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Direito Penal | Material de Apoio

Prof. Priscila Silveira

DIREITO PENAL- PARTE ESPECIAL

*CRIMES CONTRA A PESSOA


I-DOS CRIMES CONTRA A VIDA

Homicídio simples – art. 121, caput, do CP

Homicídio privilegiado – art. 121, § 1º, do CP


Trata-se de causa especial de diminuição de pena, a qual se afigura obrigatória, devendo o juiz levá-la em conta na
terceira fase da aplicação da pena.

Homicídio qualificado – art. 121, § 2º, do CP


As qualificadoras são ligadas à motivação do crime, aos meios de execução, à forma de execução e à conexão com
outro crime. Todas essas formas, segundo o art. 1º, inc. I, da Lei n. 8.072/90, são consideradas hediondas.

Homicídio culposo – art. 121, § 3º, do CP


Diz-se que o homicídio é culposo quando o resultado morte é involuntário, tendo sido causado em razão de culpa
(imprudência, negligência ou imperícia).

Causas de aumento de pena – art. 121, § 4º, do CP


homicídio doloso será aumentada em 1/3- idade da vítima.

homicídio culposo será aumentada em um 1/3- profissão, arte ou oficio/ deixar de prestar socorro à vítima, se não
procura diminuir as consequências de seus atos ou se foge para evitar a prisão em flagrante.

Perdão Judicial – art. 121, § 5º, do CP


Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, concedendo o perdão judicial se as
consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

Aumento de pena - Milícia/grupo de extermínio (-art. 121, §6º CP)

Aumento de pena no feminicídio – art. 123 do CP

INFANTICÍDIO – art. 123 do CP


-Conceito – matar o próprio filho, durante o parto ou logo após, sob influência do estado puerperal.
São três os núcleos do tipo: induzir, instigar e prestar auxílio ao suicídio. Nos dois primeiros casos, há uma participação
moral e no último, material. Induzir: é incutir na mente da vítima a ideia suicida. Instigar: é estimular, reforçar a
preexistente ideia suicida. Ambos têm o significado de persuadir, convencer alguém a praticar o ato.

-Causas de aumento de pena


A pena cominada à participação em suicídio é duplicada, tanto na hipótese de morte ou lesão grave, se o crime é
praticado por motivo egoístico ou se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.
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ABORTO - 124 CP
-Conceito: É a interrupção dolosa da gravidez com a morte do produto da concepção.

-Criminoso ou provocado – é o aborto provocado dolosamente, hipótese em que haverá crime (arts. 124 a 127 do
CP).

Legal ou permitido – é aquele permitido legalmente, previsto no art. 128, incs. I (aborto necessário ou terapêutico) e
II (aborto ético, sentimental, piedoso ou humanitário), do CP, os quais, frente à permissão, não configuram crime.

Aborto provocado sem o consentimento da vítima e lesão corporal gravíssima que resulta em aborto – arts. 125 e
129, § 2º, V, do CP

Espécies de aborto criminoso


Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante – art. 124 do CP

Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante– art. 126 do CP


O crime é comum, pois qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. Sujeito passivo é o feto. E o crime somente existe na
forma dolosa.

Aborto legal ou permitido – art. 128 do CP


Existem hipóteses previstas no CP em que o aborto é legal, permitido, não configurando crime.

Aborto necessário ou terapêutico – art. 128, I, do CP.

Aborto ético, sentimental, piedoso ou humanitário – art. 128, II, do CP

II- DAS LESÕES CORPORAIS- ART. 129 CP.


O crime de lesão corporal se consuma com a lesão, tratando-se assim de crime material e instantâneo, já que exige o
resultado naturalístico.
Observação: se a lesão é culposa, não importa se ela é grave, leve, gravíssima ou levíssima.
-Lesão corporal privilegiada “Diminuição de pena”- § 4°
Suas hipóteses são idênticas ao homicídio privilegiado. É aplicável em todas as formas de lesão dolosa (leve, grave,
gravíssima e segui da morte), não incidindo na lesão culposa.

-Substituição da pena da lesão leve § 5: I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; II - se as lesões são
recíprocas”.
-Lesão Corporal Culposa “§ 6°:
-Causas de aumento de pena: art. 129. § 7º : 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art.
121 deste Código.

-Perdão Judicial- § 8º - aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121”.

-Lesão Corporal da Violência Doméstica:“§ 9º: Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão,
cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:

-Causas de aumento de pena decorrentes de violência doméstica:§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste
artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço)”.
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-Aumento de pena: § 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, contra pessoa portadora de deficiência.

-Causa de aumento em razão de crime praticados contra policiais: § 12.

III- DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE”


“PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO”- art. 130CP.
Atenção que neste crime o ato sexual é consentido, pois a vitima não tem ciência da doença..
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, inclusive as prostitutas. Se ambos os agentes estiverem a cometidos de
moléstia venérea, não haverá crime.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo de manter a relação sexual, mesmo ciente de que poderá transmitir a doença
(dolo de perigo). O dolo poderá ser direto (quando a pessoa sabe da doença) ou eventual (quando a pessoa ainda não
sabe, mas deveria saber, pois já apresenta sintomas de contaminação).
A tentativa é admissível, embora difícil de ocorrer na prática. Exemplo: antes de iniciar a relação sexual a vítima é
avisada por alguém, via telefone, que o agente está cometido de doença venérea.

-PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE- Art. 131 CP


O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa contaminada com moléstia grave (crime próprio, respeitada a divergência
doutrinaria). Porém, cuidado: se a pessoa não contaminada aplica uma injeção na vítima com o vírus da moléstia grave,
haverá crime de lesão corporal.
Trata-se de crime formal, já que o crime se consuma com a prática do ato capaz de produzir o contágio, mesmo que
este não ocorra. Agora, se ela efetivamente ocorrer, responderá por este delito se a lesão for leve, ou por lesão grave
ou gravíssima se a moléstia puder ser enquadrada no artigo 129, parágrafos 1º e 2º do Código Penal.

- PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM- art. 132 CP.


O sujeito ativo e o passivo podem ser qualquer pessoa.
Consuma-se no momento em que é praticado o ato do qual resulte perigo concreto para a vítima. A tentativa é
possível, e o elemento subjetivo do tipo é o dolo de perigo, já que se o dolo for de dano e este não ocorrer haverá
tentativa de lesão corporal ou de homicídio.
O parágrafo único regula causa especial de aumento de pena, ocasião em que a pena será aumentada de 1/6 a 1/3 se
o perigo decorrer do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza,
como por exemplo o transporte de trabalhadores em uma carroceria de um caminhão. Nesse caso também será crime
de perigo concreto.

-ABANDONO DE INCAPAZ- art. 133 CP.


O sujeito passivo é a pessoa que está sob essas condições, desde que esteja incapacitada de se defender dos riscos
decorrentes do abandono.
O parágrafo 1º e 2º regulam as formas qualificadas, que ocorreram quando do abandono resultar lesão corporal de
natureza grave ou morte.
O parágrafo 3º prevê causa especial de aumento de pena (ler o parágrafo e lembrar de que se trata de rol taxativo).

-EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO- Art. 134 CP.


As condutas típicas são expor e abandonar o recém-nascido. Expor é a remoção do recém-nascido do local em que se
encontra, deixando-o em local onde não terá assistência. Abandonar é deixar o recém-nascido no local em que já
estava, afastando-se dele. Vejam que é um tipo especial em relação ao abandono de incapaz, pois aqui a finalidade é
ocultar desonra própria.
O sujeito passivo é o recém-nascido. O parágrafo 1º retrata a forma qualificada, que ocorre com o resultado lesão
corporal de natureza grave ou morte. São espécies de crimes preterdoloso, pois se o resultado ocorrer a titulo de dolo,
seja direto ou eventual, ocorrerá os crimes de lesão corporal grave ou homicídio.
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-OMISSÃO DE SOCORRO- Art. 135 CP.


O crime pode ocorrer em razão da falta de assistência imediata, que se verifica quando o agente pode prestar o socorro
pessoalmente e não o faz, sem que a prestação de socorro possa lhe causar risco de vida ou a sua incolumidade física.
A outra forma de ocorrer o crime é a falta de assistência mediata, que ocorre quando a pessoa não pode prestar o
socorro pessoalmente, deixando de solicitar ajuda as autoridades competentes. Exemplo: no caso da piscina, a pessoa
não sabe nadar, mas também não chama o salva-vidas.

-CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITALAR EMERGENCIAL”- Art. 135-A.


Trata-se de crime próprio, pois só pode ser praticado por administradores e funcionários do hospital.
O sujeito passivo é a pessoa em estado de emergência.
O crime consiste em negar atendimento emergencial, exigindo do paciente o de seus familiares, como condição para
a execução dos procedimentos de socorro, cheque caução, nota promissória ou qualquer garantia, ou preenchimento
prévio de formulários administrativos.
O elemento subjetivo é o dolo, e o crime se consuma com a indevida exigência. Atenção para as causas de aumento
do parágrafo único.

-MAUS-TRATOS: Art. 136 CP.


É crime de forma vinculada, pois sua configuração só pode ocorrer com a privação de alimentos, privação de cuidados
indispensáveis, sujeição a trabalhos excessivos ou inadequados e abuso dos meios de disciplina e correção.
Em relação ao sujeito ativo, é crime próprio, pois exige uma vinculação entre o sujeito ativo e a vítima.
Consuma-se no momento da produção de perigo, que deve ser concreto.
Os parágrafos 1º e 2°regulam as formas qualificadas, que ocorrem se dos maus tratos resultar lesão corporal grave ou
morte. O parágrafo 3º prevê causa especial de aumento de pena para o crime de maus tratos praticados contra pessoa
menor de quatorze anos.

IV: DA RIXA
- Rixa- Art. 137
A rixa é uma luta desordenada, marcada pelo tumulto que envolve a troca de agressões por pelo menos três pessoas,
em que os lutadores visam todos os outros indistintamente.
Trata-se de crime de concurso necessário de condutas contrapostas, pois se exige pelo menos três pessoas envolvidas,
computando-se neste número os inimputáveis.
Consuma-se no momento da troca de agressões, sendo crime de perigo abstrato, já que não há necessidade de que
quaisquer dos envolvidos sofram lesões.
Parágrafo único regula a rixa qualificada, que aquela em que a vítima sofre lesão grave ou morte, podendo a vítima
ser participante da rixa ou terceiro que passava pelo local. Importante ressaltar que na rixa qualificada todos os
envolvidos responderão pelo resultado agravador, mesmo que não tenham sido os responsáveis diretos pelo evento
mais grave.

-V: DOS CRIMES CONTRA A HONRA


- CALÚNIA: ARTIGO 138, CP
Este é um delito que apresenta como objetividade jurídica, isto é, como bem ou interesse protegido a honra objetiva,
que é o conceito que cada pessoa desfruta junto ao corpo social.
Para melhor exemplificar, calúnia nada mais é que imputar falsamente à alguém fato concreto definido como crime.
É irrelevante para a configuração do crime a punibilidade do agente pelo fato que lhe foi imputado.
Outrossim, conforme outrora aludido, o artigo 138, §2º, CP, determina que é punível a calúnia contra os mortos. Ao
determinar essa hipótese, o legislador se refere aos parentes do morto, os quais são mencionados no artigo 31, do
CPP (cônjuge, ascendente, descendente e irmão).
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O §1º do artigo 138 trata de outra situação interessante, qual seja, daquele que, sabendo falsa a imputação, a propalar
ou divulgar, possuindo a mesma pena da calúnia. Dessa forma, o parágrafo 1º exige que o autor possua efetivo
conhecimento em torno da falsidade da imputação.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo específico (animus caluniandi).
EXCEÇÃO DA VERDADE: dispõe o artigo 138, parágrafo 3º: omo regra, a exceção de verdade é admitida no crime de
calúnia, com exceção das hipóteses contidas no artigo 138,§3º.

- DIFAMAÇÃO: ARTIGO 139, CP.


O legislador fala em difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo a sua reputação. A reputação é a estima moral,
intelectual ou profissional de que alguém goza no meio em que vive.
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, inclusive os desonrados, menores de idade e doentes mentais. Já em
relação à pessoa jurídica, entende-se que a pessoa jurídica pode ser vítima de difamação, porque ela desfruta de um
conceito junto à sociedade. Assim, se o agente atua com o propósito de desmerecer a empresa, ele poderá responder
por crime de difamação.
Exceção Da Verdade: art. 139, Parágrafo único - estabelece que o crime de difamação admite a exceção da verdade
quando a vitima for funcionário público no exercício de suas funções.

- INJÚRIA: ARTIGO 140


Dignidade não se confunde com decoro. A dignidade é o sentimento de honorabilidade ou de valor moral, sentimento
esse que é atingido com termos como: estelionatário, ladrão, assassino, estuprador, etc. O decoro, por sua vez, diz
respeito aos atributos físicos e intelectuais.
Em relação ao sujeito ativo, o crime pode ser praticado por qualquer pessoa. O sujeito passivo pode ser qualquer
pessoa, inclusive os desonrados. Mortos e pessoas jurídicas não podem ser sujeito passivo por ausência de honra
subjetiva.
- Exceção Da Verdade: Não é cabível em nenhuma hipótese no crime de injúria.
-Perdão Judicial:O §1º, do artigo 140 trabalha com duas hipóteses de perdão judicial em relação à injúria.

-INJÚRIA REAL: art. 140, § 2º


Cuida-se de figura qualificada do crime de injúria, em que o agente ofende a vítima por meio de uma agressão física
(violência ou vias de fato).

INJÚRIA QUALIFICADA PELO PRECONCEITO, TAMBÉM CHAMADA DE RACIAL OU DE PRECONCEITUOSA: Art. 140, §

A primeira parte trata da ofensa referente à raça, cor, etnia, religião ou origem. Importante frisar que esse crime é
diferente do delito de racismo, previsto no artigo 20 da lei nº 7.716/89. Na injúria real, a ofensa é destinada a pessoa
ou grupo de pessoas determinadas, enquanto no crime de racismo ela é destinada a todos os integrantes de certa
raça, cor, religião, etc, bem como em relação a atos discriminatórios, como proibir a matrícula de uma pessoa latina
em um clube

-DISPOSIÇÕES COMUNS EM RELAÇÃO AOS CRIMES CONTRA A HONRA”


- CAUSAS DE AUMENTO DE PENA: ART. 141 CP
A pena em relação aos crimes contra a honra é aumentada em 1/3 se o crime for praticado contra pessoa maior de 60
anos ou portadora de deficiência, exceto na hipótese de injúria. Isso porque, como vimos, a injúria é considerada como
qualificada quando praticada contra pessoa idosa ou portadora de deficiência.

-HIPÓTESES DE EXCLUSÃO DOS CRIMES CONTRA A HONRA: Art. 142 CP.


são causas especiais de excludentes de ilicitude dos delitos de difamação e injúria, que não incidem sobre o crime de
calúnia.
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- RETRATAÇÃO NOS CRIMES CONTRA A HONRA: art. 143 CP - A retratação é causa extintiva da punibilidade. Deve ser
total, isto é, cabal, incondicional, englobando tudo o que foi dito.

-AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA: Art. 145 CP


Em regra, nos crimes contra a honra a ação penal será uma ação penal de iniciativa privada,

-VI: DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL


DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
- CONSTRANGIMENTO ILEGAL (Artigo 146, CP)”
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Trata-se, pois, de crime comum.
Para configurar o delito, é ainda necessário que o agente force a vítima a fazer ou a não fazer algo mediante violência,
grave ameaça ou qualquer outro modo que reduza a capacidade de resistência da vítima, como no caso de uso de
hipnose, bebida, drogas etc.
-Causas de Aumento de pena: art. 146, § 1

-EXCLUDENTES DE TIPICIDADE: Art. 146, § 3° É uma espécie de estado de necessidade. Há a exclusão da ilicitude
mesmo na transfusão de sangue, ainda que os familiares não a aceitem por motivos religiosos, assim como ter que
usar a força física para realizar um procedimento que salvará a vida da vítima.Da mesma forma, a coação ou violência
utilizada para evitar a pratica do suicídio não constitui crime.

-AMEAÇA (Artigo 147, CP)


Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).
Tipo objetivo: a ameaça, ato de intimidar que é, pode ser cometida, nos termos da própria lei, de diversas formas: por
palavras, gestos, escritos, ou por qualquer outra forma apta a amedrontar.
Elemento subjetivo: trata-se de crime doloso. Apesar de se exigir que a ameaça tenha sido proferida em tom de
seriedade, não é necessário que o sujeito tenha, em seu íntimo, intenção de concretizar o mal prometido.
Consumação: ocorre no momento em que a vítima toma conhecimento do teor da ameaça, independentemente de
sua real intimidação. Trata-se, pois, de crime formal. Basta que o agente queira intimidar e que a ameaça proferida
tenha potencial para tanto.
Tentativa: é possível, nos casos de ameaça escrita.

-SEQUESTRO OU CÁRCERE PRIVADO- Art. 148 CP


Sujeito ativo: qualquer pessoa, mas, caso seja funcionário público no exercício da função, haverá crime de abuso de
autoridade.
Sujeito passivo: qualquer pessoa, inclusive aquelas impossibilitadas de se locomover, como no caso de paraplégicos
ou doentes graves.
Tipo objetivo: no cárcere privado a vítima fica em local fechado, sem possibilidade de deambulação, ao contrário do
sequestro, em que a vítima fica privada de sua liberdade, mas em local aberto, como uma chácara ou uma praia. Como
diz
Elemento subjetivo: é o dolo. Não se exige qualquer intenção específica que, se houver e se tratar de crime mais
grave, absorverá o delito ora estudado.

- REDUÇÃO À CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO -Artigo 149, CP


Tipo objetivo: trata-se de delito que se caracteriza quando uma pessoa sujeita outra totalmente à sua vontade, em
situação similar àquela vivida pelos escravos em épocas passadas. Para a configuração da infração penal, entretanto,
não é necessário que a vítima seja acorrentada, transportada de um local para outro, que seja açoitada etc.
Consumação: quando a vítima perde sua liberdade de fazer o que bem entender, passando a estar subordinada à
vontade do agente, de forma não transitória, não eventual, pois no caso de eventualidade, haverá crime de maus-
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tratos. Trata-se de crime material e permanente, em que a consumação se prolonga no tempo enquanto a vítima
estiver submetida ao agente. A tentativa é possível.

- DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO”


-VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO: Art. 150 CP
O art. 150, em seu § 4º, traz uma norma penal complementar, esclarecendo que se compreendem na expressão "casa":
Protege a lei, ainda, as dependências da casa, ou seja, quintal, garagem, terraço, telhado, etc. Por outro lado, o art.
150, § 5º, do Código Penal, estabelece o que não se incluem na expressão "casa".
Consumação: ocorre quando o agente ingressa completamente na casa da vítima, ou, quando, ciente de que deve
sair, não o faz por tempo juridicamente relevante.
Tentativa: é admissível em ambas as hipóteses (entrada ou permanência).

-FORMAS QUALIFICADAS: Art. 150, § 1º


Noite: é o período em que não há presença da luz solar. Lugar ermo: é o local desabitado, onde não há circulação de
pessoas. Violência: é tanto aquela empregada contra pessoas como contra coisa, já que a lei não fez distinção.
Emprego de arma: pode ser a utilização de arma própria (instrumentos feitos com a finalidade específica de matar ou
ferir - revólver, pistola, espingarda etc.) ou imprópria (feitas com outras finalidades mas que também podem matar
ou ferir - navalha, faca, machado etc.).
-Causas de aumento de pena: Art. 150, § 2°. CP.
-Excludentes de ilicitude: Art. 150, § 3° CP.

- DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA”


- VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA- Art. 151 CP
NORMA EM VIGOR: VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA (LEI 6.538/78)
Art. 40º – Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada dirigida a outrem:
Pena: detenção, até seis meses, ou pagamento não excedente a vinte dias-multa.

SONEGAÇÃO OU DESTRUIÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA


§ 1º – Na mesma pena incorre:
I – quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega
ou destrói; (REVOGADO) – Em vigor o Art. 40, § 1º da Lei 6.538/78
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica
II – quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica
dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas; (REVOGADO pelo Art. 10 da lei 9.296/96).
III – quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número anterior;
IV – quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância de disposição legal. (REVOGADO pelo
Art. 70 da lei 4.117/62).
§ 2º – As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem.
§ 3º – Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico:
Pena – detenção, de um a três anos.

-CORRESPONDÊNCIA COMERCIAL- Art. 152 CP--


O objeto material é a correspondência comercial, assim entendida aquela que diga respeito às atividades exercidas
pelo estabelecimento. Por isso, a correspondência remetida a ele, tratando de assunto estranho às suas atividades,
poderá ser objeto apenas de crime comum de violação de correspondência. A consumação ocorre no exato instante
da prática do ato descrito no tipo, e a tentativa é possível.
O parágrafo único do art. 152 dispõe que a ação é pública condicionada à representação, que pode ser oferecida pela
própria pessoa jurídica ou pelos sócios.
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DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS


-DIVULGAÇÃO DE SEGREDO- Art. 153 CP.
O sujeito passivo, nos termos da lei, é a pessoa que pode sofrer o dano com a divulgação do segredo. Pode ser o
remetente, o destinatário ou qualquer outra pessoa. O crime, entretanto, se consuma quando o segredo é divulgado
para número indeterminado de pessoas, sendo, na verdade, desnecessário que alguém efetivamente sofra prejuízo,
bastando, pois, a potencialidade lesiva nesse sentido.
Não se admite a forma culposa.
“§1º Somente se procede mediante representação.
§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos
sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 2º- Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será incondicionada”.

-VIOLAÇÃO DE SEGREDO PROFISSIONAL- Art. 154 CP


Por ser crime formal, a infração se consuma no momento em que o segredo chega à terceira pessoa, mesmo que disso
não decorra o prejuízo para a vítima, bastando, pois, a lesividade, a possibilidade do dano. A tentativa é possível, por
exemplo, no caso em que a revelação se daria por escrito e se extravia. Não se caracteriza a infração penal quando há
justa causa para a revelação do segredo: consentimento da vítima, estado de necessidade, exercício regular de direito
etc. O crime é doloso e não admite a forma culposa. A ação penal é pública condicionada à representação.

-INVASÃO DE DISPOSITIVO INFORMÁTICO- Art. 154-A


Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante representação, salvo se o crime é
cometido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal
ou Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços públicos”.
O núcleo do tipo é “invadir”, no sentido de devassar dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de
computadores. Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. O sujeito passivo pode ser
qualquer pessoa, física ou jurídica.
Não se admite a modalidade culposa.
Será ainda de competência da Justiça Estadual, como regra, a não ser que entre nos casos do artigo 109 da Constituição
Federal, onde poderá o processo ser deslocado para a Justiça Federal.
Causa de aumento de pena: Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão
resultar prejuízo econômico.
Vedada a distribuição, cessão, utilização sem prévia e expressa autorização da autora,
tendo em vista a não cessão de direitos autorais à marca Focus.

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