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Orixá Ancestral

Yoruba acredita na continuidade da ancestralidade, ou seja, encarnamos e desencarnamos no


meio de nossos familiares.
No Orun (céu) quando o espírito ancestral vai retornar para o Aye (terra), existe um Orixá, as
vezes desconhecido por muitos, chamado Ajala, o que cria e modelas as cabeças. Sabemos que e
a cabeça e a sede da existência do ser humano, o Orixá Ajala e quem cria, e molda o destino do
ser humano sobre a terra, o que a pessoa vai passar, as trilhas a serem percorridas, os
infortúinos, seu destino pessoal, seu signo pessoal Odu, e toda a ancestralidade, espiritualidade
(guardiões, karma, egrégora, falange) que a pessoa carregar consigo nesta vida. Obatala (Oxala)
e quem sopra o Emi, o sopro da vida. O Orixá Orunmila-Ifá é o testemunho dos destinos, de
cada individuo. Orunmila-Ifá conhece cada anseio, cada segredo que vai lá no fundo de cada
ser.
Na África, o orixá, ancestral divinizado, é um bem de família, transmitido pela linhagem
paterna. Os chefes das grandes famílias, os balés, delegam a responsabilidade do culto ao orixá
familiar a um ou uma alaaxé, guardião ou guardiã do poder do deus, que dele cuidam ajudados
pelos eleguns, possuídos pelos orixás em certas circunstâncias.
O culto de cada orixá está ligado originalmente ao povo de certa cidade-estado ou território –
Xangô a Oyó, Iemanjá à região de Egbá, Euá a Egbado, Ogum a Ekiti e Ondô, Oxum a Ijexá e
Ijebu, Erinlé a Ilobu, Logunedé a Ilexá, Oxalá a Ifé, subdividido em Oxalufã em Ifan e Oxaguiã
em Ejigbó etc. Ao migrarem, as famílias levavam seu culto a outras comunidades iorubas e seus
sacerdotes asseguravam o culto a todo o grupo.
No Novo Mundo, os orixás e seu culto tomaram uma feição mais pessoal. Quando o ioruba era
transportado pelos negreiros para o Brasil, seu orixá tomava um caráter iindividual, ligado à
sorte pessoal do escravo, separado de seu grupo familiar.
A qualidade das relações entre um indivíduo e seu orixá é, portanto, diferente na África e no
Brasil. Na África, as cerimônias de adoração são asseguradas por sacerdotes designados e os
outros membros do grupo só têm o dever de contribuir materialmente, respeitar as proibições
alimentares e outras ligadas ao único orixá cultuado em seu grupo.
No Brasil, cada um deve assegurar pessoalmente as exgências do orixá, tendo, porém, a
possibilidade de encontrar no terreiro o meio onde inserir-se e um pai ou mãe-de-santo capaz de
guiá-lo em suas obrigações. Existem múltiplos orixás pessoais em cada terreiro, cultuados não
só por descendentes de iorubás, como também por outras etnias, inclusive brancos e mestiços.
O orixá perdeu o caráter de ancestral que volta a encarnar-se em um dos seus descendentes e
tornou-se um guia que escolhe seus “filhos” e “filhas” de acordo com seu temperamento e
biotipo, freqüentemente de acordo com as tendências secretas e reprimidas que se exprimem no
arquétipo do orixá. Diz-se, ainda, que cada indivíduo possui dois orixás, um mais aparente,
aquele que pode provocar crises de possessão, outro mais discreto, “assentado”, fixado,
acalmado, mas que ainda assim influencia o comportamento.

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