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Lucíola

José de Alencar
Enredo

Paulo era um rapaz do interior, que foi para o Rio de Janeiro


conhecer a corte. Poucos dias depois de sua chegada, um amigo
de infância chamado Dr. Sá o leva à festa da Glória. Lá, Paulo
percebeu a diferença existente entre sua vidinha provinciana e a
vida luxuosa na corte. No meio da festa, porém, uma bela mulher
chamou sua atenção. O que mais lhe impressionou nessa mulher
foi o seu jeito de "ingênua castidade". Dr. Sá, entretanto, ao
perceber o engano do amigo, explicou para ele que aquela mulher
era uma prostituta de alto luxo. Mesma sabendo disso, ela não
saiu de sua memória. No dia seguinte, ele resolve visitá-la e se
impressiona com a decoração da sala. Lúcia o recebeu bem e eles
conversaram sobre várias coisas. Terminada a visita, ele foi
embora, certo de que havia ocorrido um engano, mas Dr. Sá
explicou que ela só se entregava para quem ela queria e para
quem lhe desse muito dinheiro. Outra vez, Paulo voltou em sua
casa e novamente começaram a conversar. Paulo cortou o diálogo,
dizendo que já estava cansado dessa brincadeirinha dela e que
sabia que tipo de mulher era ela. Diante dessa colocação, Lúcia o
convidou para conhecer seu quarto. Lá, ela estava totalmente
desfigurada, parecia outra mulher. Ao fim de tudo, ele pegou a
carteira para pagá-la, mas ela o deteve. Sem entender muito bem o
porquê disso, ele foi embora. Passado algum tempo, Paulo foi ao
teatro com um amigo de Sá, chamado Cunha e Lúcia estava lá,
bem vestida, galante e sentada em seu camarote. Cunha, ao
perceber o interesse do rapaz por ela, passou a descrever sua
personalidade. Segundo o que dizia, ela enjoava de seus amantes
e então os substituía por outros, geralmente mais ricos. Paulo
passou a reparar nela e achou que era prostituta por prazer. No seu
camarote, uma multidão de adoradores lhe traziam presentes.
Depois da ópera, Sá deu uma recepção em sua casa. Estavam
presentes Paulo, Cunha, Sr. Rochinha, Sr. Couto, Lúcia e uma
outra prostituta. Em um determinado momento, Lúcia cortou o
dedo e mergulhou novinha branco para estancar o sangue. Paulo
correu e bebeu todo o vinho do copo, já avermelhado pelo sangue
dela... fazia isso com um ar galante que a impressionou. Porém, o
melhor da festa ainda estava por vir. Sr. Rochinha propôs que
naquela noite ela fosse chamada por todos de Lúcifer. Ela aceitou
e logo em seguida, Sá a convidou a "começar" o de sempre.
Lúcia, então, olhou bem para Paulo e disse não estar preparada.
Diante dessa atitude, todos perguntaram se ela estava agora
apaixonada. Paulo não esperou ela responder, e soltou uma alta
gargalhada de deboche. Então, Lúcia ergueu a cabeça com um
orgulho satânico e subiu na mesa da sala. Ali, passou a dançar e a
tirar a roupa, balançando seus negros cabelos, enquanto todos,
entusiasmados, aplaudiam. Paulo ficou revoltado com o que viu e
saiu para o jardim. Logo depois, ela foi atrás dele e ele perguntou
por que ela descia tão baixo. Lúcia passou a chorar
convulsivamente e o rapaz viu nela uma alma nobre. Eles se
beijaram e foram para a casa dela, onde passaram a noite. Depois
disso, ele passou a visitá-la todos os dias e eles se apaixonaram. O
amor dos dois nesse momento tem toda uma idealização
romântica e é comparado a "tardes calmas". Constantemente,
Paulo lia a Bíblia para ela Entretanto, Sá o encontra e o comunica
que ele estava mal falado na cidade, porque diziam que ele era
pobre e estava sendo sustentado por ela. Indignado, Paulo passou
a evitá-la. Lúcia, para se vingar, começou a sair com outros
homens. Um dia, depois de muito tempo, ele foi vê-la, mas ela
estava se arrumando para ir a um baile com o Sr. Couto. Paulo
também vai ao baile onde o casal foi e lá, convida, na frente de
Lúcia, uma prostituta amiga dela para passar a noite com ele.
Lúcia saiu do baile com Couto, mas foi para casa sozinha e
passou a noite chorando. Paulo também não foi ver Nina e ficou
triste, achando que Lúcia estava com Couto. Quando finalmente
se encontraram, Lúcia jurou que nenhum homem a tocou depois
de Paulo. Depois de algum tempo, e vários distúrbios no
relacionamento, Paulo ficou muito tempo sem ir à casa dela e eles
entraram em um período de abstinência. Ele não compreendia
bem porque ela havia decidido evitá-lo fisicamente, mas percebeu
que ela tinha prazer em ficar ao seu lado. Nessa fase, eles se
comportam como irmãos e Lúcia aparenta estar doente, desfeita e
abatida. Passa a dizer constantemente, que seu corpo a condenava
e que tinha a virgindade da alma, pois nunca tinha amado
ninguém antes de Paulo. Um dia, vão para São Domingos passear,
Lá, ela parecia uma criança, correndo por todos os lados.
Realmente, naquele lugar ela tinha nascido e ali, contou sua
história verdadeira para Paulo. Seu nome era Maria da Glória e,
quando em 1850, houve um surto de febre amarela no Rio, sua
família caiu doente. Para ajudá-los, ela foi obrigada a se prostituir
e o homem que a iniciou foi o Couto. Quando seu pai soube de
tudo, a expulsou de casa. (ela tinha 14 anos apenas). Sozinha, ela
fingiu sua própria morte e assumiu o nome de uma amiga que
tinha morrido: Lúcia. Depois desse dia emocionante, ela resolve
mudar de vida, vende a casa e se muda para o interior porque sua
irmã mais nova, Ana estava vindo morar com ela (a menina vivia
em um internato que Lúcia pagava mensalmente). Nesse tempo,
Paulo a visita sempre e eles têm um último envolvimento. Lúcia
tinha então 19 anos e apresentava uma serenidade que nem de
longe lembrava a antiga Lúcia. Um dia, porém, ela descobriu que
estava grávida e ficou desesperada, porque considerava seu corpo
impuro para gerar uma vida. "meu corpo não é puro". Uma noite,
ela passa muito mal e acaba abortando naturalmente a criança. Na
cama, debilitada ela pede que Paulo cuide de sua irmã e confessa
seu grande amor, que, segundo ela, a purificou. Depois disso,
morre. Paulo fica eternamente marcado por esse grande amor que
terminou tão tragicamente. Confessa que ao se lembrar de Lúcia,
fica em prantos. Ana se casa dois anos depois, com um homem
bom, e vive feliz. Paulo a trata como filha, mas sabe que ela
nunca será como Lúcia, pois falta nela um "fogo divino". Como
única lembrança de seu amor, ele guarda uma mecha de cabelo
que ele cortou no último adeus, antes do corpo de Lúcia ser
enterrado.

Personagens Principais
Lúcia / Paulo

Personagens Secundários
Dr.Sá /Couto /Sr.Rochinha /Cunha/Laura e nina /Jesuína/Ana

Espaço
Este livro é um romance urbano e de costumes, retrata-se a vida
da corte, no Rio de Janeiro do século XIX, fotografando-se, com
alguma fidelidade, costumes, cenas, ambientes e tipos humanos
da burguesia carioca.
As personagens caracterizam-se por meio de atos, gestos,
diálogos e roupas.
Em “Lucíola” se encontra sutileza de vidas a um fino entendedor
da sensibilidade feminina.

Foco Narrativo
3ª pessoa

Tempo

Duração

Como é um livro narrativo, ele é cronológico, o dia-a-dia de Lúcia


e Paulo é uma seqüência de fatos natural, hora, meses e ano. Mas
isso é interrompido, quando Lúcia narra a Paulo o seu passado.
Época

A historia se passa no ano de 1855, época de Dom Pedro II, com


seus salões, sua burguesia, suas vitrines chiques na rua do
ouvidor, timburés e seu vestuário.

Síntese
Paulo, provinciano, recém –chegado à Corte, é recebido por seu
amigo e companheiro de infância Dr. Sá, que o levou para a festa
da Glória.E nesta festa que Paulo admira a beleza e a elegância de
uma bela jovem, afirmando que já a tinha visto antes, mas não se
lembrava de onde.
Paulo pergunta a seu amigo quem era aquela senhora e seu amigo,
Dr. Sá, informa a Paulo que aquela senhora era Lúcia, a prostituta
mais bela, requintada e disputada da cidade; mas mesmo assim
Paulo impressiona-se com Lúcia.
Paulo vai à procura de Lúcia no intuito de possuí-la, mas não tem
retorno, pois se surpreendeu com sua ingenuidade.No dia
seguinte, a casa de Lúcia, Paulo tenta e consegue tê-la seus
braços. Mas percebe algo diferente e ela não aceita o seu dinheiro
quando Paulo tenta pagar por seus serviços.
Lúcia mostra-se caprichosa e excêntrica, mas ninguém a
compreende, pois nunca consegue ficar muito tempo com o
mesmo amante.Lúcia não admite que alguém adquira direitos
sobre ela.Já Paulo; não há vê assim.
Num jantar na chácara de Sá, Lúcia nua imita as poses
penduradas nas paredes da sala, e desvenda-se a mulher e a
contradição entre alma casta e o corpo demoníaco.Em lágrimas,
ela se explica a Paulo no jardim da casa, e se amaram a luz da lua
até de madrugada.
Passado alguns dias Paulo vai morar com Lúcia, mas por desejo
que por afeto, mas Lúcia já o ama e se entrega totalmente.Há
desentendimento entre ambos pelo egoísmo e incompreensão de
Paulo.
A sociedade já comentava que Paulo vivia às custas de Lúcia, e
ele a proibia de freqüentar a sociedade; então Lúcia pretende
voltar a sua vida mundana, mas Paulo não a compreende.
Lúcia já não era a mesma, pois a doença já estava presente, Paulo
promete respeitá-la, pois Lúcia o amava em espírito.
Lúcia revela todo o seu passado a Paulo.Ela conta que era uma
menina feliz de quatorze anos que morava com os pais, quando
sobreveio a terrível febre amarela e seus pais, os três irmãos e
uma tia caíram de cama.Lúcia sozinha e desesperada procura
ajuda a um vizinho rico, o senhor Couto, que em troca de
dinheiro, tirou-lhe a inocência.Através dessa "ajuda" a família de
Lúcia se restituiu da doença, mas seu pai sabendo da origem do
dinheiro à expulsa de casa.
Sozinha Lúcia encontra Jesuína, uma mulher que a conduz a
prostituição.Lúcia que na verdade se chamava Maria da Glória
passa a morar com a verdadeira Lúcia e elas se tornam
amigas.Depois de pouco tempo, Lúcia morre e Maria da Glória
tem a idéia de dizer ao médico que quem tinha morrido era Maria
da Glória e a partir desse momento, Maria da Glória adota a
identidade de Lúcia que tinha morrido."Morri, pois para o mundo
e para minha família. Meus pais choravam pela sua filha morta;
mas já não se envergonhavam de sua filha prostituta".
Depois da morte dos pais, Lúcia destinava op dinheiro que
ganhava à sua irmã Ana, que era mantida num Colégio Interno.
Paulo sabendo de toda a verdade compreende Lúcia e passa a
sentir por ela uma grande ternura e um amor sincero.
Lúcia muda-se para uma casinha modesta com sua irmã Ana, e
pressentindo a morte, tenta convencer Paulo a se casar com Ana;
que já o amava também.Pois era uma maneira de perpetuar o
amor de ambos (Lúcia e Paulo), Já que Lúcia se julga indigna do
amor conjugal.
Paulo rejeita a proposta de Lúcia e promete cuidar de Ana como
se ela fosse sua filha.Lúcia estava grávida de Paulo e o feto acaba
morrendo, mas Lúcia se recusa a expelir o feto dizendo: "Sua mãe
lhe servira de túmulo".E morre docemente nos braços de seu
amado.

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