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A magia de Jacques Tati

Jacques Tati (Tatischeff) é sem dúvida um dos grandes nomes do cinema francês que
deixou uma marca peculiar em seus filmes – a arte de fazer críticas à sociedade moderna de
forma singela, usando a pantomima e a magia das cores e dos sons.

Tati começou sua carreira no cinema em 1932 com Oscar, champion de tennis, curta
metragem em que ele mesmo desenhou os cenários e também é ator mas a direção de
fotografia foi de Jack Forrester. No ano seguinte, Jacques Tati, , começou seu trabalho de
desenhista em pantomimas esportivas já que o rugby era seu esporte favorito na
adolescência.

Um dos filmes de destaque é o divertido Mon Oncle, que foi remasterizado e reexibido nas
telas de cinema em 1999 e recebeu uma versão em DVD .Neste filme,Tati interprete seu
personagem M Hulot. que se parece muito com Charlie Chaplin por serem atores e
realizadores O personagem de M. Hulot, assim como Carlitos, usa a mesma roupa durante
seus filmes – um chapéu, um sobretudo, um cachimbo e um guarda-chuva.

O personagem de Tati apareceu pela primeira vez em Les Vacances de M Hulot e depois
em Mon Oncle, ambos em 1953 com a característica de ser um personagem que faz muitas
bobagens no mundo moderno já que ele vive no mundo antigo.
Ele tenta consertar as besteiras que os outros fazem, mas sempre as agrava.Ele é pobre,
gentil, possui bom caráter, além de ter um espírito singelo e de ser muito carismático

Jacques Tati gosta do exagero, seus personagens são como caricaturas como os
personagens de La Fontaine ou de Molière.

Mon Oncle – o filme.

Tati estabelece em Mon Oncle uma crítica ao culto à modernidade tecnológica já que surgiu na década de 50.
O título faz referência ao único membro da família que não se encaixa nessa mentalidade da família Arpel: o
simpático tio Hulot, interpretado pelo próprio Tati. Hulot, solteirão e desempregado, passa a ser admirado por
seu sobrinho Gérard justamente por estar fora dos padrões impostos pela sociedade. E isso provoca, no
decorrer da trama, uma crise de ciúmes em Charles, pai de Gérard.

Tio Hulot faz o contraponto da casa moderna da família Arpel: ele vive numa confusa periferia em que a
ordem é estabelecida pelos próprios moradores. Sempre que Hulot vai visitar a irmã, atravessa as ruínas de
um muro que representa a ruptura da cidade tradicional com a cidade moderna criando situações antagônicas.
De um lado, uma família em que a formalidade era levada aos extremos até o estado de monotonia . Do outro
lado a alegria de viver, mesmo com dificuldades. A ordem contra a desordem, modernidade contra o
tradicional. Ao mesmo tempo, Tati coloca em questão os novos conceitos estéticos emergentes na Europa da
década de 50.

O filme satiriza a interferência provocada pelas inovações tecnológicas dentro de uma casa - levadas a um
caso extremo em situações exageradas, muitas vezes gerando um caos - no cotidiano das pessoas. Na casa da
família Arpel, a cozinha tem o que havia de mais moderno na época, o portão principal abre sozinho e o
design dos móveis é arrojado e desconfortável, muitas vezes dando a impressão de um ambiente frio e vazio,
deve-se atentar para o fato de que o quarto do casal nunca é mostrado, o que ressalta ainda mais o caráter
estético e a preocupação com o status que a família estabelece.

Na realidade, a disposição da arquitetura e dos móveis dita as regras da família. As lajotas indicam onde se
deve pisar, a mesa com guarda-sol mostra onde se deve almoçar, e onde se deve tomar o café após o almoço.
“A casa vigia” e parece ter olhos, arquitetonicamente desenhados por duas janelas redondas no quarto do
casal Arpel.

O barulho do abre e fecha dos aparelhos "modernos" é tamanho que faz a casa parecer uma verdadeira
fábrica, o que é explícito no clímax do filme, numa cena em que o próprio casal não consegue manter uma
conversa por causa dos ruídos dos equipamentos. A relação em família se torna fria - e vazia - como a própria
casa onde moram.

A modernidade é admirada pela família Arpel também fora da casa. Charles, o sr. Arpel, é dono de uma
fábrica de plásticos. Nela, fica também evidenciada outra crítica apontada por Jacques Tati: a da nova
sociedade industrial. O trabalho maçante e repetitivo dos funcionários, que dão ênfase às atividades somente
aos olhos do patrão.

Todas as vezes que a campainha da casa da família Arpel é apertada, o chafariz em formato de peixe, disposto
no meio de um geométrico jardim, é acionado. A fonte é desligada de acordo com a importância da visita.

Tati (1908-1982) deixou a marca de um cineasta que colocou na tela um mundo de sonho e
fantasia e que encanta até hoje os espectadores com seu humor informal, a sensibilidade e o
carisma de seus personagens para as platéias sedentas por esse mundo mágico.

Assista ao trailer de Mon Oncle

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