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Violência no desporto

Trabalho realizado por:


Fábio Nunes 12ºC nº13
Rodrigo Estevão 12ºC nº25
Introdução
A violência no desporto é um facto a ser encarado. Vamos neste trabalho avaliá-lo
em relação a várias vertentes, tais como as suas causas e consequências, as variadas
definições e opiniões sobre esta, vamos explicar o famoso conceito de hooliganismo e
dar a conhecer ao leitor também a nossa opinião sobre o assunto. Por último
analisaremos uma notícia à nossa escolha e vamos relacioná-las com os conceitos
abordados.

Teorias sobre a definição de violência no


desporto
A violência é o uso excessivo da força causando assim danos físicos e/ou psicológicos
noutros, sejam estes ser vivos ou objectos. Esta é utilizada, maioritariamente, em
situações de maior pressão, por exemplo, na atividade desportiva. É um problema que
se verifica regularmente em todo o tipo de desportos e que se tem vindo a agravar. A
violência desportiva pode manifestar-se entre adeptos, entre jogadores de equipa e
até entre colegas da própria equipa.
Existem 2 teorias que tentam definir o que é a violência no desporto:

Teorias monocausais
Estas teorias defendem que um fenómeno violento pode ser causado por um só
motivo. Estas teorias baseiam-se no instinto e na emoção, as quais afirmam que a
simples frustração pode causar um ato violento.

Teorias multicausais
Estas teorias defendem que um ato de violência deriva de uma série de
acontecimentos anteriores que despoletam a violência.
Dentro destas teorias, há bastantes que utilizam a violência em grupo como base,
afirmando que as pessoas em grupo tendem a adquirir os hábitos uma das outras e
que a fortitude de um grupo é maior do que de uma pessoa sozinha.
Abordagem histórica do fenómeno
A violência no desporto existe há tanto tempo quanto a própria atividade. Não é
específica de nenhuma cultura ou local do mundo estando antes presente por toda a
parte. Ao longo do tempo existe uma evolução em relação aos motivos, ao tipo e ao
grau de violência no desporto, mas pode-se dizer sem qualquer tipo de dúvida que não
existe altura desde a existência do desporto na humanidade em que a violência não
tenha estado presente.
Podemos afirmar que a obrigação de ordem, e o regulamento dos espaços de jogos e
seu meio circundante não são uma prática recente, e existem desde o início do
desporto, mas independentemente da sua existência, a sua causa sempre foi muito
procurada e debatida.
A evolução feita ao longo do tempo levou a que os atos de violência tenham passado
a ser premeditados e planeados, vindo ocupar o lugar da espontaneidade. Com o
aparecimento destes tais comportamentos destrutivos (hooliganismo) houve uma co-
evolução juntamente com a mediatização.
A paixão pelos desportos e pela vitória daquele que lhes é querido aumentou
drasticamente ao ponto da rivalidade levar à morte de pessoas. Outrora um
comportamento isolado e espontâneo facilmente corrigivel, é agora um problema
grave a enfrentar.

Formas de violência no desporto


São vários os tipos de violência que se pode exercer, sendo os quais:

Física: Intencionalidade de magoar fisicamente um determinado alvo através de


ofensas corporais, deixando, ou não, marcas evidentes. Os exemplos mais comuns são
o desferimento de murros ou o arremesso de objetos a alguém.

Verbal: Intencionalidade de incomodar um determinado alvo através de ofensas


morais e depreciações que levam ao mau estar do sujeito alvo.

Gestual: Intencionalidade de irritar e desconcentrar um determinado alvo através de


gestos obscenos e provocativos.

Sempre que alguém executa um comportamento destes tem em vista o mau estar de
um determinado alvo, tentando assim ganhar alguma vantagem sobre este.
Todos estes comportamentos são inaceitáveis em qualquer tipo de desporto,
havendo uma punição para quem os comete.
O fenómeno do Hooliganismo na Europa
O Hooliganismo toma várias formas e todas elas diferentes, todas elas semelhantes.
Este fenómeno evolui, cumprindo uma ordem de níveis, começando pela violência
ocasional, praticada em ambos árbitros e jogadores, seguindo-se uma violência entre
grupos de adeptos que torcem por lados opostos, ou mesmo até para com elementos
policiais, terminando com a violência que toma lugar em dois espaços: o interior e o
exterior do estádio/recinto, sendo esta última frequentemente praticada em grupos
rivais, forças de segurança, e engloba também ainda atos de vandalismo. Seria
importante frisar que o grau de violência é maior entre adeptos de clubes distintos, e
menor entre adeptos de selecções distintas, o que não implica que seja inexistente.

É na Europa Continental, mais concretamente na Áustria e na Alemanha, em que são


praticados os atos racistas, muito provavelmente devido à presença de grupos neo-
nazis existentes nestes países. Analistas creem que muitos grupos com slogans neo-
nazis, tentam obter respeito de forma provocatória, não se relacionando nem com a
política nem com a sua ideologia. No entanto, nem todos os países onde ocorrem
casos de Hooliganismo conseguem relacioná-los com o racismo, devido a escassez de
provas, influenciando negativamente o estudo deste fenómeno.

Mas é fora do terreno continental que o hooliganismo teve maior impacto,


nomeadamente em Inglaterra. País de origem do Hooliganismo, a Inglaterra teve um
grande papel na criação e expansão deste fenómeno, arrastando-se até os dias de
hoje.

Atualmente, membros de claques hooliganistas estão proibidos de entrar em certos


países Europeus.

Outros exemplos de países adeptos desta espécie de violência:

 Rússia;

 Polónia;

 Croácia;
Causas da violência no desporto
São várias as causas que estão na origem da violência no desporto. Serão
apresentadas em seguida, algumas das causas de tais comportamentos:

 Causas Educativas: quando exposto a exemplos de comportamentos violentos,


a tendência do ser humano é a seguir esse exemplo, principalmente se forem
praticados por um ídolo, ou alguém na própria família. No caso de ídolos,
muitos desportistas são pressionados para atingir elevados resultados, o que
transmite ao sujeito um certo instinto de lá chegar, custe o que custar. Fãs
destas figuras do desporto despoletarão comportamentos aprendidos através
da observação e convivência de atitudes menos corretas.

 Causas Sociológicas ou Fenómenos de Massas: segundo filósofos gregos,


Aristóteles e Platão, a vida social é uma interacção de interesses, elementos
básicos da conduta social. Em suma, o conflito de interesses sociais divide a
população em grupos, que disputam a luta pelo poder, como por exemplo, o
poder económico, e transforma o desporto numa escapatória, uma forma de
conduzir a competitividade a que estamos sujeitos, de forma negativa, o que
não devia acontecer. Sabemos ainda, que um indivíduo tende a raciocinar em
grupo quando não se encontra isolado, ignorando assim muitas vezes a ética e
quaisquer ideologias de civilização organizada, passando a agir muitas vezes,
incorrectamente. A presença dos meios de comunicação em acontecimentos
de certa relevância tendem a divulgar estes acontecimentos infelizes com o
intuito de chocar e lucrar. Exemplo disto são os casos onde golos são repetidos
nos ecrãs múltiplas vezes, em câmara lenta, e a captação dos cantos
ameaçadores das claques.

 Causas Intrínsecas: O cenário desportivo é caracterizado pela variedade de


indivíduos envolvidos. Treinadores, atletas, dirigentes, público, etc. Estes
órgãos desportivos desempenham todos uma relação entre si, influenciando-se
mutuamente. Um treinador agressivo transmitirá agressividade a uma atleta
seu, tal como o atleta transmitirá agressividade ao público envolvido. A
competitividade e a disputa pela vitória promovem atos de violência,
despertando um descontentamento e raiva em caso de derrota. Para atletas de
alta competição, o desporto significa também um emprego, o que desperta a
competitividade presente no mercado de trabalho.
Consequências da violência no desporto
Atos de violência desportiva, mais concretamente entre grandes grupos/claques, têm
um grande impacto psicológico na população, direta ou indiretamente e também
socio-económicamente.

Os filósofos desportistas Mark Holowchawk e Heather Reid, acreditam que a


exposição a acontecimentos desta natureza, despoletará um nível maior de violência,
ou seja, se o Homem vê a violência como algo normal no desporto, passará a praticá-la
como um comportamento que lhe foi ensinado, algo aprendido.

A lesão é uma consequência da violência desportiva. No caso de atletas, pode haver


um exageramento da agressividade em relação à prática da modalidade levando a
possíveis danos físicos nos outros atletas, isto em desportos de contacto.

Redução de agressividade nas regras dos desportos é algo debatido fortemente. Num
artigo publicado no jornal Canadiano “Canadian Medical Association Journal”, em
2013, foi enunciado que os investigadores avaliaram a eficácia da mudança das regras
no hóquei no gelo. Foram observados uma redução de penalizações dos atletas e
menos lesões. Providenciar aos jovens uma imagem de um exemplo de atleta a seguir,
na presença de menores níveis de agressividade, promovendo eventos desportivos,
pode também vir a diminuir as consequências psicológicas da agressividade
desportiva.

Não são unicamente os atletas os afetados, mas é também o seu meio circundante.
Acontece que em casos extremos existe a combustão de carros, o arrombamento de
portas e janelas de lojas perto do espaço de jogo e até a morte de pessoas e
incendiamento de estádios.

Estes comportamentos levam também à mudança de pensamento das pessoas.


Sempre que ocorre um movimento violento as pessoas vão reconsiderar se querem
mesmo ir ver uma determinada atividade desportiva, tendo em conta o perigo a que
podem estar sujeitas. Isto leva a problemas socio-económicos visto que se as pessoas
acharem que estarão em perigo a assistir a uma determinada modalidade desportiva,
não irão querer ir ve-la, não havendo assim a entrada de dinheiro a quem é
responsável por tal modalidade.
Desastre de Heysel

A 29 de maio de 1985, no Estádio Heysel situado em Bruxelas, foi disputada a final


da Taça dos Campeões Europeus de futebol (actualmente denominada Liga dos
Campeões), entre o clube inglês Liverpool, e o clube italiano Juventus. O que começou
por ser um jogo de futebol acabou por se tornar numa tragédia.

Já a prever possiveis conflitos, seriam tomadas medidas a estabelecimentos próximos


do estádio tais como proibir a venda de álcool, e revista obrigatória a todos os
adeptos, onde operaram cerca de 1500 agentes da autoridade e antes mesmo do início
do jogo teriam começado os conflitos por parte de ambos os lados, e uma ourives
chegara mesmo a ser assaltado num elevado valor.

As condições da ocasião, não sendo as melhores por motivos de falta de segurança,


foram apenas mais uma das causas do sucedido. Adeptos ingleses invadiram um sector
da bancada onde estariam adeptos belgas e italianos. A imensidão de adeptos ingleses
que invadiram o sector era muita, o que originou uma fuga às forças de segurança.
Durante o decorrer da fuga dos sujeitos, estes atropelaram-se, encurralando-os contra
uma parede, que acabaria por desabar vitimando assim várias pessoas.
O jogo acabaria por sair a favor da Juventus, resultado de uma grande penalidade na
meia-lua, delimitada à saída da grande área. Michel Platini concretiza assim o título à
Juventus que sai ferida de uma final de tamanha importância. Foram fatalmente
vitimadas 39 pessoas, e outras 600 ficaram feridas não só física como
psicologicamente.

Medidas foram tomadas face ao comportamento dos adeptos ingleses, visto que
estes seriam responsabilizados, e todos os clubes ingleses acabariam por ficar
afastados das competições europeias por 5 anos, enquanto que o Liverpool ficaria
afastado por 6 anos.

São várias as causas possíveis para explicar a origem desta catástrofe. Uma delas será
a presença de álcool no organismo dos adeptos, apesar da tentativa de contenção da
venda de álcool na zona circundante, visto certos estabelecimentos terem
desobedecido às ordens dadas pelos agentes da autoridade.

Um facto que foi também associado por certos analistas deste acontecimento foi o
de Itália se ter juntado à Alemanha na 2ª guerra mundial, a qual bombardeou
Inglaterra, levando assim a um possivel ressentimento por parte destes para com os
Italianos.

Visto a importância de um evento desta espécie, que viria a decidir o Campeão


Europeu e todos os benefícios que a vitória implicava, o fanatismo pode estar também
envolvido como uma das principais causas do desastre.
Conclusão
Cada vez mais o Hooliganismo é, ou devia ser, motivo de preocupação para todos nós.
Tratando-se de um assunto que evoluiu devido à globalização, aproximando pessoas
de vários cantos do mundo, aumentando o risco de “colisão” entre estas, pelos mais
diversos motivos. Baseando-se especialmente no erro humano, a violência no
desporto é um tópico que requer atenção e que sejam tomadas medidas para evitar a
sua contínua expansão.

O modo de vida levado pela maioria da população dos países desenvolvidos contribui
também para a adesão de mais e mais adeptos da violência, sendo o stress uma das
principais causas.

Referências Bibliográficas

O conteúdo deste trabalho foi maioritariamente refletido através de pesquisas nos


seguintes sites:

http://www.maisfutebol.iol.pt/heysel-1985/juventus/uma-tragedia-inesquecivel-de-
um-futebol-que-ja-e-outro

http://www.abola.pt/nnh/ver.aspx?id=524881

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hooliganismo

http://estadosdalma.blogs.sapo.pt/5662.html

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1496771&seccao=Convida
dos

http://desporto-esfrl.blogspot.pt/p/violencia-no-desporto.html

http://obviousmag.org/archives/2014/01/causas_e_consequencias_da_violencia_no_
esporte.html

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