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improvisar. v.1. Tr. dir.

Compor,
fazer, produzir no momento
(discursos, sermões, versos etc),
sem preparo prévio. 2. Tr. dir.
Armar, arranjar, organizar as
pressas.
improviso: Adj. Repentino,
improvisado. S.m. produto
intelectual feito de repente, sem
preparo, improvisação.

Informativo do Movimento Hip Hop n°1 Distribuição Gratuita


Campinas - Novembro 2003

Neste ano o tema do hip hop em trânsito


é autogestão e autonomia. Após 7 anos
de eventos, debates e outras atividades
do movimento, já conversamos sobre
muitos assuntos que estão diariamente
entre a juventude do hip hop, entre eles a
violência, o racismo, a discriminação -
em todas as suas faces -, a mídia, a
mulher negra etc, e percebemos que o
movimento hip hop já está "maduro"
para discutir, além de sua própria origem, seus objetivos e maneiras de alcançá-los
diante dos diversos problemas sociais que nos rodeiam.
Como manter o movimento hip hop por tanto anos sem perder sua autonomia? Como
caracterizar neste o momento o movimento? Estas são algumas questões que
poderão surgir no debate deste 7º Seminário Hip Hop em Trânsito.
Neste ano inovamos a forma de organização do evento para nos aproximar, cada vez
mais, de outros movimentos sociais de Campinas e região, assim além de ampliar a
participação da população campineira a diversidade também estará presente nos
debates.
Nesta edição, além das oficinas de rap, break, grafite e discotecagem outros grupos
apresentarão oficinas sobre sexualidade, rádio e skate. Também participarão pessoas
ligadas a outros movimentos como o MST, Libertários, ocorrendo a venda de produtos
independentes representados pela editora de livros idependentes, discos e bonecas
negras.

FEMINISMO EM
HIP HOP NA CAPITAL DO MOVIMENTO... NO
FORRÓ MOVIMENTO

HIP HOP E EDUCAÇÃO:


EDUCAÇÃO POPULAR O JORNAL
COMO ARMA DE LUTA.

1
Eventos e Atividades
HIP HOP - Paraná
· Consciência Suburbana - 2/11; 15/11; 16/11; 22/11; 29/11
HIP HOP - Rio de Janeiro
· SINHÔ PRETO VELHO - 1/11
· Consicência Suburbana - 6,07,08,09 de novembro
· Hutús - 7/11
· Hutús - 8/11 · Hutús - 9/11
· DUGHETTU "hip hop grooves" - toda quarta · DA GROOVE - toda quinta · Conexôes Étnicas -
toda quinta · MOVeMENTE - todo domingo
HIP HOP - São Paulo
Hip Hop no SUBA - 13 de Novembro a partir das 18 horas no SUBA - Unicamp,
com a presença de grafiteiros/as, Rappers e b. boys.
Encontro de Rádios Livres - dias 20, 21 e 22 de Novembro na Unicamp - Rádio Muda e Suba.
Dia 29 de novembro o pai do hip hop em diadema, zulu king Afrika bambaataa,entrada franca.
· Confronto Final e Testemunha Criminal convidam... - 1/11 · BOOMSHOT [hiphop .::. ragga .::.
eletrônico] - 6/11; 13/11; 20/11
· Public Enemy - 7/11
Lançamento do livro "Vacilo" (Eli Fernandes) - 7/11
U Jam - 7/11
· 7º Hip Hop em trânsito - 9/11
festa da Bboys & Cia - 16/11
2ª FESTA CONEXÃO - 25/11
Quarta Black Club - toda quarta · 5 Loka - toda quinta · :: BLACK MOOD - toda sexta (outubro) ·
BLEN BLEN BLACK - todo sábado SOUL - Rio de Janeiro
· Bonde/RJ a Festa Fase II - 9/11
SOUL - São Paulo
· SOUL BLACK - 4/11 · Quarta Black Club - toda quarta · SOUL GOOD Black Music - todo sábado

Editorial
Deste o último Hip Hop em Trânsito até esta sétima edição muita coisa aconteceu. Aliás, desde a
primeira edição muita coisa está diferente, principalmente o próprio movimento hip hop na cidade de Campinas.
Aproveitamos este momento de reflexão dos membros do movimento para darmos o pontapé inicial na criação
deste jornal. Não queremos falar somente quais são os elementos do hip hop, mas concebemos este como um
espaço para compartilhar informações, para que novas reflexões sejam criadas. Desde já fica o aviso que estas
não são verdades absolutas, são pontos de vistas para que as pessoas tenham novos elementos para elaborar
sua própria crítica e, assim, não fiquem apenas reproduzindo “chavões” ou argumentações que já vêm
embaladas e prontas de fábrica.
Acreditamos na importância dos quatro elementos do hip hop – mc, dj, graffiti e break – para uma
transformação social, mas além disso também consideramos o 5º elemento como ferramenta fundamental para
esta intervenção:o conhecimento.
De acordo com a Zulu Nation, o aniversário oficial do Hip Hop é 12 de Novembro de 1974. Sendo a Zulu
Nation criada por Afrika Bambaataa em 12 de Novembro de 1973. Além disso é o mês da Consciência Negra.
Assim, o mundo deve reconhecer não só estas datas, mas o mês de Novembro como o mês do Hip Hop.

O Improviso é um jornal aberto a particpação de todos/as.

Contatos por correrio eletrônico: improviso@yahoo.com.br

ou no Endereço: Rua Inhambú, 645 -Vila Padre Manoel da Nóbrega

Campinas / SP - CEP.: 13060-300

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Hip Hop na capital do forró
por Tania Ximenes

HIP HOP na capital do forró

Falar em autonomia e auto-gestão me faz,


de imediato, trazer aqui a experiência de jovens
nordestinos que há um ano tenho o prazer de
conversar. Moradores da periferia de Caruaru
(cidade próxima a Recife-PE), esses jovens são
para este tema, exemplares. Entre 14 e 21 anos
de idade, o senso de coletividade permeia o
trabalho no hip hop. Alguns grupos reunidos em
uma família, a MBJ (Morro Bom Jesus),
promovem eventos, adquirem equipamentos
como toca-discos e mixer, documentos - revistas,
livros, vídeos, clips, cds - que são de difícil acesso
na cidade e de uso comum . O morro é graffitado,
ensaios e treinos são constantes, convites para
oficinas começam a surgir, vezes descem o
morro para mostrar a cara. Os “pirralhos/as” são
especiais (os futuros hip hoppers:Temos que
ganha-los antes do tráfico). CD será conseqüência, o trabalho sócio-educativo é o centro.
Mas e os recursos? São conseguidos com as próprias pernas, desde a prática do passar o chapéu
até a parceria com entidades. O esforço de todos/as, para todos/as. Sem recursos governamentais ou de
outra natureza institucional - o que os obrigaria a atender outros interesses - o hip hop vem se sustentando
e expandindo. Parcerias são importantes, mas as que atendam ao hip hop, que hip hoppers sejam ouvidos
em sua maioria, que decidam sobre os objetivos e o caráter do que será construído, para serem atores e
não marionetes nos espaços ocupados com a cultura hip hop.
Jovens nordestinos com pouco tempo de movimento, nos mostram que o fazer para todos/as
propicia não apenas criticidade, mas satisfação, força, auto-estima elevada, onde cada um tem
responsabilidade, com o olhar da coletividade.
Talvez nossa Campinas esteja deixando de lado os princípios do hip hop que o fez viver 20
anos.Talvez o desgaste de tantas lutas e tombos nos faça levar puxão de orelha dos sábios iniciantes da
capital do forró. Salve os recém chegados de todo Brasil!!

Periferia é periferia em qualquer lugar


Até breve,
Tania Ximenes

Literatura de Cordel
A literatura de cordel é típica da região nordestina e se constitui, mesmo, no jornal do sertão, isto é, representa a comunicação
popular de massa, impressa, para as populações sofridas, mas alegres, do Nordeste.
Constitue-se folhetos de cordel, encontrados nas feiras, praças e mercados de grandes capitais - Salvador, João Pessoa, Recife, Natal,
Fortaleza, Teresina, Caruaru, Ilhéus, Juazeiro, Canindé, xilogravuras populares e ABC’s, pelejas dos cantadores e improvisadores,
capazes de reunir (e encantar) o povo em lugares públicos.
Os folhetos são feitos de papel de jornal e impressos em
gráficas antigas, utilizando capas com desenhos rudes e
espontâneos, clichês de filmes e/ou xilogravuras feitas a buril,
estilete ou canivete, algumas delas verdadeiras obras primas da
gravura brasileira.
Em versos de 10 ou 12 sílabas, em rica variação de versos, a
poética de cada folheto conta fatos do cotidiano, estórias de bichos,
casos pitorescos, de amor, de Lampeão, do Padre Cícero, do
Conselheiro, de figuras públicas, acontecimentos auridos dos
jornais, rádio e Tvs, enfim, toda a gama, alegre e mística, do rico
universo do nordestino. Os próprios poetas populares classificam a literatura de cordel em cinco temas mais frequentes: romance,
valentia (história de um valentão, que sempre acaba mal), gracejo (uma história engraçada), desafio e encantamento (histórias de
reinos encantados, com fadas e bruxas). Geralmente, o próprio poeta popular é o editor e vendedor de suas historinhas, que são
penduradas num cordão, enquanto o autor, acompanhado de viola, canta trechos de seus poemas.
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O Jornal
por Renan

Jornal Bombril, miliuma utilidade


Aqui no Brasil, só não conta a verdade

Vira abrigo, barquinho, roupa


Tem até mendigo, usano na sopa

Jornal que sujas as praça, que limpa as merda


As veis é cama, as veis cuberta

É distração, pra quem tá guardado


Na detenção, vira artesanato

Vai durmi tarde, cedo levanta


Cê mal acorda, já tá nas banca

Antes do galo, e do despertadô


Quem paga o pato, é o entregadô

Jornal que amadurece, as fruta mais rápido


Ele sempre protege, as porcelana frágil

Jornal di onti, ultrapassado


Servi pru homi, ali deitado

Qui era leitô, e hoje é cadáver


Mas disandô, perdeu o caráter

Esconde o rosto, tampa os arrombo


Velando o corpo, o cortejo em mono

Camaleão motor, muda de cor num instante


Absorve a dor, fica ensopado de sangue

Vira lençol, enquanto o I.M.L. num vem


Embaixo do sol, istiga us curioso tamém

Jornal bunitu, mostra gente morta


É isquisitu, até analfabeto gosta

Vem na favela á procura de assunto


Pá cubri reportage ou algum difuntu.
Autor: Renan Inquérito/Idéia Quente

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Educação Popular como arma de luta
por Rafael Gomes

Ação Global dos Povos - Educação, Cultura e Luta

A Educação Popular surge de uma necessidade local e global, num momento em que o capitalismo (em sua nova forma,
o imperialismo) massacra os povos-nações, através da hegemonia econômica-cultural-política-militar, por meio, dos
Veículos de Comunicação de Massa, Monopólio dos Meios-de-Produção e da Indústria Bélica.

Educação Popular A escrita e a leitura possibilitam a organização das idéias e


ampliação do conhecimento. Se as idéias não estão
A Educação não é organizadas, ao expressá-las (seja escrita ou falada) pode
neutra. Atende a se perder o sentindo original. É preciso saber ler e escrever
interesses de classes e para entender toda a diversidade de pensamentos e
sentimentos, das diferenças étnicas e regionais para que
assim se mantêm firme
os “choques” diminuam e a vivência entre os diferentes
em sua posição através seja tanto possível como uma realidade.
do controle ideológico
que é feito em duas Em um país que na sua maioria é composta por
veias principais: dos analfabetos/as, levando em consideração aqueles/as que
Meios de Comunicação sabem escrever, mas não entendem o conjunto de
de Massa e pela palavras, a idéia a ser transmitida, a dominação é muito
Educação. mais fácil.

Num país onde os maiores veículos de “todo conhecimento é vão, sem o trabalho.”
comunicação são controlados por meia dúzia de famílias, e
esses “senhores” também são proprietários de indústrias e Baseado no princípio da práxis, na obra e vida de
latifundiários, não há democracia. Paulo Freire, a Educação Popular, prevê que todo
Toda informação transmitida pelas antenas desses conhecimento só é válido no seu uso prático e toda prática
veículos é liberada de acordo com os interesses dos sem reflexão se perde na ação.
proprietários e de seus parceiros, assim toda informação A Ação-Reflexão / Reflexão-Ação vem a ser um
vem fragmentada e alterada. diferencial importante entre os dois modelos de educação,
A Educação é usada como instrumento de domínio uma que vez que a tradicional esta distante da vida
político-econômico-social, já que a escola estrangulou o cotidiana do educando, onde a escola deixa de ser um
lado questionador do educando e passou a usar o método ambiente de criação de novos conhecimentos e passar a
de justificar os fatos ao invés de questionar, mudar e ser uma fabrica reprodutora. As professoras legitimam o
participar das mudanças. pensamento burguês e reproduz as idéias dos livros
Vimos à necessidade da transformação desse didáticos e os educandos mantêm a ordem social.
modelo de sistema educacional e por reconhecer a
importância da educação na construção de um país A Educação Popular questiona e se posiciona
soberano. Surge a Educação Popular para contrapor o contra a "educação para economia" e defende a
Modelo Tradicional de Educação. "educação para a sociedade", onde todo conhecimento
O Modelo Tradicional Escolar procura justificar os produzido pelo educando venha beneficiar a ele e a
fenômenos sociais e naturalizar a relação e a ordem das sociedade em si, e não para o aumento dos lucros de uma
classes, ao invés de questionar a sua existência e as empresa multinacional.
conseqüências gerada no mundo e nos povos por causa da
lei do acúmulo e da exploração: o lucro = capitali$mo. Devemos levar em consideração o conhecimento
A Educação Popular surge como um “braço” da adquirido pelo educando por vias alternativas à da Escola
classe trabalhadora como forma de organização na Institucional. Sendo relevante no momento, que tudo que
construção de Um Novo Mundo, mais justo e igualitário, ele descobre vem a alterar não somente a sua vida, mas o
baseado no princípio da liberdade. meio em que vive, assim como este próprio meio também
A busca da transformação da sociedade prevê que o transforma.
todo homem e toda mulher, seja sujeito da história, e, para
isso é necessário à consciência de si como Ser Social, de Sabendo que o educando é fruto da soma do meio
sua história de vida e de onde vive, (comunidade). Para de onde vive com pessoas que o cerca, reconhecer sua
isso, é importante que todos e todas saibam ler e reler o realidade é de extrema importância para o
mundo. desenvolvimento de materiais pedagógicos eficazes na
A educação é importante para que as pessoas contribuição de um Ser Questionador de Constante
possam organizar suas idéias e sentimentos; para que Mudança, já que o questionamento leva a mudança de si e
possam se comunicar de forma universal. do meio que vive e vice-versa.

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A ARTE SEM LIMITE

Dançar, cantar, refletir, tocar, movimentar, ir, discutir, construir a pintura.


Estou cansado de pessoas comédias, pagando de tragédia, mascarando a
É expressar sentimento, sem padrões, sem medos, gozar com bravura

Sonhar, abraçar, resgatar, lutar, amar, resistir, sorrir, fazer a escultura


Vai pra ponte que partiu, pra reciclagem, só não vai pra sepultura.
Não quero nada pronto, parecido com miojo, que nojo. Gostosura.

Acabar com as barreiras, fazer brincadeiras, abalar esta estrutura.

rabisco, desenho, pixação, rascunho, esboço, traços, escritura.


Ser hermanos, ser identidade, ser racional, beber da loucura.
Sendo ela balé, teatro, jardinagem, a vida, o sol, a ruptura.
acabam com o movimento nos padrões da Arquitetura.

Parar, respirar, agir, resistir, sem pagar licenciatura.


vendem clones mal feitos, em embalagens obscuras

Os operários dançam engessados dos pés a cintura,


Tentam tirar sua liberdade, di$farçada de ditadura,

Quando acham que acharam o rosto de narciso,


Compram, sem saber da atual conjuntura.

Colocar a arte na fôrma destrói a cultura.


A arte de tão simples, ingênua e pura

Não sabemos para onde vai.

Não quero saber o que faço.


rascunham sua caricatura.
Andam, sem sair do lugar.
manipulam seus sentidos,

temos um caledoscópio
chega a ser complexa.

Se não, não é válido.

Peço-lhe que reflita.


E os compradores?

sem movimentar,

a arte para todos.


Quem as fazem?

Que está na rua.


própria feiura.
E a liberdade?

Só nos resta
Ser criança.

Por Mirsoc
Qual arte?
Atenção!

DJ QUE É DJ TEM QUE SABER Uma breve história sobre Break


FAZER SCRATCH !!!
Toda batida dentro do som é chamado de Break Beat neste caso seria a marca do
som que o dançarino (B.Boy) usa para marcar seus passos para ter entre ele e a
Você sabia que em 1970 o DJ GAND música uma sincronia.
WIZZARD THEODORO inventava o O Break (quebra) já existia há muito tempo, mas só foi reconhecida popularmente
Scratch, fazendo manipulações c/ VINIL depois do anos 70.
movendo-o para frente p/ trás, abrindo e Foi o D.J Kool Herc que criou essa “batida” dentro da música que integra o Hip-Hop.
fechando o canal do mixer, assim Kool Herc foi inspiração para muitos D.js do Bronx (bairro nova iorquino), ele
criando o SCRATCH. discotecava dentro de uma academia de ginástica onde todos deliravam ao som dos
seus Break Beats. Era incrível, pois ninguém entendia o que ele fazia com discos de
Essas técnicas foram evoluindo ao vinil. Um dos discos que Herc descobriu para fazer os seus Break Beats era a música
passar dos anos até chegarmos em “Bronx Nation Anthen” que por mais de oito anos foi chamado de “Apache” cantado
pelos incríveis Bongo Band. Este disco com a música “Apache”, gravado em 1973,
2002, quando vários DJ'S decidiram dar
foi considerado o top hit de todos os tempos.
nomes a estes SCRATCH'S . Em meio a toda descoberta musical, Kool Herc começou com algo que chamaria-se
Vou citar vou citar um deles. “Rappin” que deu origem as gírias como por exemplo “Rock on”, “Rock and don´t
my mellow” que logo foi aderido por todos moradores do Bronx. E durante os anos
DJ Q-BERT considerado o melhor do 70 outro jovem D.J foi inspirado por Herc que logo começou aparecer e crescer e tão
mundo na categoria SCRATCH . logo viria a ser conhecido como Afrika Bambaataa. Ele tinha algo grandioso das
No começo de 2003 o DJ Q-BERT músicas Break Beats e percebendo este fenômeno começou a trazer novos discos,
lançou um DVD com 28 nomes de fazia com que as pessoas ao ouvir seu som dançassem como se fosse a última vez.
SCRATCH'S , vou dizer alguns. Afrika vendo isso resolveu chamar essas pessoas de Zulu Nation . Nos próximos
anos ele seria responsável por outras girias em Nova York, como por exemplo:
BABY * CUT'S * MARCHES * DRAGS * Shock The House, Shocking On, Don't Stop The Body Rock entre outros. Nesta
mesma época apareceu outro D.J. com o nome de Grand Master Flash que além de
TRANSFORM * CRAB * FLARE *
ser D.j também cantava e ajudou a criar um novo jeito de rimar (cantar) em cima
ORBIT * FADES * TEARS * SWIPES * dos Break Beats e não foram Sugarhill Gang, D.J. Hollywood ou Eddie Chebba e
CLOVE TEARS * TIP * LONG SHORT Kurts Blow como muitos dizem por aí. Quem começou a rimar em cima dessas
TIP TEARS * NEEDLE DROPPING * batidas e estimular esse fenômeno foram realmente Grand Master Flash, Mele Mel,
Kid Creole e Keith Cowbow. Se existe alguém responsável pela criação da música
Bom termino esta pedindo a todos DJ'S Break Beat foram D.J Kool Herc, Afrika Bambaataa e Grand Master Flash, os que
vieram depois ajudaram a construir o que chamamos de Hip-Hop.
que NÃO PARE O SCRATCH !!!
Por Negra Angela (N.A) Integrante do grupo M.O.S.
Por DJ MS'JAY
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Feminismo em movimento... no movimento
por Fernanda - Nada Frágil (Rádio Muda - 105,7 Fm Livre)

"Quem não chora não mama. Assim, surgiram Rubias, Lady Raps e Dina
Menina vira mulher quando ama. Dees. Mulheres que, pela falta de referências
Quem não chora, não ama." femininas no movimento - afinal ELAS se
(Anfetaminas) tornaram os ícones que admiramos até hoje -,
poderiam até se assemelhar aos homens na
maneira de vestir ou de cantar, mas havia uma
Ainda hoje existem alguns termos que são grande diferenciação no discurso e na atitude.
vistos de maneira preconceituosa por boa parte
da nossa sociedade, o feminismo é um deles. Mulheres estas que, diariamente,
Quando surgiu o Nada Frágil muitas pessoas sentiam a força da repressão e discriminação por
me perguntavam se era um programa feminista, serem "somente" mulheres, e assim não
e, com a resposta afirmativa, começavam a precisaram que viessem lhes dizer que o sistema
"vomitar" as dezenas de estereótipos - adotado estava errado. Sentiram as dores e
construídos pela nossa sociedade patriarcal e foram à luta. Hoje, ainda acho que muitas garotas
machista - relacionados ao termo. Quantas esperam que lhes dêem licença para falar ou lhes
vezes não escutei frases do tipo: "Quem diria, ensinem a ser mulheres.
hein? Você parecia ser legal" ou "ah, quer dizer Queridas, a nossa sociedade não
agora que você gosta de mulher?" Infelizmente, está aqui para nos educar desta maneira, ou seja,
algumas vezes perco a paciência, mas na para que nos tornemos independentes, mas para
maioria das situações tento explicar aprendermos que a cada momento
que o feminismo não é o oposto devemos refletir menos a respeito
simétrico ao machismo. da condição a que nos
submetem. Você, mulher,
que está achando tudo isso
O que é ser machista? É uma grande bobagem e
assumir posturas em acredita que vivemos de
que a mulher é maneira igualitária, me
subjugada como responda: "Quantas
inferior ao homem e vezes não lhe deram
incapaz de ocupar atenção quando falava
diversas posições ou te viam "apenas"
sociais. Então, a como mais uma
partir desta garotinha?"
definição de
machismo como um S o m o s
educadas para
comportamento de aceitarmos como
exclusão das naturais alguns papéis
mulheres, o feminismo construídos socialmente
é deduzido pelo senso para as mulheres. Assim,
comum como uma forma de mulher "boa" é aquela que
lava, passa, cozinha, ama,
inclusão feminina através da educa os filhos e ainda vai ao
exclusão dos homens. Ou seja, as supermercado fazer as compras
mulheres fazendo com os homens o para casa. Assim, o lugar da mulher
mesmo que eles fazem conosco. Porém, o continua restrito ao lar. Quando agredidas, o
silêncio é a melhor escolha, afinal a vergonha não
feminismo não é uma "guerra dos sexos", estão recai sobre quem bate, mas naqueles que
equivocados os que pensam desta maneira. apanham. Querem calar nossas bocas.
Assim, feministas são aquelas pessoas que Percebo que existem vários tipos de
atuam para tornar a sociedade igualitária, onde mulheres no movimento hip hop (tendo como
a diversidade (de todos os tipos) seja base a cidade que estou), mas, três deles me
respeitada. chamam a atenção: 1. Aquelas mulheres que são
conhecidas apenas como as "namoradas" dos
rappers (elas mesmas se resumem a
A partir desta minha reflexão particular do que é acompanhantes dos homens); 2. as que se dizem
feminismo, me questiono sobre o que é ser atuantes e "feministas", apenas no discurso, pois
no momento de conflito assumem a mesma
mulher no hip hop? Levemos em consideração submissão e preconceitos presentes no
que o movimento hip hop apesar de "pregar" a movimento; 3. aquelas que se cansaram das
igualdade em vários níveis continua sendo tão coisas como estão, e não atuam para a exclusão
machista - ou até mais, na sua maioria - do que dos homens, mas para a reflexão sobre a
há 10 anos. No início, eram poucas as mulheres construção dos gêneros.
que cantavam, dançavam ou grafitavam, mas E aí, que tipo de mulher você é?
algumas "guerreiras" - correndo o risco de
serem queimadas nas fogueiras da inquisição - Fernanda - Nada Frágil (Rádio Muda - 105,7 Fm
romperam barreiras e se meteram no meio dos Livre)
"cuecas" de plantão para mostrar tudo o que a
mulher era (e continua sendo!) capaz de fazer.
7
Histórico do Hip Hop em Trânsito

No primeiro Rap em Trânsito, realizado no C.A.I.C., da Nesta mesma atividade foi debatida a relação do
Vila União, no ano de 1997, o tema principal de movimento Hip Hop com os meios de comunicação.
discussão foi Racismo e Violência. Estavam presentes Este debate, resultou em palestras nas escolas e na
os grupos Sistema Negro, 4 Bases e Thaíde e Dj Hum. formação de jovens da periferia em associações de
bairros com oficinas de graffiti, break, discotecagem de
No ano seguinte ocorreu a segunda edição do evento, DJ. e canto rap.
desta vez no Externato São João localizado no centro
da cidade onde a origem do movimento hip hop na Em Setembro de 2000 ocorreu o 4º Rap em Trânsito no
cidade de Campinas foi tema do debate. Para espaço da Comunidade dos Vicentinos tendo como
participar deste Rap em Trânsito foram convidados os B. tema central: Violência Já Sofreu? Neste dia foram
Boys e rappers pioneiros no cenário em Campinas. debatidas todas as formas de violência que somos
Além deles, contribuíram para a discussão neste evento submetidos cotidianamente, assim como: a violência
os grupos D.M.N., Thaíde e Dj Hum, Kid Nice Sistema doméstica, policial, social, e econômica. Também, no
Negro -, Moysés Jabaquara Breakers e o Grupo Akany quarto Rap em Trânsito, houve o “lançamento” da
(Piracicaba). Além desta composição da mesa, estavam coletânea “Rima & Cia” que através de um projeto
presentes no local vários membros do movimento hip independente teve como finalidade produzir um Cd
hop da cidade que desenvolveram oficinas e envolvendo doze grupos de rap de Campinas e região.
apresentações musicais, entre eles os grupos 4 Bases, Durante todo o evento houve a participação de equipes
Execução Sumária, Ato Suspeito, Juri Criminal, de break (08) para uma competição, além das oficinas
Inimigos do Sistema, Ideologia Negra, Coligados, Direto de DJ e de grafite, que desenvolveram painéis voltados
do Gueto e Confronto Verbal. para o tema. Contamos com a presença dos grupos:
D.L.N, Facção Central, Rap Company, Soul Sisters e B-
Boys da Casa Cultura do Hip Hop de Diadema SP, entre
outros.

Na discussão realizada para a organização da quinta


edição do evento, o movimento representado pelos
cinco elementos que compõem o Hip Hop, decidiu que o
nome do evento deveria mudar de Rap em Trânsito para
Hip Hop em Trânsito. Assim, houve uma maior
amplitude, pluralidade e diversidade no que se refere a
inclusão dos elementos que compõem o movimento Hip
Hop, não só nas oficinas e discussões realizadas no dia
do evento, mas em toda a sua construção. Ou seja,
O Terceiro Seminário Rap em Trânsito, teve como eram os b. Boys, grafiteiros e rappers batalhando pela
objetivo, fomentar a discussão em torno dos 500 anos infra-estrutura e realização da atividade.
de Brasil, onde colocamos em pauta a verdadeira
história a respeito do “tal descobrimento”. Para muitos O quinto Hip Hop em Trânsito foi realizado em Setembro
do movimento Hip Hop esta comemoração não passou de 2001 na Praça de Esportes Rogê Ferreira São
de uma grande farsa que serviu apenas para mascarar Bernardo -, com o tema “A velha escola do Hip Hop”,
os saques, seqüestros, assassinatos e apropriação contando com debates sobre Anemia Falciforme e
indevida de território e seres humanos. Isto levando em Redução da Maioridade Penal. Houve ainda a
consideração que o Brasil já era habitado por povos participação das equipes de break's, oficinas de DJ's e
indígenas, que em momento algum foram respeitados, graffiti. Este Hip Hop em Trânsito representou um marco
pelo contrário, foram perseguidos e escravizados. Com de união do movimento Hip Hop, que através de jovens
a chegada do povo Africano teve inicio uma nova etapa idealistas, criadores e artistas, proporcionam lazer e
da formação da história do Brasil, onde os negros e entretenimento, conhecimento e cultura apresentando a
negras na diáspora criaram seus espaços de cultura negra e a cultura de rua ao público presente.
resistência, os QUILOMBOS. Mesmo assim, milhares
foram mortos, mutilados, violentados nas mais variadas Em 2002 o 6º Hip Hop em Trânsito foi realizado. Porém,
maneiras, sendo esta a forma que negros/as se desta vez o espaço de encontro foi o Paço da Prefeitura
tornaram o mais forte símbolo de resistência, na luta Municipal de Campinas, sendo um local central e de
pelo direito à vida, pela sua cidadania e sua liberdade passagem para diversas pessoas que puderam entrar
contra todas as formas de preconceito e discriminação. em contato com o hip hop. O que é o Hip Hop e as Faces
Portanto, não encontramos motivos para comemorar os da Violência, foi o tema para o debate, que contou com a
500 anos de Brasil e o evento contribuiu para contar a presença das equipes de break´s, graffiti e grupos de
história de acordo com os fatos ocorridos, que rap. Além de apresentações musicais com grupos da
dificilmente constam nos livros didáticos. região e o Sabotage.

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