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EXCLUSIVO

O neoliberal Eduardo Campos e o discurso político do


socialismo
POSTADO ÀS 16:52 EM 09 DE AGOSTO DE 2010

Na foto acima, do Blogimagem, o primeiro pedágio do Estado, construído na PPP do


Paiva

Por Renato Lima, especial para o Blog

Acompanhei por este Blog de Jamildo a crítica ao velho discurso socialista de Eduardo
Campos e a sua defesa feita pelo secretário de imprensa Evaldo Costa. O secretário,
como todos que o conhecem sabem, é simpático e amigo. Simpático mas, nessa questão,
errado. E, aos amigos, devemos apontar o equívoco.

Em poucas palavras, o liberalismo é uma filosofia política que combate a centralização


do poder e defende os direitos individuais, como a liberdade de expressão, liberdade
religiosa, direito a propriedade pessoal e trocas voluntárias entre indivíduos. É uma
tradição que vem de John Locke, Adam Smith, John Stuart Mill, Thomas Jefferson entre
outros.

Não falta tradição liberal em Pernambuco. Liberais foram Joaquim Nabuco e


Austregésilo de Athayde. Ou, antes as revoluções pernambucanas contra o monarquismo
centralizador, justamente conhecida como “revoluções libertárias”, como a de 1817,
Confederação do Equador e a Praieira. A centralização do poder e o autoritarismo já
derramaram muito sangue pernambucano, que buscava justamente ideais liberais. Como
o caso do nosso Frei Caneca.

O nobre secretário afirma que os defensores do liberalismo “apregoavam seus


defensores, iria resolver todos os problemas da sociedade com a simples redução do
tamanho do estado, a desregulamentação da economia e a liberdade absoluta dos
chamados agentes do mercado.” Gostaria muito de saber onde o secretário leu isto.
Aliás, sei, em nenhum livro de liberais, porque a maioria dos socialistas nunca abriu um
livro de pensador liberal. Atacam o que mal conhecem, defendem o que sabem (no
íntimo) que não dá certo.

Esse tipo de discurso de “desregulamentar tudo” e “liberdade absoluta” é quase


inexistente, só se encontrando em anarco-capitalistas, tipo Ayn Rand. O liberalismo é
uma filosofia aberta, como a define Karl Popper no seu “A sociedade aberta e seus
inimigos”. Uma filosofia fechada, como o marxismo-leninismo, que tinha um projeto
é

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para toda a sociedade (e quem não se encaixasse que partisse dessa para a melhor) é
que prometia resolver todos os problemas da sociedade. E, em menor medida, é o
bolivarianismo de Hugo Chávez, de querer fazer a sociedade toda se encaixar na sua
visão do mundo – nem que para isso se feche jornal, prenda-se opositor, crie um partido
único de apoio ao governo.

Resumindo, quem defende que tem a fórmula para resolver todos os problemas da
sociedade não compartilha de uma visão liberal. Pelo contrário. O liberal reconhece que
a sociedade é muito complexa, com diversos interesses e um futuro que nos escapa o
sentido.

Por isso a centralização do poder, como o planejamento estatal tipo União Soviética ou
Cuba, não condizem com a liberdade pessoal das pessoas e nem traz prosperidade. O
liberalismo não traz a solução para a sociedade, mas defende que indivíduos,
cooperando em conjunto, podem construir um mundo melhor do que um burocrata com
o poder nas suas mãos. E que a construção dessa sociedade passa por um Estado forte no
que deve fazer, por exemplo, na garantia da Justiça, como o respeito aos contratos e a
segurança e no provimento de bens públicos, em associação ou através do Estado. Para
alguns liberais, o Estado deve atuar na igualdade de oportunidades, em vez da
igualdade de resultados.

Políticas sociais focadas nos mais pobres, como o Bolsa-família, também não
contradizem os princípios liberais. Pelo contrário. Um liberal mais extremado como
Friedrich Hayek, que chegou a defender a privatização do dinheiro, também defendeu
um programa social de combate a pobreza para melhorar o nível de vida dos mais
pobres.

Secretário, não deixe de ler “O caminho da servidão”, do prêmio Nobel de economia e


amigo de Wiston Churchill, Hayek. Não precisa nem sair do gabinete, pode fazer o
download através neste link aqui..

Felizmente, se da boca para fora o discurso do governador Eduardo Campos ainda é de


defesa do socialismo, as boas ações do seu governo vão no sentido contrário.

Aliás, Eduardo Campos é um dos mais ortodoxos liberais brasileiros tendo avançado na
privatização até de cadeia, através da PPP do Itaquitinga.

Achando pouco, numa ironia com a história dos homenageados nos nomes dos três
hospitais que prometeu, Eduardo Campos privatizou a gestão dos hospitais, que é feito
por meio de Organizações Sociais (OS).

E também de forma privada é a gestão das UPAs e a construção do estádio da Copa.

E a ainda colocou um pedágio de uma ponte construída de forma privada, o acesso ao


Paiva.

Secretário, se o socialismo é melhor, porque o governador Eduardo Campos escolheu


soluções privadas para uma cadeia, para hospitais e para uma ponte?

Por que escolheu métodos de gestão privados como bonificação para policiais e
professores que batem metas, em vez do método socialista de remuneração igualitária?

Será que foi por perceber que a gestão privada deve apresentar melhores resultados
sociais do que a gestão direta estatal?

Não acredito que seja o caso do nobre e sempre afável secretário Evaldo Campos, mas
desconfio de que muitos dos que defendem o “socialismo” do atual governo não seja por
falta de informação, mas por cálculo político. E, se assim o fazem, é para enganar a
população.

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