Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
R: Exactamente. Estamos menos interessados na arte que comenta a poltica e os conflitos e mais
interessados na arte que, por ela mesma, pelo efeito que ela produz em ns, nos move e transforma. Todos
j tivemos experincias dessas na vida: ouvir uma msica, ver uma coreografia, ver um filme ou um
quadro, pode marcar-nos de uma maneira irremedivel porque algo muda e algo se quebra. nesse sentido
que a arte poltica. menos uma arte sobre poltica e mais a ideia de uma poltica da arte.
P: Sobre os artistas escolhidos, 161 de vrias partes do mundo, no se teve em conta a origem
territorial como valor de seleco. Quais foram os critrios?
R: Dentro dos limites do conhecimento da equipe curatorial, cada um conhece aquilo que a sua histria
permite conhecer. Eu sou brasileiro e acabo por no conhecer to bem a arte indiana ou da Tailndia. Dada
essa limitao de cada um dos membros da equipe curatorial, lanmos o nosso olhar, fizemos pesquisas e
procurmos, independentemente de ser portugus, alemo ou nigeriano, escolher os artistas que mais nos
interessavam. Os artistas que participaro na Bienal tm em comum o facto de terem trabalhos com essa
dimenso poltica que estvamos procura. So trabalhos que nos fazem ver o mundo de uma maneira
diferente, mesmo quando no comentam conflitos. Alguns fazem-no e so experimentalistas, h outros que
comentam conflitos e so absolutamente convencionais. E so os ltimos que no nos interessam porque s
fazem trabalho de propaganda. A ns interessem-nos trabalhos que dizem coisas que s podem ser ditas
atravs da arte, os que reafirmam coisas j ditas de outra maneira no queremos, so dispensveis.