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6396 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.

o 214 — 8 de Novembro de 2005

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA Finanças e do ministro que tutela o sector empresarial


do Estado no domínio da comunicação social.
2 — Até ao preenchimento do respectivo quadro téc-
Lei n.o 53/2005
nico, administrativo e auxiliar, pelo conselho regulador,
de 8 de Novembro o pessoal afecto à Alta Autoridade para a Comunicação
Social permanece transitoriamente ao serviço da ERC.
Cria a ERC — Entidade Reguladora para a Comunicação Social,
3 — O pessoal afecto às Divisões de Fiscalização e
extinguindo a Alta Autoridade para a Comunicação Social
de Registo do Instituto da Comunicação Social, iden-
A Assembleia da República decreta, nos termos da tificado através de lista nominativa a publicar na 2.a série
alínea c) do artigo 161.o da Constituição, o seguinte: do Diário da República no prazo de 30 dias contados
da tomada de posse dos membros eleitos do conselho
regulador, passa a exercer as suas funções junto da ERC
Artigo 1.o
em regime de comissão de serviço.
Criação da ERC — Entidade Reguladora para a Comunicação Social 4 — A lista nominativa referida no número anterior
é aprovada pelo membro do Governo responsável pelo
1 — É criada a ERC — Entidade Reguladora para sector da comunicação social.
a Comunicação Social, que se rege pelas normas pre- 5 — Até à entrada em vigor de novo orçamento do
vistas nos Estatutos aprovados por esta lei, que dele Estado ou até à rectificação do Orçamento em vigor
fazem parte integrante e que ora se publicam em anexo. à data do início de funções dos membros do conselho
2 — A ERC é uma pessoa colectiva de direito público, regulador, a ERC disporá das dotações orçamentadas
com natureza de entidade administrativa independente, para a Alta Autoridade para a Comunicação Social ins-
que visa assegurar as funções que lhe foram constitu- critas ou a inscrever no Orçamento do Estado.
cionalmente atribuídas, definindo com independência 6 — A transferência de dotações orçamentais refe-
a orientação das suas actividades, sem sujeição a quais- ridas no número anterior é automática, através das res-
quer directrizes ou orientações por parte do poder pectivas rubricas do orçamento da Assembleia da
político. República.
3 — A universalidade de bens, direitos, obrigações e 7 — O regime jurídico que regula a orgânica e o fun-
garantias pertencentes à Alta Autoridade para a Comu- cionamento do Instituto da Comunicação Social será
nicação Social transmitem-se automaticamente para a ERC. alterado pelo Governo, em conformidade com o dis-
4 — A presente lei constitui título bastante da com- posto na presente lei, no prazo de 90 dias a contar da
provação do previsto no número anterior para todos sua entrada em vigor.
os efeitos legais, incluindo os de registo, devendo as
repartições competentes realizar, mediante simples Artigo 4.o
comunicado do presidente do conselho regulador, os Norma revogatória
actos necessários à regularização da situação.
É revogada a Lei n.o 43/98, de 6 de Agosto.
Artigo 2.o Aprovada em 29 de Setembro de 2005.
Extinção da Alta Autoridade para a Comunicação Social
O Presidente da Assembleia da República, em exer-
1 — A Alta Autoridade para a Comunicação Social cício, Manuel Alegre de Melo Duarte.
é extinta na data da posse dos membros do conselho
regulador e do fiscal único da ERC. Promulgada em 25 de Outubro de 2005.
2 — A aprovação dos presentes Estatutos não implica Publique-se.
o termo dos mandatos dos membros da Alta Autoridade
para a Comunicação Social em exercício de funções à O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.
data da entrada em vigor da presente lei, os quais se
mantêm em funções até à tomada de posse dos membros Referendada em 26 de Outubro de 2005.
do conselho regulador e do fiscal único da ERC. O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de
3 — A partir da entrada em vigor da presente lei, Sousa.
as referências feitas à Alta Autoridade para a Comu-
nicação Social constantes de lei, regulamento ou con- ANEXO
trato consideram-se feitas à ERC. ESTATUTOS DA ERC — ENTIDADE REGULADORA
4 — Todos os procedimentos administrativos que não PARA A COMUNICAÇÃO SOCIAL
se encontrem concluídos à data da tomada de posse
dos membros do conselho regulador e do fiscal único CAPÍTULO I
transitam para a ERC, fixando-se uma suspensão de
quaisquer prazos legais para a prática de actos ou Disposições gerais
tomada de decisão por um período de 60 dias. Artigo 1.o
Natureza jurídica e objecto
Artigo 3.o
Disposições finais e transitórias 1 — A ERC — Entidade Reguladora para a Comu-
nicação Social, abreviadamente designada por ERC, é
1 — Enquanto não for aprovado diploma próprio que uma pessoa colectiva de direito público, dotada de auto-
regule o estatuto remuneratório dos membros dos nomia administrativa e financeira e de património pró-
órgãos directivos dos institutos públicos, a remuneração prio, com natureza de entidade administrativa indepen-
dos membros do conselho regulador e do fiscal único dente, exercendo os necessários poderes de regulação
é estabelecida por despacho conjunto do Ministro das e de supervisão.
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2 — A ERC tem por objecto a prática de todos os de pensamento, através das entidades que pros-
actos necessários à prossecução das atribuições que lhe seguem actividades de comunicação social sujei-
são cometidas pela Constituição, pela lei e pelos pre- tas à sua regulação;
sentes Estatutos. b) Assegurar a livre difusão de conteúdos pelas
Artigo 2.o entidades que prosseguem actividades de comu-
Sede
nicação social e o livre acesso aos conteúdos
por parte dos respectivos destinatários da res-
A ERC tem sede em Lisboa. pectiva oferta de conteúdos de comunicação
social, de forma transparente e não discrimi-
Artigo 3.o natória, de modo a evitar qualquer tipo de exclu-
são social ou económica e zelando pela eficiên-
Regime jurídico
cia na atribuição de recursos escassos;
A ERC rege-se pelo disposto nos presentes Estatutos, c) Assegurar a protecção dos públicos mais sen-
pelas disposições legais que lhe sejam especificamente síveis, tais como menores, relativamente a con-
aplicáveis e, subsidiariamente, pelo regime aplicável aos teúdos e serviços susceptíveis de prejudicar o
institutos públicos. respectivo desenvolvimento, oferecidos ao
Artigo 4.o público através das entidades que prosseguem
Independência
actividades de comunicação social sujeitos à sua
regulação;
A ERC é independente no exercício das suas funções, d) Assegurar que a informação fornecida pelos
definindo livremente a orientação das suas actividades, prestadores de serviços de natureza editorial se
sem sujeição a quaisquer directrizes ou orientações por pauta por critérios de exigência e rigor jorna-
parte do poder político, em estrito respeito pela Cons- lísticos, efectivando a responsabilidade editorial
tituição e pela lei. perante o público em geral dos que se encon-
Artigo 5.o tram sujeitos à sua jurisdição, caso se mostrem
Princípio da especialidade violados os princípios e regras legais aplicáveis;
e) Assegurar a protecção dos destinatários dos ser-
1 — A capacidade jurídica da ERC abrange exclu- viços de conteúdos de comunicação social
sivamente os direitos e obrigações necessários à pros- enquanto consumidores, no que diz respeito a
secução do seu objecto. comunicações de natureza ou finalidade comer-
2 — A ERC não pode exercer actividades ou usar cial distribuídas através de comunicações elec-
os seus poderes fora das suas atribuições nem dedicar trónicas, por parte de prestadores de serviços
os seus recursos a finalidades diversas das que lhe estão
sujeitos à sua actuação, no caso de violação das
cometidas.
leis sobre a publicidade;
Artigo 6.o f) Assegurar a protecção dos direitos de perso-
Âmbito de intervenção nalidade individuais sempre que os mesmos
estejam em causa no âmbito da prestação de
Estão sujeitas à supervisão e intervenção do conselho serviços de conteúdos de comunicação social
regulador todas as entidades que, sob jurisdição do
Estado Português, prossigam actividades de comunica- sujeitos à sua regulação.
ção social, designadamente:
a) As agências noticiosas; Artigo 8.o
b) As pessoas singulares ou colectivas que editem Atribuições
publicações periódicas, independentemente do
suporte de distribuição que utilizem; São atribuições da ERC no domínio da comunicação
c) Os operadores de rádio e de televisão, relati- social:
vamente aos serviços de programas que difun-
dam ou aos conteúdos complementares que for- a) Assegurar o livre exercício do direito à infor-
neçam, sob sua responsabilidade editorial, por mação e à liberdade de imprensa;
qualquer meio, incluindo por via electrónica; b) Velar pela não concentração da titularidade das
d) As pessoas singulares ou colectivas que dispo- entidades que prosseguem actividades de comu-
nibilizem ao público, através de redes de comu- nicação social com vista à salvaguarda do plu-
nicações electrónicas, serviços de programas de ralismo e da diversidade, sem prejuízo das com-
rádio ou de televisão, na medida em que lhes petências expressamente atribuídas por lei à
caiba decidir sobre a sua selecção e agregação; Autoridade da Concorrência;
e) As pessoas singulares ou colectivas que dispo- c) Zelar pela independência das entidades que
nibilizem regularmente ao público, através de prosseguem actividades de comunicação social
redes de comunicações electrónicas, conteúdos perante os poderes político e económico;
submetidos a tratamento editorial e organizados d) Garantir o respeito pelos direitos, liberdades e
como um todo coerente. garantias;
e) Garantir a efectiva expressão e o confronto das
Artigo 7.o diversas correntes de opinião, em respeito pelo
Objectivos da regulação princípio do pluralismo e pela linha editorial
de cada órgão de comunicação social;
Constituem objectivos da regulação do sector da f) Assegurar o exercício dos direitos de antena,
comunicação social a prosseguir pela ERC: de resposta e de réplica política;
a) Promover e assegurar o pluralismo cultural e g) Assegurar, em articulação com a Autoridade da
a diversidade de expressão das várias correntes Concorrência, o regular e eficaz funcionamento
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dos mercados de imprensa escrita e de áudio- social, à determinação da prática das infracções
-visual em condições de transparência e equi- respectivas e à aplicação das competentes san-
dade; ções.
h) Colaborar na definição das políticas e estraté-
gias sectoriais que fundamentam a planificação CAPÍTULO II
do espectro radioeléctrico, sem prejuízo das atri-
buições cometidas por lei ao ICP-ANACOM; Estrutura orgânica
i) Fiscalizar a conformidade das campanhas de
publicidade do Estado, das Regiões Autónomas Artigo 13.o
e das autarquias locais com os princípios cons- Órgãos
titucionais da imparcialidade e isenção da Admi-
nistração Pública; São órgãos da ERC o conselho regulador, a direcção
j) Assegurar o cumprimento das normas regula- executiva, o conselho consultivo e o fiscal único.
doras das actividades de comunicação social.
SECÇÃO I
o
Artigo 9. Conselho regulador
Co-regulação e auto-regulação

A ERC deve promover a co-regulação e incentivar Artigo 14.o


a adopção de mecanismos de auto-regulação pelas enti- Função
dades que prosseguem actividades de comunicação
social e pelos sindicatos, associações e outras entidades O conselho regulador é o órgão colegial responsável
do sector. pela definição e implementação da actividade regula-
dora da ERC.
Artigo 10.o Artigo 15.o
Colaboração de outras entidades
Composição e designação
1 — Todas as entidades, públicas ou privadas, devem 1 — O conselho regulador é composto por um pre-
colaborar com a ERC na obtenção das informações e sidente, por um vice-presidente e por três vogais.
documentos solicitados para prosseguimento das suas 2 — A Assembleia da República designa quatro dos
atribuições. membros do conselho regulador, por resolução.
2 — Os tribunais devem comunicar ao conselho regu- 3 — Os membros designados pela Assembleia da
lador o teor das sentenças ou acórdãos proferidos em República cooptam o quinto membro do conselho
matéria de direito de resposta ou de crimes cometidos regulador.
através dos meios de comunicação social, bem como
em processos por ofensa ao direito de informar. Artigo 16.o
Processo de designação
Artigo 11.o 1 — As candidaturas em lista completa, devidamente
Relações de cooperação ou associação instruídas com as respectivas declarações de aceitação,
podem ser apresentadas por um mínimo de 10 deputados
1 — A ERC pode estabelecer relações de cooperação e um máximo de 40 deputados, perante o Presidente
ou associação, no âmbito das suas atribuições, com da Assembleia da República, até 10 dias antes da reunião
outras entidades públicas ou privadas, nacionais ou marcada para a eleição.
estrangeiras, nomeadamente no quadro da União Euro- 2 — As listas de candidatos devem conter a indicação
peia, desde que isso não implique delegação ou partilha de candidatos em número igual ao dos mandatos a
das suas competências reguladoras. preencher.
2 — A ERC deve manter mecanismos de articulação 3 — Até cinco dias antes da reunião marcada para
com as autoridades reguladoras da concorrência e das a eleição, os candidatos propostos serão sujeitos a audi-
comunicações e com o Instituto da Comunicação Social, ção parlamentar, a realizar perante a comissão com-
designadamente através da realização de reuniões perió- petente, para verificação dos requisitos necessários ao
dicas com os respectivos órgãos directivos. desempenho do cargo.
4 — Até dois dias antes da reunião marcada para a
eleição, o Presidente da Assembleia da República orga-
Artigo 12.o
niza a relação nominal dos candidatos, ordenada alfa-
Equiparação ao Estado beticamente, a qual é publicada no Diário da Assembleia
da República, podendo este prazo ser prorrogado no
No exercício das suas atribuições, a ERC assume os
caso de se verificarem alterações na lista após a audição
direitos e obrigações atribuídos ao Estado nas dispo-
pela comissão competente.
sições legais e regulamentares aplicáveis, designada-
5 — Os boletins de voto contêm todas as listas apre-
mente quanto:
sentadas, integrando cada uma delas os nomes de todos
a) À cobrança coerciva de taxas, rendimentos do os candidatos, por ordem alfabética.
serviço e outros créditos; 6 — Ao lado de cada lista de candidatura figura um
b) À protecção das suas instalações e do seu quadrado em branco destinado a ser assinalado com
pessoal; a escolha do eleitor.
c) À fiscalização do cumprimento das obrigações 7 — Cada deputado assinala com uma cruz o qua-
de serviço público no sector da comunicação drado correspondente à lista de candidatura em que
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vota, não podendo votar em mais de uma lista, sob pena durante um período de dois anos contados da data da
de inutilização do boletim de voto. sua cessação de funções.
8 — Consideram-se eleitos os candidatos que inte-
gram a lista que obtiver o voto de dois terços dos depu- Artigo 19.o
tados presentes, desde que superior à maioria absoluta
dos deputados em efectividade de funções. Duração do mandato
9 — A lista dos eleitos é publicada na 1.a série-A do Os membros do conselho regulador são nomeados
Diário da República, sob a forma de resolução da Assem- por um período de cinco anos, não renovável, conti-
bleia da República, nos cinco dias seguintes ao da eleição nuando os seus membros em exercício até à efectiva
da totalidade dos membros designados do conselho substituição ou à cessação de funções.
regulador.
Artigo 17.o Artigo 20.o
Cooptação Estatuto e deveres

1 — No prazo máximo de cinco dias contados da 1 — Os membros do conselho regulador estão sujeitos
publicação da respectiva lista na 1.a série-A do Diário ao estatuto dos membros de órgãos directivos dos ins-
da República, os membros designados reunirão, sob con- titutos públicos, em tudo o que não resultar dos pre-
vocação do membro mais velho, para procederem à sentes Estatutos.
cooptação do quinto membro do conselho regulador. 2 — É aplicável aos membros do conselho regulador
2 — Após discussão prévia, os membros designados o regime geral da segurança social, salvo quando per-
devem decidir por consenso o nome do membro tencerem aos quadros da função pública, caso em que
cooptado. lhes será aplicável o regime próprio do seu lugar de
3 — Caso não seja possível obter consenso, será coop- origem.
tada a pessoa que reunir o maior número de votos. 3 — Os membros do conselho regulador devem exer-
4 — A decisão de cooptação é publicada na 1.a série-A cer o cargo com isenção, rigor, independência e elevado
do Diário da República nos cinco dias seguintes à sua sentido de responsabilidade, não podendo emitir publi-
emissão. camente juízos de valor gravosos sobre o conteúdo das
deliberações aprovadas.
Artigo 18.o
Garantias de independência e incompatibilidades Artigo 21.o
1 — Os membros do conselho regulador são nomea- Tomada de posse
dos e cooptados de entre pessoas com reconhecida ido-
neidade, independência e competência técnica e pro- Os membros do conselho regulador tomam posse
fissional. perante o Presidente da Assembleia da República no
2 — Os membros do conselho regulador são inde- prazo máximo de cinco dias a contar da publicação da
pendentes no exercício das suas funções, não estando cooptação na 1.a série-A do Diário da República.
sujeitos a instruções ou orientações específicas.
3 — Sem prejuízo do disposto nas alíneas d), e) e Artigo 22.o
f) do n.o 1 do artigo 22.o, os membros do conselho regu- Cessação de funções
lador são inamovíveis.
4 — Não pode ser designado quem seja ou, nos últi- 1 — Os membros do conselho regulador cessam o
mos dois anos, tenha sido membro de órgãos executivos exercício das suas funções:
de empresas, de sindicatos, de confederações ou asso-
ciações empresariais do sector da comunicação social. a) Pelo decurso do prazo por que foram desig-
5 — Não pode ser designado quem seja ou de nos nados;
últimos dois anos, tenha sido membro do Governo, dos b) Por morte, por incapacidade permanente ou por
órgãos executivos das Regiões Autónomas ou das autar- incompatibilidade superveniente do titular;
quias locais. c) Por renúncia;
6 — Os membros do conselho regulador estão sujeitos d) Por faltas a três reuniões consecutivas ou nove
às incompatibilidades e impedimentos dos titulares de reuniões interpoladas, salvo justificação aceite
altos cargos públicos. pelo plenário do conselho regulador;
7 — Durante o seu mandato, os membros do conselho e) Por demissão decidida por resolução da Assem-
regulador não podem ainda: bleia da República, aprovada por dois terços
dos deputados presentes, desde que superior à
a) Ter interesses de natureza financeira ou par- maioria absoluta dos deputados em efectividade
ticipações nas entidades que prosseguem acti- de funções, em caso de grave violação dos seus
vidades de comunicação social; deveres estatutários, comprovadamente come-
b) Exercer qualquer outra função pública ou acti- tida no desempenho de funções ou no cumpri-
vidade profissional, excepto no que se refere mento de qualquer obrigação inerente ao cargo;
ao exercício de funções docentes no ensino f) Por dissolução do conselho regulador.
superior, em tempo parcial.
2 — Em caso de cessação individual de mandato, é
8 — Os membros do conselho regulador não podem escolhido um novo membro, que cumprirá um mandato
exercer qualquer cargo com funções executivas em integral de cinco anos, não renovável.
empresas, em sindicatos, em confederações ou em asso- 3 — O preenchimento da vaga ocorrida é assegurado,
ciações empresariais do sector da comunicação social consoante os casos, através de cooptação, de acordo
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com o processo previsto no artigo 17.o, ou de designação Aplicação das Coimas em Matéria Económica
por resolução da Assembleia da República adoptada e de Publicidade ou a quaisquer outras enti-
no prazo máximo de 10 dias, de acordo com o processo dades previstas no regime jurídico da publi-
previsto no artigo 16.o, ressalvadas as necessárias adap- cidade;
tações. c) Fiscalizar o cumprimento das leis, regulamentos
o e requisitos técnicos aplicáveis no âmbito das
Artigo 23. suas atribuições;
Dissolução do conselho regulador d) Pronunciar-se previamente sobre o objecto e as
condições dos concursos públicos para atribui-
1 — O conselho regulador só pode ser dissolvido por ção de títulos habilitadores do exercício da acti-
resolução da Assembleia da República, aprovada por vidade de rádio e de televisão;
dois terços dos deputados presentes, desde que superior e) Atribuir os títulos habilitadores do exercício da
à maioria absoluta dos deputados em efectividade de actividade de rádio e de televisão e decidir, fun-
funções, em caso de graves irregularidades no funcio- damentadamente, sobre os pedidos de alteração
namento do órgão. dos projectos aprovados, os pedidos de reno-
2 — Em caso de dissolução, a designação dos novos vação daqueles títulos ou, sendo o caso, sobre
membros do conselho regulador assume carácter de a necessidade de realização de novo concurso
urgência, devendo aqueles tomar posse no prazo máximo público;
de 30 dias a contar da data de aprovação da resolução
f) Aplicar as normas sancionatórias previstas na
de dissolução.
legislação sectorial específica, designadamente
Artigo 24.o a suspensão ou a revogação dos títulos habi-
Competências do conselho regulador
litadores do exercício da actividade de rádio e
de televisão e outras sanções previstas nas Leis
1 — Compete ao conselho regulador eleger, de entre n.os 4/2001, de 23 de Fevereiro, e 32/2003, de
os seus membros, o presidente e o vice-presidente, em 22 de Agosto;
reunião a ter lugar no prazo de cinco dias a contar g) Proceder aos registos previstos na lei, podendo
da publicação na 1.a série-A do Diário da República da para o efeito realizar auditorias para fiscalização
cooptação prevista no artigo 17.o e controlo dos elementos fornecidos;
2 — Compete ao conselho regulador no exercício das h) Organizar e manter bases de dados que per-
suas funções de definição e condução de actividades mitam avaliar o cumprimento da lei pelas enti-
da ERC: dades e serviços sujeitos à sua supervisão;
a) Definir a orientação geral da ERC e acompa- i) Verificar o cumprimento, por parte dos ope-
nhar a sua execução; radores de rádio e de televisão, dos fins gené-
b) Aprovar os planos de actividades e o orçamento, ricos e específicos das respectivas actividades,
bem como os respectivos relatórios de activi- bem como das obrigações fixadas nas respectivas
dades e contas; licenças ou autorizações, sem prejuízo das com-
c) Aprovar regulamentos, directivas e decisões, petências cometidas por lei ao ICP-ANACOM;
bem como as demais deliberações que lhe são j) Apreciar e decidir sobre queixas relativas aos
atribuídas pela lei e pelos presentes Estatutos; direitos de resposta, de antena e de réplica
d) Elaborar anualmente um relatório sobre a situa- política;
ção das actividades de comunicação social e l) Emitir parecer prévio e vinculativo sobre a
sobre a sua actividade de regulação e supervisão nomeação e destituição dos directores e direc-
e proceder à sua divulgação pública; tores-adjuntos de órgãos de meios de comuni-
e) Aprovar o regulamento de organização e fun- cação social pertencentes ao Estado e a outras
cionamento dos serviços que integram a ERC entidades públicas que tenham a seu cargo as
e o respectivo quadro de pessoal; áreas da programação e da informação;
f) Constituir mandatários e designar representan- m) Emitir parecer prévio e não vinculativo sobre
tes da ERC junto de outras entidades; os contratos de concessão de serviço público
g) Decidir sobre a criação ou encerramento de de rádio e de televisão, bem como sobre as res-
delegações ou de agências da ERC; pectivas alterações;
h) Praticar todos os demais actos necessários à rea- n) Promover a realização e a posterior publicação
lização das atribuições da ERC em relação às integral de auditorias anuais às empresas con-
quais não seja competente outro órgão. cessionárias dos serviços públicos de rádio e de
televisão e verificar a boa execução dos con-
3 — Compete, designadamente, ao conselho regula- tratos de concessão;
dor no exercício de funções de regulação e supervisão: o) Participar, em articulação com a Autoridade da
a) Fazer respeitar os princípios e limites legais aos Concorrência, na determinação dos mercados
conteúdos difundidos pelas entidades que pros- economicamente relevantes no sector da comu-
seguem actividades de comunicação social, nicação social;
designadamente em matéria de rigor informa- p) Pronunciar-se, nos termos da lei, sobre as aqui-
tivo e de protecção dos direitos, liberdades e sições de propriedade ou práticas de concer-
garantias pessoais; tação das entidades que prosseguem actividades
b) Fazer respeitar os princípios e limites legais aos de comunicação social;
conteúdos publicitários, nas matérias cuja com- q) Proceder à identificação dos poderes de influên-
petência não se encontre legalmente conferida cia sobre a opinião pública, na perspectiva da
ao Instituto do Consumidor e à Comissão de defesa do pluralismo e da diversidade, podendo
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adoptar as medidas necessárias à sua salva- Artigo 25.o


guarda; Competência consultiva
r) Definir os parâmetros para o acesso e ordenação
dos guias electrónicos de programas de rádio 1 — A ERC pronuncia-se sobre todas as iniciativas
ou de televisão; legislativas relativas à sua esfera de atribuições, que lhe
s) Especificar os serviços de programas de rádio são obrigatoriamente submetidas pela Assembleia da
e de televisão que devem ser objecto de obri- República ou pelo Governo, e pode, por sua iniciativa,
gações de transporte por parte de empresas que sugerir ou propor medidas de natureza política ou legis-
ofereçam redes de comunicações electrónicas, lativa nas matérias atinentes às suas atribuições.
nos termos do n.o 1 do artigo 43.o da Lei 2 — Presume-se que o parecer é favorável, quando
n.o 5/2004, de 10 de Fevereiro, bem como os não seja proferido no prazo máximo de 10 dias contados
que constituem objecto de obrigações de da data de recepção do pedido.
entrega, sem prejuízo das competências neste
caso detidas pela Autoridade da Concorrência Artigo 26.o
e pelo ICP-ANACOM;
t) Arbitrar e resolver os litígios que surjam no Presidente do conselho regulador
âmbito das actividades de comunicação social, 1 — Compete ao presidente do conselho regulador:
nos termos definidos pela lei, incluindo os con-
flitos de interesses relacionados com a cobertura a) Convocar e presidir ao conselho regulador e
e transmissão de acontecimentos qualificados dirigir as suas reuniões;
como de interesse generalizado do público que b) Coordenar a actividade do conselho regulador;
sejam objecto de direitos exclusivos e as situa- c) Convocar e presidir a direcção executiva e dirigir
ções de desacordo sobre o direito de acesso a as suas reuniões;
locais públicos; d) Coordenar a actividade da direcção executiva,
u) Verificar e promover a conformidade dos esta- assegurando a direcção dos respectivos serviços
tutos editoriais dos órgãos de comunicação e a respectiva gestão financeira;
social, bem como das pessoas singulares ou e) Determinar as áreas de intervenção preferencial
colectivas mencionadas nas alíneas d) e e) do dos restantes membros;
artigo 6.o dos presentes Estatutos, com as cor- f) Representar a ERC em juízo ou fora dele;
respondentes exigências legais; g) Assegurar as relações da ERC com a Assem-
v) Apreciar, a pedido do interessado, a ocorrência bleia da República, o Governo e demais auto-
de alteração profunda na linha de orientação ridades.
ou na natureza dos órgãos de comunicação
social, quando invocada a cláusula de consciên- 2 — O presidente do conselho regulador é substituído
cia dos jornalistas; pelo vice-presidente ou, na ausência ou impedimento
x) Fiscalizar a isenção e imparcialidade das cam- deste, pelo vogal mais idoso.
panhas publicitárias empreendidas pelo Estado, 3 — Por razões de urgência devidamente fundamen-
pelas Regiões Autónomas ou pelas autarquias tadas, o presidente do conselho regulador ou quem o
locais, incluindo o poder de decretar a suspen- substituir nas suas ausências e impedimentos, pode pra-
são provisória da sua difusão, até decisão da ticar quaisquer actos da competência do conselho regu-
autoridade judicial competente; lador, os quais deverão, no entanto, ser sujeitos a rati-
z) Zelar pelo rigor e isenção das sondagens e ficação na primeira reunião ordinária seguinte do
inquéritos de opinião; conselho.
aa) Proceder à classificação dos órgãos de comu- Artigo 27.o
nicação social nos termos da legislação aplicável;
ab) Assegurar a realização de estudos e outras ini- Delegação de poderes
ciativas de investigação e divulgação nas áreas
1 — O conselho regulador pode delegar os seus pode-
da comunicação social e dos conteúdos, no
res em qualquer dos seus membros ou em funcionários
âmbito da promoção do livre exercício da liber-
e agentes da ERC, estabelecendo em cada caso os res-
dade de expressão e de imprensa e da utilização
pectivos limites e condições.
crítica dos meios de comunicação social;
2 — O presidente do conselho regulador pode delegar
ac) Conduzir o processamento das contra-ordena-
ções cometidas através de meio de comunicação o exercício de partes da sua competência em qualquer
social, cuja competência lhe seja atribuída pelos dos restantes membros do conselho.
presentes Estatutos ou por qualquer outro 3 — As deliberações que envolvam delegação de
diploma legal, bem como aplicar as respectivas poderes devem ser objecto de publicação na 2.a série
coimas e sanções acessórias; do Diário da República, mas produzem efeitos a contar
ad) Participar e intervir nas iniciativas que envolvam da data de adopção da respectiva deliberação.
os organismos internacionais congéneres;
ae) Restringir a circulação de serviços da sociedade Artigo 28.o
da informação que contenham conteúdos sub- Funcionamento
metidos a tratamento editorial e que lesem ou
ameacem gravemente qualquer dos valores pre- 1 — O conselho regulador reúne ordinariamente uma
vistos no n.o 1 do artigo 7.o do Decreto-Lei vez por semana e extraordinariamente quando for con-
n.o 7/2004, de 7 de Janeiro, sem prejuízo da vocado pelo seu presidente, por iniciativa sua ou a soli-
competência do ICP-ANACOM em matéria de citação de dois dos restantes membros.
comunicações electrónicas de natureza privada, 2 — O conselho regulador pode designar um funcio-
comercial ou publicitária. nário para o assessorar, competindo-lhe, entre outras
6402 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 214 — 8 de Novembro de 2005

tarefas, promover as respectivas convocatórias e elabo- Artigo 33.o


rar as actas das reuniões. Composição
3 — O conselho regulador pode decidir, em cada caso
concreto, que as suas reuniões sejam públicas, bem como 1 — A direcção executiva é composta, por inerência
convidar eventuais interessados a comparecerem nas das respectivas funções, pelo presidente e vice-presi-
referidas reuniões. dente do conselho regulador e pelo director executivo.
4 — As deliberações que afectem interessados são 2 — O director executivo exerce funções delegadas
tornadas públicas, sob a forma de resumo, imediata- pela direcção executiva, sendo contratado mediante deli-
mente após o termo da reunião, sem prejuízo da neces- beração do conselho regulador.
sidade de publicação ou de notificação quando legal-
mente exigidas.
SECÇÃO III
Artigo 29.o
Quórum
Fiscal único

1 — O conselho regulador só pode reunir e deliberar Artigo 34.o


com a presença de três dos seus membros. Função
2 — As deliberações são tomadas por maioria, exi-
gindo-se em qualquer caso o voto favorável de três O fiscal único é o órgão responsável pelo controlo
membros. da legalidade e eficiência da gestão financeira e patri-
3 — Requerem a presença da totalidade dos membros monial da ERC e de consulta do conselho regulador
em efectividade de funções: nesse domínio.
a) A eleição do presidente e do vice-presidente; Artigo 35.o
b) A aprovação de regulamentos vinculativos; Estatuto
c) A atribuição de títulos habilitadores para o exer-
cício da actividade de televisão; 1 — O fiscal único é um revisor oficial de contas,
d) A aprovação de regulamentos internos relativos designado pela Assembleia da República, por resolução,
à organização e funcionamento da ERC; aplicando-se subsidiariamente o processo previsto no
e) A criação de departamentos ou serviços; artigo 16.o dos presentes Estatutos.
f) A aprovação dos planos de actividades e do 2 — O fiscal único toma posse nos termos previstos
orçamento, bem como dos respectivos relatórios no artigo 21.o dos presentes Estatutos.
de actividades e contas.
Artigo 36.o
Artigo 30.o
Competência
Vinculação da ERC
Compete, designadamente, ao fiscal único:
1 — A ERC obriga-se pela assinatura:
a) Acompanhar e controlar a gestão financeira e
a) Do presidente do conselho regulador ou de patrimonial da ERC;
outros dois membros, se outra forma não for b) Examinar periodicamente a situação financeira
deliberada pelo mesmo conselho; e económica da ERC e verificar o cumprimento
b) De quem estiver habilitado para o efeito, nos das normas reguladoras da sua actividade;
termos e âmbito do respectivo mandato. c) Emitir parecer prévio no prazo máximo de
10 dias sobre a aquisição, oneração, arrenda-
2 — Os actos de mero expediente podem ser assi- mento e alienação de bens imóveis;
nados por qualquer membro do conselho regulador ou d) Emitir parecer sobre o orçamento e o relatório
por trabalhadores ou colaboradores da ERC a quem e contas da ERC;
tal poder tenha sido expressamente conferido. e) Emitir parecer sobre qualquer assunto que lhe
seja submetido pelos órgãos da ERC;
Artigo 31.o f) Participar às entidades competentes as irregu-
Representação externa e judiciária
laridades que detecte.

1 — O presidente do conselho regulador assegura a Artigo 37.o


representação externa da ERC, sem prejuízo da facul- Duração do mandato
dade de delegação de competências.
2 — A representação judiciária da ERC pode ser con- O fiscal único é nomeado por um período de cinco
ferida a advogado, por deliberação do conselho regu- anos, não renovável, permanecendo em exercício até
lador. à efectiva substituição ou à cessação de funções.
SECÇÃO II
SECÇÃO IV
Direcção executiva
Conselho consultivo
Artigo 32.o
Função
Artigo 38.o
Função
A direcção executiva é o órgão responsável pela direc-
ção dos serviços e pela gestão administrativa e financeira O conselho consultivo é o órgão de consulta e de
da ERC. participação na definição das linhas gerais de actuação
N.o 214 — 8 de Novembro de 2005 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6403

da ERC, contribuindo para a articulação com as enti- ERC ou sobre quaisquer outros assuntos que o conselho
dades públicas e privadas representativas de interesses regulador decida submeter à sua apreciação.
relevantes no âmbito da comunicação social e de sec- 2 — O conselho consultivo emite o respectivo parecer
tores com ela conexos. no prazo de 30 dias a contar da solicitação ou, em caso
de urgência, no prazo fixado pelo conselho regulador.
Artigo 39.o
Composição e designação
Artigo 41.o
1 — O conselho consultivo é composto por: Funcionamento
a) Um representante da Autoridade da Concor-
rência; 1 — O conselho consultivo reúne ordinariamente, por
b) Um representante do Instituto da Comunicação convocação do seu presidente, duas vezes por ano e
Social; extraordinariamente por iniciativa do seu presidente ou
c) Um representante do ICP-ANACOM; a pedido de um terço dos seus membros.
d) Um representante do Instituto do Consumidor; 2 — O conselho consultivo considera-se em funções,
e) Um representante do Instituto do Cinema, para todos os efeitos previstos nesta lei, desde que se
Audiovisual e Multimédia; encontre designada metade dos seus membros.
f) Um representante do CRUP — Conselho de 3 — O quórum de funcionamento e de deliberação
Reitores das Universidades Portuguesas; é de metade dos seus membros em efectividade de
g) Um representante do Conselho Coordenador funções.
dos Institutos Superiores Politécnicos; 4 — O envio de qualquer convocatória ou documen-
h) Um representante do CENJOR — Centro Pro- tos de trabalho é assegurado, com carácter obrigatório
tocolar de Formação Profissional para Jorna- e exclusivo, através de correio electrónico.
listas;
i) Um representante da associação sindical de jor-
nalistas com maior número de filiados; CAPÍTULO III
j) Um representante da confederação de meios Dos serviços e assessorias especializadas
de comunicação social com maior número de
filiados;
l) Um representante da associação de consumi- Artigo 42.o
dores do sector da comunicação social com Serviços
maior número de filiados;
m) Um representante da associação de agências de A ERC dispõe de serviços de apoio administrativo
publicidade com maior número de filiados; e técnico, criados pelo conselho regulador em função
n) Um representante da associação de anunciantes do respectivo plano de actividades e na medida do seu
com maior número de filiados; cabimento orçamental.
o) Um representante do ICAP — Instituto Civil da
Autodisciplina da Publicidade;
p) Um representante da APCT — Associação Por- Artigo 43.o
tuguesa para o Controlo de Tiragem e Cir- Regime do pessoal
culação;
q) Um representante da CAEM — Comissão de 1 — O pessoal da ERC está sujeito ao regime jurídico
Análise e Estudos de Meios. do contrato individual de trabalho e está abrangido pelo
regime geral da segurança social.
2 — Os representantes indicados no número anterior 2 — A ERC dispõe de um quadro de pessoal próprio
e os respectivos suplentes são designados pelos órgãos estabelecido em regulamento interno.
competentes das entidades representadas, por um 3 — A ERC pode ser parte em instrumentos de regu-
período de três anos, podendo ser substituídos a qual- lamentação colectiva de trabalho.
quer tempo. 4 — O recrutamento de pessoal será precedido de
3 — O nome e a identificação dos representantes e anúncio público, obrigatoriamente publicado em dois
dos respectivos suplentes são comunicados ao presidente jornais de grande circulação nacional, e será efectuado
do conselho consultivo nos 30 dias anteriores ao termo segundo critérios objectivos de selecção, a estabelecer
do mandato ou nos 30 dias subsequentes à vacatura. em regulamento aprovado pelo conselho regulador da
4 — O presidente do conselho regulador preside ao ERC.
conselho consultivo, com direito a intervir, mas sem 5 — As condições de prestação e de disciplina do tra-
direito a voto. balho são definidas em regulamento aprovado pelo con-
5 — A participação nas reuniões do conselho con- selho regulador da ERC, com observância das dispo-
sultivo não confere direito a qualquer retribuição directa sições legais imperativas do regime do contrato indi-
ou indirecta, designadamente ao pagamento de senhas vidual de trabalho.
de presença, de despesas de viagem ou de quaisquer
outras ajudas de custo. Artigo 44.o
Incompatibilidades
Artigo 40.o
Competências O pessoal da ERC não pode prestar trabalho ou
outros serviços, remunerados ou não, a empresas sujeitas
1 — Compete ao conselho consultivo emitir pareceres à sua supervisão ou outras cuja actividade colida com
não vinculativos sobre as linhas gerais de actuação da as atribuições e competências da ERC.
6404 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 214 — 8 de Novembro de 2005

Artigo 45.o CAPÍTULO IV


Funções de fiscalização Gestão financeira e patrimonial
1 — Os funcionários e agentes da ERC, os respectivos
mandatários, bem como as pessoas ou entidades qua- Artigo 48.o
lificadas devidamente credenciadas que desempenhem Regras gerais
funções de fiscalização, quando se encontrem no exer-
cício das suas funções e apresentem título comprovativo 1 — A actividade patrimonial e financeira da ERC
dessa qualidade, são equiparados a agentes de auto- rege-se pelo disposto nos presentes Estatutos e, sub-
ridade e gozam, nomeadamente, das seguintes prer- sidiariamente, pelo regime jurídico aplicável aos insti-
rogativas: tutos públicos.
2 — A gestão patrimonial e financeira da ERC,
a) Aceder às instalações, equipamentos e serviços incluindo a prática de actos de gestão privada, está
das entidades sujeitas à supervisão e regulação sujeita ao regime da contabilidade pública, rege-se
da ERC; segundo princípios de transparência e economicidade
b) Requisitar documentos para análise e requerer e assegura o cumprimento das regras do direito comu-
informações escritas; nitário e internacional sobre mercados públicos.
c) Identificar todos os indivíduos que infrinjam a 3 — A ERC deve adoptar procedimentos contratuais
legislação e regulamentação, cuja observância regidos pelos requisitos da publicidade, da concorrência
devem respeitar, para posterior abertura de e da não discriminação, bem como da qualidade e efi-
procedimento; ciência económica.
d) Reclamar a colaboração das autoridades com- 4 — As receitas e despesas da ERC constam de orça-
petentes quando o julguem necessário ao mento anual, cuja dotação é inscrita em capítulo próprio
desempenho das suas funções. dos encargos gerais do Estado.
5 — As receitas e despesas da ERC constam de orça-
2 — Aos trabalhadores da ERC, respectivos manda- mento anual, constituindo receita proveniente do Orça-
tários, bem como pessoas ou entidades qualificadas devi- mento do Estado aquela que constar do orçamento da
damente credenciadas que desempenhem as funções a Assembleia da República, em rubrica autónoma discri-
que se refere o número anterior são atribuídos cartões minada nos mapas de receitas e de despesas globais
de identificação, cujo modelo e condições de emissão dos serviços e fundos autónomos, por classificação
constam de portaria do membro do Governo responsável orgânica.
pela comunicação social.
Artigo 49.o
Património
Artigo 46.o
1 — À data da sua criação o património da ERC é
Mobilidade
constituído pela universalidade de bens, direitos e garan-
1 — Os funcionários da administração directa ou indi- tias pertencentes à Alta Autoridade para a Comunicação
recta do Estado, das Regiões Autónomas e das autar- Social.
quias locais, bem como os trabalhadores ou adminis- 2 — O património da ERC é ainda constituído pela
tradores de empresas públicas ou privadas, podem ser universalidade dos bens, direitos e garantias que lhe
destacados ou requisitados para desempenhar funções sejam atribuídos por lei, bem como pelos adquiridos
na ERC, com garantia do seu lugar de origem e dos após a sua criação, para prosseguimento no desempenho
direitos nele adquiridos, considerando-se o período de das suas atribuições.
desempenho de funções como tempo de serviço prestado Artigo 50.o
no local de que provenham, suportando a ERC as des-
pesas inerentes. Receitas
2 — Os trabalhadores da ERC podem desempenhar Constituem receitas da ERC:
funções noutras entidades, sem prejuízo do disposto no
artigo 44.o, em regime de destacamento, requisição ou a) As verbas provenientes do Orçamento do Estado;
outros, nos termos da lei, com garantia do seu lugar b) As taxas e outras receitas a cobrar junto das
de origem e dos direitos nele adquiridos, consideran- entidades que prosseguem actividades no
do-se tal período como tempo de serviço efectivamente âmbito da comunicação social, a que se refere
prestado na ERC. o artigo 6.o;
c) As taxas e outras receitas cobradas no âmbito
Artigo 47.o da atribuição de títulos habilitadores aos ope-
Assessorias especializadas
radores de rádio e de televisão;
d) O produto das coimas por si aplicadas e o pro-
1 — Desde que assegurado o respectivo cabimento duto das custas processuais cobradas em pro-
orçamental, o conselho regulador pode encarregar pes- cessos contra-ordenacionais;
soas individuais ou colectivas da realização de estudos e) O produto das sanções pecuniárias compulsórias
ou de pareceres técnicos relativos a matérias abrangidas por si aplicadas pelo incumprimento de decisões
pelas atribuições previstas nestes Estatutos, em regime individualizadas;
de mera prestação de serviços. f) O produto da aplicação de multas previstas em
2 — Os estudos e pareceres técnicos elaborados pelas contratos celebrados com entidades públicas ou
pessoas identificadas no número anterior não vinculam privadas;
a ERC, salvo ratificação expressa dos mesmos pelo con- g) Quaisquer outras receitas, rendimentos ou valo-
selho regulador. res que provenham da sua actividade ou que
N.o 214 — 8 de Novembro de 2005 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6405

por lei ou contrato lhe venham a pertencer ou 3 — As diligências previstas no número anterior res-
a ser atribuídos, bem como quaisquer subsídios peitam o princípio da proporcionalidade, o sigilo pro-
ou outras formas de apoio financeiro; fissional e o sigilo comercial.
h) O produto da alienação de bens próprios e da 4 — Em caso de suspeita sobre a ausência de fun-
constituição de direitos sobre eles; damento da invocação de sigilo comercial, a ERC tem
i) Os juros decorrentes de aplicações financeiras; de solicitar ao tribunal judicial competente que autorize
j) O saldo de gerência do ano anterior. o prosseguimento das diligências pretendidas.
5 — As entidades que prosseguem actividades de
Artigo 51.o comunicação social devem prestar à ERC toda a cola-
boração necessária ao desempenho das suas funções,
Taxas
devendo fornecer as informações e os documentos soli-
1 — Os critérios da incidência, os requisitos de isen- citados, no prazo máximo de 30 dias, sem prejuízo da
ção e o valor das taxas devidas como contrapartida dos salvaguarda do sigilo profissional e do sigilo comercial.
actos praticados pela ERC são definidos por decreto-lei, 6 — O dever de colaboração pode compreender a
a publicar no prazo de 60 dias a contar da entrada em comparência de administradores, directores e demais
vigor da presente lei. responsáveis perante o conselho regulador ou quaisquer
2 — As taxas referidas no número anterior devem ser serviços da ERC.
fixadas de forma objectiva, transparente e proporcio- 7 — A ERC pode proceder à divulgação das infor-
nada. mações obtidas, sempre que isso seja relevante para a
3 — De acordo com os critérios fixados pelo presente regulação do sector, desde que esta se revele propor-
artigo, a regulamentação da incidência e do valor das cionada face aos direitos eventualmente detidos pelos
taxas devidas como contrapartida dos actos praticados operadores.
pela ERC é definida por portaria conjunta do Ministro 8 — A ERC pode divulgar a identidade dos opera-
das Finanças e do membro do Governo responsável pela dores sujeitos a processos de investigação, bem como
comunicação social. a matéria a investigar.
4 — As taxas devidas como contrapartida dos actos
praticados pela ERC serão suportadas pelas entidades Artigo 54.o
que prosseguem actividades de comunicação social, Sigilo
independentemente do meio de difusão utilizado, na
proporção dos custos necessários à regulação das suas 1 — Os titulares dos órgãos da ERC, os respectivos
actividades. mandatários, as pessoas ou entidades devidamente cre-
5 — As taxas devidas como contrapartida dos actos denciadas, bem como os seus trabalhadores e outras
praticados pela ERC são liquidadas semestralmente, em pessoas ao seu serviço, independentemente da natureza
Janeiro e Julho, com excepção daquelas que sejam infe- do respectivo vínculo, estão obrigados a guardar sigilo
riores ao salário mínimo nacional, as quais são liquidadas de factos cujo conhecimento lhes advenha exclusiva-
anualmente em Janeiro. mente pelo exercício das suas funções, sem prejuízo do
disposto nos n.os 7 e 8 do artigo 53.o
2 — A violação do dever de segredo profissional pre-
Artigo 52.o visto no número anterior é, para além da inerente res-
Despesas ponsabilidade disciplinar e civil, punível nos termos do
Código Penal.
Constituem despesas da ERC as que, realizadas no
âmbito do exercício das atribuições e competências que SECÇÃO II
lhe estão cometidas, respeitem a encargos decorrentes
da sua actividade e a aquisição de bens de imobilizado. Procedimentos de queixa

Artigo 55.o
CAPÍTULO V
Prazo de apresentação
Dos procedimentos de regulação e supervisão
Qualquer interessado pode apresentar queixa relativa
SECÇÃO I a comportamento susceptível de configurar violação de
direitos, liberdades e garantias ou de quaisquer normas
Disposições gerais legais ou regulamentares aplicáveis às actividades de
comunicação social desde que o faça no prazo máximo
Artigo 53.o de 30 dias a contar do conhecimento dos factos e desde
Exercício da supervisão
que tal conhecimento não ocorra passados mais de
120 dias da ocorrência da alegada violação.
1 — A ERC pode proceder a averiguações e exames
em qualquer entidade ou local, no quadro da prosse-
cução das atribuições que lhe estão cometidas, cabendo Artigo 56.o
aos operadores de comunicação social alvo de supervisão Direito de defesa
facultar o acesso a todos os meios necessários para o
efeito. 1 — O denunciado é notificado, no prazo máximo de
2 — Para efeitos do número anterior, a ERC pode cinco dias, sobre o conteúdo da queixa apresentada.
credenciar pessoas ou entidades especialmente quali- 2 — O denunciado tem o direito a apresentar opo-
ficadas e habilitadas, integrantes de uma listagem a sição no prazo de 10 dias a contar da notificação da
publicar anualmente. queixa.
6406 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 214 — 8 de Novembro de 2005

Artigo 57.o no n.o 1 do presente artigo ou, caso seja apresentada


Audiência de conciliação
queixa, até ao proferimento de decisão pelo conselho
regulador.
1 — Sempre que o denunciado apresente oposição, Artigo 60.o
a ERC procede obrigatoriamente a uma audiência de
conciliação entre o queixoso e o denunciado no prazo Garantia de cumprimento
máximo de 10 dias a contar da apresentação da oposição. 1 — A decisão que ordene a publicação ou transmis-
2 — A falta de comparência do queixoso, do denun- são de resposta ou de rectificação, de direito de antena
ciado ou de qualquer dos respectivos mandatários com ou de réplica política deve ser cumprida no prazo fixado
poderes especiais não implica a repetição da audiência pela própria decisão ou, na sua ausência, no prazo de
de conciliação. quarenta e oito horas a contar da sua notificação, salvo
3 — A audiência de conciliação é presidida por um quando a decisão se reporte a publicação não diária,
membro do conselho regulador ou por qualquer licen- cujo cumprimento ocorrerá na primeira edição ultimada
ciado em Direito para tal designado pelo conselho após a respectiva notificação.
regulador. 2 — Os membros dos órgãos executivos das entidades
4 — Em caso de sucesso da conciliação, os termos que prosseguem actividades de comunicação social bem
do acordo são reduzidos a escrito e assinados pelo quei- como os directores de publicações e directores de pro-
xoso e pelo denunciado, que podem ser substituídos gramação e informação dos operadores de rádio e de
pelos respectivos mandatários com poderes especiais televisão são pessoalmente responsáveis pelo cumpri-
para o acto. mento da decisão proferida.
5 — A audiência de conciliação apenas é obrigatória
nos procedimentos previstos na presente secção, não
sendo aplicável, designadamente, aos procedimentos de SECÇÃO IV
direito de resposta, de antena e de réplica política. Nomeação e destituição de directores

Artigo 58.o Artigo 61.o


Dever de decisão Procedimento

1 — O conselho regulador profere uma decisão fun- 1 — Os pareceres referidos na alínea l) do n.o 3 do
damentada, ainda que por mera reprodução da proposta artigo 24.o devem ser emitidos no prazo de 10 dias a
de decisão apresentada pelos serviços competentes, no contar da data de entrada da respectiva solicitação.
prazo máximo de 30 dias a contar da entrega da oposição 2 — Presumem-se favoráveis os pareceres que não
ou, na sua falta, do último dia do respectivo prazo. sejam emitidos dentro do prazo fixado no número ante-
2 — A falta de apresentação de oposição implica a rior, salvo se as diligências instrutórias por eles exigidas
confissão dos factos alegados pelo queixoso, com con- impuserem a sua dilação.
sequente proferimento de decisão sumária pelo conselho 3 — O conselho regulador não pode pronunciar-se
regulador, sem prévia realização de audiência de con- em prazo superior a 20 dias.
ciliação.
3 — A decisão do conselho regulador pode ser pro- SECÇÃO V
ferida por remissão para o acordo obtido em audiência
de conciliação, sob condição de cumprimento integral Outros procedimentos
dos termos acordados.
Artigo 62.o
SECÇÃO III Regulamentos

Direito de resposta, de antena e de réplica política 1 — Os regulamentos da ERC devem observar os


princípios da legalidade, da necessidade, da clareza, da
Artigo 59.o participação e da publicidade.
2 — A ERC deve, através da publicação no seu sítio
Direito de resposta e de rectificação electrónico, divulgar previamente à sua aprovação ou
1 — Em caso de denegação ou de cumprimento defi- alteração quaisquer projectos de regulamentos, dis-
ciente do exercício do direito de resposta ou de rec- pondo os interessados de um prazo de 30 dias para
tificação por qualquer entidade que prossiga actividades emissão de parecer não vinculativo.
de comunicação social, o interessado pode recorrer para 3 — O relatório preambular dos regulamentos fun-
o conselho regulador no prazo de 30 dias a contar da damenta as decisões tomadas, com necessária referência
data da recusa da expiração do prazo legal para satis- às críticas ou sugestões que tenham sido feitas ao
fação do direito. projecto.
2 — O conselho regulador pode solicitar às partes 4 — O processo de consulta descrito nos números
interessadas todos os elementos necessários ao conhe- anteriores não se aplica aos regulamentos destinados
cimento do recurso, os quais lhe devem ser remetidos a regular exclusivamente a organização e o funciona-
no prazo de três dias a contar da data da recepção mento interno dos serviços da ERC.
do pedido.
3 — As entidades que prosseguem actividades de Artigo 63.o
comunicação social que recusarem o direito de resposta Directivas e recomendações
ou o direito de réplica política ficam obrigadas a pre-
servar os registos dos materiais que estiveram na origem 1 — O conselho regulador, oficiosamente ou a reque-
do respectivo pedido até ao termo do prazo previsto rimento de um interessado, pode adoptar directivas
N.o 214 — 8 de Novembro de 2005 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6407

genéricas destinadas a incentivar padrões de boas prá- 6 — Os regulamentos, as directivas, as recomenda-


ticas no sector da comunicação social. ções e as decisões da ERC são obrigatoriamente divul-
2 — O conselho regulador, oficiosamente ou gados no seu sítio electrónico.
mediante requerimento de um interessado, pode dirigir
recomendações concretas a um meio de comunicação
social individualizado. CAPÍTULO VI
3 — As directivas e as recomendações não têm carác- Da responsabilidade
ter vinculativo.
SECÇÃO I
Artigo 64.o
Dos crimes
Decisões

1 — O conselho regulador, oficiosamente ou Artigo 66.o


mediante queixa de um interessado, pode adoptar deci- Desobediência qualificada
sões em relação a uma entidade individualizada que
prossiga actividades de comunicação social. 1 — Constitui crime de desobediência qualificada a
2 — As decisões têm carácter vinculativo e são noti- recusa de acatamento ou o cumprimento deficiente, com
ficadas aos respectivos destinatários, entrando em vigor o intuito de impedir os efeitos por ela visados, de:
no prazo por elas fixado ou, na sua ausência, no prazo a) Decisão que ordene a publicação ou transmissão
de cinco dias após a sua notificação. de resposta, de rectificação, de direito de antena
3 — Os membros dos órgãos executivos das entidades ou de réplica política, no prazo fixado pela pró-
que prosseguem actividades de comunicação social bem pria decisão ou, na sua ausência, no prazo de
como os directores de publicações e directores de pro- quarenta e oito horas a contar da sua notifi-
gramação e informação dos operadores de rádio e de cação, salvo quando a decisão se reporte a publi-
televisão serão pessoalmente responsáveis pelo cumpri- cação não diária, cujo cumprimento ocorrerá
mento da decisão proferida. na primeira edição ultimada após a respectiva
notificação;
b) Decisão que imponha o cumprimento das obri-
Artigo 65.o
gações inerentes ao licenciamento e autorização
Publicidade do acesso às actividades de comunicação social,
sejam estas decorrentes da lei, de regulamento
1 — Os regulamentos da ERC que contêm normas ou de contrato administrativo;
de eficácia externa são publicados na 2.a série do Diário c) Decisão que imponha a rectificação de sonda-
da República, sem prejuízo da sua publicitação por gem ou de inquérito de opinião, nos termos do
outros meios considerados mais adequados à situação. artigo 14.o da Lei n.o 10/2000, de 21 de Junho.
2 — As recomendações e decisões da ERC são obri-
gatória e gratuitamente divulgadas nos órgãos de comu- 2 — A desobediência qualificada é punida nos termos
nicação social a que digam respeito, com expressa iden- do n.o 2 do artigo 348.o do Código Penal.
tificação da sua origem, não podendo exceder:
a) 500 palavras para a informação escrita;
SECÇÃO II
b) 300 palavras para a informação sonora e tele-
visiva. Dos ilícitos de mera ordenação social

3 — As recomendações e decisões da ERC são Artigo 67.o


divulgadas:
Procedimentos sancionatórios
a) Na imprensa escrita, incluindo o seu suporte
electrónico, numa das cinco primeiras páginas 1 — Compete à ERC processar e punir a prática das
dos jornais a que se reportem, se a própria reco- contra-ordenações previstas nos presentes Estatutos,
mendação não dispuser diferentemente, em bem como aquelas que lhe forem atribuídas por qual-
corpo de fácil leitura e normalmente utilizado quer outro diploma, em matéria de comunicação social.
para textos de informação; 2 — Os procedimentos sancionatórios regem-se pelo
b) Na rádio e na televisão, no serviço noticioso disposto no regime do ilícito de mera ordenação social
de maior audiência do operador, sendo, na tele- e, subsidiariamente, pelo disposto no Código de Pro-
visão, o respectivo texto simultaneamente exi- cesso Penal.
bido e lido; 3 — Incumbe ainda à ERC participar às autoridades
c) Nos serviços editoriais disponibilizados através competentes a prática de ilícitos penais de que tome
de redes de comunicações electrónicas, em local conhecimento no desempenho das suas funções.
que lhes assegure a necessária visibilidade.
Artigo 68.o
4 — Na imprensa diária, na rádio, na televisão e nos Recusa de colaboração
serviços referidos na alínea c) do número anterior, as
recomendações e decisões da ERC são divulgadas nas Constitui contra-ordenação, punível com coima de
quarenta e oito horas seguintes à sua recepção. E 5000 a E 25 000, quando cometida por pessoa singular,
5 — Na imprensa não diária, as recomendações e e de E 50 000 a E 250 000, quando cometida por pessoa
decisões da ERC são divulgadas na primeira edição ulti- colectiva, a inobservância do disposto nos n.os 5 e 6
mada após a respectiva notificação. do artigo 53.o dos presentes Estatutos.
6408 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 214 — 8 de Novembro de 2005

Artigo 69.o CAPÍTULO VII


Recusa de acesso para averiguações e exames Acompanhamento parlamentar e controlo judicial

Constitui contra-ordenação, punível com coima de Artigo 73.o


E 5000 a E 25 000, quando cometida por pessoa singular, Relatório à Assembleia da República e audições parlamentares
e de E 50 000 a E 250 000, quando cometida por pessoa
colectiva, a recusa de acesso a entidade ou local para 1 — A ERC deve manter a Assembleia da República
realização de averiguações e exames, nos termos pre- informada sobre as suas deliberações e actividades,
vistos no n.o 1 do artigo 53.o dos presentes Estatutos. enviando-lhe uma colectânea mensal das mesmas.
2 — A ERC enviará à Assembleia da República, para
discussão, precedida de audição, na Comissão de Assun-
Artigo 70.o tos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias,
dos membros do conselho regulador, um relatório anual
Não preservação de registo sobre as suas actividades de regulação, bem como o
respectivo relatório de actividade e contas, até ao dia
1 — Constitui contra-ordenação, punível com coima 31 de Março de cada ano.
de E 5000 a E 50 000, a inobservância do disposto no 3 — O debate em comissão realizar-se-á nos 30 dias
n.o 3 do artigo 59.o dos presentes Estatutos. posteriores ao recebimento do relatório de actividades
2 — A negligência é punível. e contas.
4 — Os membros do conselho regulador comparece-
rão perante a comissão competente da Assembleia da
Artigo 71.o República, para prestar informações ou esclarecimentos
sobre as suas actividades, sempre que tal lhes for
Recusa de acatamento e cumprimento deficiente de decisão solicitado.
Artigo 74.o
Constitui contra-ordenação, punível com coima de
Responsabilidade jurídica
E 5000 a E 25 000, quando cometida por pessoa singular,
e de E 50 000 a E 250 000, quando cometida por pessoa Os titulares dos órgãos da ERC e os seus trabalha-
colectiva, a recusa de acatamento ou o cumprimento dores e agentes respondem civil, criminal, disciplinar
deficiente, com o intuito de impedir os efeitos por ela e financeiramente pelos actos e omissões que pratiquem
visados, de: no exercício das suas funções, nos termos da Consti-
tuição e demais legislação aplicável.
a) Decisão que ordene a publicação ou transmissão
de resposta, de rectificação, de direito de antena
Artigo 75.o
ou de réplica política, no prazo fixado pela pró-
pria decisão ou, na sua ausência, no prazo de Controlo judicial
quarenta e oito horas a contar da sua notifi- 1 — A actividade dos órgãos e agentes da ERC fica
cação, salvo quando a decisão se reporte a publi- sujeita à jurisdição administrativa, nos termos e limites
cação não diária, cujo cumprimento ocorrerá expressamente previstos pelo Estatuto dos Tribunais
na primeira edição ultimada após a respectiva Administrativos e Fiscais.
notificação; 2 — As sanções por prática de ilícitos de mera orde-
b) Decisão que imponha o cumprimento das obri- nação social são impugnáveis junto dos tribunais judi-
gações inerentes ao licenciamento e autorização ciais competentes.
do acesso às actividades de comunicação social, 3 — Das decisões proferidas no âmbito da resolução
sejam estas decorrentes da lei, de regulamento de litígios cabe recurso para os tribunais judiciais ou
ou de contrato administrativo; arbitrais, nos termos previstos na lei.
c) Decisão que imponha a rectificação de sonda- 4 — A instauração de acção administrativa para
gem ou de inquérito de opinião, nos termos do impugnação de decisão da ERC ou a interposição de
artigo 14.o da Lei n.o 10/2000, de 21 de Junho. recurso para os tribunais judiciais ou arbitrais não sus-
pende os efeitos da decisão impugnada ou recorrida,
salvo decretação da correspondente providência cau-
SECÇÃO III telar.
Artigo 76.o
Da sanção pecuniária compulsória
Fiscalização do Tribunal de Contas

Artigo 72.o 1 — A ERC está sujeita à jurisdição do Tribunal de


Contas.
Sanção pecuniária compulsória 2 — Os actos e contratos praticados e celebrados pela
ERC não estão sujeitos a visto do Tribunal de Contas,
1 — Os destinatários de decisão individualizada apro- sendo, no entanto, obrigatória a apresentação das contas
vada pela ERC ficarão sujeitos ao pagamento de uma anuais para efeitos de julgamento.
quantia pecuniária a pagar por cada dia de atraso no
cumprimento, contado da data da sua entrada em vigor. Artigo 77.o
2 — O valor diário da sanção prevista no número Sítio electrónico
anterior é fixado em E 100, quando a infracção for come-
tida por pessoa singular, e em E 500, quando cometida 1 — A ERC deve disponibilizar um sítio na Internet,
por pessoa colectiva. com todos os dados relevantes, nomeadamente o
N.o 214 — 8 de Novembro de 2005 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6409

diploma de criação, os Estatutos, os regulamentos, as de la convention est le ministère de l’intérieur de la


decisões e orientações, bem como a composição dos République de Slovénie, par le biais de la police; l’in-
seus órgãos, os planos, os orçamentos, os relatórios e terception de télécommunications sur le territoire de
contas referentes aos dois últimos anos da sua actividade la République de Slovénie est ordonnée par la juridiction
e ainda todas as deliberações que não digam respeito compétente.»
à sua gestão corrente.
Tradução
2 — A página electrónica serve de suporte para a
divulgação de modelos e formulários para a apresen- «Nos termos do artigo 24.o da Convenção, estabe-
tação de requerimentos por via electrónica, visando a lecida pelo Conselho em conformidade com o artigo
satisfação dos respectivos pedidos e obtenção de infor- 34.o do Tratado da União Europeia, Relativa ao Auxílio
mações em linha, nos termos legalmente admitidos. Judiciário Mútuo em Matéria Penal entre os Estados
3 — O teor das sentenças ou acórdãos comunicados Membros da União Europeia, a República da Eslovénia
à ERC, nos termos do n.o 2 do artigo 10.o dos presentes declara o seguinte:
Estatutos, são obrigatoriamente publicados no sítio elec- 1 — Em relação à alínea a) do n.o 1 do artigo 24.o
trónico da ERC. da Convenção, a República da Eslovénia indica que as
autoridades competentes para efeitos do n.o 6 do
artigo 6.o da Convenção são as autoridades que, nos
termos da legislação nacional da República da Eslo-
vénia, têm a competência da supervisão da entrada em
MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS vigor dos regulamentos e neste aspecto são competentes
para decidir sobre pequenas infracções.
Aviso n.o 403/2005 2 — Em relação à alínea b) do n.o 1 do artigo 24.o
da Convenção, a República da Eslovénia indica que as
Por ordem superior se torna público que o Secre- autoridades judiciárias competentes na República da
tariado-Geral do Conselho da União Europeia notificou Eslovénia para efeitos do n.o 1 do artigo 6.o da Con-
ter a Eslovénia concluído, em 28 de Junho de 2005, venção são os órgãos jurisdicionais territorialmente com-
as formalidades necessárias à entrada em vigor da Con- petentes e o Ministério Público do distrito.
venção, elaborada pelo Conselho em conformidade com 3 — Em relação à alínea c) do n.o 1 do artigo 24.o
o artigo 34.o do Tratado da União Europeia, Relativa da Convenção, a República da Eslovénia indica que,
ao Auxílio Judiciário Mútuo em Matéria Penal entre na Eslovénia, a autoridade central para aplicar o n.o 8
os Estados Membros da União Europeia, assinada em do artigo 6.o é o Ministério da Justiça, através da Direc-
Bruxelas em 29 de Maio de 2000, tendo formulado as ção de Cooperação Internacional e de Assistência Jurí-
declarações seguintes: dica Internacional. Além disso, o Ministério da Justiça
da República da Eslovénia presta informações relativas
«En application de l’article 24 de la convention établie às autoridades judiciárias territorialmente competentes
par le Conseil conformément à l’article 34 du traité sur para receber os pedidos e prestar auxílio judiciário
l’Union européenne, relative à l’entraide judiciaire en internacional.
matière pénale entre les États membres de l’Union euro- 4 — Em relação à alínea e) do n.o 1 do artigo 24.o
péenne, la République de Slovénie déclare ce qui suit: da Convenção, a República da Eslovénia indica que a
1 — En ce qui concerne l’article 24, paragraphe 1, autoridade competente para aplicar o disposto nos arti-
point a), de la convention, la République de Slovénie gos 18.o, 19.o e 20.o, n.os 1 a 5, da Convenção é o Minis-
indique que les autorités compétentes aux fins de l’ar- tério do Interior da República da Eslovénia, por inter-
ticle 6, paragraphe 6, de la convention sont les autorités médio da polícia; a intercepção de telecomunicações
qui, en vertu de la législation nationale de la République no território da República da Eslovénia é autorizada
de Slovénie, accomplissent des missions de supervision pelo órgão jurisdicional competente.»
de la mise en oeuvre des règlements et sont, à cet égard,
compétentes pour statuer sur des infractions mineures. Nos termos do artigo 28.o, a Convenção está em vigor
2 — En ce qui concerne l’article 24, paragraphe 1, na Eslovénia em 26 de Setembro de 2005.
point b), de la convention, la République de Slovénie
indique que les autorités judiciaires compétentes en Direcção-Geral dos Assuntos Comunitários, 17 de
Outubro de 2005. — O Director de Serviços dos Assun-
République de Slovénie aux fins de l’article 6, para-
tos Jurídicos, Luís Inez Fernandes.
graphe 1, de la convention sont les juridictions terri-
torialement compétentes et les parquets de district.
3 — En ce qui concerne l’article 24, paragraphe 1, Aviso n.o 404/2005
point c), de la convention, la République de Slovénie Por ordem superior se torna público que o Secre-
indique que, en République de Slovénie, l’autorité cen- tariado-Geral do Conselho da União Europeia notificou,
trale pour l’application de l’article 6, paragraphe 8, de pela nota n.o 10 363, de 25 de Agosto de 2005, ter a
la convention est le ministère de la justice, par le biais Suécia concluído, em 25 de Agosto de 2003, as for-
de la direction de la coopération internationale et de malidades necessárias à entrada em vigor da Convenção,
l’assistance juridique internationale. Le ministère de la elaborada pelo Conselho em conformidade com o
justice de la République de Slovénie donne en outre artigo 34.o do Tratado da União Europeia, Relativa ao
des renseignements sur les autorités judiciaires terri- Auxílio Judiciário Mútuo em Matéria Penal entre os
torialement compétentes pour recevoir des demandes Estados Membros da União Europeia, assinada em Bru-
et fournir une assistance juridique internationale. xelas em 29 de Maio de 2000, tendo formulado as seguin-
4 — En ce qui concerne l’article 24, paragraphe 1, tes declarações:
point e), de la convention, la République de Slovénie «Explications:
indique que l’autorité compétente pour l’application des a. Les autorités (procureur et tribunal) que la Suède
articles 18 et 19 et de l’article 20, paragraphe 1 à 5, a désignées comme étant les autorités judiciaires com-

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