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A conversão de Zaqueu

A conversão de Zaqueu é um dos episódios mais célebres da Bíblia. Zaqueu tinha uma péssima fama
em Jericó por ter enriquecido ilicitamente através das práticas de extorsão e cobrança de propinas no
exercício do alto cargo de chefe dos cobradores de impostos. Os publicanos eram considerados traidores do
povo, pois estavam a serviço do Império Romano que subjugava os judeus. Portanto, Zaqueu, o corrupto
chefe dos publicanos, era provavelmente o mais odiado cidadão de Jericó.

Sendo muito rico, Zaqueu tinha tudo aquilo que o dinheiro pode proporcionar, mas, mesmo assim,
não estava satisfeito, pois chegara a conclusão de que as riquezas, conquistas e prazeres desta vida não
podiam preencher o vazio de sua alma, que ansiava por algo bem superior. Este anseio por transcendência é
uma experiência universal que se deve ao fato de termos sido criados por Deus e para Deus (Cl 1.16). Sendo
assim, quem tem vocação para o Eterno, não consegue mesmo satisfazer-se plenamente com conquistas e
experiências terrenas, por serem efêmeras (Ec 1.11). Só Jesus tem a água viva. Ele falou: "Quem beber desta
água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário,
a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna" (Jo 4.13-14).

Zaqueu ouviu falar de Jesus e, agora, queria muito vê-lo. Mas deparou-se com uma multidão que se
colocava entre ele e Jesus. Não é nada raro que uma multidão de pessoas e circunstâncias se coloquem no
caminho daqueles que pretendem se aproximar de Jesus. Quando isto acontece, elas devem fazer como
Zaqueu, que não desanimou diante dos obstáculos e nem se deteve diante das próprias limitações pessoais
(Lc 19.3). Sua vontade de conhecer a Jesus era tão grande que ele não desistiu, mas seguiu em frente e
buscou um modo de superar todas as barreiras. Ele subiu numa árvore! E era a árvore certa, pois Jesus havia
de passar por ali! Diante das dificuldades, ele encontrou apoio! Esta árvore pode simbolizar um cristão ou
grupo de cristãos autênticos e maduros que podem auxiliar as pessoas a conhecerem melhor a Jesus (Is 52.7).

E lá vinha Jesus, acompanhado de uma multidão. Estava muito ocupado, mas, ao aproximar-se
daquela árvore, para surpresa de Zaqueu, Jesus pára! Ele parou para Zaqueu e pára para você também! Jesus,
então, olha para cima e enxerga a Zaqueu, que deve ter suspirado de espanto: "Ele me viu!" (Sl 11.4, Sl 139-
6-16)). Mas o pacote de surpresas não termina por aí. O mais fascinante vem a seguir, pois, quão assustado
não deve ter ficado Zaqueu quando Jesus o chamou pelo seu próprio nome! "Ele me conhece! Mas como?
Nunca fomos apresentados antes" (Jo 1.48). Jesus ainda lhe dá uma ordem, que ele obedece imediatamente e
com muita alegria. Zaqueu que, como chefe, estava acostumado a mandar, era visto, agora, obedecendo a
ordem de um estranho. Sinal de que ele estava convencido de estar diante do Senhor. Aqui também se
cumpre a seguinte frase de Jesus: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem"
(Jo 10.27).

As ovelhas reconhecem a voz do pastor (Jo 10.16)! O Espírito Santo estava testificando de Cristo ao
coração de Zaqueu (1Co 12.3, Rm 8.15, Gl 4.6, Jo 16.8, Hb 10.15, 1 Jo 5.16)! Assim foi também com Pedro,
que afirmou: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu,
Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus" (Mt 16.16-
17).

Zaqueu levou Jesus para casa! Quem diria que aquele pecador contumaz, acostumado a levar coisas
não recomendáveis para casa, seria ainda visto levando Jesus para o seu próprio lar! É impressionante a
quantidade de coisas nocivas que as pessoas são capazes de trazer para dentro de suas residências. Mas,
Zaqueu estava, agora, pela primeira vez em sua vida, levando a Jesus para sua casa. A mulher dele deve ter
ficado assustada, até mesmo porque o grupo era grande, pois os discípulos de Jesus também estavam com
ele:

_Que é isso, homem? Que gente toda é essa que você está trazendo para jantar? E, assim, de
surpresa? Poderia pelo menos ter telefonado ou mandado uma mensagem SMS.

_É Jesus e seus discípulos! respondeu Zaqueu.

_Mas foi você, quem os convidou?

_Não, de fato, foi ele quem se convidou!

_Mas, afinal de contas, quem é que manda nesta casa, você ou ele?

_Era eu, mas, agora, é Ele!

Aquele foi um dia e tanto na vida de Zaqueu! Mas nem todos estavam contentes. Um grupo de
religiosos hipócritas estava fazendo fofoca, falando mal de Jesus, dizendo que ele estava se associando com
pecadores. Mas Jesus não deu confiança a eles e seguiu na companhia de Zaqueu e de sua família, pois, bem
sabia o que estava promovendo! No meio do banquete, Zaqueu, espontaneamente, levanta-se e declara o
propósito de dar a metade de seus bens aos pobres e de reparar de maneira bem compensadora todos os danos
materiais causados a outros no passado. Zaqueu estava reconciliado com Deus e, agora, queria também
reconciliar-se com seus semelhantes! Jesus, com muita alegria, proclamou: "E disse-lhe Jesus: Hoje, veio a
salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o
que se havia perdido" (Lc 19.9-10).

Jesus pousou aquela noite na casa de Zaqueu, que na calada da noite deve ter se voltado para a
esposa e cochichado ao pé do ouvido:

_Amor, não é maravilhoso ter Jesus em nossa casa?! Que diferença! Que segurança! Que alegria!
Que paz!

Bispo José Ildo Swartele de Mello – www.metodistalivre.org.br

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