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Visualização de Ambientes Virtuais Distribuídos

Multidisciplinares por meio da Realidade Aumentada


Marcos Wagner Ribeiro1, Wender A. Silva1
1
Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara, Goiás.
{marcos_wagner, wender_silva}@yahoo.com.br

Abstract. This article presents an Augmented Reality application, as interface


between users and in a Multidisciplinary Distributed Virtual Environment,
having as study case the process of the photosyntheses inn the communication
and interaction between environments of Biology (landscape with plants, sun,
water and land) and environments of Chemistry (membrane of a leaf).

Resumo. Este artigo apresenta uma aplicação de Realidade Aumentada, como


interface entre usuários e um Ambiente Virtual Distribuído Multidisciplinar
tendo como estudo de caso o processo da fotossíntese em uma comunicação e
interação entre ambientes de Biologia (cenário com plantas, sol, água e terra)
e ambientes de Química.

1. Introdução
Este artigo destaca o uso de Realidade Aumentada em Ambientes Virtuais Distribuídos
(AVD’s). O propósito deste trabalho é reproduzir o funcionamento de um ambiente
virtual distribuído, por meio da Realidade Aumentada. Usando a plataforma de
distribuição CORBA, um ambiente virtual (Química) sofrerá interações do usuário, por
meio de técnicas de Realidade Aumentada, que serão replicadas para os outros tipos de
ambientes virtuais (Biologia). Esta interação simulará o processo da Fotossíntese.

2. Trabalhos Relacionados
Várias pesquisas já foram realizadas usando técnicas de Realidade Aumentada (RA),
com destaque para as áreas de medicina, simulação e educação. Na medicina, existem
projetos de Realidade Aumentada que tratam de fobia [JUAN, ALCAÑIZ, e
MONSERRAT 2005]. Outros projetos visam o estudo de biologia molecular [GILLET,
SANNER, STOFFLER e OLSON 2005]. Nos diversos ramos da pesquisa, já existem
trabalhos que tratam da Realidade Aumentada juntamente com outras áreas do
conhecimento, propiciando uma relevância social e científica. Ribeiro (2005) apresenta
um trabalho motivador para esta pesquisa, onde ambientes virtuais de Biologia e
Química se comunicam tendo o processo da fotossíntese como estudo de caso, porém
sem o uso de técnicas de Realidade Aumentada.

3. Arquitetura do Sistema
A Figura 1 detalha a arquitetura proposta para este trabalho. Nessa arquitetura, CORBA
é usada para suportar a comunicação entre vários (n) computadores. Cada computador
pode ter um tipo de ambiente, Biologia ou Química. Haverá apenas um ambiente de
Química e n ambientes de Biologia. Sempre haverá um objeto servidor que se
encarregará de gerenciar a distribuição dos ambientes. Este servidor poderá ser uma
aplicação dedicada, ou até mesmo o próprio objeto cliente poderá ter papel de servidor
em algum momento. Cada ambiente virtual pode ser executado e manipulado
separadamente. Modificações em um ambiente são propagadas para todos os outros
ambientes. Estas comunicações são efetuadas por meio da camada CORBA
(comunicação cliente/servidor e comunicação cliente/cliente por meio do canal de
eventos).
C om p utado r 1 C om p utado r 2 C om p utado r 3 C om p utado r n
A V Q u ím i c a A V B iolo g ia A V B iolo g ia A V B iolo g ia
Ob jeto 1 Ob jeto 2 Ob j eto 3 Ob je to m
R A - A r To o lK it O p e nG L O p e nG L O p e nG L
O p e nG L

G U I G U I G U I G U I

A ç ão /V isu aliza çã o A ç ão /V isu aliza çã o

CO RBA
O R B V is ib r o k e r
Figura 1. Arquitetura proposta

3.1. Algoritmo de Distribuição


Esta seção apresenta uma arquitetura que foi desenvolvida para gerenciar a
comunicação entre os ambientes virtuais. Alguns aspectos devem ser considerados na
construção de um AVD, como a comunicação em rede, visões do ambiente,
gerenciamento da computação, comportamento dos objetos e modelo de dados. Neste
trabalho a aplicação servidora será sempre o ambiente virtual de Química, que usa RA
na visualização. Toda aplicação que for iniciada na rede sempre procurará por um
servidor, desta forma, haverá sempre apenas uma aplicação do ambiente de Química.
Todos os outros ambientes (Biologia) se conectarão ao servidor (Química) como
clientes. Qualquer interação no ambiente de Química será replicada para todos os
clientes. Por outro lado, as interações realizadas por usuários Biologia alterarão a
realidade do ambiente de Química. O sincronismo entre os ambientes de Biologia será
proporcionado por uma comunicação cliente-cliente mediante o uso do Canal de
Eventos (Serviços CORBA). A Figura 2 ilustra a arquitetura do algoritmo de
distribuição.
AV Quí m ic a
R A - A rToolK it

O pe nG L

CO RBA
O R B V is ib r o k e r

AV AV AV AV
B iolog ia B iolog ia B iolog ia B iolog ia
O p e nG L O p e nG L O p e nG L O p e nG L

Figura 2. Arquitetura de algorítmo


4. Funcionamento do Sistema - Processo da Fotossíntese
A fotossíntese é o processo, pelo qual plantas verdes e alguns outros organismos
transformam energia luminosa em energia química, aproveitando a energia da luz solar
para converter dióxido de carbono, água e minerais em compostos orgânicos e oxigênio
gasoso[LINHARES e GEWANDSZNAJDER 2000], ocorrendo na natureza apenas na
presença de luz solar.

4.1. Funcionamento do Sistema


O sistema apresenta dois modelos de ambientes virtuais com características e
comportamentos independentes. Num modelo, tem-se o ambiente virtual da Biologia, e
num outro modelo o ambiente virtual da Química, como se pode observar nas Figuras
3a, 3b. Um ambiente (Biologia) demonstra uma situação macro de um ambiente real. O
outro ambiente (Química) demonstra uma situação micro de uma parte do outro
ambiente. O que torna relevante esta comunicação é o fato de que cada ambiente está
ligado a uma área distinta do conhecimento, permitindo a visualização real entre as
mesmas (multidisciplinaridade). O ambiente virtual da Biologia apresenta alguns
objetos, como o sol e as árvores. No ambiente virtual da Química, ocorre o processo da
fotofosforilação acíclica, disparado durante o processo da fotossíntese, que simula o
momento em que os elétrons são transportados, cedendo energia para a composição de
ATP e produção de NADP.2H. Isso ocorre por meio de uma visão aumentada n vezes
da membrana de uma das folhas das árvores. No ambiente virtual da Biologia, de acordo
com a luminosidade emitida pelos raios solares (fator importante no processo da
fotossíntese), as folhas das árvores podem aumentar ou diminuir em tamanho. Esta
luminosidade é controlada pela interação do usuário com um clique no sol, alterando a
temperatura e influenciando a quantidade de folhas nas árvores.

Figura 3a. Inicia Biologia Figura 3b. Processo Química Figura 3c. Finaliza Biologia

O ambiente virtual da Química também interfere no ambiente virtual da


Biologia. Para isso, no ambiente de Realidade Aumentada (Química), Figura 3b, com o
uso de um marcador especial na forma de uma espécie de “pá”, insere-se uma molécula
de Cianeto no interior da membrana. O Cianeto no Estroma representa a morte das
plantas ou simplesmente a perda das folhas. A Figura 3c ilustra a cena após o usuário ter
interagido com o ambiente e inserido a molécula de Cianeto na cadeia do processo de
fotofosforilação acíclica. Como conseqüência desta interação, no ambiente virtual da
Biologia as árvores perdem as folhas.

4.2. Distribuição da informação


No início da aplicação (primeiro cliente), o ambiente começa a interagir com o usuário a
partir do estado zero (Biologia: temperatura 15 graus, árvores com folhas pequenas e
luminosidade baixa; Química: Cianeto fora da cadeia, processo da fotofosforilação
acíclica paralisado). A responsabilidade do armazenamento destes estados é do servidor
(ambiente de Química). Sempre que houver alguma interação, o valor do estado do
ambiente será modificado e enviado ao servidor, que replica esta informação para todas
as cópias. Com o uso do ARToolKit [KATO, 2005] as cenas virtuais geradas pelo
computador foram combinadas com o mundo real observado pelo usuário. O marcador
foi associado ao ambiente virtual de química (membrana), assim toda vez que este
marcador for identificado pela câmera o ambiente virtual de Química é inserido na cena,
Figura 2b. Um outro marcador foi cadastrado para permitir a interação direta com a
molécula de Cianeto, por meio de técnicas de colisão e oclusão. Algumas variações da
“pá” e da placa de controle já foram desenvolvidas por grupos de pesquisa no exterior
como o Magic Paddle em: A Tangible Augmented Reality Interface for Object
Manipulation [AZUMA, 2001].

5. Conclusões
Os AVD’s vem sendo objeto de estudo por pesquisadores e estudiosos desde o
surgimento da Realidade Virtual. Existem várias arquiteturas que possibilitam ou
oferecem suporte à distribuição. E, geralmente estas arquiteturas são usadas para
distribuição de ambientes únicos, mesmo em grande escala, como é o caso de cidades
virtuais. Porém, o uso de técnicas de Realidade Aumentada pode melhorar
enormemente a capacidade interativa do sistema, criando potencialmente uma
aplicabilidade em diversas áreas, no caso específico deste sistema, existe uma vocação
natural para seu emprego na educação, melhorando o processo de ensino-aprendizagem.

5.1. Trabalhos Futuros


Como continuação deste trabalho cita-se aspectos importantes, tais como: mostrar o
processo da fotossíntese na fase escura, incluindo outras possibilidades de interação
entre Biologia e Química, possibilitar a existência de n ambientes de Química; testar a
comunicação com todos ambientes visualizados por meio de Realidade Aumentada.

6. Referências Bibliográficas
AZUMA, R. et all. Recent Advances in Augmented Reality. IEEE Computer Graphics
and Applications, v.21, n.6, pp.34-47, 2001.
GILLET, Alexander. SANNER, Michael. STOFFLER, Daniel. OLSON, Arthur.
Tangible augmented interfaces for structural molecular biology. Projects in VR.
IEEE Computer Graphics and Applications, [S.I], March/April, 2005.
JUAN, M. Carmen. ALCAÑIZ, Mariano. MONSERRAT, Carlos. Using augmented
reality to treat phobias. Moving Mixed Reality into the Real World. IEEE Computer
Graphics and Applications, [S.I], November/December, 2005.
KATO, Hirokazu. ARToolKit. Versão 2.65. Seatle: University of Washington, [s.d]
Disponível em: <http://www.hitl.washington.edu>.
LINHARES, S.; GEWANDSZNAJDER, F. Biologia Hoje. São Paulo: Editora Érica,
2000. 520p.
RIBEIRO, Marcos Wagner de Souza. Arquitetura para Distribuição de Ambientes
Virtuais Multidisciplinares. 2005. 176f. Tese Doutorado - Faculdade de Engenharia
Elétrica, Universidade Federal de Uberlândia, 2005.

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