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Baruch Spinoza

Baruch Spinoza (também chamado de Espinosa ou Espinoza) foi um filósofo


racionalista holandês, um dos mais importantes da filosofia moderna. Além de seu
racionalismo religioso radical, Spinoza defendeu o liberalismo político.

Biografia: Vida e Obra


Nascido em Amsterdã, na Holanda, em 24 de novembro de 1632, Baruch Spinoza (ou
Benedito Espinoza) era descendente de judeus de origem portuguesa.

Seu pai, um comerciante bem-sucedido chamado Michael, tentou que o filho ocupasse
a mesma posição no comércio, no entanto, desde pequeno Spinoza demostrou grande
interesse pelos estudos.

Aprofundou suas pesquisas nas áreas da teologia, línguas, filosofia e política. No


entanto, suas ideias consideradas ateístas, resultaram na excomungação de Spinoza
em 27 de julho de 1656 pela comunidade judaica de Amsterdã, da qual fazia parte.

Diante disso, resolver abandonar Amsterdã passando a viver em diversos locais na


Holanda: Rijnsburg, Voorburg, Haia, Leyden e Utrecht.

Ao ser excluído da comunidade judaica e vivendo em outros lugares, Spinoza teve que
ganhar dinheiro, o que o levou a trabalhar no comércio e na área da pintura,
ministrando aulas de desenho durante um tempo.

Embora tenha sido convidado para ser professor da Universidade de Heidelberg,


Spinoza preferiu estudar e escrever sobre suas teorias e pensamentos.

Faleceu em Haia com 44 anos em 21 de fevereiro de 1677, vítima de tuberculose.

Principais Obras
 Princípios da Filosofia de Descartes (1663)
 Tratado Teológico-Político (1670)
 Tratado da Correção do Intelecto (1677)
 Ética (1677)

Deus Segundo Spinoza

Deus para Spinoza é o único motivo da existência de todas as coisas. Deus é a


substância única e nenhuma outra realidade existe fora de Deus. Ele é a fonte única e
Dele surgem todos os outros elementos. Deus existe em si e foi gerado por si, para
existir ele não necessita de nenhuma outra realidade. A essência de Deus pressupõe
a sua existência. A substância divina é infinita e não é limitada por nenhuma outra, ela
é a causa de todas as coisas existentes, que por consequência são manifestações de
Deus.

Assim sendo, nada existe fora de Deus, e tudo que existe é uma forma de
Deus, não como uma criação sem regras ou espontânea, mas seguindo as leis da
natureza e respeitando a possibilidade de agir com vontade própria.

De acordo com Spinoza, Deus era sinônimo de natureza o qual estaria refletido na
harmonia e na existência de todas as coisas. Ou seja, ele acreditava num Deus
transcendental e imanente.
Segundo ele, que estudou profundamente os textos bíblicos (Bíblia Sagrada e
Talmund), aponta que as obras religiosas eram interpretação humanas sem
fundamentação racional. Criticou também os dogmas rígidos e a ostentação da Igreja.

Por esse motivo, ele foi excomungado da Sinagoga Judaica. Sendo assim, criticou
diversos tipos de superstições (religiosa, política e filosófica) que para ele eram
geradas pela imaginação. Nas palavras do Filósofo: “A mente humana é parte do
intelecto infinito de Deus.”

Ética
Ainda que não tenha publicado sua obra “Ética” em vida, ela foi publicada
postumamente. Sua teoria em torno desse tema esboça seu pensamento racionalista
radical.

Para Spinoza o que os seres humanos pensam reflete diretamente na sua maneira de
viver. Foi nessa obra que o filósofo trata do tema das superstições relacionadas com
Deus, tentando provar a natureza racional de Deus, donde este seria o próprio
Universo.

Homem

Um dos propósitos de sua filosofia é esclarecer a identidade existente entre nossa


mente e o conjunto de todas as coisas da natureza. Para ele essa identidade somente
vai acontecer quando conhecermos a nós mesmos e conhecermos também a
natureza. O conhecimento da natureza se dá quando entendemos a essência dos
objetos ou da sua causa mais próxima. Verdadeiro será o conhecimento que estiver
em harmonia e se adaptar à ideia do objeto.

O filósofo estudou o homem e sua condição política, religiosa e moral. Para ele o ser
humano é desprovido de vontade, como tudo procede de Deus, tudo também é
determinado por Ele. Nós nos julgamos livres porque temos consciência da nossa
vontade e achamos que é ela que nos guia, mas quem determina essa vontade é
Deus.

Para Spinoza não existe uma finalidade para a existência do homem e nem para a
existência da natureza. Deus não criou as coisas para o uso dos homens, nem para
agradá-los nem para que os homens agradem a Deus. Pensar que Deus criou as
coisas com algum objetivo, como o de que os homens lhe agradem, é o mesmo que
dizer que Deus tem necessidade do agradecimento dos homens, e isso é tornar Deus
imperfeito. Na natureza tudo é perfeito, pois tudo vem de Deus e é parte dele.
Seguindo esse raciocínio, Spinoza descarta a possibilidade da existência de milagres,
pois se a natureza é divina e perfeita, qualquer mudança na natureza vai contra a
perfeição divina. O milagre é simplesmente um acontecimento natural do qual não
conhecemos as causas. Devemos estabelecer em nós um procedimento tal que nos
faça admitir que as coisas sejam como são, nos mínimos detalhes, como tem que ser,
são imprescindíveis e obrigatoriamente assim porque tem que ser assim.

Tudo o que existe tem propensão a se manter existindo como o que é e essa é
a essência dos seres em geral. Nos homens esse instinto de conservação gera as
emoções que são uma mistura desordenada das ideias. A alegria e a tristeza são as
principais emoções, a alegria conserva e a tristeza deprecia o ser. O amor e o ódio
ocorrem quando a alegria e a tristeza se ligam a algo externo ao sujeito.
Direito

Sobre o direito, Spinoza afirma que existe no mundo um ordenamento


essencial, e dele vem o direito natural que tem por origem Deus. O direito natural é
para o filósofo as normas que dirigem a natureza. As regras através das quais a
natureza se ordena estendem-se até o limite do seu poder. Se o homem seguir as leis
da natureza, estará seguindo também as leis de Deus. Se os homens seguirem as
regras e ensinamentos recomendados pela razão, o direito natural irá se expressar
através dessa razão, que é a natureza do homem. Em sociedade o Estado é o
detentor do poder e do direito, mas se o Estado seguir a razão que é própria de cada
um dos indivíduos que o compõe ele também estará seguindo o direito natural. O
estado limita o poder dos indivíduos, mas não invalida o seu direito natural. O direito
do Estado é limitado pelas leis da natureza.

A fé é submeter-se à vontade de Deus, fé é ter uma conduta de obediência. Os


pontos básicos da doutrina religiosa que fundamentam a fé universal para Spinoza são
os seguintes: 1 - Deus existe e é justo e misericordioso; 2 - Deus é único; 3 - Deus
está em toda parte e conhece tudo; 4 - Deus domina tudo e faz tudo; 5 - Cultuar a
Deus é ser justo, caridoso e amar o próximo; 6 - Quem viver desse modo será salvo,
os outros não; 7 - Deus perdoa quem se arrepender. O objetivo da fé é a obediência, o
objetivo da filosofia é a verdade.

Frases
Veja abaixo algumas frases em que estão refletidas os pensamentos do filósofo
Spinoza:

 “Quem vive dirigido pela razão, se esforça, tanto quanto pode, por compensar pelo
amor e pela generosidade, o ódio o desprezo que tem outrem por ele.”
 “Tenho evitado cuidadosamente rir-me dos atos humanos, ou desprezá-los; o que
tenho feito é tratar de compreendê-los.”
 “As coisas nos parecem absurdas ou más porque delas só temos um conhecimento
parcial e estamos na completa ignorância da ordem e da coerência da natureza como
um todo.”
 “Os homens enganam-se quando se acreditam livres; essa opinião consiste apenas
em que eles estão conscientes das suas ações e ignorantes relativamente às causas
pelas quais são determinadas.”
 “O homem livre não pensa em nada a não ser na morte; e a sua sabedoria é uma
meditação não sobre a morte, mas sobre a vida.”
 “A paixão sem a razão é cega, a razão sem a paixão é inativa.”

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