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deve levar tambm em conta as tcnicas de confronto e aplicao do precedente, sob pena de cair no
automatismo judicial j mencionado.
A doutrina brasileira, buscando elementos no direito anglo-saxo, aponta o
distinguishing (do verbo distinguish, que significa distinguir) como a situao em que, em razo da
diversidade dos fatos discutidos na tese piloto e no caso em que ela foi invocada, no ser possvel a
sua aplicao.
Duas solues so apresentadas: ou se reconhece que a ratio decendi do julgamento
paradigma no alcana o caso concreto; ou se entende que, a despeito das particularidades
observadas, o precedente aplicvel, pois contm argumentos que superam as distines fticas.
Seja qual for o caminho adotado, importante frisar que a massificao das decises
judiciais, em que pese a sua crescente abstrativizao, no desvinculou o juiz do contato com os
fatos, com a causa de pedir remota, elemento da demanda que mais se aproxima da parte.
Nesse contexto, no pode o rgo responsvel pelo juzo de admissibilidade
contentar-se com a mera identificao superficial de semelhanas entre o julgamento proferido em
recurso representativo da controvrsia e aquele objeto da irresignao recursal, para, ento,
simplesmente, sobrestar o recurso. Afinal, o art. 542, 1, do CPC, ainda est em vigor, mostrandose absurdo movimentar toda a mquina judiciria e exigir gastos das partes para, apenas depois de
mantido ou reformado o acrdo divergente, concluir-se pela inadmissibilidade do recurso,
desperdiando todo esse esforo.
preciso erigir uma interpretao construtiva e integrativa, que estabelea coerncia
entre o art. 542, 1 e os arts. 543-B, 4, e 543-C, 8, todos do CPC. Primeiramente, deve o
Tribunal de origem, ao receber o recurso, aps a apresentao das contrarrazes, manifestar-se
sobre todos os requisitos de admissibilidade do recurso, incluindo sua (in)adequao ao paradigma.
Em um segundo momento, caber ao Tribunal Superior, caso o Tribunal de origem mantenha sua
deciso, reavaliar o cumprimento dos requisitos de admissibilidade pelo recorrente e, se for o caso,
proceder ao julgamento do mrito recursal.
O que no deve prosperar um procedimento de devoluo mecnica dos autos s
Cmara de Julgamento diante de mera possibilidade de afronta ao precedente, duplicando-se o
volume de trabalho e, mais importante, atrasando a efetivao dos pronunciamentos judiciais.