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Primeiro, o reforço do número de alunos nos anos

iniciais de formação - designadamente no 1.º ciclo


do ensino básico, no caso das Iniciações, e nos 2.º
e 3.º ciclo, no caso do Curso Básico de Música –,
que aumenta a possibilidade de encontrar e de
REFORMA potenciar o talento de muitas crianças e jovens.
Segundo, o crescimento do número de alunos
Mais alunos no ensino a frequentar o ensino especializado da Música
nos regimes integrado e, sobretudo, articulado,
especializado da Música que reforça a hipótese de prosseguimento
de estudos a nível secundário.
O ensino especializado da Música tem vivido
um período de mudança e de expansão,
com um impacto significativo no número Evolução da distribuição dos alunos por níveis
de alunos nos anos iniciais de formação, de ensino ao longo dos três últimos anos lectivos
mas também e sobretudo, nos regimes
integrado e articulado.
Secundário
2150
A missão e os aspectos organizativos do ensino 2812
especializado da Música foram objecto 1852
de aprofundada reflexão no Estudo de Avaliação
do Ensino Artístico, apresentado em 2007, que
Básico
possibilitou conhecer, com maior clareza, a sua 10 174
realidade, os problemas com que se debatia 13 977
e apontar caminhos. 18 139
Ao espaço de reflexão e de debate, sucedeu
um conjunto de reformas que permitem, hoje, Iniciações
“A aposta dar conta de uma série de progressos muito 4958
significativos. 8987
nos regimes 9654
A aposta nos regimes integrado e articulado
integrado foi essencial para criar condições para Ano lectivo de 2006/07
e articulado o aumento da frequência deste ensino, Ano lectivo de 2008/09
constituindo-se como condição fundamental Ano lectivo de 2009/10
foi essencial
para o crescimento do número de jovens
para criar com formação de base sólida e interesse Até à consagração desta aposta, predominava
condições para em prosseguir estudos de Música ao nível o regime de frequência supletivo, no qual
do ensino secundário. as soluções adoptadas remetiam para contextos
o aumento O alargamento das oportunidades de acesso de frequência em que a componente especializada
da frequência ao ensino especializado da Música teve um dos currículos surgia como um acréscimo de horas
impacto muito significativo. de estudo, insuficientemente articulada do ponto
do ensino
O número de alunos registou um crescimento de vista curricular, e pouco coordenada ao nível
da Música” de cerca de 70%, passando de 17 282 estudantes, pedagógico e da organização de horários.
no ano lectivo 2007/2008, para 29 645, O regime integrado – correspondendo à frequência
no presente ano lectivo. de todo o currículo na mesma escola – era
Esta subida, que corresponde a um acréscimo praticamente residual, sendo minoritária
de 94% nas Iniciações e de 78% no ensino básico a frequência em regime articulado, que prevê
em regime articulado e integrado, reflecte duas a coordenação entre as duas escolas responsáveis
realidades igualmente relevantes. pelo conjunto do currículo.

02 Boletim dos Professores 18 Abril 2010


70%
Correspondendo a uma duplicação, para 50 corresponde
milhões de euros, do investimento canalizado para ao aumento
esta via de ensino, a expansão registada beneficiou do número
com a introdução do mecanismo de financiamento de alunos
por custo/aluno às escolas do ensino particular em 2007/2008
e cooperativo, no âmbito do ensino especializado
da Música, permitindo tornar mais eficazes
e transparentes as regras aplicadas a esta rede. Mas estas alterações não surgem isoladas.
No plano curricular, constituiu um passo decisivo O projecto Orquestra Geração, que reúne a
a entrada em vigor do novo plano de estudos parceria de autarquias, associações comunitárias
para os Cursos Básicos de Música, que concretizou e empresas, entre outras entidades, e envolveu
a aplicação de um conjunto de princípios no seu arranque o Agrupamento de Escolas
de importância decisiva para promover o acesso Miguel Torga, na Amadora, e a Escola Básica
e valorizar a qualidade das aprendizagens. de Vialonga, em Vila Franca de Xira, representa
Destacamos a adopção de um tronco curricular outro importante passo na valorização do ensino
comum a todos os regimes de frequência, da Música no nosso país.
a integração e a racionalização num mesmo Abrangendo já mais de 500 crianças e jovens
currículo das componentes de formação geral em situação de maior vulnerabilidade educativa
e da formação vocacional, com a valorização e social, este projecto utiliza o ensino da Música
desta última, e a atribuição de maiores margens de como estratégia de apoio à sua integração.
autonomia às escolas ao nível da gestão curricular. Inspirado em projectos postos em prática noutros
Ao mesmo tempo, o reconhecimento da países, nomeadamente na Venezuela, o projecto
experiência e das competências dos docentes Orquestra Geração tem suscitado entusiasmo
do ensino especializado da Música com pelo junto da comunidade escolar mas, também, das
menos dez anos de experiência, dispensando-os instituições que trabalham na área da inclusão
da realização da profissionalização em serviço, social. A aposta que continuará a ser feita no seu
bem como a criação de condições para a sua desenvolvimento contribuirá, seguramente, para
integração nos quadros de escola entretanto que a Música faça parte da formação de cada vez
criados, constituíram passos fundamentais mais crianças e jovens.
para valorizar o seu trabalho e dar condições Todas estas mudanças, de grande alcance,
de estabilidade motivadoras da melhoria contribuíram para transformar, de forma muito
dos desempenhos individuais. significativa, esta área do ensino e para criar
A introdução de um quadro regulador uma dinâmica que permite dar a Portugal uma
da contratação de professores para as disciplinas renovada ambição neste domínio.
de formação artística do ensino especializado
da Música constitui outro importante passo Paulo Feliciano
neste âmbito. Vice-presidente da Agência Nacional para a Qualificação

Evolução do n. º de alunos no ensino especializado da Música ao longo dos últimos três anos, segundo o regime de frequência

16 000
14 000
12 000
10 000 Iniciações
8 000 Articulado/Integrado
6 000 Supletivo
4 000
2 000
0
2006/07 2008/09 2009/10

Março 2010 Boletim dos Professores 18 03


Rui Vieira Nery fala da importância
da aprendizagem da Música para o
desenvolvimento de diversas competências,
apresentando o projecto Orquestra Geração
enquanto oportunidade de aprendizagem
musical e de integração escolar. forma mais ampla, da cidadania implicam
o desenvolvimento da criatividade, que é
Qual a importância da aprendizagem estimulado pela vivência musical.
da Música desde idades precoces?
A Música tem um papel importantíssimo Também contribui para desenvolver
no crescimento integral das crianças, não só a capacidade de trabalhar em grupo?
pelo prazer que a experiência musical pode Muito embora tenha uma componente individual
proporcionar, mas também pelo potencial para que não pode ser subestimada - porque
estimular capacidades que ultrapassam essa a qualidade do conjunto depende da soma das
dimensão da fruição. O ensino da Música qualidades dos seus membros - , a aprendizagem
em idades precoces facilita a aprendizagem da Música tem uma dimensão de partilha que
de estruturas de linguagem mais complexas, é essencial. Quando se faz Música em conjunto,
o desenvolvimento de um raciocínio matemático dependemos uns dos outros, o que cria um
mais fluente e, ainda, a sensibilização a outras sentimento de responsabilidade colectiva
formas de expressão artística e cultural. com consequências significativas na construção
da cidadania.
Em que medida o ensino da Música é
fundamental para desenvolver competências Como deve realizar-se a aprendizagem
essenciais a um cidadão do século XXI? da Música?
Estive num congresso em Hamburgo sobre É preciso distinguir entre duas vertentes
educação cultural, em que ouvi o presidente da formação musical: a vertente da experiência
de uma grande empresa alemã dizer que o musical para todos, que permite a todas
ensino não deveria ser centrado nas tecnologias, as crianças o contacto com a Música,
uma vez que, por um lado, essa aprendizagem independentemente de nem todas virem a ser
pode ser realizada nas empresas e, por outro, músicos profissionais no futuro, e a componente
porque as tecnologias estão sempre a mudar, de formação vocacional para os alunos que se
fazendo com que aquilo que se ensina esteja sentem mais atraídos por esta área. É importante
constantemente a ser ultrapassado. Em vez disso, que a fronteira entre estes terrenos seja flexível
recomendava que se ensinasse as crianças e que permita ziguezagues: não é obrigatório
a pensar, a identificar problemas e a inventar que uma criança que começou a estudar piano
soluções novas para esses problemas. Os venha a ser pianista, a dada altura pode achar
desafios do mercado de trabalho e, de uma que prefere ser engenheira bioquímica.
Como pode organizar-se a escola para É possível pensar em generalizar a Orquestra
assegurar formação musical a todos? Geração a nível nacional?
Na formação de um professor generalista há uma O Ministério da Educação criou um grupo
componente musical, mas, no caso de este não de trabalho para desenvolver o projecto Orquestra
se sentir vocacionado, a formação musical pode Geração, presidido por mim, que integra
ficar a cargo de um profissional mais o professor António Wagner Diniz, antigo director
especializado, que pode dar assistência a várias da Escola de Música do Conservatório Nacional,
turmas do 1.º ciclo, através de módulos que foi o impulsionador e responsável pedagógico
itinerantes ou do sistema de monodocência do projecto, e a professora Maria José Artiaga,
coadjuvada. É possível tirar partido do tempo da Escola Superior de Educação de Lisboa, que tem
destinado às actividades de enriquecimento uma grande experiência de reflexão sobre formação
curricular ou, ainda, generalizar, a nível nacional, musical. A ideia é pensarmos num modelo geral
projectos já existentes nalgumas escolas, como de expansão do projecto à escala nacional, sendo
é o caso da Orquestra Geração. que esse modelo tem de ser bem definido para
poder ser coerente no seu todo, e suficientemente
Quais as linhas mestras do projecto flexível para se aplicar à realidade específica
Orquestra Geração? de cada área de implantação. A intenção é que,
O projecto Orquestra Geração é uma experiência em cada zona do país, haja a possibilidade
bem-sucedida, que já vai no terceiro ano de cruzamento entre o agrupamento de escolas,
e abrange mais de 500 crianças. Este projecto, a autarquia e as valências musicais locais.
que começou com duas experiências-piloto,
no Casal da Boba, na Amadora, e em Vialonga, Como proceder à generalização do projecto?
em Vila Franca de Xira, inspirou-se num modelo Pensa-se que possa arrancar faseadamente, a nível
desenvolvido na Venezuela, a partir experimental, no próximo ano
dos anos 70, pelo maestro José lectivo, nalguns locais do país.
António Abreu. Este maestro A generalização será progressiva
pegava num grupo de crianças e assegurada com a preocupação
oriundas dos bairros periféricos de garantir a qualidade musical
de Caracas, com problemas e pedagógica do projecto, sem
de inserção social, e punha-as desvirtuar a sua essência. Julgo
imediatamente a tocar as que, na fase experimental, era
primeiras notas. O modelo parte importante seleccionar zonas
basicamente da ideia de que não é diversificadas, que permitissem testar
preciso passar não sei quantos anos a estudar diversos modelos, tanto em grandes centros urbanos,
fechado numa sala para aprender a tocar um com mais recursos, como em zonas de interior, com
instrumento: pode fazer-se a iniciação em menos recursos. O objectivo é ensaiar diferentes
simultâneo com a prática da música de conjunto. respostas, adequadas a contextos distintos, para
poder replicar o modelo em situações idênticas.
Qual o impacto deste projecto nas crianças?
O progresso das crianças foi notório, ao princípio Quais as expectativas do grupo de trabalho?
não tanto do ponto de vista da qualidade musical, Não estamos à espera de milagres musicais, de
mas sobretudo ao nível da integração escolar. um momento para o outro, nem que de repente
Apercebemo-nos logo de coisas extraordinárias, apareçam 100 orquestras sinfónicas topo
tal como observei em Casal da Boba, de gama. Pensamos numa sementeira que vai
onde crianças inicialmente com problemas produzindo os seus frutos gradualmente, mas
de socialização demonstravam grande alegria, com exigência, para corresponder aos objectivos
entusiasmo e prazer a tocar na orquestra! Chega definidos para cada fase. A partir do momento em
a ser comovente vê-las no palco, sentadas, que estas sementes forem lançadas e começarem
com uma atenção enorme, a olhar umas para a dar os primeiros resultados, é possível pensar em
as outras, à espera do momento em que vão mecanismos de crescimento que contribuam para
começar a tocar. A participação no projecto, a expansão do sistema, em primeiro lugar através
com a subida ao palco, é sentida por estas da progressão natural das crianças envolvidas e,
crianças como uma valorização, que reforça em segundo lugar, através da expansão do
a sua auto-estima e as faz sentir parte de um número de crianças abrangidas em cada local.
projecto comum. Acho que é um projecto entusiasmante!
ORQUESTRA GERAÇÃO 1

Um projecto que cresce com os alunos


A Orquestra Geração de Vialonga, em Vila a trabalhar. De um momento para o outro, todos
Franca de Xira, integra novos ciclos os espaços do Centro Comunitário de Vialonga
de escolaridade, à medida que os alunos são aproveitados para as aulas individuais
transitam de ano. Em quatro anos, passou de instrumento, criando um cenário auditivo
de 25 para 150 crianças. surpreendente, próprio de uma escola de Música,
onde todos estão a aprender em simultâneo,
“Vamos lá, meninos! Estão todos prontos?”, cada qual o seu instrumento.
pergunta o professor de Música, Jónatas Ferreira, Atrás de cada porta, existe sempre um novo
“O regime
enquanto levanta os braços no ar, preparando-se mundo: numa das salas, João Pedro, de 11 anos,
integrado, para dar início às suas funções de maestro, ensaia os primeiros sopros numa tuba quase
com uma carga no palco do Centro Comunitário de Vialonga. maior do que ele, que escolheu por ser “fora do
horária “Sim!”, respondem em coro os alunos que tocam normal”, enquanto Inês, de 10 anos, no interior
de Música instrumentos de cordas na Orquestra Geração da régie, toca fagote, instrumento que considera
da Escola Básica de Vialonga, enquanto dão uma “mais engraçado do que os outros”.
idêntica à de um
última olhadela à pauta que têm à sua frente. Noutra sala, Rúben, Leonardo e Danilo, entre
conservatório, Quando os instrumentos de cordas já estão mais os 10 e os 12 anos, apostam no ritmo
permite que à vontade no ensaio, entram em cena os colegas dos instrumentos de percussão, que ainda ecoam
os alunos com instrumentos de sopro, oboés, clarinetes, no espaço onde Cíntia e Andreia, de 11 anos,
tenham as aulas fagotes e flautas, para se lhes virem juntar estudam contrabaixo, atentas às explicações
do ensino os alunos da percussão, transportando pratos, do professor, que demonstra como devem ser
bombos e tímpanos, fazendo com que a orquestra colocados os dedos nas cordas do instrumento.
regular e de
fique, finalmente, completa. Além destas aulas individuais, com a duração
Música num “Tudo em silêncio! Muita atenção, não quero de 45 minutos por semana, os alunos do 2.º ciclo
mesmo espaço” ninguém distraído! É a primeira vez que vamos que frequentam o regime integrado de Música
juntar esta peça com os colegas da percussão têm 45 minutos de naipe, dois tempos
e do sopro”, chama a atenção Jónatas Ferreira, de formação musical e três de orquestra, um
antes de propor o ensaio por grupos de de 90 minutos e outro de 45.
instrumentos, até chegar ao tão desejado “Tutti!”. O regime integrado, com uma carga horária
“Isto não é fácil, mas estão a fazer um óptimo de Música idêntica à de um conservatório,
trabalho”, salienta o professor. E incentiva: permite que os alunos tenham as aulas do ensino
“Ainda há desafinações, têm de ensaiar mais regular e as aulas de Música num mesmo espaço,
para continuar a melhorar.” com a vantagem de rentabilizar o tempo e evitar
É precisamente o que os alunos fazem a seguir constantes deslocações entre escolas com
ao ensaio da Orquestra Geração: continuar diferentes valências.

06 Boletim dos Professores 18 Abril 2010


Armandina Soares, directora do Agrupamento e o alargamento do tipo de instrumentos tocados.
de Escolas de Vialonga e impulsionadora Já com o naipe de cordas completo,
do projecto, faz questão de frisar: “Fomos em 2008/2009, a orquestra passou a incluir
a primeira escola pública com regime integrado. sopros de madeira, como oboés, clarinetes,
Os nossos alunos saem do ensino básico com flautas transversais e fagotes, e instrumentos
uma qualificação correspondente ao 5.º grau de percussão, que abrangem aquilo a que
do conservatório.” Jónatas Ferreira chama “uma panóplia de tudo
o que é de bater.”
À conquista de novos patamares Neste ano lectivo, a orquestra passou a integrar
Depois de um arranque que não foi fácil, no ano todos os instrumentos, com a entrada dos sopros
lectivo de 2005/2006, em que Armandina Soares de metal, trompas, trompetes, trombones
teve de aliar a teimosia à persistência para e tubas, e conta com 20 professores e 150
colocar violinos nas mãos de 25 crianças, alunos, dos 1.º e 2.º ciclos, propondo-se
esta iniciativa, que inicialmente poderia parecer acompanhar o seu crescimento e aprendizagem
uma utopia, foi em frente, contando com o apoio musical quando transitarem para o 3.º ciclo.
do Ministério da Educação e com patrocínios, Mas os planos não ficam por aqui.
da Central de Cervejas, da Fundação Calouste Armandina Soares tem uma nova cartada
Gulbenkian, da Câmara Municipal e do Governo na manga, já estando a pensar na oferta
Civil de Vila Franca de Xira. do curso profissional de Música, que dê resposta
Dois anos depois, a iniciativa foi integrada aos alunos quando chegarem ao 10.º ano.
no projecto Orquestra Geração, da Escola de “Assim, aqueles que quiserem podem prosseguir
Música do Conservatório Nacional, o que permitiu os estudos de Música no ensino superior”,
o aumento do número de crianças envolvidas destaca.

Quatro
alunos,
quatro
anos
2006
depois… 2010
2010
“Gosto de ter sido escolhido para tocar um
2006 instrumento. Tenho de estudar, às vezes estou
David, Ângela, a ver televisão e não me apetece, mas os meus pais
lembram-me, porque gostam de me ver nos concertos.
Gonçalo e Sílvia Gosto da orquestra porque tenho muitos amigos
pertenceram ao “Gosto de tocar e quero continuar na orquestra. e gosto de os ver tocar. Quero continuar a tocar
grupo de 25 crianças Gosto das aulas de violino e de tocar na orquestra.” e aprender mais… mas gosto mais de trompete.”
que, há quatro anos, ÂNGELA DAVID
começou a tocar
violino no GONÇALO SÍLVIA
Agrupamento de “Em vez de estarmos sozinhos em casa, podemos “Gosto mais de uma orquestra bem constituída
Escolas da Vialonga. estar na escola a conviver com os outros do que só de violinos, porque dá mais som. Aprendi
Então no 2.º ano de e a aprender uma coisa rara. A escola deu-me muitas músicas clássicas e acho que também outras.
oportunidade de aprender violino, o projecto Temos de estudar em casa por causa das audições,
escolaridade, viram foi-se desenvolvendo e formámos uma orquestra. os professores dizem-me para continuar, mas eu
crescer o projecto Quero continuar a tocar e tenho de trabalhar, ainda não se sei se quero ser actriz ou modelo.”
e hoje fazem parte porque vamos dar concertos a outros países.”
da Orquestra
Geração. Agora com
11 anos, falam da
importância que esta
oportunidade tem
tido nas suas vidas
2010
e fazem planos 2010
para o futuro. 2006
2006
Abril 2010 Boletim dos Professores 18 07
ORQUESTRA GERAÇÃO 2

À entrada, uma imagem de Adolfo Rocha, João Pereira, director do agrupamento


normalmente conhecido por Miguel Torga, dá desde Maio de 2009, recorda a apreensão
as boas-vindas a quem chega à escola básica com que a escola integrou o projecto
que herdou o seu nome literário. Lá dentro, da Orquestra Geração. A iniciativa era arrojada,
notas soltas, de vários instrumentos, mas o balanço, ao fim de três anos, é bastante
compõem o projecto Orquestra Geração. positivo e animador.
Alunos e pais aderiram de forma inesperada,
Em 2007, a Escola EB 2,3 de Miguel Torga, permitindo que o grupo inicial de 15 violinos
na Amadora, foi o primeiro estabelecimento se transformasse numa orquestra, actualmente
de ensino a aceitar o desafio: constituir com 75 músicos, reconhecida a nível nacional
uma orquestra, de formação clássica baseada e com concertos dados por todo o país.
num método de ensino inovador, oriundo Isabel Elvas, professora de Educação Musical
da Venezuela, que adoptou o nome de Orquestra e coordenadora interna da orquestra, dá aulas há
Geração. 30 anos e reconhece a importância do projecto,
dirigido a jovens que têm muito tempo livre
e o passam sozinhos. “Eles preferem mil vezes
estar aqui”, revela.
Empenhada na coordenação das actividades
da orquestra, a professora acredita que, se
os estudantes criarem laços e se familiarizarem
com a escola, é mais fácil desenvolverem
competências sociais como a amizade,
o respeito e a cooperação, o que favorecerá
a sua inclusão na sociedade.
Além destas funções, Isabel Elvas acumula a
formação musical dos alunos, na qual treina
a leitura e a parte auditiva, para lhes permitir
uma maior concentração na parte técnica quando
participam nos ensaios da orquestra.
Com um forte espírito de integração, a primeira
Apadrinhado pela Câmara Municipal da Orquestra Geração do país não veda a entrada
Amadora, o projecto veio assentar como uma a alunos de outras escolas. Desde que haja
luva numa escola com uma forte componente vagas, quem estiver interessado encontra a porta
musical, que já nos anos 90 organizava o Festival aberta.
da Canção. Inserida numa escola TEIP, esta Tendo em conta que toda a parte pedagógica
iniciativa permite ocupar de forma pedagógica e artística não é interna, a professora explica
os alunos em risco. que o papel da escola se centra na articulação
curricular com a formação musical, na cedência para prepararem individualmente os alunos,
das instalações e sua manutenção, no contacto às terças e quartas à tarde, bem como aos
com os alunos e no controlo das inscrições. sábados.
Os concertos vão-se somando e a emoção Os trompetes cabem ao professor Daniel Louro.
é elevada à enésima potência quando a Está há pouco mais de um ano na escola,
professora os vê actuar para uma audiência. mas é com diligência e segurança que vai
“É comovente. É fantástico e muito gratificante. ensinando os seus alunos. À sua frente, Luís,
Há ali miúdos com um grande valor”, salienta, Marco e Cláudio esforçam-se por cumprir
assegurando que o facto de sentir a evolução as indicações do professor. “Mais forte, Luís!”,
dos alunos a faz pensar que pode fazer alguma incentiva. “Não estás a ouvir nada estranho,
coisa por eles. Cláudio?”, pergunta.
A Orquestra Geração permite que os alunos Para ajudar os seus alunos de viola, a professora
tenham vivências e sensações diferentes. Sandra Martins entoa notas na sala 14-A.
Como o caso do Luís, com 12 anos, que foi Pacientemente, vai assinalando o que não está
tocar à Bélgica e ficou impressionado por tão bem e, quando é preciso, pega no
“encontrar um país limpo e sem mendigos, instrumento e exemplifica.
onde as pessoas vivem bem”. Ou como o Marco, O contrabaixo está no andar inferior. Tatiana
que quando toca pensa: “Cheguei longe!” dá os primeiros passos neste instrumento.
“Tentamos outra vez do lá”, insiste José Augusto.
Cada qual no seu espaço “Lá, si, lá, sol”, entoa o professor para facilitar
De violino em riste, Milene, 12 anos, ensaia o trabalho da jovem. No entanto, reconhece
no corredor do bloco B. Franzina, vai treinando que uma das mais-valias do projecto é o trabalho
nota após nota, para mais tarde se juntar de grupo que permite que os alunos aprendam
aos colegas da orquestra. Já deu mais uns com os outros.
de 10 concertos em três anos e confessa: “Fico Juan Carlos Maggiorani, maestro e professor
feliz quando toco.” de violino e de naipe, é ele próprio um produto
Quando passou para o 5.º ano, Milene quis do sistema venezuelano da Orquestra Geração,
aproveitar a oportunidade de aprender violino. que lhe permitiu ser músico e, hoje, dar aulas
“Já tinha o sonho de tocar”, diz. Os ensaios não aos alunos. Foi convidado para integrar,
lhe roubam muito tempo e as aulas da orquestra em Portugal, o projecto que tão bem conhece
não a prejudicam nos estudos. Muito pelo e acredita que é importante retribuir o que
contrário, a menina de sorriso simpático está lhe foi dado na Venezuela.
no quadro de honra da escola. Depois dos ensaios individuais, ao final do dia,
Os dias em que não há aulas à tarde são violoncelos, violas, violinos, tubas, trombones,
aproveitados para os ensaios da Orquestra trompetes, trompas, flautas e contrabaixos
Geração. Os professores de instrumento alinham-se em frente ao maestro da orquestra,
rentabilizam as salas de aula vazias que os guia, por fim, em uníssono.
ENSINO PROFISSIONAL

A música como
forma de vida
Crescem a ouvir as suas bandas de eleição.
Vão batucando nas mesas as suas músicas
preferidas, até que decidem enveredar
pelo ensino profissional da Música,
na Metropolitana, em Lisboa, sonhando
com o dia em que possam pisar o palco.

Os cursos profissionais de música, que tiveram


início no ano lectivo 2008/2009, já contam com
48 alunos distribuídos em 12 turmas do ensino prova de admissão que consta de uma execução
integrado. Dedicam-se às cordas, teclas, sopro instrumental e outra de formação musical e
e percussão. Assim se vive, na Escola Profissional conhecimento geral de música, para que possam
da Metropolitana. demonstrar as qualidades artísticas e técnicas
De olhos brilhantes e sorriso envergonhado, necessárias para o prosseguimento de estudos
Tomás, de 14 anos, é um desses alunos, que está profissionais na área da Música.
no curso de Percussão da escola profissional. Além das disciplinas gerais, os estudantes
“Era mesmo isto que eu queria!”, justifica, dedicam, diariamente, seis horas à prática
enquanto vai ensaiando uma peça no vibrafone. da Música, e têm ainda os ensaios da orquestra.
É, certamente, por esse motivo que gosta “O curso é muito, muito, intensivo, mas tem uma
das aulas e, a cada nota afinada e peça bem importância enorme para que os alunos não
interpretada que vai somando ao longo do tempo, desistam da escola”, remata o professor, que tem
Tomás alimenta o sonho de, um dia, se tornar oito alunos a seu cargo.
músico. O profissionalismo e a meta para a excelência
A prossecução de estudos de nível superior torna-se reflectem-se no regime de avaliação instituído,
possível para estes alunos, porque os cursos que, no caso da área musical, se faz através
profissionais de Música da Metropolitana de testes, realizados semestralmente, bem como
distinguem-se do actual sistema de ensino de provas técnicas e de exames recitais.
no Conservatório Metropolitano de Música Enquanto se prepara para mais uma aula
de Lisboa. individual, o professor afirma que “alguns são
Enquanto estes últimos funcionam no regime bons alunos, até porque só quem está disposto a
supletivo, os cursos profissionais vigoram seguir uma carreira musical procura estes cursos”.
no ensino integrado, contendo todas as disciplinas
necessárias à obtenção da certificação do 10.º A música está no ar
ao 12.º ano e que correspondem ao nível III. Talvez por isso, sente-se o gosto pela música em
Marco Fernandes, professor de Percussão há dois cada recanto. Toda a escola é música, no sentido
anos na EPM, explica que os alunos, para literal da palavra. Unidos numa melodia
entrarem, com o 9.º ano concluído, fazem uma harmoniosa, flautas, trompas, harpas, violinos,

10 Boletim dos Professores 18 Abril 2010


pianos, saxofones, trompetes ou contrabaixos
conjugam notas e tons que inundam os Dedicação no projecto da Casa Pia
corredores e os ouvidos de quem lá passa.
Esta envolvência musical é uma das mais-valias dos É um projecto que surge de um encontro
cursos profissionais de Música da Metropolitana, de vontades: a Metropolitana disponibiliza
uma vez que permite aos alunos um contacto os seus professores e a Casa Pia proporciona,
privilegiado com o meio profissional, integrando-os pela primeira vez neste ano lectivo, a iniciação
nas actividades da orquestra profissional, como ao ensino integrado da música a 18 dos seus
parte da sua formação em contexto de trabalho. alunos.
César Viana, director pedagógico da EPM,
argumenta que estes cursos “pressupõem Têm um plano curricular próprio, adaptado
prosseguimento de estudos a nível superior”, mas, às suas necessidades específicas e à exigência
terminados os três anos de ensino que conferem que pauta o trabalho desenvolvido pela
a equivalência ao 12.º ano, estes alunos saem Metropolitana. Mas os resultados alcançados
preparados para áreas que não exijam têm sido excelentes, no pouco tempo que
um diploma superior, como maestro de coro, tem o projecto, prevendo-se a duplicação
crítico de música, compositor, animador cultural do número de turmas, já no próximo ano.
ou instrumentista em orquestras ligeiras.
Com uma visão vanguardista, a Metropolitana Para além da importância da formação
dá passos firmes no que se refere à difusão musical, Cesário Costa sublinha a forte
da música fora das suas portas, como salienta componente social do projecto. “A música
Cesário Costa, maestro de formação e presidente pode atingir outros objectivos que não sejam
da direcção da Metropolitana. apenas a nível musical.” É por isso que existe
Além de iniciativas mais focadas no ensino, a preocupação de incluir os alunos do ensino
a Metropolitana está também envolvida integrado da Música da Casa Pia nas
na definição dos planos curriculares do Catálogo actividades da Metropolitana.
Nacional de Qualificações, com o objectivo
de tornar mais eficaz o trabalho desenvolvido Calmamente, Cesário Costa relata essas
no campo da música. actividades. “O concerto do trimestre,
Com uma vista privilegiada sobre o rio Tejo, em Dezembro, contou com a participação
a Metropolitana continua a apostar na inovação, da classe da Casa Pia, e os pais dos alunos
recorrendo a uma criatividade invulgar de levar também assistiram.”
a música às pessoas.

Abril 2010 Boletim dos Professores 18 11


nhã...
de ma
ENSINO ARTICULADO

De manhã, na Escola Básica Serra


... de t
da Gardunha e, de tarde, na Academia arde
de Música e Dança do Fundão – são assim
os dias de Beatriz, 13 anos, que frequenta
o regime articulado do ensino especializado
da Música. chuva ou sol. Agora, os horários são melhores,
temos menos furos e a disciplina de Formação
Às 12h00, Beatriz está sentada na aula de Área Musical passou a ser dada na escola.”
de Projecto, concentrada na tarefa a realizar. Com esta nova organização dos horários, Beatriz
Integrada numa turma dedicada que, neste ano só tem de se deslocar à Academia da parte
lectivo, funciona no âmbito da reforma do ensino da tarde, às segundas e quintas para ter aulas
artístico especializado da Música, esta aluna de violino, às quartas para cantar no coro
do 7.º ano de escolaridade colabora e às sextas para ensaiar na orquestra. É o que
com entusiasmo no projecto sobre a Lusofonia. relata, confessando-se “um bocadinho nervosa”,
Com o som da música de um gravador colocado porque vai ter uma prova de violino nessa tarde
num canto da sala como pano de fundo, que “conta para a nota.”
os alunos aplicam-se a passar a limpo os três A construção dos horários, realizada em parceria
poemas de autores lusófonos que escolheram entre as duas escolas, é a ponta visível de uma
na biblioteca da escola, para os colocarem articulação que vai muito mais longe. “Os alunos
num estendal de poesia, depois de plastificados, não são da escola A nem da escola B – são
com o objectivo de assinalar o Dia Mundial nossos”, é uma frase que Cândida Brito, directora
da Poesia na cidade do Fundão. do agrupamento, costuma dizer, salientando
Esta é uma das propostas desenvolvidas sob a importância de “colocar os interesses
a coordenação do par pedagógico constituído dos alunos acima de tudo.”
por uma professora de Língua Portuguesa “Esta articulação permite alargar a mais jovens
da Escola Básica, Alexandra Natário, e pelo a possibilidade de começarem a estudar
director da Academia de Música e Dança um instrumento aos 10 anos, independentemente
do Fundão, João Correia, no âmbito da parceria do estatuto socioeconómico das famílias”, afirma
promovida pelas duas escolas no domínio João Correia. Na mesma linha, a directora
do ensino articulado da Música. do agrupamento refere que a subida do número
A possibilidade de relacionarem disciplinas de jovens a estudar Música se reflecte
do currículo geral e musical é uma das no aproveitamento escolar, tornando os alunos
mais-valias apontadas por Beatriz relativamente “mais disciplinados e atentos”, à medida
às alterações introduzidas pela reforma que, que desenvolvem “a sensibilidade e a capacidade
na sua opinião, tem outros aspectos positivos: de trabalho”. Beatriz não se queixa: dá conta
“Antes, andávamos sempre de um lado para do recado, obtendo bons resultados nas aulas
o outro, entre a escola e a academia, quer fizesse de formação geral e de Música, nas duas escolas.
extracurriculares no 1.º ciclo. Mas nem sempre
foi assim. Fernanda Alves, professora de Saxofone
do Conservatório do Vale do Sousa, recorda que
nos primeiros tempos existiam muitas reticências
em relação ao ensino de Música. Apesar disso,
11 alunos do Conservatório prosseguem ainda
os estudos de Música no secundário, com
intenção de seguir para o superior.
ENSINO ARTICULADO Para a obtenção destes resultados, em Lousada,
todos os anos o processo se repete: faz-se
a candidatura da parceria ao ensino articulado
e assina-se o protocolo com o Ministério
da Educação, que assegura o patrocínio.

Na Escola EB 2,3 de Lousada e no


Conservatório do Vale do Sousa, as pautas
revelam sucesso nas notas de Música e das
outras disciplinas.

Vozes afinadas: não só no coro de alunos


do 5.º ano que ensaia o espectáculo da escola,
mas também no coro de professores que
aplaudem os bons resultados do ensino
articulado. Na Escola EB 2, 3 de Lousada,
nos últimos anos, “a taxa de retenção no ensino
articulado esteve sempre abaixo de 10 por cento”,
revela Filomena Babo, directora, salientando
que, em 2007/2008, não se registou nenhuma
retenção. Os resultados, melhores do que os
das turmas de ensino regular, podem explicar-se
por inúmeras variáveis, mas a responsável salienta
que os alunos de Música se revelam “mais
organizados” e com “níveis de concentração Quanto aos alunos, primeiro sondam-se
mais elevados”. os encarregados de educação e identificam-se
A história do ensino articulado em Lousada os instrumentos preferidos dos estudantes. Estes
começa a ser composta em 1999/2000, com “vêm já com uma ideia do conhecimento
o início da parceria entre o Conservatório do Vale das aulas de Música que têm no 1.º ciclo”,
do Sousa e as escolas da região. Na altura, não assinala Rosário Valinho, professora de Percussão
mais de 10 alunos se matricularam na Escola do Conservatório do Vale do Sousa. Mas, para
EB 2,3 de Lousada, número distante do recorde um maior esclarecimento e tomada de decisão,
de 111 inscritos em 2009/2010, mas igualmente o Conservatório desenvolve uma semana aberta,
aquém da média de 62 alunos nos últimos cinco em que os alunos passam pelas salas de vários
anos. Este ano, o Conservatório recebe ainda instrumentos para os conhecerem e experimentarem.
cerca de 140 alunos de outras escolas da região, Isto não invalida que existam “instrumentos
num total de 250 que frequentam o ensino problemáticos como a guitarra e o piano porque
articulado. há muitos alunos que os querem”, adianta
Filomena Babo aponta o “sucesso escolar” Fernanda Alves.
como uma das causas para o crescimento, Depois, em período de aulas os alunos dividem
mas relembra que a iniciativa tem beneficiado do o tempo entre o ensino regular e três disciplinas:
trabalho desenvolvido no ensino coadjuvado de Formação Musical, Instrumento e Classe
Música na educação pré-escolar e das actividades de Conjunto.
A Música como opção
formativa
Essencial para o aperfeiçoamento da
sensibilidade artística e com repercussões
positivas no percurso escolar, a aprendizagem
musical tem duas componentes: uma que
permite o contacto das crianças com esta área Abril 2010
artística (formação geral) e outra dirigida às ISSN 1646-0219

que pretendam uma formação especializada.

ENSINO REGULAR
Educação pré-escolar e 1.º ciclo
A formação musical fica a cargo do educador
de infância ou do professor do 1.º ciclo. Pode
ser reforçada através do regime de monodocência
coadjuvada, das actividades de apoio à família • Formação geral – Inclui as disciplinas comuns, como
www.min-edu.pt
(pré-escolar) e de enriquecimento curricular a Língua Portuguesa ou a Matemática. Em alguns
(1.º ciclo). anos de escolaridade, os alunos têm uma ligeira
redução de horário em determinadas áreas
2.º ciclo curriculares (como Línguas e Estudos Sociais,
Da responsabilidade de um professor com formação Educação Artística ou Estudo Acompanhado), que
específica na área, a disciplina de Educação Musical reverte a favor das disciplinas de formação vocacional.
tem a carga horária de três tempos semanais. • Formação vocacional – Visa desenvolver os
conhecimentos específicos na área da música. Inclui
ENSINO ESPECIALIZADO DA MÚSICA a disciplina de Oferta de Escola e as de Formação
Além da educação artística, que se destina a todos Musical, Instrumento e Classes de Conjunto (Coro, Propriedade
Secretaria-Geral
os alunos, existe a possibilidade de seguir um ensino Música de Câmara e Orquestra); do Ministério da Educação
Av. 5 de Outubro, n.º 107
mais especializado na área da Música, desde o • Áreas curriculares não disciplinares – Abrangem 1069-018 Lisboa

1.º ciclo do ensino básico até ao ensino secundário, a Formação Cívica e a Área de Projecto, com Director
João S. Batista
nas escolas que aderirem a este tipo de ensino. o objectivo de concretizar trabalhos de natureza
artística. Projecto gráfico
Filipe Pinto
1.º ciclo Paginação
A formação começa com as Iniciações, que Ensino secundário Filipe Pinto

podem integrar as componentes de Formação A aprendizagem tem continuidade com os cursos Fotografia
Pedro Vilela
Musical, Instrumento e Classes de Conjunto. secundários ou complementares de Música e com (capa e páginas 4, 5, 6, 7, 8, 9, 12, 14,
15 e 16)
os cursos profissionais. Existe uma maior diversidade Sérgio Saavedra
(páginas 10, 11 e 13)
2.º e 3.º ciclos de disciplinas nas componentes de formação
Revisão
O ensino prossegue com o Curso Básico de Música, específica e vocacional, que varia de acordo com Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

que se desdobra em três áreas se formação: o curso escolhido pelos estudantes. Impressão e Distribuição
Editorial do Ministério da Educação
Estrada de Mem Martins, 4 – S. Carlos
Modalidades de frequência do ensino especializado da Música Apartado 113
2726 Mem Martins

Tiragem
O ensino artístico especializado da Música oferece aos jovens três modalidades: regime integrado 165 000 exemplares
e regime articulado (que contam, em conjunto, com 14 414 alunos), e regime supletivo (5577 matrículas). Periodicidade Bimestral
Regime integrado – Os alunos frequentam o currículo geral e o currículo do ensino artístico especializado
Depósito legal
da Música, incluídos na mesma turma (chamada turma dedicada), tendo todas as componentes desse
ISSN
currículo (geral, vocacional e áreas curriculares não disciplinares) no mesmo estabelecimento de ensino. 1646-0219
Regime articulado – Integrados em turmas dedicadas, os alunos têm a formação vocacional numa Esta publicação é de distribuição gratuita.
escola de Música e a formação geral numa escola de ensino regular. A articulação entre as duas
www.min-edu.pt
escolas prevê a construção conjunta de horários, a inclusão dos professores dos dois estabelecimentos
no conselho de turma e o lançamento das classificações dos estudantes na mesma pauta.
Regime supletivo – Os alunos frequentam as disciplinas do ensino artístico especializado numa
escola de Música, seguindo os currículos dos cursos do ensino básico ou do ensino secundário
num estabelecimento de ensino regular. Não havendo articulação entre as duas escolas, os estudantes
não beneficiam da redução de horário na componente de formação geral, nem da articulação
na construção de horários. Neste caso, o desfasamento entre o ano de escolaridade e o grau Esta publicação é impressa
de música frequentados não pode ser superior a dois anos. em papel reciclado

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