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Fraturas do Quadril

As fraturas do quadril, são fraturas comuns em mulheres idosas, que muitas vezes
ocorrem sem trauma, em conseqüência de alto grau de osteoporose que muito desses
pacientes apresentam. Em pacientes mais jovens, ou que não apresentam
desmineralização óssea, essas fraturas ocorrem por queda sobre o quadril ou trauma
indireto. Dependendo do grau da fratura, alguns pacientes conseguem movimentar e até
deambular apesar da fratura. Esse tipo de fratura promove deformidade local, e é
evidente se verificar um padrão de rotação lateral do segmento com um encurtamento do
membro inferior fraturado.

Fratura do colo femural com padrão característico.

Classificação e Topografia das Fraturas do Quadril

As fraturas do quadril se dividem em intracapsulares (mediais), e extracapsulares


(laterais). As fraturas mediais são pobres em vascularização e as fraturas laterais são
ricas em vascularização, ou seja, as fraturas mediais apresentam grandes tendências a
necrose da cabeça femural.
As fraturas do colo femural do tipo intracapsular são também conhecidas como
fraturas subcapital e transcervical ou médiocervical. E as fraturas extracapsulares são
descritas como intertrocantérica ou basocervical e pertrocantérica.
A grande maioria das fraturas que ocorrem de forma espontânea no colo femural
são mediais, ou seja, são as fraturas que apresentam maior tendência à necrose, e as
fraturas laterais por terem boa vascularização não representam grandes riscos para
indicação de artroplastia do quadril.
Fraturas Mediais e Laterais do Quadril.

Vascularização da Cabeça Femural

Todos os vasos que vascularizam a cabeça femural, atravessam o colo femural, e


uma fratura do colo femural, lesa esses vasos sanguíneos, privando de sangue a cabeça
femural. O sistema vascular da cabeça do fêmur é feito por ramos da artéria circunflexa
que atravessam a cabeça femural, e que são ramos da artéria femural média. Além desse
sistema ainda existe a artéria do ligamento redondo e os vasos metafisários que estão
internamente na metáfise óssea. Com a ocorrência da fratura, esses ramos da circunflexa
e os vasos metafisários podem vir a se romper, e a artéria do ligamento redondo não é
suficiente para manter a vascularização da cabeça femural, o que faz com que essa
cabeça não seja mais viável, onde teremos a indicação de uma artroplastia do quadril.
Tipos de Fraturas do Quadril.

As fraturas do quadril foram caracterizadas pela sua localização e pela sua


angulação e deslocamento. As fraturas mediais foram caracterizadas por Garden como
tipo I, tipoII, tipoIII e tipoIV. E as fraturas laterais foram caracterizadas por Tronzo em 4
tipos 2 estáveis e 2 instáveis.
As fraturas de Garden tipo I, se caracteriza por fratura incompleta da cortical
óssea impactada em valgo. A fratura tipo II, é uma fratura completa sem desvio. A fratura
tipo III já existe uma fratura completa, com separação parcial dos fragmentos em varo,
onde já existe separação da cabeça femural. As fraturas do tipo IV são fraturas completas
com deslocamento da cabeça femural, ou seja, a separação dos fragmentos é total.

As fraturas de Tronzo, são fraturas laterais, transtrocantericas ou


intertrocantéricas, e atingem os trocanteres, e se caracterizam por serem estáveis ou
instáveis. A estabilidade é dada pelo contato da parede posterior. Nas fraturas do tipo I
trata-se de um traço simples e sem desvio. Nas fraturas do tipo II há pequeno desvio e o
pequeno trocanter pode estar fraturado, estes 2 tipos são considerados estáveis.
As fraturas do tipo III e IV são instáveis. O tipo III ocorre fratura completa com
deslocamento, mantendo o apoio do fragmento proximal, ou pode ter uma fratura com
deslocamento do grande trocanter. Já no tipo IV existe fratura completa com
deslocamento do colo cirúrgico. Existe um tipo V que se caracteriza por fratura completa
com deslocamento do colo anatômico, associado com deslocamento do trocanter menor.

Fratura Transtrocantérica tipo III.


Classificaçao das fraturas de Tronzo

O tratamento clínico das fraturas do


quadril, é totalmente cirúrgico, quando existem
fraturas instáveis ou quando existe risco de uma
necrose da cabeça do fêmur. Nas fraturas de
Garden com tendência a necrose, existe
indicação da realização de uma artroplastia de
quadril. As artroplastias podem ser totais ou
parciais, sendo que nos dias atuais as totais
apresentam maior indicação do que as parciais,
pois apresentam uma debilidade menor, ou seja
os pacientes ficam menos tempo no leito e ficam
em pé e andam mais rápido do que os que
realizam as parciais.
As fraturas de Tronzo, são tratadas com
fixação interna, normalmente com haste de
Richard, que é a melhor para fixar as fraturas
transtrocantéricas e do colo femural.

O tratamento fisioterapêutico nos


pacientes submetidos as artroplastias de quadril,
deve se iniciar o mais rápido possível, desde que
não existam complicações. O primeiro passo de qualquer tratamento para as artroplastias,
é o posicionamento adequado do segmento no leito. O membro inferior operado, deve ser
mantido em leve abdução e em posição neutra, no máximo em leve rotação medial. A
adução e rotação lateral do segmento deve ser evitada sempre, principalmente quando se
coloca esse paciente em D.L., pois o membro inferior tende a aduzir, e deve se tomar
cuidado para que isso não aconteça colocando almofadas ou travesseiros entre as
pernas.
Como a grande maioria dos pacientes submetidos a artropalstias de quadril, são
idosos, devemos nos preocupar com 2 complicações que são normais nestes pacientes,
as pneumopatias e as tromboflebites. Para que esse paciente não venha a desenvolver
complicações respiratórias, devemos trabalhar a parte respiratória desse paciente desde
o início. Para evitar as complicações circulatórias devemos sempre estimular o movimento
das extremidades. As contrações isométricas do quadríceps devem ser estimuladas
várias vezes ao dia para evitar a perda excessiva de tônus. O estímulo de movimento
ativo é sempre feito, sendo que inicialmente trabalhamos de forma passiva, depois
assistida, sempre tomando cuidado para não aduzir a perna do paciente.
O paciente se tiver condições satisfatórias, deve ser colocado para deambular
utilizando um andador o mais rápido possível. Nesta fase, já se introduz movimentos
ativos de flexão e extensão do joelho, e flexão, extensão e abdução do quadril, sempre
respeitando o limiar do paciente. Os trabalhos com marcha devem ser feitos, sempre
estimulando o paciente a deambular devagar.
Quando o paciente recebe alta do hospital, os exercícios que estavam sendo
realizados devem ser mantidos, somente iremos introduzir novos exercícios quando
houver condições satisfatórias. Devemos começar a fortalecer o membro inferior operado
e também o integro, pois o mesmo irá sobrecarregar muito a perna não operada, e a
operada deverá estar forte para sustentação e deambulação, principalmente o
quadríceps, grande glúteo e o médio glúteo.
O tratamento desse paciente tem um grande resultado quando executado na
hidroterapia, pois alivia a dor melhora e facilita os movimentos dos membros inferiores.

OBS 1 – Se o paciente começar a sentir dor na fase de apoio da marcha, pode-se utilizar
recursos analgésicos, (menos calor profundo), e fazer um fortalecimento de
estabilizadores do quadril.

OBS 2 - Orientações a serem dadas ao paciente antes dele receber alta:

Solicitar ao paciente para que evite dormir sobre a prótese, se sentir algum incomodo ou
dor;
Evitar fletir o corpo sobre o membro inferior operado;
Não sentar de pernas cruzadas;
Não ficar de cócoras;
Não sentar em lugares baixos;
Andar somente o necessário, com passos curtos e devagar.

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