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Mauro Pi Farias
Controlador de Recursos Públicos
TC-ES
Resumo
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Balanced Scorecard – BSC
1 – Introdução
O BSC foi criado em 1990 com o objetivo de avaliar o desempenho de
empresas. Evidentemente referia-se à empresa privada, da área comercial,
aquela que visa lucro.
Mesmo assim, os autores, em seu primeiro livro, já reservaram um capítulo
para as organizações governamentais e entidades sem fins lucrativos.
O modelo cria uma rede de indicadores, concretos, que, interagindo entre si,
permita, à administração, acompanhar, analisar, criticar e avaliar o
desempenho e os resultados.
Uma das motivações do modelo é agregar valores que não os contábil -
financeiros, valores que se referem aos chamados “ativos intangíveis”: dados,
informações e conhecimento a respeito dos clientes (aqui, o cidadão); dos
processos internos operacionais ou não, que se demonstrem prioritários para o
atingimento dos objetivos e metas da organização, no que tange à satisfação
dos clientes; e os indicadores relativos ao aprendizado e crescimento, também
batizados de pessoal e tecnologia.
O modelo configura relações de causa e efeito, que podem ser verbalizadas
da seguinte forma:
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tecnologia adequada,
empregada por pessoal alinhado e capacitado,
possibilita o exercício eficiente e eficaz de processos internos,
conduzindo à satisfação do cliente.
Com o correr de seu emprego, ao longo destes primeiros quatorze anos, o BSC
passou a ser identificado e utilizado como ferramenta para a implementação e
implantação da estratégia definida pela alta administração e se tornou o
modelo de gestão universal mais aplicado hoje em dia.
As quatro perspectivas normalmente são desenhadas da seguinte forma, em
termos de organizações governamentais:
clientes
(perspectiva foco para as organizações governamentais)
⇑
processos internos
⇑
aprendizado e crescimento
(pessoal e tecnologia)
⇑
desempenho financeiro
1.1 - Vinculações
As vinculações deste trabalho fazem-se com:
• Gerenciamento e fiscalização de obras;
• Com os temas deste IX SINAOP: licitações e contratos; controle social;
qualidade; meio ambiente; saneamento básico; e economicidade das obras
públicas (caso este trabalho assuma detalhamento além do apresentado);
• Auditoria Operacional, como modalidade; Auditoria Gestional, como
enfoque; Avaliação de Programa Governamental ou de Projeto;
• Análise financeira (custos) e análise de duração (tempo); e
• Desempenho, Resultados e Indicadores
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2 - As Quatro Perspectivas para a Empresa Privada
2.1 - Desempenho Financeiro
Esta perspectiva avalia o desempenho da organização no tocante à geração de
resultados financeiros que satisfaçam aos acionistas.
Na empresa privada tais resultados se colocam em termos de lucratividade,
retorno sobre o investimento ou outros conceitos similares.
Indicadores de desempenho orientam a organização no caminho de atingir as
estratégias definidas pela alta administração, balizando a formatação das
outras três perspectivas.
As medições típicas são faturamento, margem de lucro etc.
2.2 - Clientes
A capacidade da organização em construir bom relacionamento com os seus
clientes é fator de fundamental relevância neste modelo de gestão.
A empresa prioriza a identificação de seus clientes e do mercado em que atua.
Os gerentes são orientados a constante reflexão a respeito da competitividade
de seus produtos e ou serviços.
As medições que se destacam nesta perspectiva, são: satisfação do cliente e
a sua fidelização, participação no mercado etc.
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2.4 – Aprendizado e Crescimento
(Pessoal e Tecnologia)
O sucesso no desenvolvimento dos esforços citados anteriormente, (agregação
de valores, fidelização de clientes, lucratividade etc), está calcado na
participação e, sobretudo, alinhamento do pessoal da organização e da
adequabilidade dos recursos tecnológicos disponíveis.
Treinar e desenvolver o pessoal, mantendo-o motivado e – sobretudo –
partícipe, assim como inovar em termos de métodos e incorporação de
tecnologias, com vistas à criação de novos produtos e ou serviços, formatam
esta perspectiva.
Algumas medições típicas: inovações, patentes, clima organizacional.
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⇓
mapas estratégicos
(um tema estratégico para cada mapa)
⇓
relações de causa e efeito
⇓
programas e metas decorrentes
⇓
Etapa: implantação da estratégia, através do BSC
⇓
workshops
⇓
ações
⇓
acompanhamento, controle e avaliação dos resultados
⇓
retroalimentação
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4.2 - Processos Internos Relativos às Obras
4.2.1 - Processos Internos Operacionais
O Project Management Institute - PMI - sugere a organização dos
processos de gerenciamentos de projetos em 05 grupos:
• Iniciação,
• Planejamento,
• Execução,
• Controle e
• Encerramento, os quais interagem entre si, fornecendo e recebendo
informações.
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4.2.2 - Outros Processos que Não Operacionais
A Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade – FPNQ - elenca 03 outros
tipos de processos com relação aos Critérios de Excelência para a obtenção do
Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ, também op. cit. :
• Processos de apoio,
• Processos relativos às empresas contratadas e
• Processos econômico-financeiros.
Prazo (cronograma) *
Custo e trabalho (orçamento) *
Qualidade
* Ver Análise Financeira das Obras, item 4.4.1.
Processos de Apoio
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Se necessário tê-los de forma mais resumida, proponho:
Data de início
Data de término Provável
Duração Meta
Custo Real (o efetivamente executado)
Trabalho
4.2.3.1- Qualidade
Aqui considerada como o atendimento às necessidades dos clientes.
As atribuições da Gerência da Qualidade, em um projeto / obra, atendem ao
seguinte fluxo:
planejamento ⇒ garantia ⇒ controle
e, para cada etapa deste fluxo, se tratadas como sistemas ou subsistemas,
deve-se considerar:
entradas ⇒ ferramentas e técnicas ⇒ saídas
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4.3 - Aprendizado e Crescimento
(Pessoal e Tecnologia)
4.3.1 - Os Envolvidos
Os envolvidos na obra são:
• Clientes,
• Patrocinador (cofres públicos; Parceria Público – Privada, PPP;
concessionário),
• Gerente do projeto,
• Equipe da gerência do projeto,
• Gerente de produção, entendendo-se por produção o bem já disponibilizado
para a utilização pública. Assim, poderemos considerar o pessoal que será
encarregado da manutenção do bem.
• Equipe de produção,
• Outras gerências,
• Fornecedores,
• Órgãos reguladores,
• Órgãos fiscalizadores (aqui se inserem os Tribunais de Contas: o da União,
os dos Estados e Distrito Federal; os dos Municípios, quando houber),
• Cidadãos e
• Sociedade.
4.3.2 – Tecnologia
Aqui se consideram máquinas e equipamentos; processos e tudo o mais que
representar recursos tecnológicos.
4.3.3 - Indicadores Propostos
Os indicadores que considero são:
Custo
Prazo e
Qualidade,
já citados em 4.2.3
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4.4 - Desempenho Financeiro
Esta perspectiva refere-se à disponibilidade financeira dos cofres públicos ou
de outras fontes, citadas em 4.3.1, no item Patrocinador, sempre conforme os
eventos de pagamento indicados no contrato:
medição ⇒ aprovação ⇒ pagamento
O indicador que proponho é definido por um quociente:
÷
Total dos eventos de pagamento,
conforme os eventos citados no contrato da obra
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4.4.1.1 -
4.4.1.2 -
4.4.1.3 -
4.4.1.4 –
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4.4.1.5 –
Orçamento ao término
ou orçamento planejado do projeto
ou custo meta =
= ∑ valores planejados das tarefas
4.4.1.6 -
4.4.1.7 -
O acompanhamento do tempo pode ser efetuado através do acompanhamento
do(s) caminho(s) crítico(s), a cada momento da obra.
5 - Conclusão
O trabalho se propõe a adaptar o modelo de gestão Balanced Scorcard para a
fiscalização e gerenciamento de obras públicas.
Os autores do BSC recomendam uma rede de 15 a 25 indicadores: eu
relaciono 16, assim distribuídos:
02..........quanto a clientes;
08..........quanto a processos;
03......... quanto a aprendizado e crescimento (ou pessoas e tecnologia);
01......... quanto a desempenho financeiro; e
02..........específicos quanto a EVA: Variação de Prazo e Estimativa de Custo
Total para a Conclusão da Obra, apresentados, respectivamente, em 4.4.1.2 e
4.4.1.6.
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particularidades de sua esfera de atuação, assumindo outras redes de
indicadores.
6 - Leitura Recomendada
KAPLAN, R. S.;NORTON, D. P. A Estratégia em Ação: Balanced Scorecard.
Trad. Luiz Euclydes Trindade Filho. 1. e. Rio de janeiro: Campus, 1997. 344 p.
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COUTINHO, A. R. Gestão estratégica no setor público e entidades sem
fins lucrativos. São Paulo: 2003. Disponível em:
http://www.symnetics.com.br/news.htm. Acesso em:15 jun. 2003.
Mauro Pi Farias
Administrador
Engenheiro Industrial (IME – Instituto Militar de Engenharia)
Profissional Certificado em Administração Pública (FGV – Fundação Getúlio
Vargas)
Curso PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade, ciclo 2004 (FPNQ – Fundação
para o Prêmio Nacional da Qualidade)
Membro da OLA - Organização Latino-americana de Administração
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