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IC: . Porque acho que o homem o meu centro. Mas voc sabe que IC: Eu pinto, escrevo, gravo, fao tudo com o mesmo amor porque vou
o homem testa aquilo que sabe. Ele no tem a capacidade de pensamento do fundo na minha verdade. Na gravura voc depende de outros fatores, a pintu-
anterior. Ele no pode pensar o que nunca foi pensado. Quem estudou psi- ra mais direta. Ela mais imediata. Agora a gente se apaixona pelo que faz se
cologia sabe disso. Voc olha o mar e sabe que gua, olha a pedra e v a guiando pela sua beleza. Estou preparando um livro em italiano sobre meu tra-
natureza, olha o cu e v o azul. Est no sentido do homem. O trabalho do pin- balho. Por que italiano? Porque estudei. Quem no sabe outra lngua no Brasil
tor de recriar a natureza. A realidade da natureza recriada o que a ver- est ralado. Quero que o livro alcance outros lugares.
dadeira discusso filosfica da arte e sua funo.
IC: Essa frase me foi dada pelo amigo Ronaldo Brito. Realmente penso
na vida e no que vem depois. A verdade que tudo passageiro e montado
como uma carta de baralho. Voc pe 2000 anos de cultura e o que vai ficar?
O que o homem escreveu, o tempo comeu.
PR: um fato sua teimosia, at mesmo doente o senhor que pintar. Por
qu? O senhor acha que predestinado para a arte?
IC: Eu nunca desisto, e tambm nunca digo no. Acho que j nasci
pintor. Quando criana meu brinquedo era lpis e papel, dessa maneira me vejo
sem funo na vida se no estiver pintando. Vem da minha necessidade de
estar trabalhando.
IC: Essa burrice nacional. Por que as pessoas esto mudas? A televiso
a pior coisa que poderia ter acontecido. No suporto isso. Vejo que h artis-
tas que so valorizados e no tm uma obra significativa. Vejo que se elogia ape-
nas pelo desejo de um mercado, no tem verdade naquilo. Isso tudo me inco-
moda, ento no tomo parte nisso. *Paulo Reis curador independente e professor convidado do curso de histria da arte do Instituto de Artes
da UERJ.