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Alargamento da plataforma continental em Portugal

Com 850 km de costa, Portugal possui uma das maiores ZEE da


União Europeia, com cerca de 1,7 milhões de quilómetros quadrados, o
equivalente a 18 vezes a sua área terrestre. De acordo com a
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, conhecida como
Lei do Mar, a ZEE é fixada em 200 milhas a partir da linha de costa,
sendo atribuído a cada estado o direito de gerir, conservar e explorar
os recursos marítimos. Ora, a plataforma continental revela-se, por
isso, de extrema relevância para a economia e riqueza patrimonial e
ambiental do nosso país, pois corresponde a uma zona de abundância
de pescado e outros recursos marinhos e bacteriológicos,
principalmente devido a factores como baixa salinidade, temperatura e
profundidade razoáveis. Estes recursos bacteriológicos existentes na
plataforma continental portuguesa poderão ser aplicados em áreas
como a biomedicina ou a farmacologia. Por outro lado, é lançado ao
estado português um desafio político, económico e ambiental, tanto ao
nível da sua exploração, como da sua preservação.

O projecto intitulado “Projecto Nacional de Extensão da


plataforma continental”, levado a cabo pelo Estado português, através
de protocolos com o Observatório Vulcanológico dos Açores e com o
Departamento de Oceanografia e Pesca da Universidade dos Açores,
segundo alguns especialistas já deveria ter sido realizado há algum
tempo.

Dada a referida e estreita relação entre Portugal e o mar, a sua


importância, ao nível da expansão da plataforma continental, foi já em
2007 sublinhada por Ricardo Serrão Santos, então director do
Departamento de Oceanografia e Pesca da Universidade dos Açores,
como sendo “uma área com importantes recursos genéticos de futuro”,
com aplicações nas mais diversas áreas, quer da medicina, quer da
farmacologia. Numa notícia avançada pela RTP, em Agosto desse ano,
podia ler-se/ouvir-se: "Portugal quer estender a sua jurisdição sobre os
fundos marinhos das 200 para as 350 milhas marítimas".

Mais recentemente, dados científicos indicam ainda que Portugal


poderá alargar a sua plataforma continental e consequentemente a
ZEE, tornando o espaço marítimo português um dos maiores do mundo.
Neste sentido e sendo Portugal o 44º país a apresentar proposta às
Nações Unidas em 11 de Maio de 2009, foram feitos levantamentos
hidrográficos ao largo dos Açores, devido ás suas condições naturais
favoráveis e sua grande área económica exclusiva (mais de 900 000
km2), tendo os navios portugueses ‘Almirante Gago Coutinho’,
equipado com um robô submarino e o “D. Carlos”, pesquisado até seis
mil metros de profundidade e feito esses estudos, recolhendo
informações ao nivel geológico, biológico e genético.

Esta proposta, que está a ser neste momento estudada pelas


Nações Unidas, constituir-se-á de extrema importância para a
valorização do nosso território e da nossa economia, especialmente a
nível humano e ela é o fundamento do nosso trabalho “O mar e a
globalização”.

Neste sentido, nós, como cidadãos portugueses e interessados no


tema, estamos a aprofundar o estudo e sua divulgação, uma vez que ele
é um projecto que tem um elevado potencial humano e ambiental e que
poderá alterar o paradigma e a estrutura marítima nacional,
melhorando as condições humanas das futuras gerações ligadas ao
mar.

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