo 6.º
da saúde, a emitir no prazo de 90 dias, a qual define
igualmente as medidas de segurança referentes a ope- Artigo 26.º
rações inseridas no sistema de informação, quer no
Avaliação
âmbito de cada tratamento quer a respeito de quaisquer
comunicações de dados. As unidades e equipas estão sujeitas a um processo
periódico de avaliação que integra a auto-avaliação anual
Artigo 23.º e a avaliação externa, da iniciativa da equipa coorde-
Entidades promotoras e gestoras
nadora, nos termos definidos na portaria prevista no
artigo 6.º
1 — As entidades promotoras e gestoras das unidades
e equipas revestem uma das seguintes formas:
CAPÍTULO VI
a) Entidades públicas dotadas de autonomia administra-
tiva e financeira, com ou sem autonomia patrimonial; Recursos humanos
b) Entidades públicas empresariais;
c) Instituições particulares de solidariedade social e Artigo 27.º
equiparadas ou que prossigam fins idênticos; Recursos humanos
d) Entidades privadas com fins lucrativos.
1 — A política de recursos humanos para as unidades e
2 — O disposto no número anterior não prejudica a equipas rege-se por padrões de qualidade, consubstanciada
gestão de instituições do Serviço Nacional de Saúde, no através de formação inicial e contínua, definida na portaria
seu todo ou em parte, por outras entidades, públicas ou prevista no artigo 6.º
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2 — A prestação de cuidados nas unidades e equipas é 3 — A utilização das unidades residenciais e das uni-
garantida por equipas multidisciplinares, podendo contar dades sócio-ocupacionais ou do apoio ao domicílio é
com a colaboração de voluntários devidamente seleccio- comparticipada pela pessoa com incapacidade psicosso-
nados, formados e enquadrados como prestadores de cui- cial, na componente de apoio social, em função do seu
dados informais. rendimento ou do seu agregado familiar, nos termos a
regulamentar.
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO IX
Instalações, funcionamento, fiscalização
e licenciamento Disposições transitórias e finais