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Francisco Gomes de Matos uma linguagem humanizadora: orientagéo para professores de linguas estrangeiras a a ee a ee eee Um conceito fundamental: linguagem Na antiqiifssima, desafiadora e fascinante atividade profissional do ensino de Ifnguas, hd varios conceitos Eundamentais, alguns dos quais com presenga obrigat6ria em programas de formacdo de professores: “aprenci- zagem”, “aquisicio",* no’, “linguagem’, “lingua”, *sociedade", “uso” (Lingifstico), ceito mais abrangente que felante, e cada vez mais freqtiente n especializada, cf. COOK, 2002) “variagéo". Dessa enumeracao conceitual, sobressai-se psicolégico, educacional, cultural, histérico, politico e social. Além disso, o teferido conceito-chave é ponto de partida para a compreensio da natu- ‘aprendiz", “cognicao”, ‘cu \guagem”, por ser ndo apenas um termo lingifstico, mas reza lingiistica do ser humano. Assim, uma consulta a obras introdutérias Lingiifstica mostraré que a primeira e profunda indagacao feita tende a ser: o que é linguagem? Ou ligeiramente ampliada: que sabemos sobre a natureza da linguagem? Um exemplo recente: no volume Words on words. Quotations about language and languages, de David e Hilary Crystal, a pri- meira segdo se intitula The nature of language. Aliencontramos 79 citagées sobre linguagem, dentre as quais selecionamos estas (tradugio minha) 5” (SAUSSURE, 1916), “Tal- vez a maior forca socializadora” (SAPIR, 1933), “O bem mais preciso da espécie humana” (HOCKETT, 1958). Ainda sobre a linguagem, na seg seguinte do precioso volume dos Crystal, encontramos 152 citagdes sobre “Um sistema de signos para expressio de linguagem e pensamento. Fis um dos pensamentos memordveis: “A lin- guagem é 0 6rgio formativo do pensamento” (HUMBOLDT, 1836). ‘Meu interesse em estudar as caracteristicas da linguagem teve infcio com a experiencia de ensino da Lingiifstica em meados da década de 60, mas sé viria a formalizar-se no inicio da década de 70, quando fiz. um levantamento dos principios da lingifstica contemporénea com base no qual analisei sua possivel influéncia em manuais para professores de inglés como lingua estrangeira. Nessa parte de minha tese doutoral, publicada em 1976, sob o titulo Lingiistica Aplicada ao Ensino de Inglés, y explicitei seis coracteristicas definidoras da linguagem: “sistematicidade” p (2 linguagem é sistemética),*primazia da linguagem falada’ (atualmente, y teria preferido esta formulagdo: a natureza multiforme da linguagem ~ pelade, escrita, de sinais), “natureza socal da linguagem”,“variagao” (na- ptureza varidvel da linguagem), “criatividade” (natureza crativa do uso plingistico) e “universalslingtsticos” (0 que encontramos em todas ou ‘quase todas as linguas). Essa caracterizagao da natureza e funcoes da jguagem viria a ser atualizada em 1994, através do capitulo A thesis 20 years on: principles of linguistics and the theory-praxis of the rights of language D arers, no volume Reflections on language learning, in honour of Antonieta Celani, organizado por Leila Barbara e Mike Scott. Ali sustento que dois B Celani, organizado por Leila Barbara e Mike Scott. Al 4 principios deveriam ser acrescentados & minha listagem anterior: “a na- @ tureza cognitiva da linguagem” e “a natureza humanizadora do uso da Wiinguagem", Em suma, argumento que nao basta afirmar-se que a lin- @euagem é humana ou que se trata de uma faculdade universal humana Bila comunicagao (formulacao usada pelo saudoso amigo ¢ mentor J. @Mattoso Camara Jr. em suas aulas e publicacdes); precisamos destacar 0 9 potencial comunicative humanizador do uso da linguagem. Bis parte da #rgumentacdo, apresentada em ingles: By stating that language is human we do not do full justice to another distinguishing trait of language ~ and of language acquisition and learning ~ its humanizing power{...] the it, especially when language teaching and learning is seen from a humanistic perspective (GOMES DE MATOS, 1994, p.106)." humanizing force of language has not been made ex; Em suma, preconizo que a linguagem 6 uma grande forca umanizadora, tomando esse adjetivo com o sentido de promotora da 2 comunicativa entre usuétios de linguas, Para uma compreensio da ern ener ati enter creeseeeeen acer SES OSSSCCSSESES da positividade. Comunicagdo construtiva em portugués, particularmente @ Parte II ~ *Comunicagao humanizadora” — na qual se inclul o cay ““Aprender linguas positivamente” e meu livro Co A pazcomunicativa, particularmente a Parte I -“Comunicagao para o Bern” ea Parte Il ~ ‘Direitos e deveres comunicativos e culturais" mnicar para o bem. Aos interessados em aprofundar o estudo da influéncia de concep- es da linguagem no ensino de linguas, consulte-se meu breve artigo Influence of features of language on language teaching, publicado no boletim EIPLY (World News, n. 52, October 2001, p. 20-22), onde fago um apelo em favor da dimensSo humanizadora na caracterizacdo da Jinguagem, principalmente quando se trata da questdo vital do “uso lingiifstico’, cbjeto da secdo seguinte. Outro conceito-chave: uso da linguagem ‘Apés compartilhar algumas reflexes sobre a natureza da lingua- gem ede como uma concepcao humanizadora da mesma 6 imprescindi- vel, se quisermos chegar a uma percepgo profunda daquele processo, asso a tratar, mais concisamente, do conceito igual mente importante de “uso da linguagem”, ou, mais precisamente, “usos da linguagem’, para que demos conta da imensa diversidade de opeses lingifsticas a disposi- Go dos usuétios. O conceito-termo “uso lin, pesqiuisa extensa, intercultural —como tem sido empregado em diferen- tes culturas, tradigGes de ensino-aprendizagem de linguas etc.~masaqui fstico” bem mereceria uma Jimitar-me-ei a uma generalizagio: na surgimento de “uso” (em substituiggo ao termo “emprego", oriundo das tradig6es da estilfstice, filologia e gramética normativa) é bem recente assim, em 2001 aparece o importante Diciondrio de usos do portugués do escrito por Francisco da Silva Borba e, er 2002 publica-se a Gra- matica de usos do portugués, de autoria de Maria Helena de Moura Neves, Pata professores de ling eratura Linguistica brasileira, o s, a substituigSo de “emprego” por “uso” é mais que uma troca terminolégica: trata-se de um enorme avango semantico, pois envolve uma familia lexical de grande rentabilidade comunicativa: “uso, usar, usual, usuério". Assim, ao dar explicagdes sobre o uso de uma Iingua (portugues, inglés, espanhol, francés, alemfo, chinés etc.) a seus alunos, 0(a) professor(a) poderé recorrer aos membros da familia “uso", de modo mais consistente e sistemético. A propésito, em 1976, publiquei um breve artigo intitulado “Usos no portugues oral do Brasil: uma lista de referencia’, Ali, apresento variantes de uso (lexical, sintdtico) que poderiam ser inclufdas em materiais para ensino de portugués como lin- gua estrangeira. Em suma, “uso” nos faz indagar: que “usuério(a)" de que lingua ‘usa’ 0 qué, como, ao comunicar-se com quem , para criar que efeitos, por qué e para qué? No caso do ensino de uma lingua estrangeira, seria responsabilidade do professor perguntar-se: a que “usuério” (da lingua X), preciso ensinar que “usos lingtifsticos”, com base em fontes cientifi- cas e pedagdgicas que privilegiem o “saber usar” a lingua de maneira esclarecida, confiante e, acrescentaria; “humanizadora"? Professores de Imguas estrangeiras ~ aliés, toda pessoa engajada na educagéo do seu “préximo lingtifstico” - devem fundamentar sua praxis de sala de aula em uma concepgéo abrangente e aprofundada da natureza e dos usos da linguagem. Para isso, uma iniciagSo A Lingtifstica 8, a meu ver, mais que desejavel: um aspecto importantissimo da forma- 40 profissional, A luz do exposto, pergunte-se o(a) leitor(a): que per- cepgio tenho da linguagem e até que ponto meu ensino reflete a com- preenso daquele proceso abstrato das suas realizacdes cognitivo- socioculturais, as quais chamamos de “Iinguas?” Como apresento a meus alunos minha interpretagao de linguagem e de linguas e, por outro lado, © que faco para ter uma idéia de como os aprendizes entendem esses conceitos afins? Além disso, 0 que poderei fazer para ajudar os alu- nosa perceberem, no uso da linguagem — da lingua que estao aprenden- do—um extraordinario poder comunicativo “humanizador"? SBSSSSCSSTEISFSFSSSCETCSSEESSCSCSSSEUESIIISISSIS: Um desafio aos professores: saber comunicar-se para o bem Professores de linguas sio promotores da competéncia comunica- tiva de seus alufios, isto é tém a responsabil lade profissional de contri- buirem para o desenvolvimento comunicacional dos educandos. Se exa- minarmos a literatura da érea da metodologia do ensino de I{nguas — quer materna, segunda ou estrangeira -verificaremos que ainda predo- mina uma tradigfo: a do “ensinar a comunicar-se bem’. Em oficinas pedagégicas para professores de Iinguas, costumo de- safiar os participantes a explicitarem o que entenderiam por “comuni- car-se bem”. Entre os adjetivos mais usados (todos com a letra C, para ativar-se 0 proceso mneménico, to pouco explorado na sala de aula...) destaco: (€ saber comunicar-se de maneita) “clara, coerente, corsa, cor- zeta, concisa, concreta, convincente, criativa”.... Logo, em seguida, pro- onho que se responda & questdo: o que sevia “comunicat-se para o bem?" Assim orientados, os participantes sugerem uma adjetivacio comple ‘mentar anterior: (é saber comunicarse de maneira) “cordial, coopera- tiva, cortés, carinhosa, crista..” ‘Uma vez dispostas as duas listagens lado a lado, atribuo a seguin- te tarefa grupal: crie uma atividade que poderia contribuir para o apren- der a comunicar-se construtivamente, humanizadoramente, ejustifique a contribuigdo de seu grupo, Esse tipo de desafio tem sido revelador de que minha proposta de Comunicar para o Bem é recebida com um mis- to de surpresa e de abertura para uma Pedagogia Humanizadora, que refletitia princfpios oriundos de vatias reas do saber, dentre as quais os Direitos Humanos, a Educagio para a Paz, a Psicologia da Paz, a Comu- nicagdo Intercultural, a Andlise Critica do Discurso e a emergente Lin- Biifstica da Paz. Apés a apresentagao pelos mini-grupos de professores, dle suas contribuigdes a um ensino humanizador da lingua X, formulo o ue, em publicacSes diversas recentes, chamo de “o direito comunicativo fundamental’: 0 diteito que toda pessoa deveria ter de “aprender a comunicar-se pacificamente”. Esta concep¢io de direito comunicativo- rot prepara o terreno para a exemplificacao do como trabalhar a paz comunicativa em sala de aula. Atividades promotoras da paz comunicativa Como ajudar meus alunos a serem usuétios de uma linguagem amistosa, harmoniosa? As possibilidades aplicativas sao vastas € varia- das, pois toda pessoa é criativa, e professores de Iinguas séo privilegiada- mente desafiados, a todo instante, a demonstrarem sua competéncia criadora, Assim, limitar-me-ei a exemplificar alguns tipos de atividades/ tarefas que podem ser propostas a aprendizes de linguas estrangeiras. Cabe 20 professor adequar os exercfcios & sua turma, graduando-os quan- toa desafios cognitivo, lingifstico etc. Antes de apresentar exemplos, quatro principios narteadores da praca de comunicagio humanizadora: I- Empenhe-se em humanizar seu uso lingitstico. II- Aprenda a humanizar seu vocabulério e sua construcéo frasal IIl- Aprende a observar os efeitos ~em seu “préximo lingifstico” ~ de suas opgées lexicais, gramaticais. IV- Aprenda a monitorar ~exercer autocontrole ~ sobre seus tex- 10s, particularmente os escritos (neste caso, € mais fécil refazé-los, retocé-los, aprimoré-los, otimizé-los), quanto & humanizagéo co- municativa. Sobre cada princfpio, caberia perguntar: - Como? Respondo, a seguir, convidando o(a) leitor(a) a compartilhar desse exercicio de refle- xio critica 1- Adotando um estilo comunicativo humanizador, que priorize um vocabulério construtivo, dignificante da interagéo humana. Como 6 principalmente através do vocabulério, que expressamos nossa visio do mundo — das pessoas, dos animais, das instituigdes etc. ~ precisamos saber organizaro que comunicamos, em termos de um continuo que vai do ‘mais humanizador" ao ‘menos humanizador” IL Sistematizando seu vocabulério em famnflias lexicais humani- zadoras, de verbos, adjetivos e substantivos. Assim, na categoria adjeti- vos humanizadores, poder-se constituir as familias iniciadas com “p" (uma pessoa “paciente, pacitica, participativa, prudente, patriota, pie- dosa, previdente, progressista, perseverante...”), com *h” (referis-nos famos a alguém como sendo “habilidosa, harmoniosa, heréica, honesta honrada, hospitaleira, humana/humanissima, humilde...”), com “e" (elo- giarfamos uma pessoa por ser “educada, eficaz, eficiente, emérita, emi nente, empética, empenhada, empreendedora, encantadora, engenho- sa, entusiasta, esperancosa, espiritual, espirituosa, estudiosa, ética, ex traordindria, expedita..." O que poderia ser “humanizar a construcao trasal”? Uma das ativi dades poderia centrar-se nas maneiras de “atenuar” uma mensagem, in- troduzindo elementos “atenuadores", Esse tipo de estratégia pode ter um. valor preventivo: evitar-se dar a impressio de querer ser dono(a) da verda- de, sabe-tudo, decide-tudo ete. Bis um exemplo, extraido do inspirador volume How different are we? Spoben discourse in intercultural conumunicat da professora-pesquisadora australiana Helen Fitzgerald (Canberra Institute of Technology ~ Adult Migrant Education Program). Nesse livro, encontramos um extenso Apéndice (25 p.) sobre “Formacdo em Comunicacio Intercultural: métodos ¢ materiais', no qual a autora ilustra 10 tipos de atividades, com base nos conceitos-chave de percepedo intercultural, cho- que cultural, competéncia linguocultural, estilo comunicativo. Ao abordar o uso de atenuadores (como evitar ser demasiado dogmatico ou taxativo em inglés), Fitzgerald (2003, p. 241) recomenda ©uso da modalizacio (verbos madais do tipo could, would, might e advér- bios atenuadores como maybe, perhaps, possibly, probably. Assim, ela re- comenda que se diga: | pESSSESSSESSESSSCSUESVSeONN”” “The problem could be that... (em vez de) The problem is Ie is possible that the real problem is... (em vez de) The real problem is That would probably be difficult (em vez de) That is too difficult. “Atividades destinadas a aprendizes de portugués como lingua es- trangeira poderiam desafiar alunos a traduairem (com ajuda de usuarios nativos, por exemplo) expresses agressivas e humanizadas. Exemplo “Nao seja grosso(a)"! (Traducéo humanizada: “Seja mais delicado(a)" ete.) Ngo enchal” (tradugdo humanizada: “Nao aborrega! Nao inco- ‘mode! Pare de me incomodar” etc.) TII- Uma das maiores responsabilidades comunicativas de todo usuétio de Kinguas, em particular, de professores, tem a ver com o saber desenvolvera capacidade de observar os efeitos da comunicacéo. Afinal, comunicar é saber ctiar efeitos e, no caso da Pedagogia que preconiza~ mos neste artigo, efeitos de natureza construtiva, humanizadora, O que se pode observar, comunicativamente, na producao falada/escrita /de sinais (caso de pessoas surdas)¢ A selegéo lexical (quem usa que tipos de adjesivos bumanizadores, ao referit-se a quem ou a que instituigbes pt blicase privadas, com queinteng6es etc), a construgio frasale paragratica (quem revela mais empatia com o leitor eo ouvinte, atribuindo a estas pessoas uma posicio importante na mensagert) Vale observa, por exern- plo, sequem se comunica faz referencias ds outras pessoas, a simesmo(), como, quando, quantas vezes ete. Compare-se as alternativas: “Eu e vocé precisamos..” versus *Voc® e eu precisamos..” ou “Eu teria agido assim, se estivesse em seu lugar? versus “Em seu lugar, eu teria agido assim”. esses pares contrastantes, a segunda opcéo é mais empética: damos sais importincia ao nosso préximo lingOfstico— pensamos primeironessa pessoa ea ela nos referimos em primeiro lugar. IV- Aprender a monitorar (um verbo em desuso é “policiar”, ainda ouvido de pessoas mais idosas: “preciso policiar o que digo” ou “preciso me policiat, quand falo em piiblico") implica em, até onde possivel, exercer um controle na propria comunicagio. Para isso, recomendo fazer grava- Ges de aulas (estazemos falando “aos/para os” nossos alunos, em vez de, humanizadoramente, falando “com” essas pessoas?) para que identifi qquemos nosss preferéncias éxico-gramaticais epossamos descobris,com senso critico realista, aspectos de nossa —imensa...—“faibilidade comuni- catia", principalmente no que concerne ao saber comunicar-se para obem. Para outros exemplos de atividades que podem contribuir ao cul- tivo de uma competéncia comunicativa humanizadora, veja-se meu supracitado livro Comunicar para o bem e oaxtigo “Applied peace linguistics a New Frontier for TESOLers". : Notas conclusivas A luz das reflexdes teéricas ¢ sugestées aplicativas feitas, cabe, primeiramente, reiterar 0 seguinte apelo, difundido em portugués, pelo meu artigo “© Direito Comunicativo Fundamental” (GOMES DE MA- TOS, 2008, p.19): *O diteito que todos os usuérios de linguas (faladas, escritas, de sinais)deveriam ter: ode aprenderem a comunicar-se pacifi- camente, para o bem da humanidade.” Esclarego que o referido apelo tem sido endossado por especialistas de varias 4 Chomsky (Lingtifstica), Susan Gass (Lingifstica Aplicada), Betty Reardon (Educago para a Paz), Milton Schwebel (Psicologia da Paz.), Robert T. Ceaig (Comunicagic), Raymond Cohen (Relagdes Internacionas)eesté sendo difundido através de entidades internacionais, como a FIPLV - Federagéo Internacional de Professores de Linguas Vivas (fundada em 1981). Em segundo lugar, quero fazer um novo apelo, através deste opor- tuno volume: “que professores e formadores de professores de linguas se engajem na promogio de uma pedagogia intercultural humanizadora", econtribuam para que a tradigio de “estudos interculturais aplicados a0 ensino de linguas” ~ iniciada por pioneiros como meu professor e mentor Robert Lado, através de seu livro Linguistics across cultures, tradiucao bra sileira, da Vozes, de 1974, intitulada "Introdugio a lingiistica aplicada” ~ continue a crescer entre n6s. Aos interessados na histéria do ‘interculturalismo no ensino de linguas no Brasil”, informo um pioneirismo —no inicio da década de 60, criou-se um Centro de Forma- ¢do Intercultural (CENFD, por frades franciscanos em Petr6polis/RJ, no qual tive o privilégio de colaborar como consultor para 0 ensino de lin- gua portuguesa ‘Uma palavra final: em uma conferéncia inaugural pronunciada no XIII Congresso da ASELE ~Asociacion para la Enseiianza del Espafiol como Lengua Estranjera ~pa Universidade de Murcia, Espanha,2 de outubro de 12002, fiz apologia de uma Pedagogia Intercultural (¢ Transcultural, pois precisamosiralém do interculturelismo) Humanizadora. No referido texto (Derechos Interculturales y Misién Humanizadora del Profesorado de Espafol como Lengua Extranjera), explicitei alguns dos direitos e deveres interculturais de professores, Dentre as responsabilidades interculturais, apliciveis a todos os professores de idiomas, destaco duas, aqui transeri- tas emespanhol, num espirito de plurilingiisma (Viva a diversidade!) Cultivar, mantener, preservar y Fortalecer su identidad cultural, intercultural y planetéria. = Motivar a sus alumnos para que compartan la misién de interculturalistas, promotores de la paz comunicativa mediante el ‘uso del espaol (y otros idiomas). [Em suma, que a “Paz comunicativa e a humanizacéo pedagogica” norteiem suas (inter)agdes em sala de aula e em outros contextos em que vocés, colegas professores, desempenkem seu relevantissimo papel deeducadores lingtifstico-interculturais. Notas * Ao afirmarmos que a linguagem é humana, nao estamos sendo pl nnamente justos com Outra caracteristica distintiva da linguagein ¢ da aquisigéo © aprendizagem de linguas: seu poder humanizador|.] nao setem explicitado a forca humanizadora da linguagem, principalmente quando se considera 0 ensino-aprendizagem de linguas sob uma pers- pectiva humanistica Referéncias BORBA, Francisco da Silva. Dicionério de usos do poriugnés do Brasil. Sio Paulo: Atica, 2001 COOK, Vivian. Portraits of the L2 user, Clevedon, U. Ki: Multi Matters, 2008. CRYSTAL, David & CRYSTAL, Hilary. Wards on words. Quotations about language and languages. London: Penguin Books, 2001 FITZGERALD, Helen. How different are we? Spoken discourse tn intercultural communicarion. Clevedon, U. K.: Multilingual Matters, 2008, GOMES DE MATOS, F Lingiistica aplicada ao ensino de Paulo: McGraw-Hill, 1976. COMES DE MATOS, E Usos no portugués oral do Brasil: uma lista de referéncia, Litera, Rio de Janeiro, jul. 1976. 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