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Cames e a Tena

Irs ao Pao. Irs pedir que a tena


Seja paga na data combinada
Este pas te mata lentamente
Pas que tu chamaste e no responde
Pas que tu nomeias e no nasce
Em tua perdio se conjuraram
Calnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou seu ser inteiramente
E aqueles que invocaste no te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela pacincia cuja mo de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto
Irs ao Pao irs pacientemente
Pois no te pedem canto mas pacincia
Este pas te mata lentamente

Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Potica, edio de Carlos Mendes


de Sousa,
Lisboa, Caminho, 2010

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