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01/05/2015 Jornal Floripa Total ­ um jornal de opinião para ser lido

Boa tarde   Sexta­feira, 01 de Maio de 201

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Edição 01 ­ Dezembro 2004
Edição 02 ­ Jan/Fev 2005
Relendo... Aristóteles (384 aC ­ 322 aC) Edição 03 ­ Março 2005
Edição 04 ­ Abril 2005
Edição: 29 / Por SELVINO JOSÉ ASSMANN
Edição 05 ­ Maio 2005
Edição 06 ­ Junho 2005
Edição 07 ­ Julho 2005
Celebrando e repensando a amizade
Edição 08 ­ Agosto 2005
Em tempo de violência, em tempo de ...  Edição 09 ­ Setembro 2005
Edição 10 ­ Outubro 2005
Edição 11 ­ Novembro 2005
... insegurança, em tempo de incerteza, em tempo de relações familiares mais instáveis e Edição 12 ­ Dezembro 2005
frágeis, em tempo de relações interpessoais cada vez mais líquidas, em tempo no qual as Edição 13 ­ Jan/Fev 2006
Edição 14 ­ Março 2006
relações sociais parecem ficar cada vez mais carregadas de desconfiança e de suspeita, nada
Edição 15 ­ Abril 2006
parece melhor do que pensar no significado e na importância da amizade. Edição 16 ­ Maio 2006
Edição 17 ­ Junho 2006
Mesmo que estejamos longe do tempo em que o grego Aristóteles (Estagira, 384 a.C – 322 a.C) Edição 18 ­ Julho/Ago 2006
Edição 19 ­ Setembro 2006
escreveu o texto ­ talvez o mais importante a respeito do tema nos dois mil e quinhentos anos da
Edição 20 ­ Outubro 2006
filosofia ­ ele mantém sua atualidade, tanto pelo reconhecimento da importância da amizade na Edição 21 ­ Novembro 2006
vida humana, quanto pela sábia distinção entre tipos de amizade. Num país em que tão Edição 22 ­ Dezembro 2006
Edição 23 ­ Jan/Fevereiro 2007
facilmente chamamos de “amigo” alguém que nem conhecemos, ou alguém que apenas Edição 24 ­ Março/Abril 2007
queremos que seja nosso “cliente”, talvez tenhamos que usar menos este termo, ou então levar Edição 25 ­ Maio/Junho 2007
Edição 26 ­ Julho/Agosto 2007
mais a sério a pronúncia do nome “amigo”.
Edição 27 ­ Agosto/Setembro 2008
Edição 28 ­ Outubro/Novembro 2008
É interessante considerar que na filosofia moderna foram pouquíssimos os filósofos que Edição 29 ­ Dezembro 2008
escreveram algo sobre a amizade (uma exceção foi Montaigne, cujo pensamento Edição 30 ­ Março 2009
Edição 31 ­ Abril/Maio 2009
coincidentemente mereceu atenção no último número de Floripa Total), e que só recentemente
Edição 32 ­ Junho/Julho 2009
vários atentos leitores do que nos acontece voltaram a dar valor a ela. Quem sabe isso se deva Edição 33 ­ Agosto/Setembro 2009
ao fato de precisamente nos sentirmos mais sós e de precisarmos com certa urgência dar um Edição 34 ­ Outubro/Novembro 2009
Edição 35 ­ Dezembro/Janeiro 2010
significado mais consistente à vida que vivemos, mais consistente do que um significado Edição 36 ­ Março/Abril 2010
meramente instrumental ou comercial, que nos avalia muito mais pela conta em banco do que Edição 37 ­ Junho/Julho 2010
Edição 38 ­ Julho 2010
pela qualidade de nossas amizades. Aliás, Aristóteles chega a afirmar, em passagem do texto
Edição 39 ­ Junho 2012
citado, que a amizade representa a mais profunda realização da essência humana. Edição 40 ­ Novembro 2012
Edição 41 ­ Março 2013
A apresentação deste excerto da obra de Aristóteles quer ser também uma homenagem a todos
os que dirigem, sustentam, e aos que escrevem no Floripa Total. Certamente ele é, sobretudo,
fruto da amizade de pessoas que se preocupam não só em continuarem amigos, mas também de
pessoas que se preocupam em pensar e agir livremente e melhor no mundo em que estão OUTROS ARTIGOS DESTE AUTOR:
vivendo. E quer ser um convite a todos os leitores e leitoras para que celebremos e repensemos Relendo... Joaquim Nabuco
Relendo... Padre Antônio Vieira
a amizade!
Relendo... Franz Kafka(1883­1924)
Relendo... Aristóteles (384 aC ­ 322 aC)
Relendo... Emanuel Kant, O que é o Iluminism
Relendo... Hannah Arendt, Sobre o deserto e
(A amizade) é uma forma de excelência moral ou é concomitante com a excelência moral, além os oásis

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01/05/2015 Jornal Floripa Total ­ um jornal de opinião para ser lido

de ser extremamente necessária na vida. De fato, ninguém deseja viver sem amigos, mesmo Relendo... Olympe de Gouges (1791)
Declaração dos direitos da mulher e da cidad
dispondo de todos os outros bens: achamos até que as pessoas ricas e as ocupantes de altos Relendo... NICCOLÒ MACHIAVELLI, Istorie
cargos e as detentoras do poder são as que mais necessitam de amigos; realmente , de que Fiorentine

serve a prosperidade sem a oportunidade de fazer benefícios, que se manifesta principalmente e
em sua mais louvável forma em relação aos amigos? Ou então, como pode a prosperidade ser
protegida e preservada sem amigos? Quanto maior ela for, mais exposta estará aos riscos. E as
pessoas pensam que na pobreza e em outros infortúnios os amigos são o único refúgio.Os
amigos também ajudam os jovens a evitar os erros, e ajudam as pessoas idosas, amparando­as
em suas necessidades e suplementando sua capacidade de ação reduzida pela senilidade. Além
disso, os amigos estimulam as pessoas na plenitude de suas forças à prática de ações
nobilitantes – ... – pois com amigos as pessoas são mais capazes de pensar e de agir (...)

A amizade parece também manter as cidades unidas, e parece que os legisladores se
preocupam mais com ela do que com a justiça; efetivamente , a concórdia parece assemelhar­se
à amizade, e eles procuram assegura­la mais que tudo, ao mesmo tempo que repelem tanto
quanto possível o faccionismo, que é a inimizade nas cidades. Quando as pessoas são amigas
não têm necessidade de justiça, enquanto mesmo quando são justas elas necessitam da
amizade; considera­se que a mais autêntica forma de justiça é uma disposição amistosa.

E a amizade não é somente necessária; ela também é nobilitante, pois louvamos as pessoas
amigas de seus amigos, e pensamos que uma das coisas mais nobilitantes é ter muitos amigos;
além disso, há quem diga quea bondade e a amizade se encontram nas mesmas pessoas. (.....)

Há... três espécies de amizade... Os amigos cuja afeição é baseada no interesse não amam um
ao outro por si mesmos, e sim por causa de algum interesse que obtêm um de outro. O mesmo
raciocínio se aplica àqueles que se amam por causa do prazer; não é por seu caráter que
gostamos das pessoas espirituosas, mas porque as achamos agradáveis. Logo, as pessoas que
amam as outras por interesse amam por causa do que é bom para si mesmas, e aquelas que
amam por causa do prazer amam por causa do que lhes é agradável, e não porque a outra
pessoa é a pessoa que amam, mas porque lhes é útil ou agradável. Sendo assim, as amizades
deste tipo são apenas acidentais, pois não é por ser quem ela é que a pessoa é amada, mas por
proporcionar à outra algum proveito ou prazer. Tais amizades se desfazem facilmente... Portanto,
desaparecido o motivo da amizade, esta se desfaz, uma vez que ela existe somente como um
meio para chegar a um fim.

(....) A amizade perfeita é a existente entre as pessoas boas e semelhantes em termos de
excelência moral; neste caso, cada uma das pessoas quer bem à outra de maneira idêntica,
porque a outra pessoa é boa, e elas são boas em si mesmas. Então as pessoas que querem
bem aos seus amigos por causa deles são amigas no sentido mais amplo, pois querem bem por
causa da própria natureza dos amigos, e não por acidente; logo sua amizade durará enquanto
estas pessoas forem boas, e ser bom é uma coisa duradoura. Cada uma das pessoas neste
caso é boa irrestritamente e boa em relação ao seu amigo, pois as pessoas boas são boas
irrestritamente e são reciprocamente úteis. E por serem assim, estas pessoas também são
agradáveis, pois as pessoas boas são agradáveis irrestritamente e são reciprocamente
agradáveis, já que para cada uma delas suas próprias ações e outras semelhantes às suas são
um motivo de prazer, e as ações das pessoas são idênticas ou parecidas. Tal amizade é
logicamente permanente, já que ela combina em si mesma todas as qualidades que os amigos
devem ter.

Comentário de Hector R. Leis & Selvino J. Assmann

(ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. 3. ed. Trad. do grego de Mário da Gama Kury. Brasília,

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Edit. UnB, 1999, pp. 154­156)

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