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S EGURANCA NO PARQUE BVO) Rw es Parques urbanos: a busca pelo ambiente seguro em contato com a natureza de pessoas Franga ¢ Estados Unidos, onde Jogo nasceuo Park Moviment, uma tentative de preservar espagos de recteagao ede contato com anatu- reza em meio ao mar de cimento pedra que surgia, No século 19, 0 conceite se firmou com os grandas jardins contemplativos, parques de paisagem, parkways (ruas ar borzadas), parquesde vizinhanga americanos © parques francesas formais e monumentais. 0 exemplo mais emblemédtico esse tipo de paisagem urbana é © Central Parl, locelizado na ilha de Manhatten, em Nova York. O local, primeizo parque piblico das Américas, 6 um marco turistico da cidade © ponte de encontro © entretenimento de seus mora- dores. Apresenta uma adminis tragdo de sucesso, realizada pela parcetia entre 0 poder pilblico © a sociedade civil organizada. “O Central Park Conservancy (CPC) {a investiu cerca de US$ 450 mi- Indes, advindos de doarSes, para tranaformar aqquela espago piiblico em modelo pare o resto do mundo. Atualmente, 0 orgamento anual para manutengéo e melhoria ¢ de US$27 milhSes”, explice Kate She- leg, gerente de relegdes piiblicas da entidade investimento parece grande para um parque, mas 0 Central Park tem niimeros menumentais. Com os seus 3,5 quildmetroi quedrados completamente cons: ojndo: uidos ep recebe anu milhdes ds visitantes, que pas: seus 95 quilémetros museus, observatério, zoolsgico, 41 esculturas, 36 pontes de nove mil bance Apesar dos destos, os parques urbanos mais 5a. SECURITY [SEOUNANGAND PA: nais também recebem atengéo © © carinho da sociedade. O Parque do Ibirapuera, em Sio Paulo, é um simbolo pare os paulistanes, um dos poucos lugares onde as pes- soas podem fugir alguns minutos da rotina da metrépole para ter contato com a natureza. Grandes nomes assinam o projeto, entre eles 0 renomado Oscar Niemeyer. Com pouco mais de 1,5 quilémetro quadrado, o parque abrige uma enorme quantidade de escultures, museus e monumentos, como o ‘Museu de Arte Mederna (MAM) @ 0 Obeliscs do Ibirapuera. B ce- nario de cultura, esporte = lazer, freqiientado por mais de 20 mil pessoas diariamente, mimero este que pode ser dez vezes maior nos fins de semana e feriados. Seguranca em parques urbanos Como qualquer outro espago pubblico, os parques precisam ofe- recer @ seguranga como elemento basico para viabilizar seu uso pela populagdo. Por suas caracteris cas especiais (grande extenséo, areas de mata fechada, acesso livre), a seguranga em parques Contral Park urbanos pode ser um verdadeiro quebra-caboga para as autorida- des municipais ¢ estaduais, além de um complicador ou facilitador social para os moradores @ fre- qientadores do entorne, jamos tomar novemente o exemplo do Central Park. Existe ume delegacia da policia nova-ior- quina dentro do parque, insialada emum prédio histérico. Contatado pore-mail, o departamento de po- \icia de Nova York (NYPD) no in- formou 0 efetivo exato que presta atendimento no parque @ arredo- res, mas so algumas dezenas de oliciais, com automéveis, motoci- cletas, cavalos e bicicletas. Muito foi investido nos ultimos ance, principalmente durante @ admi- nistrago do ex-prefeito Rudolf Gfutiani (1994 @ 2002), responsavel pelo “Telerincia Zero”, programa que reduziu drasticamente (57%) a violéncia em Nova York, Além disso, ainda existe um programa voluntério de muito sucesso chamado Policiais Auxi liares. Os participantes recebem treinamento como se estivessem em uma academia de policla (leis, técnicas com algemas, uso do cassetete, combate desar- mado) uma vez por semana por 16 semanas, com direito a uma ceriménia oficial de formatura, Depois disso, 6 necessério apenas © comprometimento de realizer uma ronda noturna semansl. Os voluntérios ainda recebem, sem nenhum custo, uniforme idéntico a0 da policia, além de acesso a rediocomunicadores, viaturas © bi- cicletas. Representam importants acréscimo a forga ostensiva. Depois dos atentados de 11 de setembro, a vigilancia efiscalize- odo fcaram mais intensas. Mes- mo sob os protestosde entidades ligadas aos direitos pessoais ¢ a privacidade, cémeras foram instaladas nas entradas ¢ em pontos estratdgicos do parque Os locais, modelos e quantidade de equipamentos também nao foram revelados pela policia, que 6 a responsdvel pelo moni- toramento das imagens. Mesmo sendo uma regio de violéncia significativemente menor que ou- twos distritos da cidade, o Central Park é vital pare a imagem da se: guranca puiblice pela visibilidade que tem na midia mundial e pela enorme quantidade de turistas que recebe Numeros da violéncia Os parques urbanos podem sinénimos de trangiilidade e paz ou, se projetados ou administra- dos de forma incorreta, uma ver dadeira dor de cabera para os res- ponsaveis pela seguranga publica Parques com projetos urbantsticos @ paisagisticos bem slaborados por equipes multidisciplinares e com © corrsto investimento aca bai se tomando referéncia de espacos seguros para o antrete- nimento familiar SEGUIANGANO rAROUE, Para ter uma idéia da infinide- de ce problemas que uma cidads pode onfrontar na érea do um parque urbano, podemos citar 0 exemplo do Parque do Cocé, em Fortaleza, no Ceara. No entor- no do parque, varias éreas que seriam de protegéo ambiental foram invadidas por pessoas de baixa renda Além da destruigéo do verde e langamento de esgoto irregular om mananciais, esta situacdo também gera prob! mas de criminalidade nos locais proximos desses favelas, pois 0 Parque do Ibirapuers parque toma-se area defuga para criminosos, dificultandoa atuacéo da policia. ‘Segundo a Secretaria de Sequ- ranga Publica da cidade de So Paulo (SSP), 08 indices de violéncia no Parque do Ibirapuera estéo om dedlinic, A SSP nao divulgou ostatisticas ospecificas sobre o parque, mas alguns delitos ainda preocupam. Segundo apurado pela equipe de reportagem do Ibirapuera foi a 27* mais viclenta da cidade no segundo trimestre de 2008, com destaque para o roubos (486), furtos (688) e roubo de veiculos (120). Osdados sfio de toda a regio, mas grande parte desses crimes acontece no entor- no do Parque do Ibirapue: © grande volume de pessoas que freqtientamo local diariamen- te facilita a vida dosassaltantes© dificulta a acdo das autoridades ‘Sao 1.675 vagasde estacionamen- to (926 internas e 750 externas), comalta rotatividade (uso obriga- ‘tério de cartdo Zone Azul), fiscali- zadas pela PM « pela Guarda Civil Metropolitana (GCM), com apoio de uma empresa terceirizade na area interna, © comandante do 2° Batalhéo da PM, capitéo Enivalde Fou quet, diz existirem esforgos especificos para diminuir 08 delitos contra vetoul responsavel pela regiao ‘Fazemos 0 acompa- nhamento on-line, por meio do Sistema de Informagao Criminal (Infocrim), das astatisticas, além www.netseg.com.br do levantamento dos suspeitos © da forma de atuagao. De posse estas informarses, o policiamen- 0 é distribuicio com planejamento estratégico para a prevencéo da ptética dos delitos, com realizagao de operagses especificas.” Um dos pontos mais criticos, na opinido de Fouquet, 60 local co- nhecido como Autorama, préxime a0 porto 4, “Acontace ali grande concentragéo de pessoas 6 veicu- Jos, principalmente entre noite madrugada. OperagGes preventi- vas so realizadas constantemen- te, inclusive com apoio de outros érgdos estatais ¢ entidades, para garantit a seguranga dos cidadéos e coibir qualquer atividade forada lei", explica, Prefeitura reforga agé A seguranga dentro do Parque do Ibirapuera ¢ responsabilidade conjunta das secretarias munici- pais do Verde e Meio Ambiente e Seguranga Publica, Apesarde considerado um local seguro, vé rias iniciativas estéo sendo toma- das para diminuir a ocoréncia dos crimes mais comuns ne regio. O secretério de Seguranca Pu- blica Municipal, Edson Ortega, 54- SECURITY SEOUEANCA NomanODE ostensivas ¢ ago tética em via- turas, motos ¢ bicicletas, Além disso, uma empresa privada de seguranga patrimonial ocupa os portées. Desde o dia 29 de junho, © perfodo diumo conta com 50 homens tercsirizados ¢ 54 guardes municipais ¢ no periods notumo com 40 terceirizados e 30 guardas. “As agGes dentro do Ibirapuera tém como base a arientacdo aos freqientadores ¢ a inibicéo da depredacéo patrimonial e ambien- tal. Integrantes da GCM foram enviados até Nova York para en- tender como funciona aseguranga no Central Park, que referéncia nesse segmento." Dentro do parque esté sediada ‘uma inspetoria da GCM que tem como prioridade a acéo em tres aspects: ambulantes irregulars, prética de atos obscencs ¢ furtos em veiculos na area do parque. “Com base no diagnéstico das ocorréncies policiais, em cade localidade adotamos andes espe- cfficas, Usamos esses indicado- res para definir qual estrutura, 0 efetivo e em quais horérios seréo adotados" explica Ainda ndo hé um sistema de monitoramento por cameras em funcionamento, mas 0 projeto existe, No total estao previstas 80 cémeras (30 na drea do par- qus 6 50 no en- tomo), inseridas na oxpansio do programe moni. toramento da ci- jade, que deve nal do ano. luminag 6 uma preocupagao nalmente, reparos ou adequagdes necessérias, pois a vegetagao interfere muito, “Todas as inicia- tivas no parque tem um ritual de aprovayao, pois 0 local é tombedo pelo Petriménio Histérico. Quando insteladasas cimeras, a GCM vai acompanhar as imagens, espelha- da em como funciona a central da PM", di. Como se trata de area de pre- servagéo ambiental, a guarda responsavel pelo patrulhamento recebe treinamento especial, Em conjunto com a Secreteria do Ver- dee do Meio Ambiente, foi criada ‘uma cartilha focada em prevencéo ambiental. "Essa ago foi realiza da apenas no Ibirapuera, mas foi to bem-sucedida que esta sendo ampliada para todos os parques de Sao Paulo" finaliza Urbanismos ¢ palsagismo como solugde: Segundo a arquiteta e urbanista Walnyce Scalise, professora de paisagismo ¢ projeto urbano do curso de arquitetura ¢ urbenismo da Universidade do Marilia (Uni mar), ¢ fundamental pensar em seguranga ja no desenvolvimento do projeto de um parque. & preci- 80, na opiniio de Scalise, pensar em trés fatores na conceprao de um parque urbano: ~ Conectar © local com os bair- ros onde esta inserido ¢ oferecer opgGes de acessihilidade adicio- nais pela variedads de possiveis lugares de interesse: campos, escolas, bibliotecas, quadras, centros comerciais, esportivos, médico, cultural, de lazer, prots- Ses, feiras, sionalizante, exposi servicos. ~ Garantir a seguranga com empresa reeponsavel iluminagao adequeda ¢ cémeras de seguranga. ~ Abrir o processo de criacao do arque para ser acompanhatio € fiscalizado por diferentes setores da sociedade: autoridades, técni- cos, usuarios, vizinhanga, etc. © exemplo norte-ameri- cano como sucesso de administragao de parques urbanos. *Para que se possa, verdadeiramente, controlar a criminalidade @ preciso ser inteligente © ter a populagao como parceira, Um trabalho in- tenso de vigiléncia e es- clarecimento aos usuarios © @ populegdo vizinhe & necessdrio para que o pargue possa ser usado integralmente, semperigo paraos frectiontadores. O8 americenosséo excelentes esse aspecto de integrar a comunidade.” © urbanista, arquiteto paisagista e engenheiro agrénomo portugués Si- aonio Pardal, professor da Universidade Técnica de Lisboa, concorda com Scalise, Ele participou da erlegéo e do desenvol- vimento do parques, incluindo o Parque da Cidade do Porto. Segundo ele, o melhor sistema de seguranca em uum parquue urbano 6 a sua crualida- de paisagistica. “Um bom parq torna-seumluger sagrado, écomo ume catedral ou um ojeto de varios as paasoas respeita mente. Ele inspira e apela pars 0 que ba de m hu manos. Quando um parque tem problemas de seg netintiva: nos sere 58-SecuRITY SEGURANEA NOPAROUE de que o arquiteto paisagista fa- Thou", afirma. Tecnologia ajuda a combater violéncia ‘Existem disponiveis novos mo- delos de gestaodo monitoramento eletrénico urbano, Esses modelos esto sendoadaptados com muito sucesso para os parques urbanos em todo o mundo. Experiéncias bem-sucedidas em paises como Inglaterra, Eepanha © Estados Unidos baseiam-se no uso de tecnologias de ponta, englobando imeras de alta definigéo, com zoom, capacidads de giro de até 960 graus schreo proprio eixo, uso n ambientes intemo e externo, Eesas possibilidades, associades ajudando no s6 a inibira agdode criminosos, mas também na sua identificacio e prisio. monitoramento poderé ser realizado ininterruptamente por guardas municipaisou egentes de seguranga patrimonial contrata- dos, em um posto localizado den- tro do parque. A patrulha dove ser feita por guardas uniformizados, armados ou nao, entre equipes de bicicleta, viaturas motocicletas. 0 uso de radiocomunicadores é fundamental para agilizar a reagéo no combate aos crimes ¢ deiitos Um outro elemento a ser considerado 6 a ilumi- nagio publica. Planejada corretamente, ela pode garantir a seguranca dos fregiientadores durante o uso noturno dos espagos de lazer Porpossuirdreas de mata fechada, trilhas de caminhada e éreas esportivas, esses locais também precisam estar bem iluminados. Pode ser planejada uma uminaggo cénica no parque para va- lorisaras drvores e outros equipamentos puiblicos deixando mais bonita vista noturna ne regio. Cada parque possui caracteris: ticas particulares que precisam ser anelisadas por uma equipe multidisciplinar. Somente dessa forma 6 possivel conetruir um plano de ago eficiente ¢ que realmente garanta a seguranca. A. ago conjunta entre 0 poder pitblico, as empresas privadas ea comunidade leva a medidas mais eficazes, com o menor prejuizo possivel para todos, Estrategia ¢ a palavra de ordem, =

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